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De agressor a dependente : a produção de sentidos sobre violência de gênero em Centros de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas
O objetivo desse estudo foi investigar como profissionais e usuários que atuam em CAPSad
(Centros de Atenção Psicossocial voltados ao tratamento de pessoas com problemas
decorrentes do uso de álcool e outras drogas) produzem sentidos sobre violência de gênero,
considerando que estes são serviços para onde são frequentemente encaminhados homens
autores de violência, embora esses centros não integrem formalmente a Rede de
Enfrentamento à violência contra a mulher. Como suporte teórico, partimos da
performatividade da linguagem, isto é, a capacidade que esta tem de provocar e criar
realidades e do estudo das Práticas Discursivas como instrumento de análise dos processos de
produção de sentidos no cotidiano.O desenho da pesquisa, de natureza qualitativa, envolveu
entrevistas com cinco profissionais e cinco usuários, localizados em dois CAPSad sediados
na Região Metropolitana do Recife. Os usuários selecionados eram homens que traziam
algum relato de violência contra mulher associado à demanda de dependência química. A
análise produzida foi organizada em três eixos: 1) explicações do porquê se bate em
mulheres, 2) definição de violência de gênero e 3) interlocutores. De um modo geral, as
análises apontaram que a prática de atos violentos por parte desses homens está relacionada a
questões culturais (modelo de socialização masculina), à tentativa de esses homens se
defenderem das agressões físicas voltadas contra eles por suas companheiras, por distúrbios
internos e mentais do usuário o que lhe provocariam certo descontrole, pela dependência da
droga, pois esta atuaria como potencializadora dos atos violentos. A análise dos jogos de
posicionamentos apontou que os homens ao serem lidos rigidamente a partir da matriz
médico-psiquiatrizante são alocados como o doente, o alcoolizado . Sendo assim, eles,
sobretudo aqueles encaminhados pela Justiça por agressão a suas companheira e
denominados de agressores, sob uma forma não-dita, são perpetuados na condição de
vítimas , porque desresponsabilizados, ante sua dependência química. Uma vez que os
sentidos produzidos sobre a violência de gênero nesses espaços o são em torno do eixo
dependente-vitimário, perpetuam-se as categorias de pensamento opositivas e as práticas
institucionais cotidianas que dão suporte à manutenção da ordem sexista de gênero. Desta
forma, esses homens entram no circuito Justiça-Saúde como agressores e acabam
rapidamente sendo incorporados como dependentes . É necessária uma leitura crítica das
demandas que são geradas por agressão a mulheres ou outras formas de agressão
relacionadas a modos de ser legitimados nas relações de gênero, a fim de mapear junto à rede
de serviços voltada para esse público os nós que provocam qualquer deformação na demanda
inicial e podem gerar distorçõe
Revisitando a violência contra a mulher: Abordagens, posturas e proposições de acção em artigos produzidos entre os anos de 1980 e 2007 e indexados em base virtual
A violência contra a mulher vem desencadeando repercussões na sociedade exigindo da esfera governamental estratégias de ação. Por outro lado, tem fomentado uma produção acadêmica materializada, sobretudo, em artigos de circulação
nacional. Este estudo qualitativo investigou abordagens teóricas, posturas pessoais e proposições de ação presentes em doze artigos de base virtual (Revista de
Saúde Pública), relacionados ao fenômeno da Violência contra a Mulher, produzidos no período 1980 a 2007. O referido estudo apontou que a temática não configura, enquanto campo de discussão, homogeneidade na maneira de nomear os atos violentos, decorrendo daí usos diversos de conceitos por parte dos autores. Estes consideram "violência" enquanto "coisa reificada", o que os legitima a estabelecer uma partição do fenômeno, seja como lesão corporal ou agressão moral.
Quanto às propostas de ação, foram instrumentalizadas a partir de três focos que
lidam diretamente com esse público-alvo: profissionais de saúde, instituições de
serviços em saúde; políticas públicas em saúd