21 research outputs found

    Uma commodity para os sentidos: a difusão global do tabaco na Era Moderna

    Get PDF
    O tabaco esteve entre as commodities a ter rápida difusão global na Era Moderna, a partir das navegações e interações dos europeus com os povos dos demais continentes conhecidos então. Nativo da América, onde era consumido pelos povos originários de várias partes do continente, cerca de um século depois da chegada de Colombo ao Novo Mundo, o tabaco já era conhecido em várias partes da Europa, África, Oriente Médio e Leste Asiático. Neste périplo global, a erva passou de elemento ritualístico a commodity: vendido, trocado, taxado e produzido nas quatro partes do mundo, ganhou a preferência de homens e, em menor medida, mulheres, de todas as camadas sociais. Indivíduos de diversas idades mascavam, aspiravam e/ou fumavam, principalmente, o tabaco das Américas, nas suas diversas variedades. Assim, essa commodity, que conquistava as pessoas pelo paladar, olfato, tato e visão, tornou-se intensamente negociada e difundida nas sociedades que com ela tiveram contato. Proponho-me a abordar essa difusão, destacando seus diversos condicionantes, desde a produção ao consumo do tabaco

    Combates na história atlântica: a historiografia de Joseph E. Inikori

    Get PDF
    This article investigates Joseph E. Inikori’s historical writings, highlighting his approach to three classical subjects of modern Atlantic history: the quantitative features of the transatlantic slave trade, its consequences on African societies, and the relation between capitalism and modern slavery. It introduces Inikori’s approaches as opposed to other perspectives, here identified as “revisionist”, in order to underscore the major points of disagreement that have been pervasive in this field of scholarly debates, as well as Inikori’s standpoint in them. Finally, the article argues that Inikori’s analyses comprise an encompassing thesis on the making of Atlantic world from the sixteenth century to the Industrial Revolution.O presente artigo aborda a historiografia do nigeriano Joseph E. Inikori, destacando sua análise de três temas clássicos da história atlântica moderna: o aspecto quantitativo do tráfico transatlântico de escravos, o impacto do tráfico de escravos na África e a relação entre o capitalismo e a escravidão moderna. Apresentam-se os seus argumentos em contraposição a outras abordagens que aqui denominamos “revisionistas”, de forma a ressaltar os principais pontos de discordância que têm marcado os debates no campo referido e a posição de Inikori nele. Argumenta-se, enfim, que suas análises constituem uma tese mais ampla sobre a formação do mundo atlântico desde o séc. XVI até o advento da Revolução Industrial

    A população do Reino de Angola durante a era do tráfico de escravos: Um exercício de estimativa e interpretação (c. 1700-1850)

    Get PDF
    The article discusses the dynamics of the population under Portuguese rule in the region called “Kingdom of Angola” by the colonial authorities through the eighteenth century up to the first half of the nineteenth century. We aim answer a simple question: the population under Portuguese rule would have increased or decreased in this period? In order to do so, we analyze and criticize a sizable number of population maps and other quantitative data such as tithes and the numeration of “sobas”. We find out that there are signs of growth, by the expansion of the Angola’s border during the eighteenth century and that between the late eighteenth and early nineteenth occurred a demographic collapse that appears to be linked to droughts and an increasing enslaving pressure.O artigo discute a evolução da população sob o domínio português na região que era chamada “Reino de Angola” pelas autoridades coloniais, desde o século XVIII à primeira metade do século XIX. Nosso objetivo foi responder a uma pergunta simples: a população sob o domínio português teria aumentado ou diminuído neste período? Para isto, analisamos e criticamos um número razoável de mapas de população e outros dados quantitativos como os dízimos e a contagem dos sobas. O resultado a que chegamos é que existem indícios de crescimento pelo alargamento da fronteira durante o século XVIII e que, entre o final do século XVIII e o início do XIX, ocorreu um colapso demográfico que parece estar associado às secas e ao aumento da pressão escravizadora

    ANÁLISE FACIOLÓGICA E DEPOSICIONAL DOS DEPÓSITOS FLÚVIO-EÓLICOS DA FORMAÇÃO SÃO SEBASTIÃO (EOCRETÁCEO), REGIÃO DE CAMPOS - IBIMIRIM, BACIA DE JATOBÁ, PE, NORDESTE DO BRASIL

    Get PDF
    A Bacia de Jatobá pertence ao denominado Rifte Recôncavo-Tucano-Jatobá, estrutura geotectônica constituída por extenso rifte abortado no Cretáceo durante as fases de fragmentação do Supercontinente Gondwana. Este trabalho enfoca inédita análise de facies e sistemas deposicionais da Formação São Sebastião (Eocretáceo). As facies foram identificadas segundo a litologia predominante, geometria dos corpos, estruturas sedimentares e padrão de paleocorrentes. As principais litofacies reconhecidas foram: (i) conglomerados sustentados pela matriz e arenitos grossos a médios, conglomeráticos com estratificações cruzadas acanaladas de pequeno porte, ou maciços; (ii) arenitos grossos a médios com estratificações cruzadas acanaladas de médio e grande porte; (iii) arenitos médios com boa seleção e estratificação plano-paralela e (iv) arenitos médios com estratificação cruzada tabular de médio porte, bem selecionados. As facies (i) foram interpretadas como geradas por sistemas fluviais entrelaçados efêmeros. O conjunto de facies (ii), (iii) e (iv) foi interpretado como originado em campo de dunas eólicas, lenções de areia eólica e interduna. A Formação São Sebastião representa a interação de dois sistemas deposicionais: eólico e fluvial. As características sedimentológicas dos arenitos da Formação São Sebastião indicam ambiente de sedimentação inicialmente fluvial, com posterior retrabalhamento por vento, e a superior, um ambiente desértico, tipicamente eólico, com interações fluviais

    A ética do silêncio racial no contexto urbano: políticas públicas e desigualdade social no Recife, 1900-1940

    Get PDF
    Mais de meio século após o preconceito racial ter se tornado o principal alvo dos movimentos urbanos pelos direitos civis nos Estados Unidos e na África do Sul, e décadas depois do surgimento dos movimentos negros contemporâneos no Brasil, o conjunto de ferramentas legislativas criado no Brasil para promover o direito à cidade ainda adere à longa tradição brasileira de silêncio acerca da questão racial. Este artigo propõe iniciar uma exploração das raízes históricas desse fenômeno, remontando ao surgimento do silêncio sobre a questão racial na política urbana do Recife, Brasil, durante a primeira metade do século XX. O Recife foi eé um exemplo paradigmático do processo pelo qual uma cidade amplamente marcada por traços negros e africanos chegou a ser definida política e legalmente como um espaço pobre, subdesenvolvido e racialmente neutro, onde as desigualdades sociais originaram na exclusão capitalista, e não na escravidão e nas ideologias do racismo científico. Neste sentido, Recife lança luzes sobre a política urbana que se gerou sob a sombra do silêncio racial.More than half a century after racial prejudice became central to urban civil rights movements in the United States and South Africa, and decades after the emergence of Brazil’s contemporary Black movements, Brazil's internationally recognized body of rights-to-the-city legislation still adheres to the country's long historical tradition of racial silence. This article explores the historical roots of this phenomenon by focusing on the emergence of racial silence in Recife, Brazil during the first half of the 20th Century. Recife was and remains a paradigmatic example of the process through which a city marked by its Black and African roots came to be legally and politically defined as a poor, underdeveloped and racially neutral space, where social inequalities derived from capitalist exclusion rather than from slavery and scientific racism. As such, Recife'sexperience sheds light on the urban policies that were generated in the shadow of racial silence

    A primeira partilha da África: decadência e ressurgência do comércio português na Costa do Ouro (ca. 1637-ca. 1700)

    Full text link

    A cruzada modernizante e os infiéis no Recife, 1922-1926: Higienismo, vadiagem e repressão policial

    No full text
    Entre 1922 e 1926, o Governo do Estado de Pernambuco implementou duas políticas paralelas, ambas caracterizadas por um viés antipopular e pautadas por diretrizes que visavam a enquadrar em moldes tidos por modernos o comportamento das classes populares. De um lado, a política de saúde, higiene e assistência promovida por Amaury de Medeiros; de outro, uma campanha de perseguição aos vadios, incluindo jogadores e mendigos e ébrios da cidade do Recife, pelas instituições policiais. A imprensa local reverberava e incentivava as duas linhas de ação, identificando com um vocabulário peculiar os alvos da modernização e do enquadramento. Estas políticas públicas não constituíram apanágio do estado de Pernambuco, uma vez que guardam estreitas semelhanças com outras iniciativas observadas em algumas cidades brasileiras nas décadas republicanas anteriores. Do mesmo modo, os aspectos políticos, econômicos e culturais, em suma, sociais que associamos a tais políticas não se reduzem ao âmbito local, mas, apesar das condicionantes específicas que apontamos, como a situação política, vinculam-se a elementos estruturais e conjunturais da Primeira República, tais como o neopatrimonialismo e as criminalização e politização das contravenções relacionadas à atuação de organizações de classe, especificamente as organizações operárias. E, ainda, as políticas implementadas por Amaury de Medeiros harmonizavam-se com esta visão geral das "classes perigosas", amplificada na tensão político-social dos anos 1920, e com os ideais de salvação pela higiene, campanha originada no Centro-Sul em 191

    Negócio da Costa da Mina e comércio atlântico: tabaco, açúcar, ouro e tráfico de escravos, Pernambuco (1654-1760)

    No full text
    Os principais aspectos abordados são a difusão da produção de tabaco e do tráfico de escravos da Costa da Mina na capitania de Pernambuco. Os dois temas são relacionados às distintas fases pelas quais passou a economia da capitania e a do Brasil entre 1654 e 1760. Demonstra-se que aqueles setores tiveram sua dinâmica estreitamente vinculada à principal produção exportadora, seja do açúcar de Pernambuco, seja do ouro do centro-sul da colônia.The difusion of tobacco production in Pernambuco captaincy and its slave trade bound to Costa da Mina are the main addressed subjetcs. Both themes are related to the distinct phases wich Pernambuco captaincys e Brazils economy underwent between 1654 and 1760. Its demonstrated that those economic activities evolvement was closely linked with the leader exporting productions, namely Pernambucos sugar as much as South Central colonys gold

    THE COLONIAL POT BAG? CONSIDERATIONS ON THE USE OF THE CAMPESINATO CONCEPT IN THE HISTORIOGRAPHY OF BRAZIL COLONY

    No full text
    The word or concept ―peasantry‖ has been usual in the historiography on Colonial Brazil at least in the former two decades, particularly regarding the small scale farmers. This articles aims to discuss how suitable the concept is to define small scale production along the colonial period. Thus, it takes into consideration the chief theoretical benchmarks, specially the sociological ones. Similarly, we briefly review some of the relevant works from newly historiography and adduce qualitative data from our own research on Pernambuco‘s tobacco production
    corecore