51 research outputs found

    Turner, Benjamin e Antropologia da Performance: O lugar olhado (e ouvido) das coisas

    Get PDF
    Um exercício aqui se propõe: repensar o lugar olhado das coisas na antropologia da performance. Isso, a partir de uma audição dos ruídos. O texto se desenvolve tal como um rito de passagem, em três momentos. Iniciamos com um rito de separação, saindo de um lugar (supostamente) familiar: os estudos de Victor Turner sobre ritos e dramas sociais. O movimento nos leva em direção a um lugar menos conhecido, onde nos deparamos, tal como num rito de transição, com os textos de Turner sobre a antropologia da performance e da experiência. Num terceiro momento, ao invés de fazermos um regresso, tal como num rito de reagregação, vamos às margens das margens. No límen da escritura de Turner, com as atenções voltadas aos ruídos, nos vemos em companhia (estranhamente familiar) de Walter Benjamin. Uma premissa se apresenta: os lugares onde um texto se desmancha podem ser os mais fecundos

    The tortoise and the fall of the sky: mimesis, memory and yanomami performance

    Get PDF
    Quando o xamã yanomami, Davi Kopenawa, viu um carro pela primeira vez, ele se perguntou se não seria como um jabuti de ferro. A partir de uma curiosidade inicial a respeito de como seria um carro yanomami, este ensaio resulta de uma escuta das palavras de Kopenawa captadas pelo antropólogo Bruce Albert no livro A queda do céu. As atenções se voltam ao modo como a capacidade mimética yanomami ativa sujeitos e pontos de vista, ou corpos, em risco de desaparecerem ou caírem no esquecimento. A força criativa da mimesis se ilumina em relatos do xamã sobre a sua experiência na floresta e nas cidades. E, de forma extraordinária, em narrativas da chegada dos xapiri, os espíritos da floresta. De uma intersecção de leituras de Benjamin, Schechner e Viveiros de Castro resulta a noção de um campo de energia, ou circuito mimético, envolvendo os Yanomami e os espíritos xapiri. Também se formula uma hipótese a respeito dos instantes de f(r)icção suscitados por performances ameríndias quando, por detrás de corpos-máscaras, lampejam imagens de sujeitos dos seres da floresta. Inversamente, em cosmologias ocidentais, corpos se revelam por detrás de máscaras-personas. Embora o objetivo se amplie para além da pergunta inicial, a curiosidade a respeito do que viria a ser um carro yanomami acompanha, como um fio condutor, os subtópicos deste ensaio, a) cidades; b) floresta; e c) xapiri.When the Yanomami shaman, Davi Kopenawa, saw a car for the first time, he wondered whether it was made like an iron turtle. Sparked by initial curiosity about what a Yanomami car would be like, this paper is an exercise in hearing the words of Kopenawa as written down by the anthropologist Bruce Albert in the book, Falling sky. Attention is directed to the manner in which a Yanomami mimetic faculty activates subjects and viewpoints, or bodies, at risk of disappearing or falling into oblivion. The creative powers of mimesis are illuminated in the shaman’s accounts of his experience in the forest and in cities. And, in an extraordinary way, in narratives of the arrival of the xapiri, the spirits of the forest. At a theoretical juncture involving Benjamin, Schechner, and Viveiros de Castro, this essay proposes the idea of a mimetic circuit formed by Yanomami and the xapiri spirits. A hypothesis is also formulated: in moments of f(r)iction produced by Amerindian performances, images of forest beings, revealed as subjects, flash up from beneath body-masks. This may contrast with cosmologies in which bodies are revealed behind persona-masks. Although the objective goes beyond the initial question, curiosity regarding what a Yanomami car would be like is pursued, as a recurring motif, in the various subtopics which make up this essay: a) cities; b) forest; and c) xapiri.Cuando el chamán yanomami, Davi Kopenawa, vio un coche por primera vez, se preguntó si no sería una tortuga de hierro. Partiendo de la curiosidad inicial sobre cómo sería un coche yanomami, este ensayo es el resultado de la escucha de las palabras de Kopenawa grabadas por el antropólogo Bruce Albert en el libro La caída del cielo. La atención se centra en cómo la capacidad mimética yanomami activa los sujetos y puntos de vista, o cuerpos, en riesgo de desaparecer o caer en el olvido. La fuerza creadora de la mímesis brilla con luz propia en los relatos del chamán sobre su experiencia en el bosque y en las ciudades. Y, de manera extraordinaria, en los relatos de la llegada de los xapiri, los espíritus del bosque. De la intersección de lecturas teóricas de Benjamin, Schechner y Viveiros de Castro surge la noción de un campo de energía, o circuito mimético, que abarca a los Yanomami y a los espíritus xapiri. También se formula una hipótesis sobre los instantes de f(r)icción que despiertan las performances amerindias cuando, detrás de los cuerpos-máscaras, destellan imágenes de sujetos de los seres del bosque. Por el contrario, en las cosmologías occidentales, los cuerpos se revelan detrás de máscaras-personas. Si bien el objetivo se extiende más allá de la pregunta inicial, la curiosidad sobre cómo sería un coche yanomami se mantiene, como hilo conductor, de los subtemas de este ensayo: a) ciudades; b) bosque; y c) xapiri

    O jabuti e a queda do céu: mimesis, memória e performance yanomami

    Get PDF
    When the Yanomami shaman, Davi Kopenawa, saw a car for the first time, he wondered whether it was made like an iron turtle. Sparked by initial curiosity about what a Yanomami car would be like, this paper is an exercise in hearing the words of Kopenawa as written down by the anthropologist Bruce Albert in the book, Falling sky. Attention is directed to the manner in which a Yanomami mimetic faculty activates subjects and viewpoints, or bodies, at risk of disappearing or falling into oblivion. The creative powers of mimesis are illuminated in the shaman's accounts of his experience in the forest and in cities. And, in an extraordinary way, in narratives of the arrival of the xapiri, the spirits of the forest. At a theoretical juncture involving Benjamin, Schechner, and Viveiros de Castro, this essay proposes the idea of a mimetic circuit formed by Yanomami and the xapiri spirits. A hypothesis is also formulated: in moments of f(r)iction produced by Amerindian performances, images of forest beings, revealed as subjects, flash up from beneath body-masks. This may contrast with cosmologies in which bodies are revealed behind persona-masks. Although the objective goes beyond the initial question, curiosity regarding what a Yanomami car would be like is pursued, as a recurring motif, in the various subtopics which make up this essay: a) cities; b) forest; and c) xapiri.Cuando el chamán yanomami, Davi Kopenawa, vio un coche por primera vez, se preguntó si no sería una tortuga de hierro. Partiendo de la curiosidad inicial sobre cómo sería un coche yanomami, este ensayo es el resultado de la escucha de las palabras de Kopenawa grabadas por el antropólogo Bruce Albert en el libro La caída del cielo. La atención se centra en cómo la capacidad mimética yanomami activa los sujetos y puntos de vista, o cuerpos, en riesgo de desaparecer o caer en el olvido. La fuerza creadora de la mímesis brilla con luz propia en los relatos del chamán sobre su experiencia en el bosque y en las ciudades. Y, de manera extraordinaria, en los relatos de la llegada de los xapiri, los espíritus del bosque. De la intersección de lecturas teóricas de Benjamin, Schechner y Viveiros de Castro surge la noción de un campo de energía, o circuito mimético, que abarca a los Yanomami y a los espíritus xapiri. También se formula una hipótesis sobre los instantes de f(r)icción que despiertan las performances amerindias cuando, detrás de los cuerpos-máscaras, destellan imágenes de sujetos de los seres del bosque. Por el contrario, en las cosmologías occidentales, los cuerpos se revelan detrás de máscaras-personas. Si bien el objetivo se extiende más allá de la pregunta inicial, la curiosidad sobre cómo sería un coche yanomami se mantiene, como hilo conductor, de los subtemas de este ensayo: a) ciudades; b) bosque; y c) xapiri.Quando o xamã yanomami, Davi Kopenawa, viu um carro pela primeira vez, ele se perguntou se não seria como um jabuti de ferro. A partir de uma curiosidade inicial a respeito de como seria um carro yanomami, este ensaio resulta de uma escuta das palavras de Kopenawa captadas pelo antropólogo Bruce Albert no livro A queda do céu. As atenções se voltam ao modo como a capacidade mimética yanomami ativa sujeitos e pontos de vista, ou corpos, em risco de desaparecerem ou caírem no esquecimento. A força criativa da mimesis se ilumina em relatos do xamã sobre a sua experiência na floresta e nas cidades. E, de forma extraordinária, em narrativas da chegada dos xapiri, os espíritos da floresta. De uma intersecção de leituras de Benjamin, Schechner e Viveiros de Castro resulta a noção de um campo de energia, ou circuito mimético, envolvendo os Yanomami e os espíritos xapiri. Também se formula uma hipótese a respeito dos instantes de f(r)icção suscitados por performances ameríndias quando, por detrás de corpos-máscaras, lampejam imagens de sujeitos dos seres da floresta. Inversamente, em cosmologias ocidentais, corpos se revelam por detrás de máscaras-personas. Embora o objetivo se amplie para além da pergunta inicial, a curiosidade a respeito do que viria a ser um carro yanomami acompanha, como um fio condutor, os subtópicos deste ensaio, a) cidades; b) floresta; e c) xapiri

    Skull winks: the eschatology of the Garden of Flowers

    Get PDF
    In the Garden of Flowers, a peripheral district of a city of the interior of São Paulo, people interpret their world, among other ways, by telling stories about heaven and earth, and the destruction and recreation of the world. How should one interpret these interpretations? As a way for dealing with this question, Geertz developed the notion of 'thick description,' by which one may distinguish a twitch from a wink. The stories told in the Garden of Flowers are not mere interpretations, however. They emerge from the will to interrupt the very course of the world. As they say something about the world, they also erupt as provocations, with awakening effects, causing one's eyes to close and reopen. By means of tension-filled images, 'thick description' may also acquire the qualities of tense description, provoking astonishment. Perhaps ellipses, incoherencies, and suspicious emendations - where a text seems to come apart - are signs of the 'lower bodily stratum' of the text we call culture. As stories of the Garden of Flowers reveal, it is in these places that one may find the more fertile layers of a text, or, still, its eschatological soil.No Jardim das Flores, na periferia de uma cidade do interior paulista, moradores interpretam o seu mundo por meio de histórias sobre o céu e o inferno, e a destruição e recriação do mundo. Como interpretar essas interpretações? A partir dessa questão a antropologia de Geertz propõe-se a fazer uma "descrição densa" em que seja possível distinguir um piscar de olhos de uma piscadela marota. As histórias que se contam no Jardim das Flores, porém, não são meras interpretações. Nelas se alojam vontades de interromper o próprio curso do mundo. Ao dizerem algo sobre o mundo, elas irrompem como provocações capazes de suscitar um abrir e fechar dos olhos, com efeitos de despertar. Por meio de imagens carregadas de tensões, uma descrição densa também adquire as qualidades de uma descrição tensa, um assombro. Não seriam as elipses, incoerências e emendas suspeitas - onde um texto parece desmanchar - os sinais do "baixo corporal" do texto que chamamos cultura? Talvez nesses lugares, como as histórias do Jardim das Flores revelam, encontrem-se os subsolos mais férteis de um texto, ou, ainda, o seu fundo escatológico

    Sismologia da performance: ritual, drama e play na teoria antropológica

    Get PDF
    Performance studies developed by Victor Turner and Richard Schechner may suggest the contours of a still emerging field. At the same time, here may be found ancient rock formations and signs of igneous matter. Here, also, may be detected the noise of seismic movements. I would like to invite readers with open ears to take part in a kind of journey, as we explore the sonorous substrata of a landscape. Three categories signal our descent. In first place, ritual. Then, drama. Thirdly, in deeper regions, play. Between theater and anthropology - or in fields where one is led to"calculate places where things are sensed" - I would like to propose a geological incursion. Or, even better, a seismology of performance.Os estudos de performance desenvolvidos por Victor Turner e Richard Schechner não deixam de sinalizar um campo emergente. Ao mesmo tempo, ali se encontram rochas antigas e materiais incandescentes. E os ruídos de movimentos sísmicos. Convido os leitores com ouvidos abertos a uma espécie de viagem, tal como quem busca explorar os substratos sonoros de uma formação cultural. Três categorias sinalizam a descida. Em primeiro lugar, o ritual. Depois, o drama. Em terceiro, play - termo difícil de traduzir, mas que evoca"brincadeira","jogo" e"peça teatral". Nas interfaces da antropologia e do teatro - ou seja, em lugares onde se"calcula o lugar sentido das coisas" -, propomos uma incursão geológica. Enfim, um desafio: a elaboração de uma sismologia da performance

    Sismologia de mundos em performance

    Get PDF
    This article presents the dossier “Worlds in Performance”, an outcome of the event “Seismology of Performance: 20 years Napedra”, which took place in 2021. Attention is directed to the “performative turn” and its seismic effects on anthropology and other fields of research. Horizons of knowledge expand, subverting notions of space, and imploding conceptions of time. The fragile and ephemeral, yet potentially powerful and explosive dimensions of bodily action spark the anthropological imagination. From bodily senses worlds of sense in friction are created. In performance, worlds are formed and disappear. Whirlpools of performance show traces of worlds yet to be. In Brazil, effects of this “performative turn” are revealed in the creation of Napedra – The Research Center in Anthropology, Performance, and Drama, and of other leading groups in anthropology and performance. They are also revealed in this dossier, which explores some of the whirlpools of worlds in performance.Este texto apresenta o dossiê “Mundos em Performance”, um dos desdobramentos do evento “Sismologia da performance: Napedra 20 anos”, realizado em 2021. Em foco, a “virada performativa” e seus efeitos sísmicos na antropologia e outros campos do saber. Horizontes se ampliam, subvertendo noções de campo e espaço e implodindo concepções de tempo. As atenções se voltam à ação surpreendente, frágil e efêmera, mas potencialmente poderosa e explosiva dos corpos. Dos sentidos dos corpos, criam-se e se friccionam os sentidos de mundos. Em performance, mundos se formam e desaparecem. Em remoinhos, encontram-se os que ainda não vieram a ser, mas que podem surgir. No Brasil, os efeitos de uma “virada performativa” se revelam na criação do Núcleo de Antropologia, Performance e Drama (Napedra), de outros grupos de referência no campo da antropologia e performance e neste dossiê, que procura explorar alguns dos remoinhos de mundos em performance

    Esophageal Cancer in Young People: A Case Series of 109 Cases and Review of the Literature

    Get PDF
    Certain geographically distinct areas of the world have very high rates of esophageal cancer (EC). Previous studies have identified western Kenya as a high risk area for EC with an unusual percentage of cases in subjects 30 years of age or younger. To better understand EC in these young patients, we abstracted available data on all 109 young patients diagnosed with EC at Tenwek Hospital, Bomet District, Kenya from January 1996 through June 2009, including age at diagnosis, sex, ethnicity, tumor histology, residence location, and medical interventions. We also attempted to contact all patients or a family member and obtained information on ethnicity, tobacco and alcohol use, family history of cancer, and survival. Sixty (55%) representatives of the 109 young patients were successfully interviewed. The median survival time of these 60 patients was 6.4 months, the most common tumor histology was esophageal squamous cell carcinoma (ESCC) (98%), the M:F ratio was 1.4∶1, and only a few subjects used tobacco (15%) or alcohol (15%). Seventy-nine percent reported a family history of cancer and 43% reported having a family history of EC. In summary, this case series describes the largest number of young EC patients reported to date, and it highlights the uniqueness of the EC experience in western Kenya

    Towards More Precise Survey Photometry for PanSTARRS and LSST: Measuring Directly the Optical Transmission Spectrum of the Atmosphere

    Full text link
    Motivated by the recognition that variation in the optical transmission of the atmosphere is probably the main limitation to the precision of ground-based CCD measurements of celestial fluxes, we review the physical processes that attenuate the passage of light through the Earth's atmosphere. The next generation of astronomical surveys, such as PanSTARRS and LSST, will greatly benefit from dedicated apparatus to obtain atmospheric transmission data that can be associated with each survey image. We review and compare various approaches to this measurement problem, including photometry, spectroscopy, and LIDAR. In conjunction with careful measurements of instrumental throughput, atmospheric transmission measurements should allow next-generation imaging surveys to produce photometry of unprecedented precision. Our primary concerns are the real-time determination of aerosol scattering and absorption by water along the line of sight, both of which can vary over the course of a night's observations.Comment: 41 pages, 14 figures. Accepted PAS
    corecore