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Language Documentation in the Americas
In the last decades, the documentation of endangered languages has advanced greatly in the Americas. In this paper we survey the role that international funding programs have played in advancing documentation in this part of the world, with a particular focus on the growth of documentation in Brazil, and we examine some of the major opportunities and challenges involved in documentation in the Americas, focusing on participatory research models. *This paper is in the series Language Documentation in the Americas edited by Keren Rice and Bruna FranchettoNational Foreign Language Resource Cente
Ana Vilacy GalĂșcio
Bruna Franchetto entrevistou, no dia 10 de dezembro 2017, Ana Vilacy GalĂșcio, mestre e doutora em linguĂstica pela Universidade de Chicago, pesquisadora titular do Museu Paraense EmĂlio Goeldi, onde atualmente coordena o setor de Pesquisa e PĂłs-Graduação, e docente do Programa de PĂłs-Graduação em Letras-LinguĂstica, da Universidade Federal do ParĂĄ.</span
Apresentação
Este nĂșmero da revista Ă© dedidaco Ă s lĂnguas indĂgenas, como modesta contribuição a uma homenagem Ă diversidade, vitalidade e riqueza das lĂnguas nativas ainda faladas no Brasil. Para mais de duzentas etnias, sĂŁo mais de cento e cinqĂŒenta lĂnguas, pertencentes a dois troncos maiores, quarenta famĂlias e uma dezena de lĂnguas isoladas
LĂngua(s): cosmopolĂticas, micropolĂticas, macropolĂticas
O Brasil Ă© um paĂs decididamente multilĂngue. A surpreendente diversidade de lĂnguas e variedades dialetais, que para muitos pode ser uma descoberta, pouco conhecida e ameaçada, Ă© o primeiro ponto para o qual este artigo quer chamar a atenção. Fala-se em âlĂnguaâ, mas esta palavra e os sentidos a ela associados, sobretudo no senso comum, sĂŁo raramente postos em discussĂŁo. AquĂ©m e alĂ©m de uma definição estritamente linguĂstica, âlĂnguaâ Ă© basicamente um construto ideolĂłgico ocidental, nĂŁo compartilhado, como tal, pelas lĂnguas amerĂndias, onde outras palavras, sentidos e micropolĂticas sĂŁo mobilizados. O mesmo pode ser dito dos mitos ocidentais sobre a âorigemâ da linguagem/lĂnguas, jĂĄ que palavras, falas e conceitos amerĂndios apontam para outras visĂ”es e apreensĂ”es. A partir de uma interpretação da âdança dos nĂșmerosâ a respeito das lĂnguas originĂĄrias no Brasil, outro tema abordado diz respeito aos nĂŁo poucos movimentos de retomada de lĂnguas originĂĄrias, consideradas âextintasâ, movimentos efervescentes, sobretudo no nordeste brasileiro. A Ășltima parte do texto volta Ă s macropolĂticas pressupostas e implicadas pelas desventuras das lĂnguas amerĂndias no cenĂĄrio englobante da escolarização, da escrita, de leis e da retĂłrica oficial
Traduzindo tolo:: âeu canto o que ela cantou que ele disse que...â ou âquando cantamos somos todas hipermulheresâ
Among the Carib people of the Upper Xingu, a regional multilingual system of the southern periphery of the Amazon, tolo is a ritual, dance and singing performed exclusively by women. The tolo songs form a ritual and musical complex in contrast/complementarity with the kagutu flutes, a masculine domain that is forbidden to women. The tolos are short sung poems that evoke the name of a human lover/beloved as a substitute for an itseke (âhyper-beingâ), called or named by the kagutu flute. Tolo are, thus, profane musical versions of the kagutu pieces. In this article, previous studies are summarized. At the same time, the present article focuses on the parallel and recursive structure of these songs, whose âtextsâ in Upper Xingu Carib are narratives of events, feelings and passions that permeate the everyday life of women (and men) in a village of the southern Amazon. Examples taken from a vast and internally complex repertoire of almost 400 songs, collected among the Kuikuro people, illustrate the work of transcription and possible, though arduous, translation of this Amerindian vocal and verbal art.Entre los Karib del Alto Xingu, pueblo amerindio que habita el Alto Xingu, sistema regional multilingĂŒe de la periferia de la AmazonĂa meridional, tolo es fiesta, danza y cantos ejecutados exclusivamente por mujeres. Los cantos tolo forman un complejo ritual y musical en contraste/complementariedad con las flautas kagutu, que son de dominio masculino y prohibidas a las mujeres. Los tolos son poemas cortos cantados, donde en lugar del nombre de un itseke (âhiperserâ), llamado o nombrado por la flauta kagutu, es cantado el nombre de un amante/amado humano. Los tolo son, asĂ, versiones musicales profanas de las piezas kagutu. En este artĂculo, son retomados trabajos anteriores, ahora enfocando la estructura paralelĂstica y recursiva de esos cantos, cuyos textos en lengua karib alto-xinguana, son pinceladas narrativas de eventos, sentimientos y pasiones que atraviesan la vida cotidiana de las mujeres (y de los hombres) en una aldea de la Amazonia meridional. Ejemplos extraĂdos de un vasto repertorio, internamente complejo, de casi 400 canto recogidos entre los Kuikuro, ilustran el trabajo de transcripciĂłn y de traducciĂłn posible, aunque arduo, de esta arte vocal y verbal amerindia.Entre os Karib alto-xinguanos, povo amerĂndio incluĂdo no Alto Xingu, sistema regional multilĂngue da periferia da AmazĂŽnia meridional, tolo Ă© a festa, a dança e os cantos executados exclusivamente por mulheres. Os cantos tolo formam um complexo ritual e musical em contraste/complementaridade com as flautas kagutu, domĂnio masculino e interditas Ă s mulheres. Os tolo sĂŁo curtos poemas cantados, em que, no lugar do nome de um itseke (âhiperserâ), chamado ou nomeado pela flauta kagutu, Ă© cantado o nome de um amante/amado humano. Os tolo sĂŁo, assim, versĂ”es musicais profanas das peças kagutu. Neste artigo, sĂŁo retomados trabalhos anteriores, agora focando a estrutura paralelĂstica e recursiva desses cantos, cujos âtextosâ, em lĂngua karib alto-xinguana, sĂŁo pinceladas narrativas de eventos, sentimentos e paixĂ”es que perpassam a vida cotidiana das mulheres (e dos homens) numa aldeia da AmazĂŽnia meridional. Exemplos retirados de um vasto repertĂłrio, internamente complexo, coletado entre os Kuikuro, de quase 400 cantos ilustram o trabalho de transcrição e de tradução possĂvel, embora ĂĄrduo, desta arte vocal amerĂndia
Flûtes des hommes, chants des femmes
Cet article analyse les relations entre la musique du rituel des flĂ»tes sacrĂ©es kagutu et les chants fĂ©minins tolo chez les Kuikuro du Haut-Xingu. Kagutu et tolo forment un systĂšme transrituel dans lequel une relation complexe entre hommes, femmes et esprits est Ă©tablie au moyen de la musique et du langage. La musique kagutu est la voix des itseke, les esprits/animaux. Les flĂ»tes kagutu, jouĂ©es par les hommes, reproduisent lors du rituel le son des noms des itseke : lâinstrument est considĂ©rĂ© comme pouvant imiter la voix des esprits et dire leurs noms, rendant ainsi leur prĂ©sence sonore perceptible par les humains. Les chants fĂ©minins tolo sont basĂ©s sur les mĂ©lodies de kagutu. Selon les Kuikuro, les chants tolo « imitent » (Ć©) les suites de flĂ»te kagutu ; il existe en rĂ©alitĂ© des diffĂ©rences importantes entre les deux rĂ©pertoires, diffĂ©rences qui font lâobjet de notre analyse.This article analyses the relationship between the ritual music of sacred flutes (kagutu) and womenâs songs (tolo) among the Kuikuro of the Upper Xingu. Together, kagutu and tolo form a trans-ritual system, wherein music and language combine to create a complex relationship between men, women and spirits. Kagutu music corresponds to the voices of spirits/animals known as itseke, and when men play kagutu flutes during rituals, they reproduce the sound of the itsekeâs names. The instrument is thought to imitate the voices of spirits and to pronounce their names, thereby allowing humans to perceive their acoustic presence. Womenâs tolo songs are based on kagutu melodies. Accorrding to the Kuikuro, tolo songs âimitateâ (Ć©) kagutu flute suites; in fact, however, there are significant differences between the two repertoires and it is these differences that I explore in this paper
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