9 research outputs found
A Construção da Lepra em Goiás: Contágio e isolamento (1890-1943)
This paper presents an analysis of the process of the construction of leprosy in Goiás from the observation of the statements of those involved in the development of health policies in the state between 1890 and 1943. This time frame is due to the fact that we regard the local establishment of a discourse that constructs the disease prior to the development of the so-called institutional tripod for its control. During this period, arguments are made justifying the need of isolation of those affected in order to protect healthy individuals. Such assertions highlighted the need of the institutional tripod made up of the leprosarium (for the isolation of the diseased), the preventive facility (for removal and care of the children of isolated patients) and the dispensaries (in charge of monitoring those who had had close contact with the diseased, so-called communicators). The core problem that guides the research is to think what is the central role of the institutions established previously to the attack tripod to leprosy in the definition of welfare policies to patients in the state? How competent were the discourses produced concurrently with the setting up of these establishments for the transformation of the disease relating it directly to the risk of contagion and the need of isolation of the patients?Keywords: History; Health and Disease; Goiás; Leprosy/Hansen’s Disease.Nesse artigo, apresentamos uma análise do processo de construção da lepra em Goiás a partir da observação dos enunciados dos envolvidos na elaboração das políticas sanitárias goianas, no período compreendido entre 1890 e 1943. Esse recorte temporal deve-se ao fato de pensarmos a constituição localmente de um discurso construtor da enfermidade anterior à elaboração do chamado tripé institucional de controle da moléstia. Nesse período, são elaborados argumentos justificando a necessidade de isolamento dos atingidos para a proteção dos sãos. Tais assertivas relevavam a necessidade do tripé institucional formado pelo leprosário (para o isolamento dos enfermos), o preventório (para afastamento e assistência dos filhos de doentes isolados) e os dispensários (responsáveis pelo acompanhamento dos que tinham tido contato próximo com doentes, os chamados comunicantes). O problema central que direciona a pesquisa é pensar qual o papel central dos estabelecimentos criados anteriormente ao tripé de ataque à lepra na definição das políticas de assistência aos doentes no estado? Como os discursos produzidos concomitantemente com a constituição desses estabelecimentos foram competentes para a transformação da enfermidade relacionando-a diretamente ao risco do contágio e à necessidade do isolamento dos doentes?Palavras chave: História; Saúde e Doença; Goiás; Lepra/Hanseníase
Estado, Filantropia e Hanseníase: A Centralização da Assistência aos Atingidos pela Doença
Analisamos neste artigo o processo de elaboração de medidas centralizadas de combate a lepra, no Brasil, no período posterior a 1930, quando a organização do Estado nacional sob os parâmetros do Estado capitalista moderno, separando as esferas, pública e privada, busca a racionalização e burocratização da administração pública. A questão que pontua nossa leitura é como se empreende a relação entre o Estado e as instituições filantrópicas surgidas na década de 1920? Observamos que o Estado racional moderno busca institucionalizar, organizar num quadro legal, e definir por meio de projetos e medidas as ações destinadas a profilaxia e controle daquela enfermidade. A discussão sobre o modelo de assistência e instituição competente para tal desiderato foi o mote para uma disputa envolvendo o Estado e os representantes pelas ações filantrópicas e privadas anteriormente constituídas. Desta luta, resulta a centralização, a regulamentação da política antileprótica e a constituição do Serviço Nacional de Lepra e do seu Plano Nacional de Combate à Lepra. Essa monopolização se dá em âmbito federal e abarca inclusive as ações assistenciais e filantrópicas na Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra, diretamente subordinada aos órgãos do Estado nacional brasileiro, precisamente ao Ministério da Educação e Saúde Pública
DOENÇA DE CHAGAS: AS CONTROVÉRSIAS CIENTÍFICAS NA IMPRENSA BRASILEIRA
Este artigo pretende a partir da perspectiva da pesquisa epistemológica da ciência observar as discussões em torno da doença de chagas e como as pesquisas desenvolvidas e os discursos divulgados chamaram a atenção para o interior do país e a saúde de sua população. Considera o proposto por Ludwick Fleck de que o conhecimento resulta de processos históricos e é efetuado por sujeitos coletivos, em interação sociocultural (FLECK, 2010, p. 18-19). Problematizamos sobre como entender o processo de construção social da doença de Chagas e a importância das informações jornalísticas no processo de conhecimento sanitário do sertão. O recurso metodológico fez-se através da revisão da bibliografia e das análises das informações jornalísticas sobre a doença de Chagas no período de 1909 a 1939
Eternels orphelins de la santé - médecine, politique et construction de la lèpre dans l’eat de Goiás (1830-1962)
Submitted by Marlene Santos ([email protected]) on 2014-10-29T19:48:36Z
No. of bitstreams: 2
Tese - Leicy Francisca da SIlva- 2013.pdf: 3644858 bytes, checksum: 3c60e5e4afa9cb68c9701c6fb8d2e236 (MD5)
license_rdf: 23148 bytes, checksum: 9da0b6dfac957114c6a7714714b86306 (MD5)Approved for entry into archive by Luciana Ferreira ([email protected]) on 2014-10-30T10:01:54Z (GMT) No. of bitstreams: 2
Tese - Leicy Francisca da SIlva- 2013.pdf: 3644858 bytes, checksum: 3c60e5e4afa9cb68c9701c6fb8d2e236 (MD5)
license_rdf: 23148 bytes, checksum: 9da0b6dfac957114c6a7714714b86306 (MD5)Made available in DSpace on 2014-10-30T10:01:54Z (GMT). No. of bitstreams: 2
Tese - Leicy Francisca da SIlva- 2013.pdf: 3644858 bytes, checksum: 3c60e5e4afa9cb68c9701c6fb8d2e236 (MD5)
license_rdf: 23148 bytes, checksum: 9da0b6dfac957114c6a7714714b86306 (MD5)
Previous issue date: 2013-08-23Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás - FAPEGLe principal objectif de cette thèse est d’analyser le processus de construction de
la lèpre dans l’Etat de Goiás, au Brésil. Pour ce faire, on a cherché, par l’analyse des discours
médicaux et politiques produits pendant la période comprise entre 1830 et 1962, à observer
les transformations de la façon de penser et d’exprimer le problème, et les éléments relatifs au
pouvoir et au savoir qui construisent la maladie comme problème médico-politique. Les
principaux documents utilisés dans cette analyse se composent de rapports médicaux, de
revues médicales de Goiás, de rapports gouvernementaux des Provinces/Etats, et de journaux
locaux. L’hypothèse défendue est que la manière de concevoir la maladie analysée s’est
transformée à Goiás dans les années 1920. La morphée, qui était vue, au XIXe siècle, comme
possiblement curable et dont les malades coexistaient avec les sains dans les espaces urbains,
a donné place à la lèpre, maladie contagieuse qui se propage sur les espaces pauvres et “sans
civilisation” de l’Etat, et qui exigeait que des actions soient entreprises pour la contenir. Cette
transformation a lieu dans un contexte de croissance de l’intérêt porté à l’espace de l’intérieur
du Brésil et à un moment de dispute discursive au sujet du transfert de la capitale fédérale de
Rio de Janeiro à Goiás. Les discours construits autour de cette question présentaient un espace
et une population caractérisés par la maladie et par l’absence du pouvoir public. Ainsi, les
gouvernements, sans moyens d’assumer la politique sanitaire d’assistance médicale aux
malades dans les années 1920 et 1930, laissent ce rôle aux institutions philanthropiques ; alors
qu’à la fin des années 1930 et pendant les années 1940, l’Etat se l’approprie et centralise la
politique de prophylaxie qu’il rapproche fortement du projet de construction de la nouvelle
capitale de l’Etat de Goiás. Pour les médecins, la lutte pour l’hégémonie sur le problème sert
de mot d’ordre pour le renforcement de la classe et pour sa projection sur la scène politique,
dans le cadre de la défense du progrès régional.This thesis aims at analyzing the process of construction of Leprosy in the Goiás.
It seeks to observe the changes referring to the ways of thinking and of expressing the
problem, as well as the factors related to power and knowledge, which constructs a disease as
a medical-political problem, through the analyzes of the medical and political discourses
produced over the period between 1830-1962. The main documents used for the analysis were
the reports of general practicioners, medical magazines from Goiás, reports from the local and
state government and local newspapers as well. The hypothesis is that in Goiás, in the 1920’s,
there was a change in the way the disease was conceived. The morphea, which in the
nineteenth century, was seen as a possibly curable disease and whose patients lived in urban
areas together with the healthy individuous, gave place to leprosy, a contagious disease, that
spread over the poor and uncivilization areas, which demanded state measures in order to
control it. This change becomes contextualized in the increased interest in the countryside of
Brazil and in the discursive dispute with respect to moving the Federal capital to Goiás. The
discourse constructed around of this issue represents a space and a population characterized
by the disease and the absence of the State power. Thus, the government, without conditions
to undertake the sanitary policy for patients ‘medical care, in the 1920’s and in the 1930’s,
allowed the phylantropic institutions to take care of it, though it was later taken over by the
State at the end of the 1930’s and the 1940’s, which centralized the prophylaxis policy and
strongly relates to the construction project of the new State capital. For the doctors, the
struggle for hegemony over the issue serves as a motto for the strengthening of the class and
their projections in the field of politics, in the defence of regional progress.Esta tese tem como objetivo principal analisar o processo de construção da lepra
em Goiás. Para tanto, busca, por meio das análises dos discursos médicos e políticos
produzidos no período entre 1830 a 1962, observar as transformações referentes ao modo de
pensar e expressar o problema e os elementos relativos ao poder e ao saber que constroem a
doença como problema médico-político. Os principais documentos utilizados nessa análise
são os relatórios de médicos-viajantes, revistas médicas goianas, relatórios dos governos
provinciais/estaduais e jornais locais. A hipótese defendida é que ocorre em Goiás, na década
de 1920, uma transformação na forma de conceber a doença. A morfeia, que no século XIX
era vista como possivelmente curável e cujos doentes conviviam nos espaços urbanos com os
sadios, dá lugar à lepra, uma doença contagiosa, que se expandia pelos espaços pobres e “sem
civilização”, e que exigia ações do Estado para sua contenção. Esta transformação se faz
contextualizada no aumento do interesse pelo espaço do interior do Brasil e na disputa
discursiva com respeito à mudança da capital federal para Goiás. Os discursos construídos em
torno desta questão apresentam um espaço e uma população caracterizados pela doença e pela
ausência do poder público. Assim, os governos, sem condições para assumir a política
sanitária de assistência médica aos doentes, nas décadas de 1920 e 1930, deixam esse papel
para as instituições filantrópicas, sendo que no final da década de 1930 e na década de 1940
ele é apropriado pelo Estado, que centraliza a política de profilaxia e a relaciona fortemente
com o projeto de construção da nova capital estadual. Para os médicos, a luta pela hegemonia
sobre o problema serve como mote para o fortalecimento da classe e para sua projeção no
campo da política, na defesa do progresso regional
Filantropia e política de assistência às famílias de doentes de lepra em Goiás, 1920-1962
Resumo O artigo analisa a constituição do problema da assistência às famílias de doentes de lepra e, especialmente, aos seus filhos, no estado de Goiás, região Centro-Oeste do Brasil, no período de 1920 a 1962. Enfatiza o processo de constituição dos discursos que definem como problema a assistência médica e filantrópica aos filhos dos isolados em leprosários, e como tal processo desemboca na organização da Sociedade de Assistência ao Lázaro e Defesa Contra a Lepra, e na edificação do Preventório Afrânio de Azevedo em Goiânia, capital do estado. Esses elementos estão diretamente inseridos no processo de construção de novo quadro da história regional e de política médica e social para a lepra
O Tratamento da Lepra e o saber-poder Médico e Político
In the second half of the nineteenth century in Brazil, leprosy started to be regarded as a
major health problem. Physicians then turned to the analysis of the action taken by several
professionals other than medical doctors in both the treatment and the cure of the disease. Grounded
on various empirical experiences evaluated by doctors of the Faculty of Medicine of Rio de Janeiro,
this article aims to observe how the relationship between doctors and 'charlatans' on the issue of the
illness can be perceived. Also evaluated is the divergence of interests of doctors and managers with
regard to those issues. Medical reports are therefore taken as central documents for the
understanding of how medical knowledge/power intervened by evaluating, questioning and criticizing
the diverse experiences in the care and the treatment of patients.No século XIX, no Brasil, a lepra começou a ser percebida como um importante problema
sanitário. Médicos se voltaram para a análise da ação empreendida por diversos profissionais, não
médicos, no tratamento e cura da doença. O objetivo desse artigo é perceber, nas diversas
experiências empíricas avaliadas pelos médicos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, a relação
entre médicos e ‘charlatães’ quanto ao problema da enfermidade. Observo especialmente o relatório
e análise do médico Vicente Moretti Fóggia sobre a cura da enfermidade em Goiás. Os relatórios
médicos são, portanto, tomados enquanto documentos centrais para a compreensão de como o
saber/poder médico intervinha avaliando, questionando e criticando as diversas experiências de
assistência e tratamento aos doentes