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Acesso aos serviços de saúde, condições de saúde e exposição aos fatores de risco: percepção dos pescadores ribeirinhos do Rio Machado de Ji-Paraná, RO
Este artigo apresenta um estudo sobre as percepções dos pescadores ribeirinhos de Ji-Paraná/RO quanto ao acesso aos serviços de saúde da rede pública local. Objetiva também identificar as percepções das condições de saúde e a exposição aos fatores de risco dessa população. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e analítico-descritiva. Para a coleta de dados, utilizaram-se entrevistas semiestruturadas e observação livre, realizadas em visitas domiciliares no período de setembro a novembro de 2009, com 23 pescadores, sendo 15 homens e 8 mulheres. A população pesquisada percebe estar exposta a diversos riscos e problemas de saúde, com maior frequência no período das enchentes. No trabalho, há risco de acidentes, afogamentos e outros perigos devido à inexistência ou precariedade quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual - EPI. A maioria (19) dos entrevistados relatou problemas de saúde, como dores na coluna, nas pernas, musculares, cãibras, problemas de visão, dor de cabeça, gripe e doenças de pele. Os pescadores ribeirinhos participantes da pesquisa identificam muitas dificuldades no acesso aos serviços de saúde da rede pública e a deficiência no saneamento básico. Além disso, a área pesquisada não é de abrangência da estratégia Saúde da Família. Assim, faz-se necessária a formulação de políticas que viabilizem a melhoria da infraestrutura, a redução das desigualdades no atendimento à saúde e a ampliação da estratégia Saúde da Família.This paper presents a study about the perceptions of riparian fishermen in the city of Ji-Paraná, Northern Brazil, in relation to their access to the health services of the local public network. In addition, it aims to identify this population's perceptions concerning health conditions and their exposure to risk factors. It is a qualitative, analytical-descriptive research. For data collection, semi-structured interviews and free observation were conducted in home visits in the period of September, October and November 2009, with 23 fishermen (15 men and 8 women). The interviewed population notices they are exposed to several risks and health problems, mainly in the flood period. In their work, there are risks of accidents, drowning and others hazards, due to lack or insufficiency in relation to the use of Individual Protection Equipments - IPE. The majority of the interviewees (19) reported health problems, like back pain, pain in the legs, muscular pain, cramps, sight problems, headaches, flu and skin diseases. The riparian fishermen who participated in the research identify many difficulties in their access to the public health services and deficiencies in basic sanitation. Besides, the researched area is not covered by the Family Health Strategy. Thus, it is necessary to formulate policies that enable the improvement in infrastructure, the reduction in health care inequalities and the expansion of the Family Health Strategy
Pratica Crítica ao Campo dos Determinantes Sociais da Saúde
O presente estudo analisa as relações entre a saúde e o social na Saúde Pública
brasileira, especificamente a partir da noção de determinação social da saúde,
focando-a em dois momentos importantes: a década de 70, quando ocorre a
construção dessa noção a partir da corrente médico-social latino-americana, e a
retomada dessa discussão no século XXI sobre a chancela de determinantes
sociais da saúde. Possuiu como objetivos: Caracterizar a noção de determinação
social a partir do positivismo nas ciências sociais; pesquisar a construção da noção
de determinação social da saúde na Saúde Pública brasileira; descrever
perspectivas de análises sobre o campo dos determinantes sociais da saúde a partir
da polaridade entre a saúde e o social. Para o alcance dos objetivos, foi realizado
um estudo exploratório, através da pesquisa bibliográfica (livros e bases de dados
virtuais) e da pesquisa documental. Inicialmente apresentamos os pressupostos
teórico-filosóficos sobre os quais a ciência moderna se assentou e que construíram
a base da corrente positivista. Após, caracterizamos, em linhas gerais, essa corrente
de pensamento, para, finalmente, interpretarmos a noção de determinação social a
partir de Durkheim uma das principais análises dentro do campo das ciências
sociais. Logo após, trazemos a construção da noção de determinação social da
saúde a partir da crítica latino-americana da década de 70 ao discurso hegemônico
do período sobre o processo saúde-doença. O pensamento latino-americano teve
grande produção teórico-política brasileira em um lugar de vanguarda quando
comparado a todos os países da América do Sul e Central. Entre outras agendas, a
noção de determinação social da saúde, oriunda dos movimentos sociais, pautou a
reforma sanitária brasileira, colocando-se como cerne do debate. Noção esta que
sustentou a bandeira política defendida pelo movimento sanitário na luta por
melhores condições de vida e de saúde no Brasil. Em seguida, apresentamos a
configuração político-científica mais recente do campo dos determinantes sociais da
saúde, destacando que ocorre um enfoque predominantemente reducionista sobre o
social. Logo após, trazemos categorias do pensamento da sociologia crítica e da
sociologia contemporânea, de forma a oferecer elementos de análise para a crítica à
forma como hegemonicamente vem se pautando o discurso no interior do campo
dos determinantes sociais da saúde. Ambas as perspectivas apresentam-se de
forma não excludentes, não hierárquicas e não concorrentes. Finalizamos tecendo
considerações que, longe de serem finais, sinalizam para a necessidade de uma
nova perspectiva de partida para os estudos atuais no campo dos determinantes
sociais da saúde