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Da liberdade dos mares: guerra e comércio na expansão neerlandesa para o Atlântico
O presente artigo faz uma reflexão a partir de Mare Liberum, de Hugo Grotius, publicado em 1609. Nosso argumento é de que neste texto podemos encontrar princípios que legitimam a expansão marítima neerlandesa na primeira metade do século XVII, e que se opõem às expectativas ibéricas de manutenção do controle das rotas marítimas e das novas terras descobertas no início da Época Moderna. Além disso, a leitura do panfleto escrito por Ian A. Moerbeeck esclarece os objetivos da invasão do Brasil pelos neerlandeses e permite também identificar os aspectos econômicos e políticos desta investida.This article is a reflection upon Mare Liberum, by Hugo Grotius, published in 1609. Our argument is that in this text we can find principles which legitimize The Netherlands maritime expansion during the first half of the XVII century even against the Iberian expectations of keeping control over the maritime routes and the new land discovered in the beginning of the modern age. In a complementary way, a reading of a pamphlet written by Ian Andries Moerbeeck besides making clear the reason of the invasion of Brazil by the Netherlanders, allow us to identify the economical and political aspects of this investment
Representações da natureza: mapas e gravuras produzidos durante o domínio neerlandês no Brasil (1624/1654)
The discoveries and conquest of the New World spawned an icrease in interest for the "exotic" products which, from the sixteenth century onwards, became part of the European collections appearing in botanical gardens and curiosity cabinets. This paper shall analyse maps and engravings produced during the Dutch rule as an attempt to synthesize the period since they offer delimitations as well as detailed illustrations of the territory, including references to nature and the inhabitants, and serve as both source of information and works of art. The Dutch presence in Brazil during the seventeenth century, though short, left us a treasure trove of data about the region, which amounts to a rich body of texts and iconography, offering us a picture of how priviledged a space Dutch Brazil was for the development of the sciences and the arts on American ground, specially in the city governed by Maurits Van Nassau.Os descobrimentos e a conquista do Novo Mundo provocaram um aumento do interesse em relação aos produtos "exóticos" que a partir do século XVI passaram, cada vez mais, a fazer parte das coleções européias, surgindo em jardins botânicos e gabinetes de curiosidades. Neste artigo analisaremos mapas e gravuras produzidos durante o domínio holandês como síntese deste movimento, uma vez que, além de demarcarem um território, nos oferecem uma descrição minuciosa do mesmo, contendo referências aos elementos da natureza e também aos habitantes, transformando-se ao um tempo em meio de difusão de conhecimento e obra de arte. A presença neerlandesa no Brasil durante o século XVII, embora efêmera, nos legou um manancial de informações sobre a região e ainda hoje formam um conjunto rico de textos e de iconografia que ajudam a fixar a imagem do Brasil holandês como um espaço privilegiado para o desenvolvimento ciência e da arte em solo americano, especialmente na cidade Maurícia
Cartografia e diplomacia: usos geopolíticos da informação toponímica (1750-1850)
O artigo explora dimensões geopolíticas da toponímia, registradas em documentos cartográficos, desde as reformas empreendidas pelo consulado pombalino em meados do século XVIII, até às primeiras décadas do século XIX, em meio ao processo de afirmação do Estado imperial pós-colonial.This paper explores the geopolitical dimensions of toponymy as registered in cartographic documents dating from the reforms pushed through by the consulate of Marquis of Pombal in the mid 18th century to the early decades of the 19th century, as the post-colonial imperial State established itself
Da liberdade dos mares: guerra e comércio na expansão neerlandesa para o Atlântico
O presente artigo faz uma reflexão a partir de Mare Liberum, de Hugo Grotius, publicado em 1609. Nosso argumento é de que neste texto podemos encontrar princípios que legitimam a expansão marítima neerlandesa na primeira metade do século XVII, e que se opõem às expectativas ibéricas de manutenção do controle das rotas marítimas e das novas terras descobertas no início da Época Moderna. Além disso, a leitura do panfleto escrito por Ian A. Moerbeeck esclarece os objetivos da invasão do Brasil pelos neerlandeses e permite também identificar os aspectos econômicos e políticos desta investida
Descrições da América: Historia Natural, circulação de ideias e a formação territorial do Brasil (séculos XVI ao XVIII)
One notable thing in the descriptions of America is the presence of the elements of nature, specially between the 16th and the 17th centuries. The same feature can be found in the letters and chronicles written by the jesuits missionaries in Portuguese America. The production of knowledge about the natural world was one of the strategies of conquer and occupation of the coastline. Using the letters as a starting point, our intention in this article is to show how those texts, written by missionaries and colonists, contributed to the delineation of the geographical limits of Brazil. Sharing the expirience of living in America, they had an importante role in the construction of the Portugueses territory in the New World.Chama-nos atenção nas narrativas sobre o Novo Mundo o destaque dado às descrições sobre elementos da natureza como parte constitutiva das crônicas, particularmente aquelas elaboradas entre os séculos XVI e a primeira metade do XVIII. O mesmo pode ser verificado nos relatos produzidos pelos missionários da Companhia de Jesus que atuaram no Brasil. A produção do conhecimento sobre o mundo natural americano fez parte das estratégias de conquista e ocupação das novas terras. A partir das cartas, crônicas, entre outros escritos, analisaremos como o texto dos missionários entre outros colonos contribuíram para a delimitação geográfica do Brasil. Estes homens que tiveram a experiência de viver na América portuguesa acabaram por compartilhar e forjar, ao nosso ver, uma unidade geográfica sob o nome de Brasil, ainda que este espaço no século XVI fosse uma extensa linha costeira limitada a Leste pelo Atlântico e a Oeste pelo meridiano de Tordesilhas. Desta forma, acreditamos que ao delimitar o espaço em seus escritos, os missionários, senhores de engenho e funcionários do Estado contribuíram diretamente na conquista e construção do território português na América
A cura do corpo e a conversão da alma - conhecimento da natureza e conquista da América, séculos XVI e XVII
O artigo privilegiará a análise do manuscrito apócrifo Curiosidad un libro de medicina escrito por los jesuítas en las misiones del Paraguay, 1580, recentemente encontrado na Biblioteca Nacional. O objetivo deste trabalho é demonstrar como havia uma relação orgânica entre a produção de conhecimento sobre a natureza e o processo de conquista da América durante os séculos XVI e XVII. A "botânica médica" aparece como um campo de saber privilegiado, pois esse conhecimento era realizado de forma sistematizada e, no caso específico da América portuguesa, controlado sobretudo por agentes sociais interessados na edificação de uma sociedade no Novo Mundo, destacando-se os missionários da Companhia de Jesus. Num primeiro momento elucidaremos o papel da cura no projeto jesuítico de conquista da América. Finalmente, analisaremos as concepções médicas compartilhadas pelos jesuítas. O registro das informações sobre as virtudes das plantas e de algumas partes de animais para uso medicinal foi feito de maneira sistemática, o que levou os jesuítas a acumularem um saber importante para a manutenção da sociedade colonial