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ROBERTO FERNANDEZ RETAMAR EM CARTAS: (des) encantos da revolução cubana
Resumo:A Revolução Cubana (1959) foi recebida com entusiasmo por intelectuais na América Latina. O projeto de construir uma arte que se insurgisse contra as opressões capitalistas e promovesse um diálogo mais próximo com a sociedade e com as demandas da classe trabalhadora surgiu como um caminho promissor. Roberto Fernandez Retamar (1930- 2019), um dos principais ideólogos culturais da revolução, trabalhou com afinco pela consolidação desse projeto. Contudo, logo se verá, especialmente a partir de 1968, um endurecimento na política cultural cubana, o que se efetivará por meio do controle e da censura de ideias, obras, premiações, artistas e escritores que, eventualmente, fossem críticos ao ideário castrista. Considerando esse contexto, nesse artigo discutimos a presença, em algumas das cartas escritas, endereçadas ou que se referem a Roberto Fernandez Retamar, de uma atmosfera crítica e tensa que expressa questões polêmicas relativas à Revolução Cubana e ao regime castrista, a exemplo do “Caso Padilla”, buscando compreender como essa atmosfera reverbera discussões sobre os sentidos da cultura e da arte em suas inúmeras expressões. Concluímos, por meio da análise de diversos textos epistolares, que desde o princípio a Revolução Cubana, na dimensão de sua política cultural, configurou-se a partir do debate sobre o papel da cultura, intelectual e do artista na revolução. Vencendo, sobretudo a partir de 1971, a perspectiva que compreendia a cultura como instrumento da revolução, o que provocou o desencanto de muitos intelectuais latino-americanos, mas não arrefeceu as convicções de Roberto Retamar acerca do regime.Palavras-chave: Revolução cubana. Roberto Retamar. (des)encanto.Resumen:La Revolución Cubana (1959) fue recibida con entusiasmo por los intelectuales de América Latina. El proyecto de construir un arte que se levante contra la opresión capitalista y promueva un diálogo más estrecho con la sociedad y con las demandas de la clase obrera aparece como un camino prometedor. Roberto Fernández Retamar (1930-2019), uno de los principales ideólogos culturales de la revolución, trabaja arduamente para consolidar este proyecto. Sin embargo, poco después, especialmente a partir de 1968, se producirá un endurecimiento de la política cultural cubana, que se producirá mediante el control y censurade ideas, obras, premios, artistas y escritores que, eventualmente, fueron críticos con las ideas de Castro. Teniendo en cuenta este contexto, en este artículo discutimos la presencia, en algunas de las cartas escritas, dirigidas o referidas a Roberto Fernandez Retamar, de un clima crítico y tenso que expresa temas controvertidos relacionados con la Revolución Cubana y el régimen de Castro, como el “Caso Padilla”, buscando comprender cómo este ambiente repercute en las discusiones sobre los significados de la cultura y el arte en susmúltiples expresiones. Concluimos, mediante el análisis de varios textos epistolares, que desde sus inicios la Revolución Cubana, en la dimensión de su política cultural, se configuró a partir del debate sobre el papel de la cultura, intelectual y artista en la revolución. Superar, especialmente a partir de 1971, la perspectiva que entendía la cultura como un instrumento de revolución, que provocó el desencanto de muchos intelectuales latinoamericanos, pero que no enfrió las convicciones de Roberto Retamar sobre el régimen castrista.Palabras clave: Revolución cubana; Roberto Fernandez Retamar; (des)encanto.Abstract:The Cuban Revolution (1959) was enthusiastically received by intellectuals in Latin America. The project of building an Art that would rise up against capitalist oppression in order to promote a closer dialogue with society and with the demands of the working class appears as a promising path. Roberto Fernandez Retamar (1930-2019), one of the main cultural ideologues of the revolution, works hard to consolidate this project. However, soon afterwards, especially from 1968, there will be a hardening of Cuban cultural politics, which will take place through the control and censorship of ideas, works, awards, artists and writers who, eventually, were critical of Castro’s ideas. Considering this context, in this article we discuss the presence, in some of the letters written, addressed or referring to Roberto Fernández Retamar, of a critical and tense atmosphere that expresses controversial issues related to the Cuban Revolution and the Castro regime, such as the “Padilla Case”, seeking to understand how this atmosphere reverberates discussions about the meanings of culture and art in its different expressions. We conclude, through the analysis of several epistolary texts, that since the beginning the Cuban Revolution, in the dimension of its cultural policy, was configured from the debate about the role of culture, intellectual and artist role in the revolution. Overcoming, especially from 1971onwards, the perspective that understood culture as an instrument of revolution, which caused the disenchantment of many Latin American intellectuals, but did not shake down Roberto Retamar’s convictions about the Castro regime.Keywords: Cuban Revolution. Roberto Retamar. (des) enchantmen
FIGURAÇÕES DANTESCAS SOBRE A AMAZÔNIA: O NORTE DE GOIÁS NA OBRA VIAGEM CIENTÍFICA
Nesse artigo discutiremos alguns aspectos da estrutura poética e retórica da obra “Viagem Científica: pelo norte da Bahia, sudoeste de Pernambuco, sul do Piauí e de norte a sul de Goiás” (1916), escrita pelos médicos do Instituto Manguinhos, Artur Neiva e Belisário Pena. Referenciando nossa análise na concepção de história como narrativa e discurso ficcionalizado de Hayden White, buscamos compreender como as interpretações presentes nessa obra formularam paisagens de desolação e de tragicidade dantesca sobre o norte de Goiás, atualmente estado de Tocantins, a partir do primeiro quartel do século XX. As análises realizadas evidenciaram que os referidos médicos territorializaram os sertanejos goianos em uma rede de sentidos vinculada aos signos da doença, da pobreza e da inaptidão.  
COLETA E CULTIVO DE PLANTAS MEDICINAIS:
O objetivo desse artigo é analisar as práticas e estratégias dos moradores do Assentamento Rural Fortaleza, localizado no munícipio de Nova Olinda (TO), região dos Vales dos Rios Araguaia e Tocantins, concernentemente à coleta e ao cultivo das espécies medicinais nos cerrados e nos quintais, respectivamente. Referenciando nossa discussão na Etnobotânica e nos estudos da cultura do Comum, produzimos o levantamento dos dados das principais espécies coletadas e cultivadas; o registro das formas de preparo e das enfermidades tratadas, buscando compreender como a relação homem/natureza dos moradores do referido assentamento constitui uma cultura de cura por meio do uso das plantas medicinais. As análises realizadas evidenciaram a existência de um consistente repertório terapêutico no Assentamento Fortaleza, repertório esse constituído por dois domínios intercambiáveis: o domínio da tradição intergeracional, que é responsável pela resistência e manutenção cultural dos saberes e fazeres acerca das plantas medicinais; e o domínio das soluções de saúde, que é composto por estratégias, mecanismos e ações que visam produzir resultados eficazes no tratamento de diversas doenças por meio da administração de remédios preparados com plantas medicinais
CAMINHOS ENTRE IMAGINAÇÃO E MÉTODO HISTORIOGRÁFICO NA OBRA CEM ANOS DE SOLIDÃO/PATHWAY BETWEEN IMAGINATION AND HISTORIOGRAPHICAL METHOD IN THE WORK ONE HUNDRED YEARS OF SOLITUDE
Trabalhando na interface de Literatura e História, buscamos, nesse artigo, problematizar as relações possíveis entre a dimensão metodológica da pesquisa em história e a dimensão imaginativa dos enredos ficcionais. Nesse sentido, partindo da discussão acerca da centralidade da imaginação como critério formador do enredo da obra Cem anos de solidão (1967), do escritor colombiano Gabriel García Márquez, nosso objetivo aqui é perscrutar como questões sobre memória, escrita, invenção e sensibilidade mágica, presentes nessa obra, podem se transformar em possibilidades para os historiadores apreenderem, no lastro imaginativo de um enredo ficcional, instrumentos, procedimentos e mecanismos úteis ao seu trabalho de pesquisa. Palavras-chave: História. Imaginação. Literatura. Memória. Metodologia. SensibilidadesResumenTrabajando en la interfaz de Literatura e Historia, buscamos, en ese artículo, problematizar las relaciones posibles entre la dimensión metodológica de la investigación en historia y la dimensión imaginativa de los enredos ficticios. En este sentido, partiendo de la discusión acerca de la centralidad de la imaginación como criterio formador del enredo de la obra Cien años de soledad (1967), del escritor colombiano Gabriel García Márquez, nuestro objetivo aquí es escrutar como cuestiones sobre memoria, escritura, invención y sensibilidad mágica, presentes en esta obra, pueden transformarse en posibilidades para que los historiadores construan, en el lastrado imaginativo de un enredo ficcional, instrumentos, procedimientos y mecanismos útiles para su trabajo de investigación.Palabras clave: Historia. Imaginación. Literatura. Memoria. Metodología. SensibilidadesAbstractWorking in the interface of Literature and History, in this article we try to problematize the possible relations between the methodological dimension of the research in history and the imaginative dimension of the fictional entanglements. In this sense, starting from the discussion about the centrality of the imagination as the criterion that formed the plot of the work One hundred years of solitude (1967), by the Colombian writer Gabriel García Márquez, our objective here is to examine as questions about memory, writing, invention and magical sensibility present in this work can become possibilities for historians to grasp, in the imaginative ballast of a fictional plot, instruments, procedures, and mechanisms useful to their research work.Keywords: History. Imagination. Literature. Memory. Methodology. Sensitivitie
RAÇA, GÊNERO E SEXUALIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE ESTUDANTES LGBT+ NEGROS
Este artigo tem como objetivo realizar uma discussão bibliográfica acerca das opressões de raça, gênero e sexualidade (GONZALEZ, 2020; LOURO, 2014; MISKOLCI, 2014) vivenciadas por estudantes LGBT+ negros(as) no ambiente escolar de forma mais específica e no campo da educação, de forma mais ampla. No que tange à metodologia, optamos pela revisão bibliográfica (ALVES, 1992), esclarecendo que a revisão de estudo foi realizada sobre artigos de revistas científicas, bem como da plataforma Google Acadêmico, publicados entre os anos de 2017 a 2022. Concluímos que a escola opera seus processos educativos assentada em uma lógica colonial, cisgênera e heteronormativa, provocando assim a exclusão e a violência sobre os(as) estudantes LGBT+, situação essa que tende a ser intensificada sobre os corpos negros. Por fim, defendemos que a construção de uma educação plural e equitativa requer um currículo interseccional balizado em práticas que reconheçam, valorizem e respeitem as diferenças, bem como que questionem e combatam a inferiorização e a desumanização baseadas em critérios de raça, gênero e sexualidade
DIDÁTICA E ENSINO DE HISTÓRIA: potencialidades pedagógicas dos infográficos
Neste artigo, apresentamos alguns elementos que ressaltam as potencialidades pedagógicas dos infográficos no ensino de Didática, na licenciatura em História, a fim de evidenciar como esses recursos podem contribuir para o ensino dos conteúdos da disciplina. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e bibliográfica sobre ensino de História, Didática, infográficos e o conceito de “práxis”. A investigação possibilitou explorar o software Piktochart para a produção de infográficos de conteúdos da Didática. Os resultados nos forneceram indicativos de que o uso dos infográficos, na elaboração de materiais didáticos, pode oferecer aos estudantes e seus professores alternativas de produção e de aperfeiçoamento da sistematização de informações. Portanto, a partir da integração de recursos tecnológicos, aliados a uma pedagogia inovadora, baseada na práxis, é possível contribuir com processos educativos mais significativos, ampliando seu sentido e significado para estudantes e docentes
The ficcionalization of sertões: poetic discourses on the valleys of the rivers Araguaia and Tocantins
The sertões are a nationally debated theme and constitute one of the narrative tops from which Brazil was interpreted. Whether it is due to the dialogue between nation / sertão, littoral / sertão, civilization / sertão, the place of sertões has been a theme that still moves the national historiography. In this work we also intend to study the sertões, but not that generic sertão that could not be seen as a geographically specific and culturally particular place. It is a question of investigating the backlands of the Araguaia and Tocantins river valleys between the end of the 19th and the mid-20th centuries, in order to understand how, in addition to experience, they are narratively composed as language and, in this sense, are tributaries of discursive, poetic and rhetorical constructs. To conceive the sertões of the valleys as a construct of language formalizes the thesis of this work, namely, the idea that this region is a fictionalized construction constituted semantically in the interface of speeches. To carry out this proposal we base our investigation on the discussions of Carlo Ginzburg about the principles of reality; of Hayden White with his tropological theory; of Paul Ricoeur than with the conception of narrative; of Raymond Williams with the notion of sense structure; Mikhail Bakhtin with his reading about the specificities of the literary languages and Roland Barthes with the amplification of the comprehension of the notion of literature and of literary practice.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorTese (Doutorado)Os sertões são um tema debatido nacionalmente e constitui um dos topos narrativos a partir do qual o Brasil foi interpretado. Seja em função do diálogo entre nação/sertão, litoral/sertão ou civilização/sertão, o lugar dos sertões tem sido uma temática que ainda move a historiografia nacional. Neste trabalho também pretendemos estudar os sertões, porém, não aquele sertão genérico que não se poderia divisar como um lugar geograficamente específico e culturalmente particular. Trata-se, aqui, de investigar os sertões dos vales dos rios Araguaia e Tocantins entre o final do século XIX e meados do século XX, objetivando compreender como, para além da experiência, eles são compostos narrativamente como linguagem e, nesse sentido, são tributários de construtos discursivos, poéticos e retóricos. Conceber os sertões dos vales como um construto de linguagem formaliza a tese desse trabalho, a saber, a ideia que essa região é uma construção ficcionalizada constituída semanticamente na interface de discursos. Para realizar essa proposta baseamos nossa investigação nas discussões de Carlo Ginzburg acerca dos princípios de realidade; de Hayden White com sua teoria tropológico; de Paul Ricoeur que com a concepção de narrativa; de Raymond Williams com a noção de estrutura de sentidos; Mikhail Bakhtin com sua leitura acerca das especificidades das linguagens literárias e Roland Barthes com a ampliação da abrangência da noção de literatura e da prática literária