38 research outputs found
As máscaras da ciência
A significação aparente da ciência encontra-se nas intenções subjetivas dos próprios cientistas, cuja preocupação fundamental seria a busca do conhecimento,e nas intenções dos que elaboram a política científica, tendo em vista o aumento da produção de bens como decorrência da produção de conhecimentos.O cientista, no mundo atual, saiu da ficção neutralista e com ele a ciência. Por isso estamos diante de dois mitos da ciência: o mito da ciência-que-conduz-necessariamente-ao-progresso e o da ciência-pura-e-imaculada. Segundo o primeiro a ciência se expõe a ser julgada pelo valor social de seus resultados e de acordo com o segundo a ciência é seu próprio fim,não tendo que prestar contas a nenhuma instância exterior. Se há crise na ciência é porque os cientistas se interrogam sobre a significação e função reais, na sociedade, de seus trabalhos (H.B.)
Abstract
One can find the apparent meaning of science in the subjective intentions of the scientists themselves, in which the fundamental preocupation would be the search of knowledge, and in the intentions of those who are responsible for science policy, having in mind the growth of the produce of wealth as a resultof the produce of knowledge.Nowadays the neutrality was left out by the scientist and so was science. That's why we're facing the twomyths of science: the science that leads to progressand the pure and immaculate one. According to the first one science exposes itself to be judged by the social value of its results, whereas to the secondone science is not affected by any exterior instance. Whether there's a crisis in science it is because the scientists ask themselves about the real meaning and function of their works in society.(M.P.
A crise da razão e a revanche do irracional
O presente trabalho foi encomendado no ano de 2014, por ocasião de conferência ministrada pelo Prof.Hilton Japiassú na UFT. Após a conferência, a então gestão da Universidade Federal do Tocantins instituiu o Prêmio Hilton Japiassú de Excelência em Pesquisa, através de sua Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação. Em homenagem ao referido professor, a comissão editorial de Desafios decidiu manter o texto original, tal como foi enviado em sua primeira versão. O Prof.Hilton Japiassu faleceu, no Rio de Janeiro, no ano de 2015
O Sonho Transdisciplinar
O presente trabalho foi encomendado no ano de 2014, por ocasião de conferência ministrada pelo Prof.Hilton Japiassú na UFT. Após a conferência, a então gestão da Universidade Federal do Tocantins instituiu o Prêmio Hilton Japiassú de Excelência em Pesquisa, através de sua Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação. Em homenagem ao referido professor, a comissão editorial de Desafios decidiu manter o texto original, tal como foi enviado em sua primeira versão. O Prof.Hilton Japiassu faleceu, no Rio de Janeiro, no ano de 2015
A crise da razão no ocidente
Ainda é muito freqüente apresentar as atividades científicas como "racionais". Nesse sentido, um fosso praticamente intransponível separaria a racionalidade científica do domínio maldito do "irracional". Numa sociedade como a nossa, dominada pela tecnociência, entregue ao culto do rendimento e à tecnocracia, a preocupação em se garantir o primado do racional é totalmente compreensível. Contrariamente à inteligência, a razão, no entanto, não é um dado natural, mas um conjunto historicamente construído de procedimentos, regras e coerções. Embora seja portadora de um aspecto incontestavelmente lógico, podemos falar de uma história da razão, em estreita ligação com a história do ocidente, vale dizer, com a história da cultura ocidental. Nos últimos tempos, vem se impondo um estilo de pensamento caracterizado por uma profunda desconfiança da "razão" que, por ignorar completamente ser evolutiva, tornou-se profundamente intolerante em relação às paixões, às emoções e aos mistérios. A "razão" se transformou numa racionalidade instrumental prestando culto aos meios em detrimento dos fins. Donde o desencanto com a "razão" e o advento do niilismo. Buscar compreender esse fenômeno que tem sido designado como "crise da razão ocidental" é o objetivo deste artigo.It is still very frequent to present scientific activities as "rational". In this sense, a trench that practically cannot be passed through would separate scientific rationality from the damned domain of the "irrational". In a society like ours, dominated by techno science, surrendered to the cult of profit and to technocracy, the worry in assuring the primacy of the rational is totally understandable. Contrary to intelligence, reason, however, is not naturally given, but it is a set of historically built procedures, rules and coercions. Although being bearer of an incontestable logical aspect, we can talk about a history of reason, in close relation to the occident history, that is to say, the history of the occidental culture. Lately it has been imposed a style of thought featured by a profound distrust in reason which, by completely ignoring its own evolutive feature, has turned to be profoundly intolerant to passions, emotions and mysteries. Reason has turned into an instrumental rationality, revering the means to the detriment of the ends. Hence the disenchantment with reason and the advent of nihilism. The aim of this paper is to seek to understand this phenomenon that has been named as "crisis of the occidental reason"
Aula Magna do Departamento de Filosofia do ano de 2010
Prof. Dr. Hilton Japiass
A crise da razão no ocidente
Ainda é muito freqüente apresentar as atividades científicas como “racionais”. Nesse sentido, um fosso praticamente intransponível separaria a racionalidade científica do domínio maldito do “irracional”. Numa sociedade como a nossa, dominada pela tecnociência, entregue ao culto do rendimento e à tecnocracia, a preocupação em se garantir o primado do racional é totalmente compreensível. Contrariamente à inteligência, a razão, no entanto, não é um dado natural, mas um conjunto historicamente construído de procedimentos, regras e coerções. Embora seja portadora de um aspecto incontestavelmente lógico, podemos falar de uma história da razão, em estreita ligação com a história do ocidente, vale dizer, com a história da cultura ocidental. Nos últimos tempos, vem se impondo um estilo de pensamento caracterizado por uma profunda desconfiança da “razão” que, por ignorar completamente ser evolutiva, tornou-se profundamente intolerante em relação às paixões, às emoções e aos mistérios. A “razão” se transformou numa racionalidade instrumental prestando culto aos meios em detrimento dos fins. Donde o desencanto com a “razão” e o advento do niilismo. Buscar compreender esse fenômeno que tem sido designado como “crise da razão ocidental” é o objetivo deste artigo
A crise da razão no ocidente
Ainda é muito freqüente apresentar as atividades científicas como “racionais”. Nesse sentido, um fosso praticamente intransponível separaria a racionalidade científica do domínio maldito do “irracional”. Numa sociedade como a nossa, dominada pela tecnociência, entregue ao culto do rendimento e à tecnocracia, a preocupação em se garantir o primado do racional é totalmente compreensível. Contrariamente à inteligência, a razão, no entanto, não é um dado natural, mas um conjunto historicamente construído de procedimentos, regras e coerções. Embora seja portadora de um aspecto incontestavelmente lógico, podemos falar de uma história da razão, em estreita ligação com a história do ocidente, vale dizer, com a história da cultura ocidental. Nos últimos tempos, vem se impondo um estilo de pensamento caracterizado por uma profunda desconfiança da “razão” que, por ignorar completamente ser evolutiva, tornou-se profundamente intolerante em relação às paixões, às emoções e aos mistérios. A “razão” se transformou numa racionalidade instrumental prestando culto aos meios em detrimento dos fins. Donde o desencanto com a “razão” e o advento do niilismo. Buscar compreender esse fenômeno que tem sido designado como “crise da razão ocidental” é o objetivo deste artigo