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    (Des)construções do masculino e do feminino na relação de mulheres-mães com seus filhos e filhas

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Florianópolis, 2011As experiências da maternidade e da paternidade sofrem alterações vinculadas a questões econômicas, culturais e sociais. Entretanto, as experiências de homens/pais e mulheres/mães não acontecem sem conflitos, pois, a tradição marcada pela hierarquia e por modelos pré-determinados sobre o homem e a mulher atravessam os modos de subjetivação. Neste trabalho buscamos problematizar a experiência de mulheres-mães na relação construída com seus filhos e filhas a partir da elaboração subjetiva dos lugares sociais/sexuais frente às normas calcadas na heteronormatividade e no binarismo que dispõe em pares opostos e hierárquicos o masculino e o feminino, o heterossexual e o homossexual, entre outros. Foram realizadas cinco entrevistas com mulheres-mães e suas falas foram consideradas como texto, na perspectiva derridiana. A partir da estratégia da desconstrução foi realizada a leitura destas falas-textos buscando as inconstâncias e aberturas e apontando seus elementos silenciosos, seu jogo de oposições e dicotomias, essências e hierarquias. Consideramos nos textos o jogo de forças atuante entre o desvelamento da desconstrução e o esforço de barreira operado pela metafísica da presença, explicitando o embate entre uma operação feminina e uma operação masculina que nos constitui, a todos e todas. Este embate, continuamente operante, abre os espaços e as brechas para a construção de práticas que embaralhem os limites que demarcam o que é estar na norma ou fora dela, ampliando as possibilidades de experiências subjetivas

    IMPACTOS PSÍQUICOS E SOCIAIS EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA LINHA DE FRENTE NO COMBATE À COVID-19

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    In the COVID-19 pandemic, healthcare workers experienced an environment of frequent deaths, high workload, and risks to their health and people close to them, which has been shown to be conducive to the development of symptoms such as anxiety, depression, stress, and insomnia. Therefore, this research aims to understand the psychological and social impacts resulting from work on the front lines in the fight against COVID-19. Five professionals from different areas working during the pandemic were interviewed. The results were analyzed by their contents and discussed in four thematic categories, namely: Emotional impacts of work on the frontlinein the fight against COVID-19; Social impacts on healthcare workers resulting from the pandemic; Self-care strategies developed by the healthcare workers; and Working conditions in the hospital environment in the context of a pandemic. The main results, there were feelings of anguish, sadness, exhaustion, and anxiety; separation from important relationships, including friends and family; as self-care strategies, they ranged from meditation to regular physical exercise; about the professionals' daily work, the precariousness of equipment, and complications with the methodology and workspace emerged as recurrent themes. Given the results, it was evident that the urgency of health actions, the severity of the pandemic, and the need to care for a high number of patients generated working conditions that often took the professionals to the limits of their capabilities. New studies are needed to continue evaluating the impacts of this environment and possible consequences in the medium and long term.Los profesionales de la salud han vivido en la pandemia de COVID-19 un contexto de frecuentes muertes, alta carga de trabajo y riesgos para su propia salud y la de las personas cercanas, que ha demostrado ser propicio para el desarrollo de síntomas como ansiedad, depresión, estrés e insomnio. Por lo tanto, el objetivo de este estudio es comprender los impactos psíquicos y sociales derivados del trabajo de primera línea en la lucha contra el COVID-19. Cinco profesionales de diferentes áreas activas fueron entrevistados durante la pandemia. Los resultados fueron analizados en su contenido y discutidos en cuatro categorías temáticas, como sigue: Impactos emocionales del trabajo de primera línea en la lucha contra el COVID-19; Impactos sociales en los profesionales sanitarios derivados de la pandemia; Estrategias de autocuidado desarrolladas por los profesionales sanitarios; y Condiciones de trabajo del entorno hospitalario en el contexto de la pandemia. Como principales resultados, observamos sentimientos de angustia, tristeza, agotamiento y ansiedad; alejamiento de relaciones importantes, incluyendo amigos y familia; como estrategias de autocuidado fueron desde la meditación hasta el ejercicio regular; sobre el trabajo diario de los profesionales, la precariedad del equipo, las complicaciones con la metodología y el espacio de trabajo surgieron como temas recurrentes. En vista de lo anterior, se evidenció que la urgencia de las acciones sanitarias, la gravedad de la pandemia y la necesidad de atender a un gran número de personas generaron condiciones de trabajo que muchas veces llevaron a los profesionales al límite de sus capacidades. Se necesitan nuevos estudios para seguir evaluando los impactos de este contexto y sobre las posibles consecuencias a medio y largo plazo.Os profissionais de saúde vivenciaram na pandemia da COVID-19 um contexto de frequentes mortes, carga de trabalho elevada e riscos à própria saúde e de pessoas próximas, o que tem se mostrado propício ao desenvolvimento de sintomas como ansiedade, depressão, estresse e insônia. Diante disso, esta pesquisa teve como objetivo compreender os impactos psíquicos e sociais decorrentes do trabalho na linha de frente no combate à COVID-19. Foram entrevistadas cinco profissionais de diferentes áreas atuantes durante a pandemia. Os resultados foram analisados em seus conteúdos e discutidos em quatro categorias temáticas, sendo elas: Impactos emocionais do trabalho na linha de frente no combate à COVID-19; Impactos sociais em profissionais de saúde decorrentes da pandemia; Estratégias de autocuidado desenvolvidas pelos profissionais de saúde; e Condições de trabalho do âmbito hospitalar no contexto de pandemia. Como principais resultados, observaram-se sentimentos de angústia, tristeza, exaustão e ansiedade; afastamento de relações importantes, incluindo amigos e familiares; como estratégias de autocuidado estiveram desde meditações a exercícios físicos regulares; sobre o cotidiano de trabalho das profissionais, a precariedade de equipamentos, complicações com a metodologia e espaço de trabalho surgiram como temas recorrentes. Diante do exposto, ficou evidenciado que a urgência das ações em saúde, a gravidade da pandemia e a necessidade de atendimento a um número elevado de pessoas geraram condições de trabalho que frequentemente levaram as profissionais ao limite de suas capacidades. Novos estudos são necessários para dar continuidade às avaliações dos impactos desse contexto e sobre possíveis consequências em médio e longo prazo

    EQUIPES DE SAÚDE E A PSICOLOGIA HOSPITALAR NA PERSPECTIVA DA TEORIA DE GRUPOS DE SARTRE

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    There are still few studies in Brazil about the work of Jean-Paul Sartre, a representative of existentialism, correlated with the area of Hospital Psychology. In Brazilian health practices, working through multidisciplinary care teams has proven to be one of the main resources to overcome knowledge fragmentation and integrate different aspects of patients' health. This work aims to discuss Sartre's Group Theory and its relationship with the interdisciplinary practice of psychologists in hospital settings. The concepts of series, group-in-fusion, institutionalized group, and organized group are presented, and the latter is highlighted as a resource for teamwork in health institutions, in order to provide comprehensive care for patients and family members. The institution's goals must be clear to team members, so that professionals can connect their individual projects to institutional ones, establishing a situation of reciprocity between subject and group. The role of psychologists is to be mediators, capable of leading professionals to a critical reflection about the group itself and the constant (re)construction of a collective movement in this context.El trabajo de Jean Paul Sartre, representante del existencialismo, aún tiene pocos estudios correlacionados con el área de la Psicología Hospitalaria en Brasil. En las prácticas de salud brasileñas, el desempeño a través de equipos de atención multidisciplinarios, ha venido presentándose como uno de los recursos principales para superar la fragmentación del conocimiento y alcanzar la integralización de los diferentes aspectos de la salud de los sujetos. El presente trabajo tiene como objetivo discutir la Teoría de Grupos en Sartre y su relación con la actuación interdisciplinaria de la (del) psicóloga(o) en el contexto hospitalario. Se presentan los conceptos de serie, grupo en fusión, grupo institucionalizado y grupo organizado, destacándose este último como un recurso para que en las instituciones de salud haya un desempeño por parte de los equipos, que les posibilite dar cuidados integrales a los pacientes y sus familiares. Se resalta la importancia de que estén claros los objetivos de la institución para los miembros de los equipos, de manera que los sujetos puedan articular sus proyectos individuales con los institucionales; visualizando una condición de reciprocidad entre el sujeto y el grupo. El rol de la (del) psicóloga(o) se describe como el de un mediador, capaz de llevar a los sujetos a una reflexión crítica en relación al propio grupo y a la (re)construcción permanente del movimiento colectivo en este ámbito.A obra de Jean Paul Sartre, representante do existencialismo, tem ainda poucos estudos no Brasil correlacionados com a área de Psicologia Hospitalar. Nas práticas de saúde brasileira, a atuação por meio de equipes assistenciais multidisciplinares vem se mostrando um dos principais recursos para superação da fragmentação do conhecimento e para o alcance da integralização dos diferentes aspectos da saúde dos sujeitos. Este trabalho visa discutir a Teoria de Grupos em Sartre e sua relação com a atuação interdisciplinar da(o) psicóloga(o) em contexto hospitalar. São apresentados os conceitos de série, grupo em fusão, grupo institucionalizado e grupo organizado, destacando este último como recurso para uma atuação das equipes nas instituições de saúde que possibilite cuidados integrais aos pacientes e familiares. Destaca-se a importância de que os objetivos da instituição estejam claros para os membros das equipes, a fim de que os sujeitos possam articular seus projetos individuais aos institucionais, visualizando uma condição de reciprocidade entre o sujeito e o grupo. O papel da(o) psicóloga(o) é descrito como de mediador, capaz de conduzir os sujeitos a uma reflexão crítica a respeito do próprio grupo e a (re)construção constante do movimento coletivo neste âmbito

    “Salva o Velho!”: Relato de Atendimento em Psicologia Hospitalar e Cuidados Paliativos

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    Resumo Este trabalho apresenta o relato de atendimento de um paciente encaminhado ao serviço de atenção domiciliar de um hospital geral com diagnósticos de doenças crônicas e com indicação para tratamento em cuidados paliativos. Ao longo de um ano, a psicóloga do hospital realizou o acompanhamento do paciente junto às equipes de saúde, tanto no domicílio quanto nas hospitalizações. Foraam atendidos paciente, filhos, esposa e cuidadoras, visando auxiliar na elaboração das vivências relacionadas ao adoecimento e tratamento, bem como à busca de qualidade de vida e enfrentamento da finitude. Neste período, o paciente foi inserido, retirado e reinserido em protocolo de cuidados paliativos, devido às instabilidades no quadro clínico e aos conflitos e dificuldades de comunicação entre paciente e familiares. Neste sentido, o foco do atendimento psicológico esteve na mediação dos conflitos familiares e na comunicação paciente-família-equipes, no estímulo à autonomia do paciente, na garantia do respeito e consideração aos seus desejos e decisões, bem como ao apoio emocional para enfrentamento do luto antecipatório. As reflexões e intervenções possibilitadas pelos cuidados paliativos e pela Psicologia permitiram ao paciente não desistir da sua vida e, aos familiares, a segurança e o apoio para o enfrentamento da perda e vivência do luto

    “Salva o Velho!”: Relato de Atendimento em Psicologia Hospitalar e Cuidados Paliativos

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    Abstract This work presents an account of care of a patient referred to the home care service of a general hospital with diagnoses of chronic diseases and indications for treatment in palliative care. Over a year, a psychologist at the hospital performed patient follow-up with health teams, both at home and during the hospital admissions. Patient, children, wife and caregiver, aiming to help in the preparation of experiences related to illness and treatment; pursuing of quality of life and coping with finiteness were met. In this period the patient was admitted, removed and readmitted in the palliative care protocol, due to instabilities in the clinical picture and to the conflicts and difficulties of communication between him and his relatives. In this sense, the focus was on the psychological care mediation of family conflicts and on the communication patient-family - staff, stimulating the patient’s autonomy, ensuring respect and consideration to his wishes and decisions, as well as giving emotional support for coping with anticipatory grief. The reflections and interventions made possible by palliative care and psychology enabled the patient not to give up his life and the family to gain security and support for coping with the experience of loss and grieving.Resumo Este trabalho apresenta o relato de atendimento de um paciente encaminhado ao serviço de atenção domiciliar de um hospital geral com diagnósticos de doenças crônicas e com indicação para tratamento em cuidados paliativos. Ao longo de um ano, a psicóloga do hospital realizou o acompanhamento do paciente junto às equipes de saúde, tanto no domicílio quanto nas hospitalizações. Foraam atendidos paciente, filhos, esposa e cuidadoras, visando auxiliar na elaboração das vivências relacionadas ao adoecimento e tratamento, bem como à busca de qualidade de vida e enfrentamento da finitude. Neste período, o paciente foi inserido, retirado e reinserido em protocolo de cuidados paliativos, devido às instabilidades no quadro clínico e aos conflitos e dificuldades de comunicação entre paciente e familiares. Neste sentido, o foco do atendimento psicológico esteve na mediação dos conflitos familiares e na comunicação paciente-família-equipes, no estímulo à autonomia do paciente, na garantia do respeito e consideração aos seus desejos e decisões, bem como ao apoio emocional para enfrentamento do luto antecipatório. As reflexões e intervenções possibilitadas pelos cuidados paliativos e pela Psicologia permitiram ao paciente não desistir da sua vida e, aos familiares, a segurança e o apoio para o enfrentamento da perda e vivência do luto.Resumen Este trabajo presenta un relato de atención psicológica a un paciente remitido al servicio de atención domiciliaria de un hospital general con diagnósticos de enfermedades crónicas e indicación para tratamiento en cuidados paliativos. Durante un año, la psicóloga del hospital realizó el seguimiento del paciente con los equipos de salud, tanto en el hogar como en las hospitalizaciones. Fueron atendidos el paciente, sus hijos, esposa y cuidadoras, con el objetivo de ayudar en la preparación de experiencias relacionadas con la enfermedad y el tratamiento, así como en la búsqueda de calidad de vida y enfrentamiento de la finitud. En este período el paciente fue insertó ingresado, retirado y reingresado al protocolo de cuidados paliativos, debido a la inestabilidad de su cuadro clínico y a os conflictos y las dificultades de comunicación con sus familiares. En este sentido, la atención psicológica se centró en la mediación de los conflictos familiares y la comunicación paciente-familia-equipo de salud, estimulando la autonomía del paciente, garantizando el respeto y consideración de sus deseos y decisiones, así como apoyándolo emocionalmente para hacer frente al luto anticipado. Las reflexiones y las intervenciones posibles gracias a los cuidados paliativos y la psicología permitieron que al paciente, no renunciar a su vida, y a la familia, la seguridad y el apoyo para hacer frente a la experiencia de pérdida y duelo

    Vivências de pacientes gravemente doentes de câncer : o projeto de ser frente ao adoecimento e á morte

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2019O avanço tecnológico tem permitido cada vez mais a sobrevivência de pessoas com doenças graves. Porém, uma parcela da população é acometida por condições crônicas e progressivas, para as quais não há perspectiva de cura; nesses casos, estão indicados os cuidados paliativos. No Brasil, não há estrutura de cuidados paliativos adequada às demandas existentes, sendo ainda incipientes as diretrizes para a atuação nessa área. Além disso, no campo da saúde, os profissionais com frequência são levados a encarar a morte como fracasso, o que produz dificuldade de acesso e lacunas no cuidado a pessoas em final de vida e seus familiares. Em uma perspectiva fenomenológica existencialista, compreende-se que o adoecimento grave lança o sujeito a uma experiência que modifica sua relação com o mundo, consigo mesmo, com os outros, com a materialidade e com o tempo, ainda que na base dessas modificações esteja seu projeto de ser. Sendo assim, a partir dessas experiências vividas, o sujeito realiza escolhas, direcionando seu ser de modo a enfrentar sua finitude no processo de totalização dialética de seu ser. Para compreender o projeto de ser do sujeito, deve-se, portanto, partir da experiência concreta, da dimensão do vivido, para, em seguida, verificar a inteligibilidade que o sujeito atribui a elas. Diante do exposto, esta tese teve como objetivo compreender as vivências de pacientes gravemente doentes de câncer frente ao processo de adoecimento e morte na relação com seu projeto de ser. Para tanto, foi realizada pesquisa qualitativa, de cunho exploratório-descritivo, em duas etapas: uma pesquisa narrativa bibliográfica, em que se produziu uma análise de materiais científicos (livros, artigos, manuais); e uma pesquisa de campo, utilizando-se do método biográfico proposto por Sartre, com uso de entrevistas narrativas a 12 pacientes atendidos por um serviço de cuidados paliativos em oncologia, para os quais já havia sido comunicada a impossibilidade de cura para sua doença, tendo sido indicados os cuidados para controle de sintomas, com foco na qualidade de vida. A partir da coleta e análise dos dados, os resultados foram organizados em três artigos: o primeiro deles abrange a análise narrativa da literatura acerca das contribuições do existencialismo sartriano aos cuidados paliativos oncológicos; o segundo apresenta parte dos resultados da pesquisa empírica, em que se discute sobre a vida, a doença e a morte em uma dimensão universal de vivências e trajetórias pessoais; e o terceiro realiza um estudo da narrativa de dois participantes sobre suas experiências de adoecimento e perspectiva de morte, em um movimento de aprofundamento no aspecto singular das trajetórias destes entrevistados. Os resultados indicam perspectivas para a prática da psicologia da saúde, que devem privilegiar ações de mediação a pacientes e familiares para a reformulação e viabilização de seus projetos de ser, a fim de garantir a qualidade no fim de vida para o paciente e seus familiares. Portanto, é na vida e por meio dela que se podem ampliar horizontes de possibilidades e escolhas, ressignificando trajetórias e vivências, até que a morte venha efetivamente a retirar dela todas as possibilidades. As discussões indicam também aspectos que têm implicação no modo como os sujeitos (re)organizam seus projetos de ser a partir da experiência de adoecimento grave e perspectiva de morte: a relação com a espiritualidade e/ou religiosidade, que se mostrou mediação fundamental para que os sujeitos continuem enfrentando e buscando alternativas frente às limitações impostas pela doença e pelo final de vida; o projeto de ser em família, que dá os contornos e fornece ferramentas para enfrentamento do adoecimento, da hospitalização, da necessidade de cuidados e das alterações no projeto de ser individual; e a relação com a morte, que implicou na revisão da vida. Finalmente, considera-se necessário compreender que o processo de morrer é ainda uma das dimensões da vida e não é, portanto, sinônimo de morte. Esse entendimento proporciona dignidade nessa etapa final do viver e abertura de um importante campo de atuação de psicólogos e demais profissionais de saúde.Abstract: Technological advancement has increasingly allowed the survival of severely ill people. However, a portion of the population is affected by chronic and progressive conditions for which there is no prospect of cure. In this case, palliative care is indicated. In Brazil, there is no appropriate palliative care structure to meet the existing demand, and guidelines in this line of work are still incipient. In addition, healthcare professionals are often led to believe that death means failure, which may hinder access to these practices at the different levels of healthcare. From an existentialist phenomenological perspective, severe illness is considered as something that casts the subject into an experience that changes their relationship with the world, with themselves, with others, with materiality, and with time, although their project of being lies at the base of these changes. Thus, based on these experiences, subjects make choices, reorienting themselves in order to cope with their finitude in the process of dialectical totalization of their being. Therefore, it is necessary to start from concrete experience, from the dimension of what was lived, and discover the intelligibility the subject attributes to it, in order to be able to understand their project of being. In view of the above, the aim of this thesis was to understand the experiences of severely ill cancer patients regarding the process of illness and death, in connection with their project of being. In order to do so, a qualitative, exploratory-descriptive research was conducted, in two stages. First, a bibliographic narrative research, in which an analysis of scientific materials (books, articles, manuals) was performed. Then, a field research, using the biographical method proposed by Sartre, including narrative interviews with twelve patients who attended a palliative care service in oncology. The patients had already been informed that their condition could not be treated, and were advised to seek symptom control care, focusing on quality of life. After the collection and analysis of data, the results were organized into three articles. The first included a narrative analysis of the literature on the contributions of Sartrean existentialism to palliative care in oncology. The second presented the results of the empirical research, in which life, illness and death are discussed in a universal dimension of personal experiences and trajectories. The third article is a study of the narrative of two participants regarding their experience of illness and the prospect of death, as an in-depth analysis of the unique features of these interviewees' trajectories. The results provide an orientation for the practice of health psychology, which should focus on actions of mediation for patients and their families, in order to reformulate their projects of being, make them feasible, and ensure quality at the end of life. Therefore, it is in life and through life that one can expand their horizons of possibilities and choices, resignifying trajectories and experiences, until death actually comes and exhausts all possibilities. The discussions also highlight aspects that have an impact on the way subjects (re)organize their projects of being, based on the experience of severe illness and the prospect of death. Their relationship with spirituality and/or religiosity proved to be an essential mediation, so that subjects could cope and keep looking for alternatives to the limitations imposed by illness and the end of life. Their project of being as part of a family was also important, since it provides support and tools to cope with illness, hospitalization, need for care, and changes in the person's individual project of being. Furthermore, their relationship with death implied reviewing their life. Finally, it is important to realize that the process of dying is still a dimension of life and, therefore, it is not synonymous with death. This awareness can bring dignity to this final stage of living, and appropriate care to patients and their families, which is a significant line of work for psychologists and health professionals

    História de Lino: a psicopatologia na perspectiva da fenomenologia e do existencialismo

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    From the 1950s-60s onwards in Europe, initiatives for a rupture with the existing hegemonic psychiatric model were established, consolidating an antithesis to the psychiatrizing logic, which can be characterized as a critical psychopathology. Thereby, some psychiatrists began to adopt a comprehensive attitude towards psychic illness instead of searching for causalities, understanding suffering as the result of the construction of a personality. The research on which this article was based aimed at a phenomenological and existential understanding of Lino's psychopathology, an adult man diagnosed with schizoaffective disorder. The life-history method was applied, several interviews were conducted for data collection, and narrative analysis was used to prepare results and discussions. In the analyses, a process of division of the being was found, forged by contradictory sociological forces, which were the basis of Lino's psychopathology. In this sense, the beginning of madness may be considered as a break with the subject's network of concrete and significant symbolic relationships and the consequent loss of his sense of reality. Therefore, thinking psychopathology from a critical perspective implies understanding subjects in their relationships as a whole, with the appropriation of mediations they do throughout their biography.A partir dos anos 1950-1960 constituíram-se iniciativas, na Europa, para uma ruptura do modelo psiquiátrico hegemônico vigente até então, consolidando a antítese à lógica psiquiatrizante que se caracteriza enquanto uma psicopatologia crítica. Por meio dela, alguns psiquiatras passaram a adotar uma postura compreensiva frente ao adoecimento psíquico, em detrimento de uma busca por causalidades, entendendo o sofrimento como resultado da construção de uma personalidade no mundo. A pesquisa base deste artigo objetivou a compreensão fenomenológica e existencial da psicopatologia de Lino, um homem adulto diagnosticado com transtorno esquizoafetivo. Foi utilizado método qualitativo caracterizado como história de vida, tendo sido realizadas entrevistas narrativas para coleta de dados e empregada análise da narrativa para a composição dos resultados e discussões. Nas análises, constatou-se um processo de divisão do ser, forjado por forças sociológicas contraditórias e que constituíram a base da psicopatologia de Lino. Neste sentido, a entrada na loucura pode ser considerada como um corte com a rede de relações concretas e simbólicas significativas do sujeito e consequente perda do sentido da realidade. Pensar a psicopatologia em uma perspectiva crítica implica, assim, pensar o sujeito na totalidade de suas relações e na apropriação que faz das mediações ao longo de sua biografia.A partir de los años 1950-1960 en Europa se han tomado iniciativas para una ruptura del modelo psiquiátrico hegemónico vigente hasta aquel momento, consolidando una antítesis a la lógica psiquiatrizante, que se caracteriza como una psicopatología crítica. A través de ella, algunos psiquiatras han adoptado una actitud comprensiva frente a la enfermedad mental, en lugar de una búsqueda de causalidades, entendiendo el sufrimiento como resultado de la construcción de una personalidad. La investigación base de este artículo tuvo como objetivo la comprensión fenomenológica y existencial de la psicopatología de Lino, un hombre adulto con diagnóstico de trastorno esquizoafectivo. Fue utilizada la metodología de la historia de vida, con entrevistas para recolección de datos y la utilización del análisis narrativo para componer las discusiones. En los análisis, se ha constatado un proceso de división del ser, forjado por fuerzas sociológicas contradictorias, que constituyen la base de la psicopatología de Lino. En este sentido, el comienzo de la locura puede ser visto como una ruptura con la red de relaciones concretas y simbólicas del sujeto y la consecuente pérdida del sentido de realidad. Pensar la psicopatología en una perspectiva crítica supone comprender el sujeto en todas sus relaciones y en la apropiación que hace de las mediaciones en toda su biografía
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