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    Conhecimento ecológico local dos pescadores do litoral de Santa Catarina sobre a tainha mugil liza valenciennes 1836 9osteichthyes, mugilidae)

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-graduação em Ecologia, Florianópolis, 2013A migração da tainha ocorre durante sua época reprodutiva, momento que grandes cardumes passam pelo litoral de Santa Catarina, gerando uma elevada produtividade pesqueira no sul/sudeste do Brasil. Sendo assim, existe uma forte relação socioeconômica e cultural do homem com a espécie. A presente dissertação está organizada em três capítulos. O primeiro investigou o conhecimento dos pescadores a respeito das espécies da família Mugilidae que ocorrem no litoral de Santa Catarina, bem como sua classificação folk para as espécies reconhecidas e os aspectos considerados na classificação de tais espécies. O segundo capítulo investigou a história natural da tainha M. liza Valenciennes (1836), incluindo aspectos migratórios, alimentares, reprodutivos e comportamentais, a partir da etnoecologia dos pescadores de Santa Catarina. O terceiro capítulo teve como objetivo investigar a percepção dos pescadores artesanais sobre as mudanças na pesca e nos estoques da tainha e a existência da síndrome dos referenciais dinâmicos. As amostragens abrangeram oito municípios do litoral catarinense. Os informantes foram selecionados através da técnica bola-de-neve. Os dados foram coletados através de entrevistas: estruturadas e semiestruturadas (agosto/2011 a junho/2012). Foram realizadas 45 entrevistas semiestruturadas e 87 entrevistas estruturadas (29 de cada classe etária: pescadores jovens, pescadores de meia-idade e pescadores experientes). No primeiro capítulo observamos que os pescadores reconhecem apenas duas espécies das quatro do gênero Mugil que ocorrem no litoral de Santa Catarina. Elas são reconhecidas pelos genéricos folk parati e tainha e possui um alto número de específicos folk, 10 e 21 respectivamente. Os pescadores classificam as tainhas de acordo com suas características morfológicas, ontogenéticas, ecológicas, comportamentais e sua procedência. Diferentes populações de tainha podem existir ao longo do litoral brasileiro e catarinense. No segundo capítulo, os pescadores apontam que a rota migratória da tainha pode variar de acordo com condições climáticas e oceanográficas (e.g.: temperatura, vento, precipitação, correntes marinhas, salinidade). Tais condições influenciam também a abundância da tainha, a saída dos locais que elas vivem, as capturas e as paradas nas praias, costões e ilhas. Os motivos das paradas da tainha são: desova, alimentação, proteção, descanso e temperaturas mais quentes. De acordo com os pescadores, a desova da tainha ocorre ao longo do litoral de Santa Catarina (em rios, lagoas e costões), principalmente entre julho e setembro. 62% dos pescadores já encontraram tainha com a ova embaixo da escama, evento não encontrado na literatura. No terceiro capítulo, encontramos que o número de pescadores jovens está diminuindo e que 72% dos pescadores percebem a diminuição dos estoques de tainha. A síndrome dos referenciais dinâmicos não está ocorrendo entre os pescadores de tainha, porém, as médias das capturas lembradas pelos pescadores mais experientes são significativamente maiores que aquelas lembradas pelos pescadores de meia-idade e jovens. Sendo assim, as regressões e ANOVA refletem uma tendência de declínio dos estoques e apontam diferenças intergeracionais nas maiores capturas lembradas pelos pescadores Abstract: The migration of mullets Mugil spp occurs during its reproductive period, where large shoals pass through the coast of Santa Catarina state and generates high fishing productivity in the southern/south coast of Brazil. Thus, there is a strong socioeconomic and cultural relationship between men and the species. This dissertation is organized in three chapters. The first investigates fishers? knowledge on species of the Mullet genera occurring in the coast of Santa Catarina state, as well as ethnotaxonomy for species identification and related classificatory aspects. The second chapter investigates natural history of the M. liza Valenciennes (1836), including migratory, feeding, reproductive and behavioural aspects based on Santa Catarina fishers? ethnoecology. The third chapter investigates the perception of artisanal fishermen over changes in mullet fisheries and stocks, as well as the occurrence of the shifting ecological baselines syndrome. Samples encompassed eight cities, and informants were selected through snow-ball technique. Data was collected trough structured (n=85; n=29 for each age class: young, mid-age and elderly) and semi-structured interviews (n=45) (August/2011 to June/2012). In the first chapter we observed that fishermen recognizes only two species of four of the Mugil spp species occurring in coastal Santa Catarina state. They are recognized through the generic folk ?Parati? and ?Tainha? with high number of folk species, accounting for 10 and 21 respectively. Fishermen have detailed knowledge on differences in mullets within a shoal and classifies according to morphological, ontogenetics, ecological, behavioural and origin aspects. Different populations of mullets can exist along coastal Brazil, once M. liza is known to exhibit wide distribution and that latitudinal temperature gradients can act as bio-geographical barriers. Fishermen outline that mullet migration it can vary according to climatic and oceanographic conditions (e.g.: temperature, wind, precipitation, marine currents, salinity). Such conditions also influence the abundance of mullets, their outflow from were they live and their stops at beaches, rocky shores and islands. The reasons for mullet stop are: spawning, feeding, protection, rest and warmer temperatures. According to fishermen, mullets spawn throughout the coast of Santa Catarina (in rivers, lagoons and rocky shores), mainly between July and September. 62% of fishermen have reported finding mullet individuals with eggs below their scales, an event not described by the scientific literature. In the third chapter we found that the number of young fishermen have been decreasing and that 72% perceives declining mullet fish-stocks. The shifting baseline syndrome is not occurring amongst mullet fishermen once every fishermen age class perceives the decline tendency of stocks. However, the mean capture size reported by elderly fishermen is significantly higher than that remembered by young and middle aged fishers. Thus, regressios and ANOVA analysis reflects a declining tendency in stocks and points to intergenerational differences in higher capture sizes remembered by fishermen

    180 years of marine animal diversity as perceived by public media in southern Brazil

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    Unidad de excelencia María de Maeztu CEX2019-000940-MCommoditization of marine resources has dramatically increased anthropogenic footprints on coastal and ocean systems, but the scale of these impacts remain unclear due to a pervasive lack of historical baselines. Through the analysis of historical newspapers, this paper explores changes in marine animals (vertebrates and invertebrates) targeted by historical fisheries in southern Brazil since the late 19th century. The investigation of historical newspaper archives revealed unprecedented information on catch composition, and perceived social and economic importance of key species over decades, predating official national-level landing records. We show that several economically and culturally important species have been under persistent fishing pressure at least since the first national-scale subsidies were introduced for commercial fisheries in Brazil in the late 19th and early 20th centuries. Our work expands the current knowledge on historical fish catch compositions in the southwestern Atlantic Ocean, while advocating for the integration of historical data in ocean sustainability initiatives

    Diagnóstico da Ictiofauna do Ecossistema Babitonga

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    O estuário da Baía Babitonga desempenha um papel importante para a ictiofauna da região, sendo evidenciado pela elevada abundância de indivíduos juvenis registrados na área de estudo. No presente trabalho, apresentamos uma revisão bibliográfica sobre a ictiofauna estuarina e marinha presente no Ecossistema Babitonga (Baía Babitonga e áreas marinhas adjacentes). Foram analisados 62 estudos de ictiofauna realizados no Ecossistema Babitonga, os quais abrangeram diferentes setores e ambientes: praias estuarinas e arenosas, ambientes rasos, entremarés e de baixa energia; ambientes recifais (costões rochosos e parcéis); canal principal do estuário e plataforma continental externa e interna. No total, foram identificadas 287 espécies e 86 famílias, cuja presença no ambiente foi caracterizada em termos da heterogeneidade e diversidade espacial e temporal, estrutura trófica, produtividade, e as pressões antrópicas no nível das populações, comunidades e/ou metapopulação. 28 espécies merecem atenção especial para a gestão em função do nível de ameaça ou da importância socioeconômica. As informações levantadas a partir desta revisão permitiram também a identificação das lacunas de conhecimento e as ações prioritárias para a conservação da biodiversidade de peixes no Ecossistema Babitonga

    Educomunicação em Tempos de Pandemia:

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    Os textos que compõem esta obra são oriundos do VIII Colóquio Ibero-americano de Educomunicação (VIII CIEducom) e IX Colóquio Catarinense de Educomunicação (IX CCEducom), realizados em março de 2021. Em um ano no qual o vírus SARS-CoV-2 e variantes circularam por diversos territórios, Educomunicação em tempos de pandemia: práticas e desafios foi o tema discutido nos eventos. Este livro colocado à disposição do público é um modo de compartilhar caminhos e convidar pessoas curiosas a percorrerem, por meio das palavras e recursos gráficos, desafios identificados e estratégias para o enfrentamento deste inesperado período de pandemia

    Percepções e dimensões espaciais do uso dos serviços ecossistêmicos: subsídios para análise de risco e gestão do Ecossistema Babitonga

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2020.Estudos sobre serviços ecossistêmicos vêm crescendo em todo o mundo, tendo o conceito e aplicações evoluido no sentido de permitir abordagens ecossistêmicas que integrem diferentes sistemas de conhecimento e busquem conectar com a gestão. A presente tese identifica e mapeia o uso de serviços ecossistêmicos, com base na percepção dos usuários diretos do ecossistema Babitonga (pescadores, maricultores, agentes de turismo e recreação, agentes de transporte aquaviário e mineradores de areia), bem como identifica os conflitos e pressões, decorrentes dos usos para o ecossistema e demais usuários. O primeiro capítulo da Tese investigou a percepção de usuários diretos sobre os serviços ecossistêmicos obtidos do ecossistema Babitonga, norte de Santa Catarina, e explorou como transformar este sistema de governança costeiro a partir de uma perspectiva ecossistêmica dos valores compartilhados da natureza. O segundo capítulo, além de mapear as atividades e usos dos serviços ecossistêmicos, descreveu e analisou os conflitos, as cadeias de impacto e os riscos decorrentes de múltiplos usos diretos, no ecossistema como um todo e em três diferentes habitats: manguezais, fundo rochoso consolidado (lages) e coluna d?água. Os dados apresentados foram coletados de forma colaborativa e integrativa a partir de três ciclos de oficinas com os usuários diretos do ecossistema (39 oficinas). No primeiro capítulo obtivemos 285 citações, categorizadas em 127 serviços ecossistêmicos diferentes e 31 subcategorias, codificadas em tipologias convencionais de serviços ecossistêmicos). Os serviços: alimento (provisão) e turismo e lazer (cultural) foram percebidos por todos os grupos de usuários, destacando-se como serviços de valor compartilhado. Foram observadas diferenças de percepção entre grupos. Atualmente as políticas públicas, fragmentadas e baseadas em interesses econômicos, supervalorizam alguns serviços, sem considerar a manutenção dos usos/ atividades e qualidade de vida de todos os usuários e da população do ecossistema, o que gera assimetrias de poder e usos insustentáveis. No segundo capítulo mapeamos 28 atividades realizadas no ecossistema, destacando o uso de 10 tipos de serviços ecossistêmicos: quatro de provisão (ex. alimento, areia e óleo) e seis culturais (ex. navegação, turismo, beleza cênica e pesca esportiva). As áreas mais utilizadas coincidem com as áreas com maior quantidade de conflitos. Pescadores e agentes de Turismo e recreação são os setores mais envolvidos em conflitos e ambos recebem pressões de todos os outros grupos de usuários. Todos os habitats analisados estão sob alto risco. Na busca de alternativas para alcançar um sistema socioecológico mais coerente e equitativo social e ecologicamente, os dois capítulos trazem caminhos e recomendações para uma agenda de gestão transformativa e baseada no ecossistema. Ambos capítulos ressaltam a relevância dos valores compartilhados (alimento e turismo). O acesso às percepções de diferentes usuários a partir de uma mesma metodologia foi essencial para indicar caminhos, as atividades e os tipos de uso que devem ser priorizados no processo de gestão a partir da avaliação de risco dos habitats e do ecossistema como um todo: a pesca, maricultura e as atividades do turismo e recreação. Ao final, apresentamos contribuições da Tese no desenvolvimento teórico-metodológico do campo de pesquisa e aplicações da abordagem de serviços ecossistêmicos.Abstract: Ecosystem services studied have been increasing around the world, and the concept and applications evolved to allow ecosystem-based approaches that integrate different knowledge systems and seek to increase the understanding and response of decision-makers to their management needs. This thesis aimed to identify and map the use of ecosystem services, based on the perception of direct users of the Babitonga ecosystem (fishers, mariculture, tourism and recreation, water transport and sand miners agents), as well as to identify the conflicts and pressures arising from uses of the ecosystem and other users in an ecosystem-based approach. The Thesis is organized in two chapters. The first investigated the perception of direct users about ecosystem services obtained from the Babitonga ecosystem, North of Santa Catarina state coast, and explored how to transform this coastal governance system with the opportunity of ecosystem-based management and by translating shared values from nature. The second, in addition to mapping the activities and uses of ecosystem services, described and analyzed the impacts chains, conflicts and risks arising from multiple direct uses on the ecosystem as a whole and in three different habitats: mangroves, consolidated rocky bottom (submerged outcrops) and water column. The data were collected collaboratively and integratively with the direct users of the ecosystem during three workshop cycles (39 workshops). In the first chapter we obtained 285 citations, categorized into 127 different ecosystem services and 31 subcategories, encoded in conventional typologies of ecosystem services). The services: food (provision) and tourism and leisure (cultural) were perceived by all user groups, standing out as services of shared value. Differences in perception were observed between groups. Currently, fragmented policies based on economic interests overvalue some services, without considering the maintenance of the uses / activities and quality of life of all users and the population of the ecosystem, which generates power asymmetries and unsustainable uses. In the second chapter we mapped 28 activities carried out in the ecosystem, highlighting the use of 10 types of ecosystem services: four provisioning services (e.g., food, sand and oil) and six cultural services (e.g., navigation, tourism, scenic beauty and sport fishing). The most used areas coincide with the areas with the most conflict. Fishermen and tourism and recreation agents are the sectors most involved in conflict and both receive pressures from all other user groups. All three habitats analyzed are at high risk. In the search for alternatives to achieve a more coherent and socially and ecologically equitable social and ecological system, the two chapters provide paths and recommendations for a transformative and ecosystem-based management agenda. This thesis highlight the relevance of shared values (food and tourism). Access to the perceptions of different users from the same methodology was essential to indicate paths, activities and types of use that should be prioritized in the management process from the risk assessment of habitats and the ecosystem as a whole: fishing, mariculture and tourism and recreation activities. Finally, we present Thesis contributions in the theoretical-methodological development of the research field and applications of the ecosystem services approach

    Local ecological knowledge of fishers about the life cycle and temporal patterns in the migration of mullet (Mugil liza) in Southern Brazil

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    This research investigates local ecological knowledge of fishers in communities along a latitudinal gradient in the coast of the Santa Catarina State, regarding the life cycle of mullets Mugil liza (migration, feeding, and reproductive behavior). Our sampling encompassed eight Santa Catarina coastal cities (nine artisanal fishing sites) and engaged 45 key informants (28- 86 years of age) through semi-structured interviews from August/2011 to March/2012. This fish species feeds and grows in lagoon and estuarine systems, migrating to the sea for reproduction, and spawning. Fishers acknowledged the Patos Lagoon and the Plata River as the main source of mullet schools. Migration occurs from South to North and the routes vary according to climatic and oceanographic conditions (e.g., low temperatures, south winds, rainfall, currents, salinity). These conditions influence the abundance of mullets (and therefore fisheries success), their migration and stops in locations such as beaches, rocky shores, and islands. According to fishers, mullet spawning occurs throughout the coast of the Santa Catarina State and they feed in lagoons and riverine systems but also out at sea during migration. In conclusion, fishers possess a detailed knowledge about mullet life cycle and they identify intra and interannual variations in migration routes, a pattern that should be considered in managing the fishery
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