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Análise epidemiológica do suícidio em Goiás
Introdução: O suicídio é um fenômeno cada vez mais frequente no Brasil e no mundo, sendo a segunda causa de mortalidade entre jovens entre 15-29 anos, principalmente entre países de baixa e média renda. De acordo com dados da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. No Brasil, os dados sobre a real estimativa de mortes por suicídio são subestimados, o que se deve à falta de notificação eficiente e à grande população que o país comporta. Este fato contribui para um baixo coeficiente de mortalidade por suicídio. No entanto, o Brasil está entre os dez países com maior incidência de tentativa de suicídio, sendo a ingestão de tóxicos e medicamentos, o enforcamento e armas de fogo os principais meios de tentativa e de concretização do autoextermínio. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico das tentativas de suicídio relacionadas à ingestão de tóxicos e medicamentos em Goiás no período de 2017 a outubro de 2018. Material e métodos: Trata-se de um estudo quantitativo com delineamento transversal de base populacional. Considerou-se para pesquisa dados referentes ao uso de substâncias para tentativa de suicídio no período disponível na plataforma Scorpion do banco de dados do ConectaSUS. Resultados: Em Goiás, no período de 2017 a outubro de 2018 ocorreram 371, 3.528 e 106 casos de tentativa de suicídio por agrotóxicos, medicamentos e saneantes (produtos de limpeza), respectivamente. O principal agrotóxico usado nas tentativas de autoextermínio foi o chumbinho (carbamato ou organofosforado). A maioria dos indivíduos que tentaram suicídio teve manifestações clínicas leves. Entretanto, 25 pacientes evoluíram para óbito. A análise dos dados demonstrou que os medicamentos são uma das principais formas de tentativa de suicídio no período estudado. O grupo etário que mais teve tentativas de autoextermínio por medicação foi o de indivíduos de 20-29 anos, sendo, a maioria, mulheres (81,28%). Todavia, a taxa de suicídio foi maior entre homens no ano de 2017 (65,38%). No ano de 2018, até o mês de outubro, consta que 100% dos óbitos são representados por mulheres. Os saneantes foram usados por 106 indivíduos no período em análise para tentativa de suicídio, sendo a maioria das tentativas na própria residência. Conclusão: O estudo demostrou que no estado de Goiás o uso de medicamentos desponta como o principal meio de tentativa de suicídio entre as substâncias ingeridas. Apesar de as mulheres tentarem mais suicídio do que os homens, são estes os responsáveis pelo maior número de óbitos. Embora a maioria dos indivíduos que tentam suicídio apresente manifestações clínicas leves, alguns evoluem para óbito. Logo, faz-se necessária a abordagem e a busca ativa de indivídus com ideação suicida para assim reduzir a morbimortalidade associada, oferecendo-se ajuda e tratamento adequados
Panorama epidemiológico da dengue em Goiás nos últimos 10 anos
Introdução: Entre as doenças reemergentes em países tropicais e subtropicais, a dengue é a principal (artigo 2). Trata-se de uma doença febril aguda de caráter epidêmico cujos surtos ocorrem anualmente em quase todas as regiões do Brasil. Tem evolução benigna na forma clássica, mas grave quando se apresenta na forma hemorrágica, podendo rapidamente levar à morte (ministério e artigo 4). Fatores como a infestação do país pelo vetor, a suscetibilidade da população, o crescimento não planejado dos territórios e a falta de saneamento, de conscientização e de cuidado da população contribuem para a disseminação do Aedes aegypti e, paralelamente, dos vírus causadores da dengue (artigo 4). Objetivo: Descrever o panorama epidemiológico da dengue no estado de Goiás entre os anos de 2009 a 2018, segundo o número de internações e de óbitos e a taxa de mortalidade pela doença. Material e método: Estudo quantitativo com delineamento transversal de base populacional. Foram considerados todos os casos de internações em Goiás, no período de 2009 a 2018, por dengue clássica e hemorrágica, bem como o número de óbitos e a taxa de mortalidade pela doença. Os dados foram retirados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), disponível no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e posteriormente organizados e analisados por meio de frequência relativa ou absoluta. Resultados: No período estudado ocorreram 52.345 internações em Goiás por dengue em sua forma clássica ou hemorrágica. O maior número de internações ocorreu no ano de 2010 (18,7%), seguido pelo ano de 2015 (18,1%). Nos dois anos subsequentes ocorreu redução importante do número de internações, com 7,7% em 2016 e 6,3% em 2017. Em 2018, porém, as internações voltaram a aumentar, representando 9,4% nos dez anos de estudo. O número de óbitos pela doença foi de 226, sendo maior nos anos de 2015 (18,1%) e 2018 (15,0%), e menor no ano de 2009, com apenas 1,8% do total de óbitos. A taxa de mortalidade foi maior no ano de 2012, com 0,91 óbito/100.000 habitantes, o que vai de encontro ao número de internações, que representaram apenas 3,4% do total no mesmo ano. A menor taxa de mortalidade foi verificada em 2009, com 0,12 óbito/100.000 habitantes. Conclusão: A dengue é uma arbovirose potencialmente grave e constitui um problema de saúde pública no Brasil. Embora seu curso seja benigno na maior parte dos casos, a forma hemorrágica pode levar ao óbito. Entre 2009 e 2018 o número de internações e de óbitos e a taxa de mortalidade pela dengue oscilaram, caracterizando períodos de surtos importantes. Diante do panorama epidemiológico da dengue no Brasil e por se tratar de uma doença reemergente e prevenível, faz-se necessário que ações de vigilância e educação em saúde sejam implementadas com vigor, para que o combate ao vetor torne-se prática comum entre a população e não um comportamento emergencial e assim os números de casos e óbitos pela doença diminuam
Avaliação das dores crônicas pós-cirúrgicas e pós-traumáticas
INTRODUÇÃO: A dor crônica se configura como uma experiência sensorial e emocional desagradável, com duração mínima de 3 meses e que não desaparece com o emprego de procedimentos terapêuticos convencionais. A dor crônica pós-cirúrgica (CPSP) é uma complicação frequente, grave e reconhecida como um importante problema de saúde, que afeta o resultado pós-operatório dos pacientes, sua reabilitação e qualidade de vida com importantes consequências médico-econômicas. OBJETIVO: Avaliar os fatores de risco, a repercussão e as medidas preventivas relacionados às dores crônicas pós-cirúrgicas e pós-traumáticas em adultos nos últimos cinco anos. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura transversal, de abordagem qualitativa, feita através de buscas de artigos dos últimos 5 anos nas bases de dados Pubmed,, MEDLINE e SciELO, utilizando os descritores: Chronic postsurgical pain, chronic posttraumatic pain, chronic pain. Os critérios de inclusão estabelecidos foram os últimos cinco anos, adultos, já os de exclusão anteriores a 2018. Dessa forma, encontrou-se 16 artigos, dos quais 9 foram selecionados para leitura e coleta de resultados. RESULTADOS: Foram encontrados como fatores de risco relacionados à dor crônica pós cirúrgica, fatores genéticos, cirúrgicos e psicossociais. Em relação aos fatores genéticos, a dor crônica é reconhecida com traços genéticos e sugerem uma herdabilidade de até 70%. Indivíduos com idade avançada e do sexo feminino predispõe a maiores índices de dor crônica. Já os cirúrgicos, evidenciam que abordagens minimamente invasivas como a laparoscopia, reduzem a prevalência de dor crônica pós-operatória. O uso de opióides no pré-operatório aumenta a sensibilidade do sistema nervoso à dor. No perioperatório, o uso de pregabalina e gabapentina reduzem a dor pós-operatória. No pós-operatório imediato, o uso de analgésicos reduz a ativação do sistema nervoso central pela supressão do estímulo nociceptivo no local da cirurgia, já que a dor pós-operatória aguda mal controlada é um fator preditor de dor crônica pós-operatória. Fatores cognitivos e psicológicos, como depressão, estresse e ansiedade podem contribuir para um evento de catastrofização dos sintomas. CONCLUSÃO: A dor crônica pode ter como fatores preditivos a genética, o planejamento cirúrgico, o estado emocional, cognitivo e social do ser. Ambos influenciam nas respostas comportamentais frente às alterações físicas vivenciadas pelo paciente. Nessa perspectiva, revela-se a importância de uma avaliação bem feita do paciente para a elaboração de um plano de preparação visando reduzir a incidência da dor crônica pós-operatória
Brazilian Flora 2020: Leveraging the power of a collaborative scientific network
International audienceThe shortage of reliable primary taxonomic data limits the description of biological taxa and the understanding of biodiversity patterns and processes, complicating biogeographical, ecological, and evolutionary studies. This deficit creates a significant taxonomic impediment to biodiversity research and conservation planning. The taxonomic impediment and the biodiversity crisis are widely recognized, highlighting the urgent need for reliable taxonomic data. Over the past decade, numerous countries worldwide have devoted considerable effort to Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC), which called for the preparation of a working list of all known plant species by 2010 and an online world Flora by 2020. Brazil is a megadiverse country, home to more of the world's known plant species than any other country. Despite that, Flora Brasiliensis, concluded in 1906, was the last comprehensive treatment of the Brazilian flora. The lack of accurate estimates of the number of species of algae, fungi, and plants occurring in Brazil contributes to the prevailing taxonomic impediment and delays progress towards the GSPC targets. Over the past 12 years, a legion of taxonomists motivated to meet Target 1 of the GSPC, worked together to gather and integrate knowledge on the algal, plant, and fungal diversity of Brazil. Overall, a team of about 980 taxonomists joined efforts in a highly collaborative project that used cybertaxonomy to prepare an updated Flora of Brazil, showing the power of scientific collaboration to reach ambitious goals. This paper presents an overview of the Brazilian Flora 2020 and provides taxonomic and spatial updates on the algae, fungi, and plants found in one of the world's most biodiverse countries. We further identify collection gaps and summarize future goals that extend beyond 2020. Our results show that Brazil is home to 46,975 native species of algae, fungi, and plants, of which 19,669 are endemic to the country. The data compiled to date suggests that the Atlantic Rainforest might be the most diverse Brazilian domain for all plant groups except gymnosperms, which are most diverse in the Amazon. However, scientific knowledge of Brazilian diversity is still unequally distributed, with the Atlantic Rainforest and the Cerrado being the most intensively sampled and studied biomes in the country. In times of “scientific reductionism”, with botanical and mycological sciences suffering pervasive depreciation in recent decades, the first online Flora of Brazil 2020 significantly enhanced the quality and quantity of taxonomic data available for algae, fungi, and plants from Brazil. This project also made all the information freely available online, providing a firm foundation for future research and for the management, conservation, and sustainable use of the Brazilian funga and flora