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Intenções literárias: política e história em Alejo Carpentier
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em História.Neste trabalho analisamos as concepções políticas de Alejo Carpentier dando atenção às influências dos contextos históricos e ideológico presentes em dois momentos distintos de sua vida: a década de 1920 e a de 1960. Por meio do estudo de suas crônicas, conferências, entrevistas e romances abordamos os debates que repercutiram em seu pensamento sobre a arte e a política cultural. Carpentier teve uma formação política ligada ao momento de expansão dos ideais socialistas em Cuba. Após a Revolução Cubana assumiu a função de dirigente cultural e posicionou-se, pelo menos publicamente, em defesa do governo revolucionário até o fim de sua vida. Os romances de Carpentier, além de possuírem uma forte preocupação com os temas históricos, utilizavam a temática da revolução como forma de expressar suas concepções políticas
Fragmentos de uma história Panhĩ: história e território Apinajé na longa duração
This research investigates Apinajé history, considering it from a long-term perspective. It is
inserted in the field of study of Indigenous History and in the methodological foundations of
ethnohistory. The research considers the intrinsic relationship between history and territory for
the indigenous people and proposes to observe the formation, the struggle for consolidation and
maintenance of their territory. It analyzes the origin stories based on the meanings given to the
territory, perceiving them as a form of history writing. The elements of the landscape –
petroglyphs, caves, mountains, and rivers – are imbued with historical meaning. The research
shows that the Apinajé language has a common origin with the Mẽbêngôkre languages, and that
these would be an older split from the Timbira languages. Based on archaeological
investigations along the Tocantins River basin, it indicates the presence of a Tupiguarani
archaeological tradition in the confluence region of the Araguaia and Tocantins Rivers and
analyzes the archaeological evidence linked to the Aratu pottery tradition, identified with the
Jê-speaking people. It highlights the need for a diachronic look at the material culture of the Jê
people as a way of thinking about long-term indigenous history. Based on an analysis of the
written documentation produced by chroniclers between the 17th and 19th centuries, the
research seeks to understand the dynamics of the occupation process of the northern Jê in the
interfluve and the distinction between the Apinajé language speakers, highlighting their
mobility along the Tocantins River basin. In addition to the written sources, the cartographic
references highlight different ethnonyms to refer to the Apinajé people. This distinction is
probably related to the understanding of the distinctiveness of the Apinajé subgroups:
Rôrcôjoire, Côcôjóire, and Krinjobrêire. From the investigation of the reports of the province
presidents and the Ministry of Agriculture, it investigates the establishment of an imperial
indigenist policy and the insertion of the Apinajé in the sphere of capitalist relations. The
Apinajé maintained a certain degree of autonomy and pacified their relationship with the non-
indigenous world. As the colonizing fronts and epidemics advanced, the Apinajé abandoned
the banks of the Araguaia and concentrated their population in the territories closest to the
Tocantins River. At the beginning of the 20th century, their reduced population faced pressure
from squatters on their land. From the analysis of the documentation of the Indian Protection
Service (SPI), installed in Apinajé territory in the 1940s, it appears that the actions of the
indigenist policy focused on health care for the Apinajé, the establishment of productive
activities profitable to the indigenous income and the control of Apinajé territoriality. From the
second half of the 20th century, with the establishment of developmental policies, there was an
impact on their territoriality with the construction of the Transamazon highway and the Grande
Carajás Program. This led to an increase in the land conflict in the Bico do Papagaio region and
the final confrontation for the demarcation of the Indigenous Land in 1985. Documentation
from the National Indian Foundation (FUNAI) shows that political influences interfered with
the demarcated area, excluding parts of the ancestral territory. In the 21st century, the Apinajé
faced a new wave of development that led them to reorganize their fighting strategies through
Pempxà, an association of the Union of Villages. Finally, the research finds that the panorama
of long-term history enables a dynamic look at the territory, pointing out the connections
between the time of the ancients and the time of the present.Esta pesquisa investiga a história Apinajé, considerando-a em uma perspectiva de longa
duração. Insere-se no campo de estudo da História Indígena e nos fundamentos metodológicos
da etno-história. A investigação considera a relação intrínseca entre história e território para os
povos indígenas e propõe observar a formação, a luta pela consolidação e manutenção de seu
território. Analisa as histórias de origem a partir das significações dadas ao território,
percebendo-as como uma forma de escrita da história. Os elementos da paisagem – petróglifos,
cavernas, serras e rios – estão imbuídos de significado histórico. A pesquisa constata que a
língua Apinajé possui uma origem comum às línguas Mẽbêngôkre, e que estas seriam uma cisão
mais antiga das línguas Timbira. A partir das investigações arqueológicas ao longo da bacia do
rio Tocantins, indica a presença de uma tradição arqueológica Tupiguarani na região de
confluência dos rios Araguaia e Tocantins e analisa as evidências arqueológicas vinculadas à
tradição ceramista Aratu, identificada com os povos falantes de língua Jê. Destaca a necessidade
de um olhar diacrônico para a cultura material dos povos Jê como forma de pensar a história
indígena de longa duração. A partir de uma análise da documentação escrita, produzida pelos
cronistas entre os séculos XVII e XIX, a pesquisa procura perceber a dinâmica do processo de
ocupação dos Jê setentrionais no interflúvio e a distinção entre os falantes da língua Apinajé,
destacando sua mobilidade ao longo da bacia do rio Tocantins. Além das fontes escritas, as
referências cartográficas destacam diferentes etnônimos para referir-se ao povo Apinajé. Essa
distinção relaciona-se, provavelmente, à compreensão das distintividades dos subgrupos
Apinajé: Rôrcôjoire, Côcôjóire e Krinjobrêire. A partir da investigação dos relatórios de
presidentes de província e do Ministério da Agricultura, investiga o estabelecimento de uma
política indigenista imperial e a inserção dos Apinajé no âmbito das relações capitalistas.
Constata-se que os Apinajé mantiveram certo grau de autonomia, pacificando a relação com o
mundo não indígena. Na medida em que avançaram as frentes colonizadoras e as epidemias, os
Apinajé abandonam as margens do Araguaia e concentram sua população nos territórios mais
próximos ao rio Tocantins. No princípio do século XX, sua reduzida população enfrentou a
pressão de posseiros sobre suas terras. A partir da análise da documentação do Serviço de
Proteção aos Índios (SPI), instalado no território Apinajé na década de 1940, constata-se que as
ações da política indigenista se concentraram no atendimento à saúde dos Apinajé, o
estabelecimento de atividades produtivas rentáveis à renda indígena e no controle da
territorialidade Apinajé. A partir da segunda metade do século XX, com o estabelecimento de
políticas desenvolvimentistas, houve um impacto na sua territorialidade a partir da construção
da rodovia Transamazônica e do Programa Grande Carajás. Isso levou a um aumento do
conflito fundiário na região do Bico do Papagaio e ao confronto final pela demarcação da Terra
Indígena, em 1985. A documentação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) demonstra que
as influências políticas interferiram na área demarcada, excluindo partes do território ancestral.
No século XXI, os Apinajé enfrentaram uma nova onda desenvolvimentista que os levaram a
reorganizarem suas estratégias de luta através da Pempxà, associação da União das Aldeias. Por
fim, a investigação constata que o panorama da história de longa duração possibilita um olhar
dinâmico sobre o território, apontando as conexões entre o tempo dos antigos e o tempo do
present
Uma revoada de pássaros: o protagonismo indígena no processo Constituinte
O presente artigo, a partir da revisão da bibliografia especializada sobre o movimento indígena e indigenista brasileiros, procura analisar os precedentes históricos, o contexto político e a conjuntura organizativa envolvidos no contexto de emergência e consolidação de um movimento indígena brasileiro, principalmente a partir do início da década de 1970, com o objetivo de melhor conhecer o período que antecede a instalação da Assembleia Nacional Constituinte e seu resultado final no texto da Constituição Federal de 1988, especificamente no que se refere aos direitos indígenas. Conclui-se que a organização de um movimento de caráter nacional e (minimamente) unificado em torno de pautas comuns possibilitou que os povos indígenas e seus aliados, através de certas lideranças com maior projeção para além das bases comunitárias, articulassem a instalação do debate a respeito dos direitos indígenas na pauta dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte
Fragmentos de uma história Panhi: história e território Apinajé na longa duração
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2022.Esta pesquisa investiga a história Apinajé, considerando-a em uma perspectiva de longa duração. Insere-se no campo de estudo da História Indígena e nos fundamentos metodológicos da etno-história. A investigação considera a relação intrínseca entre história e território para os povos indígenas e propõe observar a formação, a luta pela consolidação e manutenção de seu território. Analisa as histórias de origem a partir das significações dadas ao território, percebendo-as como uma forma de escrita da história. Os elementos da paisagem ? petróglifos, cavernas, serras e rios ? estão imbuídos de significado histórico. A pesquisa constata que a língua Apinajé possui uma origem comum às línguas M?bêngôkre, e que estas seriam uma cisão mais antiga das línguas Timbira. A partir das investigações arqueológicas ao longo da bacia do rio Tocantins, indica a presença de uma tradição arqueológica Tupiguarani na região de confluência dos rios Araguaia e Tocantins e analisa as evidências arqueológicas vinculadas à tradição ceramista Aratu, identificada com os povos falantes de língua Jê. Destaca a necessidade de um olhar diacrônico para a cultura material dos povos Jê como forma de pensar a história indígena de longa duração. A partir de uma análise da documentação escrita, produzida pelos cronistas entre os séculos XVII e XIX, a pesquisa procura perceber a dinâmica do processo de ocupação dos Jê setentrionais no interflúvio e a distinção entre os falantes da língua Apinajé, destacando sua mobilidade ao longo da bacia do rio Tocantins. Além das fontes escritas, as referências cartográficas destacam diferentes etnônimos para referir-se ao povo Apinajé. Essa distinção relaciona-se, provavelmente, à compreensão das distintividades dos subgrupos Apinajé: Rôrcôjoire, Côcôjóire e Krinjobrêire. A partir da investigação dos relatórios de presidentes de província e do Ministério da Agricultura, investiga o estabelecimento de uma política indigenista imperial e a inserção dos Apinajé no âmbito das relações capitalistas. Constata-se que os Apinajé mantiveram certo grau de autonomia, pacificando a relação com o mundo não indígena. Na medida em que avançaram as frentes colonizadoras e as epidemias, os Apinajé abandonam as margens do Araguaia e concentram sua população nos territórios mais próximos ao rio Tocantins. No princípio do século XX, sua reduzida população enfrentou a pressão de posseiros sobre suas terras. A partir da análise da documentação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), instalado no território Apinajé na década de 1940, constata-se que as ações da política indigenista se concentraram no atendimento à saúde dos Apinajé, o estabelecimento de atividades produtivas rentáveis à renda indígena e no controle da territorialidade Apinajé. A partir da segunda metade do século XX, com o estabelecimento de políticas desenvolvimentistas, houve um impacto na sua territorialidade a partir da construção da rodovia Transamazônica e do Programa Grande Carajás. Isso levou a um aumento do conflito fundiário na região do Bico do Papagaio e ao confronto final pela demarcação da Terra Indígena, em 1985. A documentação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) demonstra que as influências políticas interferiram na área demarcada, excluindo partes do território ancestral. No século XXI, os Apinajé enfrentaram uma nova onda desenvolvimentista que os levaram a reorganizarem suas estratégias de luta através da Pempxà, associação da União das Aldeias. Por fim, a investigação constata que o panorama da história de longa duração possibilita um olhar dinâmico sobre o território, apontando as conexões entre o tempo dos antigos e o tempo do presente.Abstract: This research investigates Apinajé history, considering it from a long-term perspective. It is inserted in the field of study of Indigenous History and in the methodological foundations of ethnohistory. The research considers the intrinsic relationship between history and territory for the indigenous people and proposes to observe the formation, the struggle for consolidation and maintenance of their territory. It analyzes the origin stories based on the meanings given to the territory, perceiving them as a form of history writing. The elements of the landscape ? petroglyphs, caves, mountains, and rivers ? are imbued with historical meaning. The research shows that the Apinajé language has a common origin with the M?bêngôkre languages, and that these would be an older split from the Timbira languages. Based on archaeological investigations along the Tocantins River basin, it indicates the presence of a Tupiguarani archaeological tradition in the confluence region of the Araguaia and Tocantins Rivers and analyzes the archaeological evidence linked to the Aratu pottery tradition, identified with the Jê-speaking people. It highlights the need for a diachronic look at the material culture of the Jê people as a way of thinking about long-term indigenous history. Based on an analysis of the written documentation produced by chroniclers between the 17th and 19th centuries, the research seeks to understand the dynamics of the occupation process of the northern Jê in the interfluve and the distinction between the Apinajé language speakers, highlighting their mobility along the Tocantins River basin. In addition to the written sources, the cartographic references highlight different ethnonyms to refer to the Apinajé people. This distinction is probably related to the understanding of the distinctiveness of the Apinajé subgroups: Rôrcôjoire, Côcôjóire, and Krinjobrêire. From the investigation of the reports of the province presidents and the Ministry of Agriculture, it investigates the establishment of an imperial indigenist policy and the insertion of the Apinajé in the sphere of capitalist relations. The Apinajé maintained a certain degree of autonomy and pacified their relationship with the non-indigenous world. As the colonizing fronts and epidemics advanced, the Apinajé abandoned the banks of the Araguaia and concentrated their population in the territories closest to the Tocantins River. At the beginning of the 20th century, their reduced population faced pressure from squatters on their land. From the analysis of the documentation of the Indian Protection Service (SPI), installed in Apinajé territory in the 1940s, it appears that the actions of the indigenist policy focused on health care for the Apinajé, the establishment of productive activities profitable to the indigenous income and the control of Apinajé territoriality. From the second half of the 20th century, with the establishment of developmental policies, there was an impact on their territoriality with the construction of the Transamazon highway and the Grande Carajás Program. This led to an increase in the land conflict in the Bico do Papagaio region and the final confrontation for the demarcation of the Indigenous Land in 1985. Documentation from the National Indian Foundation (FUNAI) shows that political influences interfered with the demarcated area, excluding parts of the ancestral territory. In the 21st century, the Apinajé faced a new wave of development that led them to reorganize their fighting strategies through Pempxà, an association of the Union of Villages. Finally, the research finds that the panorama of long-term history enables a dynamic look at the territory, pointing out the connections between the time of the ancients and the time of the present
Uma revoada de pássaros: o protagonismo indígena no processo Constituinte
This article analyzes the historical precedents, the political context and the organizational conjuncture involved in the context of the emergence and consolidation of a Brazilian indigenous movement, mainly from the perspective of the literature review on the Brazilian indigenous and indigenist movement from the beginning of the 1970s, in order to better understand the period before the installation of the National Constituent Assembly and its final result in the text of the Federal Constitution of 1988, specifically regarding indigenous rights. It is concluded that the organization of a national movement and (minimally) unified around common patterns allowed the indigenous peoples and their allies, through certain leaderships with greater projection beyond the community bases, to articulate the installation of the debate for indigenous rights in the work of the National Constituent Assembly.O presente artigo, a partir da revisão da bibliografia especializada sobre o movimento indígena e indigenista brasileiros, procura analisar os precedentes históricos, o contexto político e a conjuntura organizativa envolvidos no contexto de emergência e consolidação de um movimento indígena brasileiro, principalmente a partir do início da década de 1970, com o objetivo de melhor conhecer o período que antecede a instalação da Assembleia Nacional Constituinte e seu resultado final no texto da Constituição Federal de 1988, especificamente no que se refere aos direitos indígenas. Conclui-se que a organização de um movimento de caráter nacional e (minimamente) unificado em torno de pautas comuns possibilitou que os povos indígenas e seus aliados, através de certas lideranças com maior projeção para além das bases comunitárias, articulassem a instalação do debate a respeito dos direitos indígenas na pauta dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte