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    A economia solidária na contramarcha da pobreza

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    O artigo apresenta e discute evidências de que os empreendimentos econômicos solidários devam ser considerados como uma alternativa para gerar renda, combater a pobreza e romper a lógica das desigualdades, dado que promovem o protagonismo dos pobres, buscam eficiência e lutam por trabalho decente. Da comparação realizada entre estatísticas sobre empresas no Brasil e dados do primeiro mapeamento nacional da economia solidária ressaem também argumentos consistentes quanto à conveniência de uma abordagem singular do empreendedorismo no contexto da economia solidária e, em certos aspectos, no campo mais amplo das pequenas empresas.This article presents and discusses evidence that solidary economic undertakings should be considered a possible alternative for generating income, fighting poverty and undoing the logic underlying inequalities, inasmuch as they promote protagonism on the part of the poor, seek efficiency and fight for decent jobs. A comparison of statistics on enterprises in Brazil and data from the first national map of the Solidary Economy also produces convincing arguments for the value of a singular approach to entrepreneurship in the solidary economic context, and in some respects, in the broader field of small enterprises as well.L’article démontre que les projets économiques solidaires doivent être considérés comme une alternative pour générer des revenus, combattre la pauvreté et rompre avec la logique des inégalités, dans la mesure où ils sont axés sur les pauvres, ils visent l’efficacité et luttent pour un travail décent. La comparaison réalisée entre les statistiques sur les entreprises aux Brésil et les données du premier recensement national de l’économie solidaire fait aussi ressortir la nécessité d’une approche singulière de l’entreprenariat dans le contexte de l’économie solidaire et, sous certains aspects, dans le domaine plus vaste des petites entreprises.El artículo presenta y discute evidencias de que los emprendimientos económicos solidarios devan ser considerados como una alternativa para generar ingreso, combatir la pobreza y romper la lógica de las desigualdades, dado que promueven el protagonismo de los pobres, buscan eficiencia y luchan por un trabajo decente. De la comparación realizada entre estadísticas sobre empresas en Brasil y datos del primer conteo nacional de la economía solidaria, resaltan también argumentos consistentes con relación a la conveniencia de un abordaje singular del emprendedurismo en el contexto de la economía solidaria y, en ciertos aspectos, en el campo más amplio de las pequeñas empresas

    Antecedentes e expressões atuais da economia solidária

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    O artigo examina as novas formas de organização e mobilização coletivas, atualmente observadas em escala global e associadas ao conceito de Economia Solidária. Apresenta suas singularidades e fundamentos comuns, comparando realidades e designações que demarcam antecedentes históricos da Economia Solidária ou gravitam em torno das práticas atuais de solidariedade, como a Economia Social e o Terceiro Setor. A análise considera as modalidades de ação correspondentes, em sua gênese e em suas orientações normativas, e destaca sua aptidão a preservarem a natureza plural da atividade econômica, em contraposição à racionalidade do mercado e da acumulação privada. Elas respondem a necessidades materiais e expressam uma rejeição da sociabilidade intrínseca à economia capitalista.This article examines the new forms of collective organisation and mobilisation currently displayed on a global scale and associated with the concept of the solidarity economy. It presents its singularities and common bases, comparing realities and terms that define the historical antecedents of the solidarity economy or that are connected to current practices of solidarity, such as the social economy and the third sector. The analysis considers the corresponding modalities of action in their genesis and normative orientations, and highlights their ability to preserve the plural nature of economic activity, in contradistinction to the rationality of the market and of private accumulation. They respond to material needs and express a rejection of the sociability intrinsic to the capitalist economy.L’article examine les nouvelles formes d’organisation et de mobilisation collectives, observées actuellement à une échelle globale et associées au concept d’Economie Solidaire. On y présente leurs singularités et fondements communs, en comparant des réalités et des désignations qui se démarquent des antécédents historiques de l’Economie Solidaire ou gravitent autour des pratiques actuelles de solidarité telles que l’Economie Sociale et le Tiers Secteur. L’analyse considère les modalités d’action correspondantes, dans leur genèse et leurs orientations normatives, et met en exergue leur capacité à préserver le caractère pluriel de l’activité économique, par opposition à la rationalité du marché et de l’accumulation privée. Elles répondent aux nécessités matérielles et expriment un rejet de la sociabilité intrinsèque à l’économie capitaliste

    A outra racionalidade da economia solidária. Conclusões do primeiro Mapeamento Nacional no Brasil

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    O artigo examina os resultados empíricos do primeiro levantamento nacional sobre a economia solidária realizado no Brasil, que coletou dados sobre quase 22 mil experiências. Seu objetivo é verificar em que medida esses empreendimentos, por se tratar de organizações fundadas na livre associação de trabalhadores, na cooperação produtiva e em princípios de autogestão, adotam uma racionalidade distinta e contraposta sob certos aspectos à lógica econômica intrínseca à acumulação contínua de capital. A análise centra-se nas relações entre indicadores de solidarismo interno e externo dos empreendimentos e indicadores de eficiência e viabilidade econômica. Como resultado, embora debilidades e limites sejam identificados nessas experiências, é perceptível sua tendência geral a realizarem os seus fins, de preservação da vida em condições dignas, através da participação democrática e da reciprocidade.This paper examines the empirical results of the first national survey on the solidary economy in Brazil, which collected data on nearly 22,000 experiments. Since these relate to organizations based on the free association of workers, cooperative production, and principles of self-management, the author’s goal is to see to what extent they adopt a different rationale, opposed in certain aspects to the economic logic that underlies the continuous accumulation of capital. The analysis focuses on relations between indicators of the internal and external solidarity of enterprises and indicators of efficiency and economic viability. Although weaknesses and limitations are pointed out, these enterprises show a general tendency to accomplish their goals of preserving life with dignity, through democratic participation and reciprocity.L’article présent examine les résultats empiriques du premier recensement national de l’économie solidaire réalisé au Brésil (des données sur approximativement vingt-deux mille expériences ont été collectées). L’objectif est d’examiner dans quelle mesure ces initiatives, une fois qu’il s’agit d’organisations fondées sur la libre association des travailleurs dans la coopération productive et sur les principes d’autogestion, adoptent une rationalité distincte et opposée, sous certains aspects, à la logique économique intrinsèque à l’accumulation du capital. L’analyse se centre sur les relations entre les indicateurs de solidarisme interne et externe des initiatives entreprises et des indicateurs d’efficacité et de viabilité économique. Comme résultat, encore que des incohérences et des limites soient visibles dans ces expériences, leur tendance générale à réaliser leurs fins, à tenter de préserver la vie dans des conditions dignes à travers la participation démocratique et la réciprocité, est bien perceptible

    Apresentação

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    A ECONOMIA SOLIDÁRIA DIANTE DO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA

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    A literatura atual sobre a economia solidária converge em afirmar o caráter alternativo das novas experiências populares de autogestão e cooperação econômica: dada a ruptura que introduzem nas relações de produção capitalistas, elas representariam a emergência de um novo modo de organização do trabalho e das atividades econômicas em geral. O trabalho discute o tema, retomando a teoria marxista da transição e analisando, sob esse prisma, dados de pesquisas empíricas recentes sobre os empreendimentos solidários. Delimitando a tese anterior, conclui estarmos diante da germinação de uma nova “forma social de produção”, cuja tendência é abrigar-se, contraditoriamente, sob o modo de produção capitalista. Extrai, por fim, as conseqüências teóricas e políticas desse entendimento, posto que repõe, em termos não antagônicos, a presença de relações sociais atípicas, no interior do capitalismo. PALAVRAS-CHAVE: trabalho, cooperação, alternativas, Karl Marx, transição. SOLIDARY ECONOMY IN FACE OF THE CAPITALIST PRODUCTION WAY The present literature on the solidary economy converges to assert the alternative character of new popular experiences of self-governing and economic cooperation: given the rupture they introduce in capitalistic production relations, they would represent the emergence of a new organization way at work and economic activities in general. The paper discusses the subject, returning the Marxist theory of transition and analyses, according to this view, data from recent empirical researches on solidary enterprises. Delimiting the former thesis, it concludes that we are before the germination of a new “social production form”, whose tendency is to take shelter, contradictorily, in the capitalistic production form. It finds out, at last, the political and theoretical consequences of this understanding, though it replaces in no antagonistic terms, the presence of non typical social relations, inside the capitalism. KEY WORD: labour, cooperation, alternatives, Karl Marx, transition. L’ECONOMIE SOLIDAIRE FACE AU MODE DE PRODUCTION CAPITALISTE La littérature actuelle sur l’économie solidaire converge vers l’affirmation du caractère alternatif des nouvelles expériences populaires d’autogestion et de coopération économique: étant donnée la rupture qu’elles introduisent dans les relations de production capitalistes, elles représenteraient l’émergence d’une nouvelle manière d’organiser le travail et les activités économiques en général. L’article aborde le thème en reprenant la théorie marxiste de la transition et en analysant, sous ce prisme, les données des recherches empiriques récentes sur les entreprises solidaires. En délimitant la thèse antérieure, il en conclut que nous sommes face à l’apparition d’une nouvelle “forme sociale de production”, dont la tendance est de s’abriter, contradictoirement, derrière le mode de production capitaliste. Enfin, il extrait les conséquences théoriques et politiques de cette entreprise, puisqu’il resitue en termes non antagoniques la présence des relations sociales atypiques au sein du capitalisme. MOTS-CLES: travail, coopération, alternatives, Karl Marx, transition. Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.b

    A dimensão empreendedora da economia solidária: notas para um debate necessário

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    Uma das novidades promissoras da economia solidária reside em suas possibilidades de superar o padrão de subordinação e de vulnerabilidade das formas típicas de economia dos setores populares, como a informalidade, as ocupações por conta própria, as microempresas e a agricultura familiar. Para cumprir essa expectativa, é necessário vencer questões e tarefas propriamente econômicas, cuja identificação e análise, todavia, vêm deparando-se com um paradoxo: por um lado, existe um reconhecimento cada vez maior quanto ao papel das pequenas unidades econômicas, como fontes de trabalho e como elementos dinâmicos do desenvolvimento. O empreendedorismo já não é visto como um traço peculiar típico das grandes empresas, inclusive no que se relaciona à capacidade de inovação, que estaria crescendo em empresas menores desde o Pós-guerra (Portela et al., 2008). Por outro lado, os arranjos autônomos e associativos de produção de bens e serviços, como aqueles que se perfilam sob a economia solidária, têm merecido uma atenção inexpressiva. Salvo exceções muito recentes, ficam relegados a uma posição secundária e subalterna nas políticas voltadas ao empreendedorismo de pequeno porte e na compreensão vigente a respeito. Geralmente, as iniciativas de apoio a esse campo ou se restringem às organizações maiores, notoriamente as grandes e médias cooperativas, ou desconsideram as especificidades essenciais dos empreendimentos associativos e os tratam como as empresas convencionais de capital privado

    Quando micro não é sinônimo de pequeno: a vertente metautilitarista do empreendedorismo

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    O artigo apresenta aspectos teóricos e metodológicos das pesquisas tratadas neste dossiê, levadas a cabo no Brasil, Moçambique e Portugal no âmbito do Projeto Microempreendedorismo e Associativismo em Países de Desenvolvimento Periférico. Destacando alguns dos seus resultados, retoma primeiramente o debate sobre as concepções de empreendedorismo, advogando a necessidade de um modelo alternativo, consistente com o marco teórico e as conclusões das pesquisas. Em segundo lugar, distingue dois caminhos principais de evolução dos pequenos empreendimentos, contrapondo-os tipologicamente segundo a forma como se posicionam diante da lógica de mercado dominante e como integram diferentes princípios e dimensões, econômicas e extraeconômicas, às suas atividades e às suas perspectivas de desenvolvimento
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