48 research outputs found

    Consumo e transporte coletivo

    Get PDF
    O problema do consumo se coloca para o transporte coletivo, a meu ver, da seguinte forma. É preciso distinguir o momento em que o usuário passa a cliente -- em que o passageiro não é tratado como alguém que tem direito de uso daquele transporte coletivo, mas como um consumidor -- de deslocamento e do que for possível consumir naquele contexto --, como cliente. É quando o direito de uso é substituído pelo fenômeno do consumo. Este pode até vir a ser chamado de direito, mas se observa que este direito tende a beneficiar menos as pessoas do que as empresas que lhes vendem algo, inclusive transporte. Tipicamente isso ocorre na situação de propriedade ou ao menos de operação privada dos transportes coletivos. Curiosamente, muitas vezes a “regulação” por parte do Estado -- da concessão, permissão ou outra modalidade de privatização -- é muito menos a guardiã do uso do que a garantidora desse consumo tomado como direito, não sem alguma distorção

    Automação, comunicação e vigilância no metrô de São Paulo

    Get PDF
    Com a implementação da Linha 4-Amarela, várias inovações técnicas e organizacionais foram introduzidas no metrô de São Paulo. Entre elas, destaca-se a automação integral da condução, em que os trens são conduzidos pelo equipamento embarcado sob supervisão de uma sala de controle central. Mostro, no texto, como o ambiente sócio-técnico da Linha 4 é afetado por essa inovação e exploro uma de suas consequências mais notáveis: o investimento na vigilância. A partir de trabalho etnográfico, argumento que os aspectos de monitoramento e pilotagem a distância são enfatizados na operação da linha, e exploro as repercussões nos circuitos comunicativos que se constroem no quotidiano das viagens, envolvendo agentes, usuários e máquinas

    Difusão de inovações nos circuitos comunicativos do metrô de São Paulo: a experiência da Linha 4 e ressonâncias na rede

    Get PDF
    Este artigo apresenta alguns resultados de minha pesquisa etnográfica sobre as linhas 4-Amarela e 5-Lilás do metrô de São Paulo. A Linha 4 é a primeira com condução totalmente automática (sem condutor humano) e com operação privada. A Linha 5 foi recentemente concedida e será possivelmente automatizada. Na Linha 4, a implementação da inovação tecnológica associou-se a uma recomposição do trabalho metroviário, que se tornou polivalente. Como ocorre em casos de automação na indústria, a inovação tecnológica carreou a inovação organizacional. Procuro compreender as associações entre inovações em seu processo de difusão no contexto da Linha 4, observando repercussões na Linha 5 e no conjunto da rede. Considero a difusão de inovações, a partir de Rogers (2003), como processo comunicacional. O meio sociotécnico do metrô funciona como um canal de comunicação, com seus circuitos comunicativos em que maquinismos e ação humana não cessam de se imbricar.This study shows a few results of my ethnographic research on lines 4-Amarela and 5-Lilás of the São Paulo subway. Line 4 is the first fully automated (driverless) and privately operated line in the system. Line 5 was recently privatized and will possibly be automated. The introduction of technological innovation in Line 4 was associated with a reshaped subway work, which began multitasking. Technological innovation seems to have led, to some extent, to organizational innovation. I seek to understand the associations between innovations in their diffusion process in the context of Line 4, observing its repercussions on Line 5 and on the network as a whole. I consider diffusion of innovations, based on Rogers (2003), as a communicational process. The subway sociotechnical environment works as a communication channel, with its communicative circuits in which machinery and human action constantly intertwine.Este texto presenta los resultados de mi investigación etnográfica sobre las líneas 4-Amarela y 5-Lilás del metro de São Paulo. La Línea 4 es la primera a tener conducción completamente automática (sin conductor humano) y de operación privada. La Línea 5 fue concedida recientemente y es posible su automatización. En la Línea 4, la implementación de la innovación tecnológica estuvo asociada a una recomposición del trabajo en el metro, que pasó a ser polivalente. Al igual que los casos de automatización en la industria, la innovación tecnológica ha llevado a la innovación organizacional. En este sentido, busco comprender las asociaciones entre las innovaciones en su proceso de difusión en el contexto de la Línea 4, observando repercusiones en la Línea 5 y en el conjunto de la red. Basada en Rogers (2003), considero la difusión de innovaciones como un proceso comunicacional. El entorno sociotécnico del metro funciona como una vía de comunicación, con sus circuitos comunicativos en los que la maquinaria y la acción humana no dejan de entrelazarse

    Sobre a etnografia e sua relevância para o campo da comunicação

    Get PDF
    Neste trabalho examinamos alguns aspectos da etnografia, destacando sua dimensão experiencial e a técnica de observação participante. Ao estipular uma forma particular de pesquisar, a etnografia traz também um repertório de questões muito férteis, o que nos faz compreendê-la como “método-pensamento”. Em seguida, a partir dessa argumentação, consideramos características da teoria e da prática de pesquisa no campo da comunicação e exploramos algumas possibilidades de utilização da etnografia nesse contexto

    Dinâmicas Da Experiência Da Automatização Integral Da Condução No Metrô De Paris // Dynamics In The Experience Of Full Automation Of Conduction In The Paris Subway

    Get PDF
    Resumo Neste trabalho apresentamos alguns resultados da pesquisa recentemente concluída sobre a reconfiguração dos circuitos comunicacionais no contexto das linhas de condução totalmente automática (sem condutor humano) no metrô de Paris. Tomando a teoria ator-rede como referencial teórico e a etnografia como método, mostramos como se instaura um nova distribuição de competências para as tarefas de operação e utilização do metrô e exploramos a variedade de posições e modos de abordagem dos diversos interlocutores. Apontamos que, no contexto da implementação desse sistema integrado de automatismos no metrô de Paris e da controvérsia que se gerou, atingiu-se uma situação de equilíbrio em que, por outro lado, é possível discernir tensões atuais ou potenciais. Abstract In this paper we present some results of the recently completed research on the reconfiguration of communicational circuits in the context of the fully automated lines (with no human conductor) of Paris subway. Taking Actor-network theory as a theoretical framework and ethnography as method, we argue that a new distribution of competences for subway operational tasks and utilization gets established and we explore the variety of stands and approaches developed by our diverse interlocutors. We point out that, in the context of the implementation of this integrated system of automatisms in the Paris subway and of the controversy that was generated, a situation of equilibrium was reached in which, on the other hand, one can discern actual or potential tensions

    Dynamics of Innovation: Full Train Automation and Human Agency on Line 4 of the São Paulo Subway

    Get PDF
    Considero o metrô como um complexo sistema de comunicação, abrangendo dispositivos tecnológicos (que enviam mensagens operacionais para manter o fluxo dos trens) e pessoas (passageiros e operadores que interagem entre si e com mecanismos). Os circuitos comunicativos de um metrô são arranjos híbridos de interfaces que geram um ambiente midiático onde tecnologia e agência humana se imbricam. Tenho investigado, em pesquisa etnográfica, a reconfiguração dos circuitos comunicativos no contexto da Linha 4 do metrô de São Paulo, que opera com trens totalmente automáticos. Na situação de automação integral da condução, o componente tecnológico do ambiente do metrô é enfatizado — condutores são substituídos por computadores de bordo sob a supervisão de uma sala de controle, mecanismos são introduzidos no edifício do metrô e o pessoal de estação tende a ser reduzido. Uma outra materialidade se constrói no ambiente do metrô com a predominância da operação remota que as tecnologias digitais estipulam. No caso da Linha 4, contudo, o número mais expressivo de agentes nas estações e a presença de agentes nos trens automáticos, preparados para automação desassistida, mostram que o projeto não se realizou plenamente. Neste artigo, apresento alguns elementos do conjunto de explicações e comentários de profissionais ligados, de várias maneiras, à implementação da Linha 4 para a questão da assistência nos espaços da linha, particularmente no que concerne ao fenômeno da presença humana nos trens. Exploro também, com apoio em conversas com passageiros e na observação participante, como se desdobra no quotidiano das viagens. A tensão entre o previsto e o realizado tem se apresentado como um componente expressivo das complexas dinâmicas da recepção social da inovação na Linha 4 do metrô de São Paulo. Palavras-chave: Inovação. Circuitos Comunicativos. Metrô (São Paulo).I take the subway as a complex communication system, comprising both technological devices (that constantly send out operational messages to keep the trains running) and people (riders and transport workers, who interact with each other and with mechanisms). Subway communicative circuits are hybrid arrangements of interfaces that shape a media environment where technology and human agency incessantly imbricate. In my ethnographic research, I explore the reconfiguration of communicative circuits in the context of Line 4 of the São Paulo subway, where fully automated, driverless trains were introduced. In the situation of full automation, the technological component of subway environment is emphasized — human train operators are replaced by onboard computers under the supervision of a control room, mechanisms are introduced all over the building, and station personnel tends to be reduced. Another sort of materiality is shaped in the subway environment with the prevailing of remote operations stipulated by digital technologies. In the case of Line 4, however, the project was not completely fulfilled. There are more station agents than the project initially established, and the more surprising presence of agents on the automated trains, which were supposed to run completely unattended. In this paper, I explore interviews with subway professionals on the issue of assistance in the subway facilities, focusing on the case of the onboard agent. I also examine, relying on my participant observation and on interviews with riders, its developments in the everyday routine of subway rides. The tension between the project and its realization has been playing a significant role in the complex dynamics of social reception of innovation in the Line 4 of São Paulo subway. Keywords: Innovation. Communicative circuits. Subway (São Paulo)

    Sobre a etnografia e sua relevância para o campo da comunicação

    Get PDF
    Neste trabalho examinamos alguns aspectos da etnografia, destacando sua dimensão experiencial e a técnica de observação participante. Ao estipular uma forma particular de pesquisar, a etnografia traz também um repertório de questões muito férteis, o que nos faz compreendê-la como “método-pensamento”. Em seguida, a partir dessa argumentação, consideramos características da teoria e da prática de pesquisa no campo da comunicação e exploramos algumas possibilidades de utilização da etnografia nesse contexto

    “A humanidade múltipla e suas trocas” Entrevista com René Schérer

    Get PDF
    Professor Emérito do Departamento de Filosofia da Universidade de Paris 8, René Schérer é autor de vastíssima obra, incluindo livros como Zeus Hospitalier, Utopies Nomades e Regards sur Deleuze. Em sua trajetória longa e consistente de grande pensador, estudioso e militante,  desenvolveu uma filosofia rigorosa e comprometida com o contemporâneo. Para esta entrevista que concedeu por e-mail à Revista ECO-Pós, preparei uma nota introdutória e uma bibliografia selecionada de suas obras. O texto está ilustrado por belos desenhos de sua autoria e se desenvolve em três movimentos: Comunicação, Hospitalidade e Viagens

    Comunicação urbana

    Get PDF
    Editorial - Dossiê - Comunicação urban

    Humanos e máquinas no metrô

    Get PDF
    Resumo: Neste trabalho analisamos as repercussões que a recente implementação de um novo sistema de bilhetagem eletrônica trouxe para o quotidiano dos usuários do metrô do Rio de Janeiro. A adoção de um sistema de bilhetagem envolve a escolha de uma tecnologia e a estipulação de um regime de cobrança. Ao acompanhar essa evolução tecnológia no metrô do Rio de Janeiro, exploramos como os usuários têm aprendido a abordar as novas interfaces com as máquinas automáticas e enfrentado as condições de pagamento que no mesmo golpe são impostas. Observamos como as ferramentas tecnológicas se acoplam a ações humanas tanto no que diz respeito à própria construção do novo sistema quanto à sociabilidade que se desenvolve no espaço tecnológico do metrô. Palavras-Chave: Tecnologia; Metrô (Rio de Janeiro); Sociabilidade Abstract: In this work we analyze the repercussions of the recently implemented fare collection system with smart cards in the Rio de Janeiro subway. The implementation of a fare collection system involves opting for a certain technology as well as stipulating a regime of fare charging. As we follow this technological evolution in the Rio de Janeiro subway, we observe how its riders learn to address the new interfaces with the automatic machines and to cope with the payment conditions which are at the same time imposed. We note, in this context, how the technological devices are coupled with human actions in the very construction of the new fare collection system as well as in the sociability that evolves in the technological space of the subway. Keywords: Technology; Subway (Rio de Janeiro); Sociability
    corecore