40 research outputs found

    Atitude crítica, luta política e vida democrática: uma análise para além do pensamento de Michel Foucault

    Get PDF
    No presente artigo pretendo apontar, primeiramente, a relação entre diagnóstico do presente e atitude crítica a partir do pensamento de Michel Foucault. Na sequência, indicarei que a noção de atitude crítica é ao mesmo tempo parceira e adversária da governamentalidade, no sentido de que ela designa uma arte plural de não ser governado de determinada maneira e pelos mesmos agentes, sem, contudo, se posicionar fora do jogo governamental. Mostrarei ainda que as lutas políticas contra a saturação do jogo governamental podem ser pensadas como um desdobramento da atitude crítica. Finalmente, procurarei demonstrar que a tentativa cotidiana de viver e refletir democraticamente diante de um exercício autoritário do poder, como se pôde vislumbrar especialmente nos últimos anos no Brasil, pode ser entendida como um gesto de ressignificação da atitude crítica. A problematização deste campo de análise não foi diretamente tratada por Foucault, mas tem se tornado um objeto de estudo irrenunciável para o diagnóstico político de nosso presente

    Michel Foucault e o feminismo: algumas ferramentas conceituais

    Get PDF
    Neste artigo, indico como as análises de Michel Foucault podem fornecer algumas ferramentas conceituais para a crítica feminista. Inicio pela identificação dos processos de normalização que produzem o indivíduo moderno e como eles definem os papéis sociais a serem exercidos pelas mulheres. Aponto, em seguida, como seria possível caracterizar as resistências a esses processos de normalização disciplinar e governamental mediante noções, tais como contracondutas e atitude crítica. Sugiro, enfim, como o papel ocupado pelas mulheres na vida social e a função da maternidade que dela faz parte podem ser modificados

    Aproximações entre capital humano e qualidade total na educação

    Get PDF
    Neste artigo analisa-se como a educação, a partir da década de sessenta, passa a ser vista enquanto um investimento, um fator de produção, como incremento de capital, só que humano. A educação pública (enquanto direito) reveste-se de posturas próprias da lógica do capital. Essa passagem, ocorrida no capitalismo monopolista dos países centrais, tem influenciado não somente o tecnicismo das reformas educacionais brasileiras na relação entre educação e produtividade, mas também tem adquirido novas fisionomias nas reformas dos anos noventa com a idéia da qualidade total medida pela eficiência/produtividade. É com a finalidade de caracterizar essas novas fisionomias, e não simplesmente repetir as críticas anteriores, que se estuda a teoria do capital humano no âmbito das políticas públicas para as universidades oficiais, na perspectiva do pensamento neoliberal. Approximations between human stock and total quality in education Abstract The aim of this article is to analyse how education, since the 1 960s, has been viewed as an investiment, a factor of production, an increase in capital, which is, nevertheless, human capital. Public education (viewed as a human right) is characterized by attitudes and points of view that come, in fact, from the ones concerned with capital. This transition, which took place in the monopolist capitalism of developed countries, has influenced not only the technicism of Brasilian educational reform concemig the relationship between education and productivity, but it has also acquired new facets ín the 90s reform, due to the idea of total qualíty measured by efficiency/productivity. Therefore, the theory of human capital related to public policies for federal universities is studied, from the perspective of neoliberal thinking, and having as an aim the definition and characterization of those new facets, and not only the repetition of criticism which has already been expressed

    O governo biopolítico do migrante de sobrevivência: uma leitura crítica da lógica do capital humano na era neoliberal

    Get PDF
    In this article I follow the meaning of the verb “to govern” as the right disposition of men in their relation with things. This definition is proposed by Michel Foucault in Security, territory, population through his reading of the renaissance thinker Guillaume de La Perrière. I unfold and spread this meaning by analyzing the way of government that characterizes contemporary neoliberal biopolitics in its relation with the so called migrants of survival according to the definition of Alexander Betts. On the neoliberal biopolitical governmentality, the regulation of survival migrants is structured by its dependence on the circulation of things; in this case, the transnational flow of economic capital. I consider that the normative criterion that distinguishes good and bad circulation of migrants nowadays isn’t based on classical political ground. It’s made by the neoliberal axis of biopolitics, especially by the unfoldings of human capital concept. From this concept comes the idea that not only the productive work, but also the entire life of individuals is evaluated in terms of investments and risk to the acquisition of competences, on the development of performance and permanent mobility. On The Birth of Biopolitics, in 1979, Foucault considers that migration is one of the riskiest ways to earn human capital. Nevertheless he considers migration in an homogenous way, as if any migrant could subjective himself as a self-entrepreneur. I consider that the negative objectivation of survival migrants as unproductive and undesirables has as its possible cause their undifferentiated identification with any economical immigrant that searches to qualify his human capital. In presenting this argument, I point the mechanisms of economization of life which crosses neoliberal subjectivation and the reductionisms that results from it, as the reduction of life to homo economicus and its designation as human capital. I propose that a manner to avoid those reductionisms consists in the conversion of the look pointed to the survival migrants, starting by showing the rationality which feeds the biopolitical production of their existences.Neste artigo retomo o significado do verbo “governar” como sendo a disposição correta dos homens mediante sua relação com as coisas. Esta definição foi proposta por Michel Foucault em Segurança, território, população, a partir de sua leitura do pensador renascentista Guillaume La Perrière. Desdobro essa designação deixada por Foucault para analisar a maneira de governar da biopolítica neoliberal contemporânea dos chamados migrantes de sobrevivência, conforme a denominação de Alexander Betts. Na governamentalidade biopolítica neoliberal, a regulação da circulação dos migrantes de sobrevivência é realizada pela sua dependência da circulação das coisas, no caso, o livre fluxo transnacional do capital econômico. Cogito que o critério normativo para diferenciar entre a boa e a má circulação dos migrantes na época contemporânea não ocorre no terreno da política, mas na esfera neoliberal da biopolítica, especialmente seus desdobramentos no conceito de capital humano. Dele depreende-se que não somente o trabalho produtivo, mas ainda a vida completa dos indivíduos é avaliada em termos de investimentos e riscos pela aquisição de competências, desenvolvimento de performances e mobilidade contínua. Em Nascimento da biopolítica, de 1979, Foucault considera que a migração é um dos investimentos mais arriscados na aquisição de capital humano, porém a situa de maneira homogênea, como se qualquer migrante pudesse se subjetivar como um empresário e investidor de si mesmo. Sustento que a objetivação negativa dos migrantes de sobrevivência como improdutivos e indesejáveis tem como possível causa sua identificação indiferenciada a qualquer outro migrante econômico que busca qualificar seu capital humano. Ao apresentar este argumento, evidencio o mecanismo de economização da vida que permeia a subjetivação neoliberal e os reducionismos dele resultantes, tal como a redução da vida ao homo oeconomicus e sua designação como capital humano. Proponho que uma maneira de evitar estes reducionismos consiste na tentativa de conversão do olhar em relação ao migrante de sobrevivência, a começar pelo desnudamento da racionalidade que alimenta a produção biopolítica de sua existência

    A governamentalidade política no pensamento de Foucault

    Get PDF
    This article intends to show that the publication of Michel Foucault’s courses, Sécurité, territoire, population and Naissance de la biopolitique, given at Collège de France, shows not only a change of his analytics of power, but also the problematization of a new background for the continuation of his thinking. This background is the concept of governmentality. This neologism allows Foucault to analyze domains such as Arts of government, Liberalism and Neo-liberalism. Key words: governmentality, analytics of power, politics, liberalism, neoliberalism.O artigo pretende mostrar que a edição dos cursos de Michel Foucault no Collège de France intitulados Sécurité, territoire, population e Naissance de la biopolitique, em 2004, indica não somente uma modifi cação da sua analítica do poder, mas também a problematização de um novo pano de fundo para a sequência de seu pensamento, que é o conceito de governamentalidade. Esse neologismo permite a análise de domínios tais como Artes de governar, Liberalismo e Neoliberalismo. Palavras-chave: governamentalidade, analítica do poder, política, liberalismo, neoliberalismo

    Entre erros férteis e verdades anódinas: sobre “Foucault, a arqueologia e as palavras e as coisas: cinquenta anos depois”, de Ivan Domingues

    Get PDF
    The aim of this paper is to provide an appreciation of Michel Foucault’s The Order of Things reception, from the latest book by Ivan Domingues entitled “Foucault, a arqueologia e As palavras e as coisas: cinquenta anos depois” (Ed. UFMG, 2023). One of the scopes of the book is to examine the range of The Order of Things and its archaeological strategy to account for the presentation of the birth of human sciences, as well as its fragility and instability in the face of a possible change in the disposition of knowledge. Or Episteme’s disposition, according to Foucault terminology, whose signs of change can be observed on the occasion of the advent, in the twentieth century, of Lacanian psychoanalysis, ethnology and structural linguistics. By privileging its repercussions, expansions and rectifications fifty years later, it is not intended to “correct” Foucault from an epistemological point of view, but to point out the fertility and power of his thoughts for posterity. It is about going through “fertile errors and anodyne truths” (DOMINGUES, 2020, p. 386). The bet is that possible gaps, errors or confusions identifiable by Foucault himself and by his critics at the time never invalidate the fertility of a discussion concerning human sciences, which were never the same after Foucault.O objetivo deste artigo consiste em tecer uma apreciação da recepção de As palavras e as coisas, de Michel Foucault, a partir do último livro de Ivan Domingues, intitulado “Foucault, a arqueologia e As palavras e as coisas: cinquenta anos depois” (Ed. UFMG, 2023). Um dos escopos do livro é examinar o alcance de As palavras e as coisas e sua estratégia arqueológica, para dar conta da apresentação do nascimento das ciências humanas, bem como de sua fragilidade e instabilidade, diante de uma possível mudança na disposição do saber, cujos sinais podem ser observados por ocasião do advento, no século XX, da psicanálise lacaniana, da etnologia e da linguística estrutural. Ao privilegiar suas repercussões, expansões e retificações, cinquenta anos depois, não se tem a pretensão de “corrigir” Foucault, em função de um olhar de epistemólogo, todavia, apontar a fertilidade e a potência de seu pensamento para a posteridade. Trata-se de trafegar entre “[...] erros férteis e verdades anódinas.” (DOMINGUES, 2020, p. 386). A aposta é que possíveis hiatos, erros ou confusões identificáveis pelo próprio Foucault e por seus críticos, à época, jamais invalidam a fertilidade de uma discussão acerca das ciências humanas, as quais nunca mais foram as mesmas depois dele

    Philosophy in Brazil: legacies and perspectives

    Get PDF
    Resenha da obra: DOMINGUES, Ivan. 2017. Filosofia no Brasil: legados e perspectivas: ensaios metafilosóficos. São Paulo, Editora Unesp, 561 p.Book Review: DOMINGUES, Ivan. 2017. Filosofia no Brasil: legados e perspectivas: ensaios metafilosóficos. São Paulo, Editora Unesp, 561 p

    Biopoder e Racismo Político: Uma análise a partir de Michel Foucault </p><p> Biopower and political racism: an analysis from Michel Foucault </p><p> Biopoder y racismo político: un análisis desde Michel Foucault

    Get PDF
    Português A experimentação de novos tratamentos e medicamentos valeu-se dos humanos como cobaias desde que estes se deram conta de que isso poderia colaborar para uma melhoria das condições de vida. Porém, foram produzidas vítimas. Apesar dos grandes benefícios, interesses científicos e individuais podem ser conflituosos gerando complicações, mesmo éticas, como ocorreu no “Caso Tuskegee”, um estudo acerca da evolução da sífilis. Após narrar o mesmo, o presente artigo pretende elaborar uma interligação com o biopoder de Foucault. O biopoder inicia-se com o advento do capitalismo e de uma medicina com função de higiene pública, centralização da informação, saneamento e controle de doenças e, imbuída desse papel, passa a exercer um controle do uso dos corpos e da manutenção da saúde da população. Questionando Tuskegee, chega-se a outro ponto ressaltado por Foucault: que para o exercício do poder e da função de morte em um sistema político centrado nele, há que intervir o racismo político. O termo “racismo” empregado por Foucault pode hoje abrigar as diferenças de raça ou cor, de padrões midiaticamente exigidos; ele também pode incluir as situações de exclusão, desigualdades sociais, encarceramento e abandono. Enfim, discute-se a diferença entre relações de poder e processos de dominação no pensamento de Foucault. Para ele, não há relações de poder sem resistências; e onde há dominação, as resistências são inoperantes. English Ever since men realized that experimenting new treatments and drugs on humans could contribute to an improvement of living conditions, human beings have been tested as Guinea pigs. Despite all the benefits it might provide to science, many have produced victims. Furthermore, scientific and individual interests might be conflicting, generating ethical complications, such as what happened in the Tuskegee Case, a study on the evolution of syphilis. After narrating this case, the present article intends to establish a connection with Foucault’s ideas on Biopower. Biopower has begun with the advent of capitalism and a health and medical system designed to control diseases and information, promote public hygiene and sanitation. Imbued with such role, medicine starts to take control over the population’s use of the bodies and the health care maintenance. Other ideas discussed here are the motives behind Tuskegee, emphasized by Foucault, as the usage of power and the function of death in a political system that is centered on Biopower. The term racism, used by Foucault, includes difference in races or color, media-imposed beauty and intellectual standards, social and economic differences, exclusion, imprisonment, abandonment. The differences between relations of power and of constraint according to Foucault’s view are also discussed. For him, there is no balance of power without resistance. However, wherever there is domination, resistance becomes inoperative. Español La experimentación de nuevos tratamientos y medicaciones se vale de los seres humanos como cobayas desde que ellos se dieron cuenta de que eso podría colaborar para un perfeccionamiento de las condiciones de vida. Sin embargo, han sido producidas víctimas. Pese a los grandes beneficios, los intereses científicos o personales se vuelven conflictivos cuando generan complicaciones, hasta mismo de carácter ético. Eso fue lo que pasó en el “Caso Tuskegge”, una investigación respecto de la evolución de la sífilis. Luego de la descripción del mismo, este artículo busca hacer una conexión con los trabajos sobre el biopoder, de Michel Foucault. El biopoder comienza con el advenimiento del capitalismo y de una medicina con rasgos de higiene pública, concentración de la información, saneamiento y control de enfermedades. Encargada de ese rol, la medicina ejerce un control del uso del cuerpo y el mantenimiento de la salud de la población. Cuestionando Tuskegee, se llega a otro punto subrayado por Foucault: en razón del ejercicio del poder y de la función de muerte en un sistema político centrado en él, es imprescindible la intervención del racismo político. El vocablo “racismo” utilizado por Foucault puede hoy anidar las distinciones de raza o color, de estándares demandados por los medios de comunicación; también pude incluir situaciones de exclusión, desigualdades sociales, arresto y abandono. En fin, es discutida la distinción entre relaciones de poder y procesos de dominación en el pensamiento de Foucault. Según él, no hay relaciones de poder sin resistencias; y, donde hay dominación, las resistencias son inoperantes. <p

    Editorial

    Get PDF

    Editorial

    Get PDF
    corecore