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Para ler as cartas do Pe. Antônio Vieira (1626-1697)
As cartas do Pe. Antônio Vieira, escritas ou ditadas em diversos lugares da América Portuguesa e da Europa entre 1626 e 1697, não são veículos neutros para sua matéria empírica, mas produtos simbólicos de uma prática escriturária integrada à “política católica” portuguesa e romana. Subordinando-se a regras da Companhia de Jesus e a interesses da Coroa portuguesa, põem em cena uma interpretação situada de suas matérias, desempenhando diversas funções em seu tempo, segundo os dois gêneros da ars dictaminis, familiar e negociai. O ensaio especifica as categorias metafísicas, teológicopolíticas e retóricas que ordenam e interpretam suas matériasThe letters from Pe.(Priest) Antônio Vieira, written or dictated in several locations either in Portuguese America or Europe, between 1626 and 1697, are not neutral vehicles for their empirical substance. They are, in fact, symbolic products resulting from an official writing practice integrated to Portuguese and Roman “Catholic policySubordinated to the rules of the Company of Jesus and to the demands from Portuguese crown, the letters’ content require a contextualized interpretation, since they played several roles during the period, in accordance with the two genres 0/ ars dictaminis, familiar and official. The essay specifies metaphysical, political-theological and rhetorical categories that organize and interpret their conten
"O imortal" e a verossimilhança
When “O imortal” was published, in 1882, Machado de Assis was still interested in parody and pastiche as literary genres. From 1880 on, he started to make use of fictional writers who produced works which were either unrealistic or not to be trusted. With them, Machado transforms the social substance of his time, questioning and destroying the type of representation based on the presupposition that the signs, concepts and structures of reality have to coexist in a harmonic relationship. The text demonstrates that the denaturalization of habitual ways of reading has direct consequences for the mechanism of verisimilitude, the theme of “0 imortal”Quando republicou “O imortal”, em 1882, Machado de Assis continuava interessado na paródia e no pastiche como gêneros literários. A partir de 1880, tinha começado a usar autores ficcionais que escrevem textos improváveis ou inconfiáveis. Com eles, transform a a matéria social de seu tempo, relativizando e destruindo a representação fundamentada no pressuposto da adequação entre os signos, os conceitos e as estruturas da realidade objetiva. O texto demonstra que a desnaturalização dos modos habituais de ler incide diretamente sobre a verossimilhança, tema de “O imortal
Retórica da agudeza
O texto é uma exposição da doutrina seiscentista da agudeza. A agudeza é o efeito inesperado de sentido obtido pela condensação metafórica de conceitos extremos. Relacionando a prática da agudeza à racionalidade de Corte das monarquias absolutistas do século XVII, exemplifica com poetas, oradores e preceptistas, como Góngora, Gracián, Donne, Shakespeare, Gregório de Matos, Vieira, Tesauro, Pallavicino, Peregrini etc., a apropriação e a aplicação das autoridades retóricas gregas e latinas na produção do “belo eficaz”
Francisco Suárez e Antônio Vieira: metafísica, teologia-política católica e ação missionária no Brasil e no Maranhão e Grão Pará
O texto propõe que a ação e os discursos de Antônio Vieira se referem aos tratados De legibus (1612) e Defensio fidei (1614), do jesuíta Francisco Suárez, os quais expõem a doutrina do poder da política católica contra as teses do poder político de Lutero, Calvino e Maquiavel
Sobre a écfrase do capítulo 24 do 1º livro do Compêndio Narrativo do Peregrino da América de Nuno Marques Pereira
The essay exposes some rhetorical techniques of composition of ekphraseis or descriptions of fictitious scenes in Chapter 24 of the 1st. volume of Compêndio Narrativo do Peregrino da America (Narrative Compendium of the Pilgrim of America, 1728), written by Nuno Marques Pereira.O texto expõe alguns procedimentos retóricos de composição das écfrases ou descrições de cenas fictícias do capítulo 24 do 1º volume de Compêndio Narrativo do Peregrino da América (1728), de Nuno Marques Pereira
Notas sobre el "barroco"
Desde finales de los 80, primero con la publicación de un estudio de la poesía satírica
atribuida al poeta bahiano Gregório de Matos (A sátira e o engenho: Gregório de Matos e a
Bahia do século XVII, São Paulo, Companhia das Letras, 1989) y después con sucesivos artículos
sobre la oratoria sagrada del predicador portugués Antônio Vieira y las prácticas de
representación del siglo XVII en general, el Prof. João Adolfo Hansen viene proponiendo el
estudio de la retórica como clave exegética de la llamada «literatura barroca», en un esfuerzo
por superar los anacronismos de las diversas apropiaciones del Barroco que dominan en la
historiografía y la crítica literarias. En «Notas sobre el ‘barroco’», publicado en Revista do
Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, núm. 4 (Universidad Federal de Ouro Preto, Minas
Gerais, diciembre de 1997, pp. 11-20) y cuya traducción presentamos aquí, parte de la
revisión del término para demostrar que, desde su invención y clasificación peyorativa en el
siglo XIX hasta las lecturas transhistóricas en la línea de Eugenio D’Ors, pasando por la
revalorización del concepto en la propuesta wölffliniana y la apropiación vanguardista, la
noción está comprometida con categorías iluministas y románticas exteriores a los discursos
del Seiscientos, y su uso implica, por tanto, anacronismo. Ante los anacronismos críticos
por una parte y la generalizada deshistorización del Barroco por otra, Hansen propone el
tratamiento de las letras seiscentistas según su especificidad histórica, mediante la reconstitución
de las categorías de la retórica aristotélica que las regula, en un proceso hermenéutico
que restablece la contextuación como medio principal para su comprensión más cabal.Since the end of the eighties, first with the publication of a study on the satirical poetry
attributed to the Bahian poet Gregório de Matos (A sátira e o engenho: Gregório de Matos e
a Bahia do século XVII, São Paulo, Companhia das Letras, 1989) and later with successive
articles on the sacred oratory of the Portuguese preacher Antônio Vieira and the general
practices of representation of the 17th century, Prof. João Adolfo Hansen has been proposing
the study of the rhetoric as exegetic key of the so-called «baroque literature», in an effort to
surpass the anachronisms of the diverse appropriations of the Baroque, which dominate in
the literary historiography and critics. In «Notes on the «baroque»», published in Revista do
Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, núm. 4 (Federal University of Ouro Preto, Minas
Gerais, December 1997, pp. 11-20) and whose translation we present here, he starts from the review of the term to prove that, from its invention and pejorative classification in the
19th century to the trans-historical readings in the line of Eugenio D’Ors, passing by the
re-valorisation of the concept in Wölfflin’s proposal and the avant-garde appropriation, the
notion is compromised with illuminist and romantic categories alien to the speeches of the
17th century, and therefore, their use implies anachronism. Facing these anachronisms, on
one hand, and the general de-historisation of the Baroque, on the other, Hansen insists on
examining seventeenth-century literature within all its historical peculiarity, identifying
and demonstrating both the existence and significance of the categories of Aristotelian
rhetoric which exercised enormous influence on creative production. When carrying out
his hermeneutic analysis, Hansen rehabilitates contextualization as the principal means for
achieving fuller comprehension of 17th century literature
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