2,543 research outputs found

    Proof-of-Concept

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    Biometry is an area in great expansion and is considered as possible solution to cases where high authentication parameters are required. Although this area is quite advanced in theoretical terms, using it in practical terms still carries some problems. The systems available still depend on a high cooperation level to achieve acceptable performance levels, which was the backdrop to the development of the following project. By studying the state of the art, we propose the creation of a new and less cooperative biometric system that reaches acceptable performance levels.A constante necessidade de parâmetros mais elevados de segurança, nomeadamente ao nível de autenticação, leva ao estudo biometria como possível solução. Actualmente os mecanismos existentes nesta área tem por base o conhecimento de algo que se sabe ”password” ou algo que se possui ”codigo Pin”. Contudo este tipo de informação é facilmente corrompida ou contornada. Desta forma a biometria é vista como uma solução mais robusta, pois garante que a autenticação seja feita com base em medidas físicas ou compartimentais que definem algo que a pessoa é ou faz (”who you are” ou ”what you do”). Sendo a biometria uma solução bastante promissora na autenticação de indivíduos, é cada vez mais comum o aparecimento de novos sistemas biométricos. Estes sistemas recorrem a medidas físicas ou comportamentais, de forma a possibilitar uma autenticação (reconhecimento) com um grau de certeza bastante considerável. O reconhecimento com base no movimento do corpo humano (gait), feições da face ou padrões estruturais da íris, são alguns exemplos de fontes de informação em que os sistemas actuais se podem basear. Contudo, e apesar de provarem um bom desempenho no papel de agentes de reconhecimento autónomo, ainda estão muito dependentes a nível de cooperação exigida. Tendo isto em conta, e tudo o que já existe no ramo do reconhecimento biometrico, esta área está a dar passos no sentido de tornar os seus métodos o menos cooperativos poss??veis. Possibilitando deste modo alargar os seus objectivos para além da mera autenticação em ambientes controlados, para casos de vigilância e controlo em ambientes não cooperativos (e.g. motins, assaltos, aeroportos). É nesta perspectiva que o seguinte projecto surge. Através do estudo do estado da arte, pretende provar que é possível criar um sistema capaz de agir perante ambientes menos cooperativos, sendo capaz de detectar e reconhecer uma pessoa que se apresente ao seu alcance.O sistema proposto PAIRS (Periocular and Iris Recognition Systema) tal como nome indica, efectua o reconhecimento através de informação extraída da íris e da região periocular (região circundante aos olhos). O sistema é construído com base em quatro etapas: captura de dados, pré-processamento, extração de características e reconhecimento. Na etapa de captura de dados, foi montado um dispositivo de aquisição de imagens com alta resolução com a capacidade de capturar no espectro NIR (Near-Infra-Red). A captura de imagens neste espectro tem como principal linha de conta, o favorecimento do reconhecimento através da íris, visto que a captura de imagens sobre o espectro visível seria mais sensível a variações da luz ambiente. Posteriormente a etapa de pré-processamento implementada, incorpora todos os módulos do sistema responsáveis pela detecção do utilizador, avaliação de qualidade de imagem e segmentação da íris. O modulo de detecção é responsável pelo desencadear de todo o processo, uma vez que esta é responsável pela verificação da exist?ncia de um pessoa em cena. Verificada a sua exist?ncia, são localizadas as regiões de interesse correspondentes ? íris e ao periocular, sendo também verificada a qualidade com que estas foram adquiridas. Concluídas estas etapas, a íris do olho esquerdo é segmentada e normalizada. Posteriormente e com base em vários descritores, é extraída a informação biométrica das regiões de interesse encontradas, e é criado um vector de características biométricas. Por fim, é efectuada a comparação dos dados biometricos recolhidos, com os já armazenados na base de dados, possibilitando a criação de uma lista com os níveis de semelhança em termos biometricos, obtendo assim um resposta final do sistema. Concluída a implementação do sistema, foi adquirido um conjunto de imagens capturadas através do sistema implementado, com a participação de um grupo de voluntários. Este conjunto de imagens permitiu efectuar alguns testes de desempenho, verificar e afinar alguns parâmetros, e proceder a optimização das componentes de extração de características e reconhecimento do sistema. Analisados os resultados foi possível provar que o sistema proposto tem a capacidade de exercer as suas funções perante condições menos cooperativas

    Malformações arteriovenosas cerebrais: impacto das diferentes opções terapêuticas

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    Trabalho final de mestrado integrado em Medicina, apresentado à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.As malformações arteriovenosas cerebrais (MAV’s) são lesões vasculares complexas, nas quais o sangue arterial flui directamente para a rede venosa, através de múltiplas comunicações fistulosas sem um leito capilar interveniente. São lesões raras e formam um grupo heterogéneo do ponto de vista da angioarquitectura e localização. A etiologia não está esclarecida, mas é mais consensual a hipótese de origem congénita. Fisiopatologicamente representam alterações do desenvolvimento embrionário com a persistência de comunicações entre artérias e veias dentro do plexo vascular primitivo. A hemorragia cerebral é a apresentação sintomática mais comum, seguindo-se a epilepsia, cefaleia crónica e défices neurológicos focais. O diagnóstico pode ser feito com angiografia cerebral, angio-TC ou angio-RMN. O tratamento actual das MAV’s inclui três opções terapêuticas principais: cirurgia, radiocirurgia (RC) e embolização endovascular, com o objectivo de reduzir/eliminar a sintomatologia e preservar o estado funcional do doente, através da obliteração do nidus da MAV. Em casos seleccionados pode também ser feita apenas a observação das lesões, com tratamento médico sintomático. Os benefícios e riscos terapêuticos deverão ser balanceados em cada procedimento individual. Diversos factores podem ser considerados durante o planeamento terapêutico, incluindo factores relacionados com o doente, com as características da MAV e com o tratamento. A cirurgia é a escolha padrão no tratamento das MAV’s, com altas taxas de obliteração completa e com bom prognóstico associado à maioria das MAV’s tratadas cirurgicamente. A RC é um método terapêutico eficaz, seguro, minimamente invasivo, com altas taxas de obliteração e com morbilidade associada mínima. A embolização endovascular como tratamento primário associa-se a baixas taxas de obliteração, podendo ser também utilizada como terapêutica adjuvante à ressecção cirúrgica e RC, terapêutica alvo ou terapêutica paliativa. As MAV’s representam um desafio para os clínicos de modo a recomendar o melhor tratamento aos pacientes. A questão torna-se mais relevante em lesões assintomáticas, cuja vantagem da intervenção invasiva é menos consensual. Desta forma foi criado o estudo ARUBA com o intuito de esclarecer se o tratamento das MAV’s sem ruptura conduz a um melhor prognóstico a longo prazo, comparativamente com a história natural da doença. Neste artigo de revisão pretende-se rever de forma actualizada e crítica o que se tem publicado acerca das diversas opções terapêuticas das MAV’s, de forma a sistematizar as principais indicações para as diversas apresentações e tipos de MAV’s. Tenta-se assim uniformizar linhas de orientação para a decisão terapêutica, aquando do tratamento destas lesões.Cerebral arteriovenous malformations (AVM's) are complex vascular lesions, in which arterial blood flows directly into the venous network through multiple fistulous communications without an intervening capillary bed. These lesions are rare and form a heterogeneous group in terms of angioarchitecture and location. The etiology is unclear, but the most consensual hypothesis is the congenital origin. Physiopathologically represent changes in embryonic development and the continuing communications between arteries and veins within the primitive vascular plexus. Cerebral Hemorrhage is the most common symptom presentation, followed epilepsy, chronic headache and focal neurological deficits. The diagnosis can be made with cerebral angiography, CT angiography or angio-MRI. The current treatment of AVM's three main treatment options include: surgery, radiosurgery (RC), and endovascular embolization, in order to reduce / eliminate the symptoms and to preserve the functional status of the patient by occluding the nidus of the AVM. It is also possible the observation of lesions with medical symptomatic treatment. The benefits and treatment risks should be balanced in each individual procedure. Several factors can be considered during the therapeutic planning, including factors related to the patient, with the MAV features and treatment. Surgery is the standard choice for the treatment of AVM's, with high rates of complete obliteration and with good prognosis associated with most of the MAV's treated surgically. The RC is an effective therapeutic method, safe, minimally invasive, with high rates of obliteration and with minimal associated morbidity. Endovascular embolization as primary treatment is associated with low rates of obliteration and can also be used as adjunctive therapy to surgical resection and RC, targeted therapeutic or palliative therapy. Recommending the best treatment to AVM’s is a challenge for clinicians. The question becomes more relevant in asymptomatic lesions, whose advantage of invasive intervention is less agreement. Thus ARUBA study was designed in order to clarify the treatment of AVM's without rupture leads to better long-term prognosis compared with the unnatural history of the disease. This review article aims to review in an updated and critical what has been published about the various treatment options of AVM's, in order to systematize the main indications for the various presentations and types of AVM's. So it tries to standardize guidelines for therapeutic decision when treating these injuries

    Pessoa sem-abrigo: narrativas pessoais, condições sociais e políticas

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    Dissertação de mestrado em Psicologia AplicadaA realidade da pessoa sem-abrigo representa um fenómeno psico-socio-antropológico, que muitos desafios têm lançado à comunidade científica. O objetivo do presente estudo foi identificar e discutir perceções de uma comunidade de pessoas sem-abrigo, da cidade de Lisboa. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, com recurso a uma entrevista semiestruturada, na qual participaram 6 pessoa sem-abrigo. Os dados são analisados com base na Análise Temática e apresentados à luz das narrativas identificadas, no âmbito das perceções quanto à escassez de oportunidades, exclusão social e apoio social percebido. A discussão é feita com suporte literário, lançando-se orientações, tanto para a investigação científica como ao nível da investigação-ação.The reality of the homeless people represents a psycho-social-anthropological phenomenon, which has been launching many challenges in the scientific community. The purpose of this study was to identify and discuss perceptions of a homeless community in the city of Lisbon. A qualitative research was carried out, using a semi-structured interview, with the participation of 6 homeless people. The results are presented in the light of the narratives identified, with no right to perceptions, social exclusion and perceived social support. The discussion made with literature support and issuing guidelines, both for a pure scientific investigation, was the base to an action-research initiative

    Sociologia do Trabalho: O Trabalho e a Sua Evolução Conceitual ao Longo Da História – Sobre A Definição de Trabalho

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    SOCIOLOGIA DO TRABALHO: O TRABALHO E A SUA EVOLUÇÃO CONCEITUAL AO LONGO DA HISTÓRIA – SOBRE A DEFINIÇÃO DE TRABALHO SOCIOLOGY OF WORK: WORK AND ITS CONCEPTUAL EVOLUTION THROUGH HISTORY – ON THE DEFINITION OF WORK Emanuel Isaque Cordeiro da Silva – IFPE-BJ, CAP-UFPE e UFRPE. E-mails: [email protected] e [email protected]. WhatsApp: (82)98143-8399. RESUMO Começamos, diminuto, com uma análise da complexidade do conceito de “trabalho”. Apresento ao leitor as várias interpretações que o mesmo termo obteve ante as mais diversas culturas. Para essa análise, gozamos de elementos da história e da filosofia do trabalho, tendo como objetivo supremo, culminar numa perspectiva genérica e integral o suficiente para a compreensão dos mais variados trabalhos humanos existentes na história da humanidade e, com isso, sugerir um novo olhar para a sociologia do trabalho, deixando de lado, juntamente com outras disciplinas científicas, um conceito vago, defasado e reduzido, bem como sem potencialidade para o futuro do trabalho, como um trabalho formal e primordialmente assalariado. Palavras-chave: Conceito, Trabalho; História; Definição. ABSTRACT We begin, diminutive, with an analysis of the complexity of the concept of “”work. I present to the reader the various interpretations that the same term has obtained before the most diverse cultures. For this analysis, we enjoy elements of the history and philosophy of work, having as supreme objective, to culminate in a generic and integral perspective sufficient for the understanding of the most varied human works existing in the history of mankind and, thus, to suggest a new look at the sociology of work, leaving aside, together with other scientific disciplines, a vague, laggard and reduced concept, as well as without potentiality for the future of work, as a formal and primarily salaried work. Keywords: Concept; Work; History; Definition. BASES TEMÁTICAS DESSE TRABALHO O trabalho é um conceito construído socialmente; A modernidade trouxe consigo mudanças significativas quanto à valorização do trabalho; A origem dos mercados de trabalho, juntamente com o surgimento do capitalismo, minimizaram o trabalho como um mero emprego assalariado; O trabalho, no entanto, apresenta múltiplas manifestações nas nossas sociedades. 1. SOBRE A DEFINIÇÃO DO TRABALHO Gostaríamos de começar esse texto com uma introdução à definição de trabalho, uma questão de importância indiscutível, considerando o trabalho não apenas como o objeto de estudo da Sociologia do Trabalho, mas também como um tema de discussão contemporânea que obteve inúmeros conceitos de grandes autores ao longo da história, desde o trabalho como algo “escravista” ao homem, até a supervalorização do mesmo mediante ao homem. O trabalho, nas palavras de Yves Simon (1903-1961) , é um daqueles termos que são precedidos por fatos da vida cotidiana do homem, que se escondem por trás do mistério do habitual ou usual. É um termo, portanto, que possui uma riqueza factual muito superior à qualquer definição que se pode concentrar. Santo Agostinho (354-430), referindo-se ao tempo, sabia o que era, mas se o perguntassem como defini-lo, apontou que não sabia como fazê-lo (“Si nemo ex me quaerat, scio; si quaerenti explicare velim, nescio”), traduzindo (“Se ninguém me perguntar, sei o que é; mas se quiser explicá-lo a quem me perguntar, não sei”). Assim como Agostinho, algo parecido acontece conosco quando nos pedem para definir o trabalho. Assim como diria Werner Sombart (1863-1941), a palavra pode não ter um significado real, apesar de seu uso frequente. E é que o trabalho, como uma atividade criativa, faz parte da história humana desde sua gênese, há mais de 2 milhões de anos atrás, quando o homo habilis mostrou-se capaz de criar conscientemente e por si próprio (e não por mera carga genética como acontece com várias espécies animais) seus próprios instrumentos. O supracitado Yves Simon, escolheu em seu texto mais representativo sobre o tema, uma maneira mais razoável de se definir o trabalho. Começou com o método de caso mais óbvio. Nesse sentido, mostrou que a ambivalência entre o trabalho manual e intelectual que o tempo parece não deixá-lo ir completamente, optara pelos “trabalhadores ao invés dos advogados, comerciantes ou homens de letras”. Essa ordem de prioridade não significa exclusão, mas sim graus de aceitação que considero fazer parte do critério ainda mantido por muitos a respeito do termo “trabalho”. Nesse sentido, argumenta-se que o trabalho manual corresponde a sua ligação direta com a natureza física. O termo “direto” não ignora a mediação de máquinas e ferramentas, apenas comenta seu caráter relacional com a natureza. Logo, o trabalho significa a modificação de algo. Entre as características desse trabalho, ao menos o manual, Simon ressalta que é uma atividade apenas transitória. Isso significa que o trabalho produz um efeito fora do agente que o executa. É o caso de um carpinteiro que age sobre a madeira para moldá-la e transformá-la em um bem de uso posterior como uma mesa, um banco, etc. O mesmo autor ressalta que, se o efeito reside apenas no agente e não em um assunto externo, estaríamos enfrentado algo que chamaríamos de jogo, esporte, exercício ou mesmo a “imitação do trabalho”. Por outro lado, o trabalho é uma atividade útil, isto é, propício para produzir um bem que seja útil e desejável por alguém. Finalmente, a racionalidade é um elemento que distingue o trabalho dos homens em relação com os animais. Essa ideia remonta com Hume (1711-1776), que insistia que o trabalho distingue os homens dos animais. Essa visão também será desenvolvida com Marx (1818-1883), que reproduzimos mediante uma célebre passagem do primeiro livro de O Capital. [...] Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence exclusivamente ao homem. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colmeias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera (MARX, 1996, p. 297/98). Na tradição marxista, foi Engels (1820-1895) quem parou mais nesses questões. Em seu ensaio particular escrito em 1876 e intitulado “O papel do trabalho na transformação do macaco em homem”, sintetiza a ideia de que é o trabalho quem cria e faz o homem. Passando para o trabalho intelectual, Simon ressalta que, na verdade, a medida em que contribui para o trabalho manual desenvolvido por outros, a atividade intelectual também poderá ser denominada de trabalho. Avançando nessa concepção do filósofo, posteriormente, ele aponta “para que uma atividade seja qualificada como trabalho, ela deve ser não apenas honesta mas, também, socialmente produtiva”. Essa concepção de utilidade produtiva é a mais generalizada no momento de distinção do trabalho com demais atividades. Como exemplo, podemos citar Friedmann (1902-1977) que aponta que a utilidade é a primeira característica do trabalho humano. E ainda cita economistas como Colson (1853-1939). Ressalta ainda que “o trabalho é o meio pelo qual o homem exerce suas capacidades físicas e morais para a produção de riquezas ou serviços”. Por outro lado, o filósofo Bergson (1859-1941) escreveu que “o trabalho humano consiste em criar utilidade”. Não obstante, Friedmann se pergunta se a teleologia do trabalho é a única variável a ser tomada em conta para a construção da definição do conceito. Nesse sentido, ele aponta a necessidade de se incluir outros fatores relevantes para essa edificação do conceito, uma vez que os animais também “criam utilidade”. Logo, a distinção poderia estar presente no “marco de uma luta social contra a natureza”. Mediante isso, o trabalho seria “essencialmente através da técnica, a transformação que o homem faz da natureza que, por sua vez, reage ao homem modificando-a”. É a mesma visão marxista que fizemos referência anteriormente, segundo o qual o “trabalho é, em primeiro lugar, um processo entre o homem e a natureza, como o qual o homem regula, realiza e a controla por meio de suas ações, sua troca de assuntos com a natureza. Coloca em ação suas forças naturais que configuram sua corporeidade, seus braços e pernas, cabeça e mãos, para que desse modo, possa assimilar, sob uma forma útil à sua própria vida, os materiais que a natureza o proporciona. E ao mesmo tempo que age na natureza externa e a transforma, transforma também sua própria natureza, desenvolvendo, assim, as faculdades antes adormecidas em si”. Inteligentemente, Friedmann foi capaz de assegurar que, no mundo contemporâneo, tal definição é parcial, uma vez que, nem todas as atividades do homem são rurais e manufatureiras, onde a relação-transformação com a natureza é mais evidente. As atividades denominadas terciárias, segundo a tradicional tipologia de Colin Clark (1905-1989), e que ampliarei posteriormente no conceito de trabalho intelectual, também devem ser levadas em consideração. Nesse sentido, Friedmann ressalta que, no século XX, o homem no trabalho não é sempre e menos ainda, no sentido clássico do termo, um homo faber. Todavia, isso força Friedmann a pensar em um conceito diferente de trabalho e, para isso, ele confia que “determinada imposição” é específica e o diferencia de outras atividades que não são trabalho. Dessa maneira, para um trabalho ser tal deverá ter uma quota indispensável de obrigações. Tantas indagações e reflexões acerca do supracitado, nos obriga a perguntamo-nos: a pessoa “trabalha” apenas se for obrigada a fazê-lo? Os animais não trabalham/produzem? Em condições de alienação desenvolvida e, portanto, o homem desconhecendo o fim último do seu labor, não estamos lidando com um trabalho? Quem age sobre a natureza, afim de destruí-la logo, não lhe conferindo valor, está trabalhando? A dona de casa que não produz para o mercado de trabalho não está trabalhando? Todas essas perguntas, se respondidas, fariam menção a um conceito de trabalho que, sem dúvida, ainda não foi unanimemente construído pela humanidade. De fato, quando vemos culturas e povos distintos, notamos que eles lidaram com conceitos muito diferentes sobre o que é e o que não é trabalho. Mesmo dentro dessas culturas – incluindo a nossa- e aqueles tempos - incluindo o nosso -, podemos notar uma pluralidade de abordagens que obedece a perspectivas distintas e, por vezes, conflitantes. Acrescenta-se a isso que, hoje em dia, temos herdado muitos atributos do trabalho das culturas anteriores, o que torna nossa sociedade representada, sociologicamente, por um caldeirão de comportamentos e conceitualizações relacionados ao trabalho, o que dificulta a partir de critérios mais ou menos consensuais. Posteriormente, veremos quais são esses critérios e como eles evoluíram ao longo da história para alicerçar nossa perspectiva contemporânea acerca do trabalho. Hannah Arendt (1906-1975), dado às dificuldades supracitadas, decidiu traçar a etimologia dos termos de trabalho em questão, em sua famosa obra A condição humana de 2007, em que aclara os termos e as distinções entre trabalho e labor. Etimologicamente temos o grego distinguindo a partir de ponein e ergazesthai; o Latim entre laborare e facere ou fabricare; o inglês com labor e work e, por fim, o alemão entre arbeiten e werken. Em todos eles, aponta Arendt, apenas os equivalentes de “trabalho” significam, sem infortúnio, sofrimento e infelicidade. O Arbeiten alemão foi aplicado somente para designar as atividades de campo exercida pelos servos e não ao trabalho dos artesãos, denominado Werken. Outros autores sinalam que em francês Travailler que tem uma substituição do termo “trabalho”, vem do “Tripalium” (do latim “Tripaliare”, uma espécie de instrumento de tortura usado na antiguidade para castigar os escravos). De qualquer forma, todos os supra conceitos não são aceitos por todos os etimologistas. Essas distinções são eloquentes na medida em que reproduzem a visão de diferentes e inúmeras culturas em relação ao trabalho. Nesse sentido, seguindo o pensamento arendtiano, existe um conceito que faz menção à uma avaliação notadamente negativa, e é o que deu origem à conformação do termo “labor”. Por outro lado, a mesma etimologia distingue outro termo (a obra) que representa conotações positivas. O que distingue os dois termos e o que popularizou Locke quando se referiu ao “trabalho de nossos corpos e trabalho de nossas mãos”? A diferença está, de acordo com Arendt, em que o trabalho cria bens fúteis dedicados ao mero consumo promovendo assim, com o passar dos anos, uma sociedade de massas onde desaparecerá o trabalho dito bem feito, típico de artesãos, que criam objetos de uso durável ao longo do tempo, mediante um processo de fabricação e que, em nenhum momento, implica o tédio ou a alienação características de uma sociedade de massa. Os gregos, segundo a pensadora, e então vamos confirmar isso, nunca praticaram essa diferença: tanto o trabalho quanto o artesanato na antiguidade grega eram reservados para os escravos, uma vez que todas as obrigações tinham uma natureza servil. Estes se opuseram à contemplação de quaisquer tipos de atividades. Nos chama a atenção que em nossa sociedade, a partir da idade moderna, houve a inversão da perspectiva acerca do trabalho, isto é, houve uma “glorificação” do mesmo em que foi conferido uma elevação do animal laborans sobre o animal racional. A pensadora alemã ainda nos diz que em vez da distinção trabalho-labor, surge outras que devemos nos atentar, são a relação entre trabalho produtivo e improdutivo; entre trabalho qualificado e não qualificado e, finalmente, entre o já conhecido binômio do trabalho manual-intelectual. A primeira dessas distinções, a relação entre produtividade e improdutividade, foi a mais transcendente e primordial nas origens das ciências econômica e social. Adam Smith (1723-1790) e Karl Marx desprezaram o trabalho improdutivo a tal ponto de não considerar o mesmo como trabalho ao menos que enriquecesse o mundo. Essa distinção se aproxima do supracitado trabalho-labor do princípio. A elevação do trabalho produtivo, acima das visões antigas; é expressamente perceptível em alguns autores clássicos. É o que acontece com as contribuições do filósofo Marx, para quem o trabalho é uma fonte de produtividade (originada na energia humana não exaurida e que produz a mais-valia); com Smith, para quem o trabalho é uma fonte de riqueza; e com Locke, para qual o trabalho é fonte de propriedade. Em relação ao trabalho qualificado e não qualificado, Arendt nos diz que não tem mais sentido na atualidade a sua discussão, uma vez que, esse praticamente desapareceu sob a influência das modernas tecnologias organizacionais. Logo, a distinção entre trabalho e labor estaria obsoleta e abandonada em favor do próprio trabalho. A distinção entre trabalho manual e intelectual tornou-se amplamente interessante desde a perspectiva arendtiana. Com efeito, como cada ocupação deve mostrar sua utilidade para toda a sociedade em seu conjunto, e a utilidade da ocupação intelectual -diz Arendt- chega a ser mais que duvidosa quando confrontada com a glorificação do trabalho, seria mais que natural que os intelectuais quisessem conformar a população laboriosa, algo inimaginável entre os gregos. A isso se soma a demanda que o mundo contemporâneo faz do trabalho intelectual. O pensamento revolucionário do século XX não era alheio a essa distinção. Haya de la Torre (1895-1979), um pensador e líder da oposição peruana do século XX, disse afirmando claramente uma leitura de classe que divide o trabalhador do explorador: “A revolução está em uma distinção que todos podemos fazer por si só: há aqueles que vivem do seu próprio trabalho e há aqueles que vivem do trabalho dos outros. Todos, de acordo com sua consciência, poderá decidir a qual dessas duas classes pertence” (1924, pp. 24-25). (Tradução própria). Se rastrearmos por uma linha histórica, no entanto, veremos como esse trabalho intelectual não foi considerado trabalho, uma vez que partiu do mundo do lazer e da contemplação entre os gregos. Apenas com a “glorificação” do trabalho, antes supracitada, é que o “intelectual” assume uma perspectiva de ser considerado trabalho, não obstante, sob pena de ser considerado improdutivo em uma sociedade onde o valioso parece ser tudo aquilo que tem poder produtivo. Posteriormente, traçaremos uma linha histórica sobre os conceitos e perspectivas acerca dos trabalhos manual e intelectual desde os gregos, passando pela “glorificação” na era moderna até os dias atuais. REFERENCIAL TEÓRICO ARENDT, H. A condição humana. Trad. Roberto Raposo. Posfácio de Celso Lafer. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. AZEVEDO, G. C.; SERIACOPI, R. História geral e do Brasil. Vol. Único. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2008. BAVA, A. C. Introdução a sociologia do trabalho. 1ª ed. São Paulo: Ática, 1990. BOMENY, H. et al. Tempos modernos, tempos de sociologia. 2ª ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2013. BRAICK, P. R.; MOTA, M. B. História: das cavernas ao terceiro milênio. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2016. FRIEDMANN, G.; NAVILLE, P. Tratado de Sociologia do Trabalho. 1ª ed. São Paulo: Cultrix, 1973. MACHADO, I. J. de R.; AMORIM, H. J. D.; BARROS, C. R. de. Sociologia hoje. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2013. MARX, K. O Capital: crítica da economia política. 1ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1996. Col. Os Economistas. NOGUERA, J. A. El concepto de trabajo y la teoría social crítica. Barcelona: Papers, 2002. OLIVEIRA, P. S. de. Introdução a sociologia. 24ª ed. São Paulo: Ática, 2001. SIMÓN, Y. R. Work, society and culture. 1ª ed. Nova Iorque: Fordham University Press, 1971. SILVA, A. et al. Sociologia em movimento. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2016. TORRE, V. R. H. de la. Moral Revolucionaria. In: Bohemia azul, Lima, n° 7, 1924. Estimule a criatividade, respeite o direito autoral. Emanuel Isaque Cordeiro da Silva © 201

    Development of a shiny application for survival data analysis

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    Dissertação de mestrado em Estatística para Ciência de DadosThere is a great demand for graphical interfaces to perform statistical analysis by professionals who do not have good knowledge of programming. Therefore, the main objective of this project was to create an application that allows any user, regardless of their computational knowledge, to perform survival analyses. To this end, we have used the R software and the RStudio development environment and its packages, namely the shiny package, to develop an interactive web app that we called survapp. This application allows the use of different methodologies for the analysis of survival data. The survapp contains the core survival analysis models and techniques, including the Kaplan-Meier, log-rank test, Cox models, and parametric accelerated failure time models. The web application implements decision trees and random forests for survival data. An analysis of competitive risks is also possible, a particular case of multi-state models. A brief description of the mathematical background underlying survival analysis, focusing on the main methods and models and the development of the shiny application, is presented in this thesis. The Shiny app is available at the Shiny Apps repository: https://emanuel-vieira.shinyapps.io/survapp/. The application can be a very useful tool

    Conceção de sistema de aquisição e processamento de dados baseado em sensor de fibra ótica para análise da pressão sanguínea

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    The developed work was focused on the creation of a data acquisition and processing system capable of extracting information related to an individual's blood pulse wave, using optical systems allied to an electronic support. For that, a fibre optic-based sensor was designed, which uses the variations in the intensity of reflected light, that will be modulated by the movement of the skin as a result of changes in the volume of blood inside the arteries. The signal from the optical sensor is acquired and processed by an electronic system also developed within the scope of this dissertation. It was subsequently developed, a MATLAB® application, which will be responsible for most of the signal processing, including: pulse wave acquisition, extraction and analysis of blood pressure parameters, real time data sampling, serial port or Bluetooth communication and a simple and interactive interface capable of adapting to various types of sensors. In a first phase, a literature review was carried out on various methods of waveform acquisition for obtaining key parameters related to blood pressure using intensity-based sensors. After the literature review, the main system was implemented, which consists of an optical sensor based on optical intensity modulations and a data acquisition, processing, and transmission system. Afterwards, the application is developed where the studied algorithms, the sensor-computer communication via serial port and Bluetooth and the interface for user interaction are implemented. The acquisition system and sensor developed were pre-validated in a hospital environment in comparison with a commercial and commonly used system. The project described throughout the dissertation was carried out in partnership with the company Brightstuff.O trabalho desenvolvido teve como foco a criação de um sistema de aquisição e processamento de dados capaz de extrair informação relacionada com a onda de pulso sanguínea de um individuo, utilizando sistemas óticos aliados a um suporte eletrónico. Para isso foi concebido um sensor baseado em fibra ótica que utiliza as variações na intensidade da luz refletida que vai ser modulada pelo movimento da pele como resultado das alterações no volume do sangue no interior das artérias. O sinal do sensor ótico é adquirido e processado por um sistema eletrónico também desenvolvido no âmbito desta dissertação. Foi, posteriormente, desenvolvida uma aplicação em MATLAB® que será responsável pela maior parte do processamento do sinal obtido, incluindo: aquisição de ondas de pulso, extração e análise de parâmetros relacionados com a pressão sanguínea, amostragem de dados em tempo real, estabelecimento de comunicação por porta serie ou Bluetooth e também uma interface simples e interativa capaz de se adaptar a vários tipos de sensor. Numa primeira fase, foi realizada uma revisão da literatura sobre vários métodos de aquisição de formas de onda adequadas, para a obtenção parâmetros chave relacionados com a pressão sanguínea utilizando sensores baseados em intensidade. Após a revisão da literatura, foi implementado o sistema principal, que é constituído por um sensor ótico baseado em modulações de intensidade ótica e por um sistema de aquisição, processamento e transmissão de dados. Posteriormente, é desenvolvida a aplicação onde serão implementados os algoritmos estudados, a comunicação sensor-computador via porta serie e Bluetooth e a interface para interação com o utilizador. O sistema de aquisição e sensor desenvolvidos foram pré-validados em ambiente hospitalar em comparação com um sistema comercial e usualmente utilizado. O projeto descrito ao longo da dissertação foi realizado em parceria com a empresa Brightstuff.Mestrado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicaçõe

    Evaluating the impact of traffic sampling in network analysis

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    Dissertação de mestrado integrado em Engenharia InformáticaThe sampling of network traffic is a very effective method in order to comprehend the behaviour and flow of a network, essential to build network management tools to control Service Level Agreements (SLAs), Quality of Service (QoS), traffic engineering, and the planning of both the capacity and the safety of the network. With the exponential rise of the amount traffic caused by the number of devices connected to the Internet growing, it gets increasingly harder and more expensive to understand the behaviour of a network through the analysis of the total volume of traffic. The use of sampling techniques, or selective analysis, which consists in the election of small number of packets in order to estimate the expected behaviour of a network, then becomes essential. Even though these techniques drastically reduce the amount of data to be analyzed, the fact that the sampling analysis tasks have to be performed in the network equipment can cause a significant impact in the performance of these equipment devices, and a reduction in the accuracy of the estimation of network state. In this dissertation project, an evaluation of the impact of selective analysis of network traffic will be explored, at a level of performance in estimating network state, and statistical properties such as self-similarity and Long-Range Dependence (LRD) that exist in original network traffic, allowing a better understanding of the behaviour of sampled network traffic.A análise seletiva do tráfego de rede é um método muito eficaz para a compreensão do comportamento e fluxo de uma rede, sendo essencial para apoiar ferramentas de gestão de tarefas tais como o cumprimento de contratos de serviço (Service Level Agreements - SLAs), o controlo da Qualidade de Serviço (QoS), a engenharia de tráfego, o planeamento de capacidade e a segurança das redes. Neste sentido, e face ao exponencial aumento da quantidade de tráfego presente causado pelo número de dispositivos com ligação à rede ser cada vez maior, torna-se cada vez mais complicado e dispendioso o entendimento do comportamento de uma rede através da análise do volume total de tráfego. A utilização de técnicas de amostragem, ou análise seletiva, que consiste na eleição de um pequeno conjunto de pacotes de forma a tentar estimar, ou calcular, o comportamento expectável de uma rede, torna-se assim essencial. Apesar de estas técnicas reduzirem bastante o volume de dados a ser analisado, o facto de as tarefas de análise seletiva terem de ser efetuadas nos equipamentos de rede pode criar um impacto significativo no desempenho dos mesmos e uma redução de acurácia na estimação do estado da rede. Nesta dissertação de mestrado será então feita uma avaliação do impacto da análise seletiva do tráfego de rede, a nível do desempenho na estimativa do estado da rede e a nível das propriedades estatísticas tais como a Long-Range Dependence (LRD) existente no tráfego original, permitindo assim entender melhor o comportamento do tráfego de rede seletivo

    Extraction and quantification of perivascular spaces based on vesselness filtering: A potential biomarker for Fabry disease

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    Tese de mestrado integrado, Engenharia Biomédica e Biofísica (Engenharia Clínica e Instrumentação Médica), Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2020Perivascular Spaces (PVS) allow interstitial solutes to be cleared from the brain contributing to the brain‘s homeostasis. Dysfunction of these pathways can occur if there is deposition of substances causing stagnation of fluid (CSF). Quantitative analysis of PVS on Magnetic Resonance Images (MRI) is important for understanding their relationship with dementia, stroke and vascular diseases. Manual delineation of PVS is very time consuming, and clinicians have to check multiple views in order to obtain a very accurate segmentation. Therefore, finding a method that would provide a reliable visual and quantitative information of a patient with PVS would enable a continuous monitoring giving clinical support throughout the development of each disease. Moreover, it would allow to understand and characterize PVS, provide useful insights into their role in normal brain physiology and small vessel disease (SVD). This work focused on the segmentation and further quantification of PVS in the brain using a vesselness filter (Frangi filter) . The Frangi filter, typically used to detect vessel-like or tube-like structures and fibers in volumetric image data, was capable to delineate, map and extract elongated and dot like features of PVS that were not easily seen when comparing with the non filtered images. However, this method requires a careful parameter optimization and further validation, since it presented different output behaviour in each MRI acquisition (T1-Weighted, T2-Weighted and T2-FLAIR). Also, quantitative analysis regarding the Frangi segmentation indicate that PVS visual rating scores may have a positive association with PVS volume. Statistical significance was found by clustering patients diagnosed with Multiple System atrophy (MSA), Progressive Supranuclear Palsy (PSP) and Fabry disease (FD) when compared with control patients
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