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    A floresta do futuro: conhecimento, valorização e perspectivas de uso das formações florestais secundárias no Estado de Santa Catarina

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais.Este estudo teve por objetivo compreender a dinâmica dos processos ecológicos e do uso das formações secundárias em Santa Catarina, destacando o seu papel como os principais remanescentes florestais da Mata Atlântica no Estado. A proposta integra métodos quantitativos e qualitativos, tendo como referência conceitual e metodológica o pensamento sistêmico e a prática sistêmica como recursos que podem auxiliar na avaliação das situações apresentadas. O trabalho envolve a caracterização do mosaico florestal em diferentes estágios de sucessão secundária, abordando aspectos da sua estrutura, composição florística e dinâmica. Esses aspectos foram também analisados à luz dos parâmetros apontados na legislação em vigor que regulamenta o uso dos ecossistemas desse bioma. Foram também estudadas as mudanças na relação dos agricultores com os recursos florestais ao longo do tempo em pequenos estabelecimentos agrícolas do Estado, com destaque para as suas motivações e expectativas sobre as possibilidades de conservação e uso das áreas florestais remanescentes. A base de dados para estes estudos foi formada a partir de inventários florestais e entrevistas com agricultores familiares em estabelecimentos agrícolas nas três tipologias florestais com ocorrência no Estado, além da análise dos pedidos de supressão de vegetação nativa disponíveis na Fundação de Meio Ambiente (Fatma). Os resultados mostraram que o uso econômico do solo foi a principal justificativa dos solicitantes para a supressão da vegetação, onde o reflorestamento com espécies exóticas foi a maior demanda (43%) dentro das 1.753 solicitações avaliadas. Foi verificada a inconsistência entre as características ecológicas dos estágios sucessionais das formações secundárias e os parâmetros legais que a atual Resolução do CONAMA aponta para defini-los. Com base nos resultados também é apontada a necessidade de normatização no processo de amostragem da vegetação, propondo-se que os inventários para fins de classificação da vegetação em estágios de regeneração incluam todos os indivíduos com DAP = 5 cm e que a Área Basal seja a principal variável analisada para essa classificação. Foram encontradas 343 espécies arbustivas e arbóreas pertencentes a 73 famílias botânicas nos 24.000 m2 de levantamento, demonstrando a importância destas formações florestais na manutenção da biodiversidade em nível de paisagem. Essa diversidade, associada ao conhecimento do ecossistema, e o potencial de uso apontado pelo agricultores entrevistados, reforça o papel das formações florestais secundárias como recursos renováveis capazes de contribuir para atender as necessidades dessas populações rurais, ao mesmo tempo em que podem ser mantidos os benefícios da sua conservação. Para que isso ocorra, existe a necessidade imediata de implementação de uma política ambiental, que promova a valorização dos remanescentes florestais nativos no Estado

    Formações florestais secundárias como recurso para o desenvolvimento rural e a conservação ambiental no litoral de Santa Catarina

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos VegetaisO processo de sucessão florestal secundária do bioma Mata Atlântica é caracterizado por estádios sucessionais fitofisionomicamente bem definidos, estando o uso de recursos dessas formações, condicionado ao estádio em que o remanescente encontra-se (DL 750/1993). Em Santa Catarina, a resolução No 04/94 do CONAMA definiu vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração, regulamentando o Decreto Federal 750, a fim de orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais. Os produtores rurais, que tradicionalmente utilizavam os recursos florestais como parte integrante das atividades agrícolas, se dizem fortemente prejudicados pela resolução alegando que esta foi elaborada sem nenhum estudo aprofundado sobre o processo de sucessão, comprometendo a continuidade do sistema produtivo da região. Objetivando-se entender estas suposições e contribuir para as discussões sobre os processos ecológicos da floresta, sobre a legislação que regulamenta o uso dos recursos e sobre a percepção e intenção dos agricultores frente aos recursos presentes em suas propriedades, foram realizados levantamentos em blocos homogêneos de floresta nos diferentes estádios da sucessão: Baccharisietum, Myrsinietum, Miconietum e Arbóreo Avançado, medindo-se o diâmetro (DAP) e altura de todos os indivíduos (> 1,3m), além de ser calculada a área basal (AB) da floresta. Também foi anotada a espécie a que pertence cada indivíduo. O estudo foi realizado em propriedades agrícolas situadas no município de São Pedro de Alcântara-SC, localizado a 50 km de Florianópolis, com vegetação característica de Floresta Ombrófila Densa. Foram, também, realizadas entrevistas semi-estruturadas com os agricultores, procurando entender as relações e intenções destes com os remanescentes florestais, contribuindo, ao mesmo tempo, para caracterização do uso das terras e do mosaico de formações florestais em suas propriedades. O critério de amostrar todas as plantas arbóreas com diâmetro à altura do peito (DAP) superior a 5 cm, mostrou-se eficiente em atender a necessidade de definição de uma metodologia de amostragem dos indivíduos para caracterização dos estádios sucessionais. Os valores médios para as características estruturais dos diversos estádios de desenvolvimento foram: 1) Baccharisietum: DAP 6,6 cm, altura 4,5 m e área basal 2,5 m2/ha; 2) Myrsinietum: DAP 7,5 cm, altura 6,1 m e área basal 10,1 m2/ha; 3) Miconietum: DAP 10 cm, altura média 7,8 m e área basal 27,3 m2/ha; 4) Arbóreo Avançado: DAP 12,8 cm, altura média 9,5 m e uma área basal de 39,9 m2/ha. O significativo crescimento da comunidade vegetal em relação aos parâmetros estruturais até 30 anos após o abandono das atividades agrícolas, demonstra o grande potencial das formações secundárias, considerando a produção de biomassa, como um recurso renovável capaz de contribuir para atender as necessidades das populações rurais, através da seleção espécies que apresentam potencialidades ecológicas e econômicas. Verificou-se que não é possível enquadrar os blocos de floresta levantados nos estádios de regeneração definidos pela Resolução nº04/1994 do CONAMA, principalmente quando se consideraram as espécies indicadoras de cada estádio sucessional. Por sua vez, os agricultores da região mantêm, em seus discursos, a insatisfação e atribuição de responsabilidades às legislações florestais pela redução das atividades agrícolas e crescentes dificuldades para atendimento das suas necessidades. Reconhecem a importância das florestas secundárias enquanto possíveis promotoras de bens e serviços, demonstrando deter conhecimentos sobre as espécies e o ambiente. As recentes restrições ao uso dos recursos florestais têm proporcionado alterações na composição da paisagem das propriedades agrícolas da região de estudo, onde se constata uma diminuição das áreas destinadas à agricultura de pousio e um aumento crescente das áreas com formações florestais secundárias, configurando-se basicamente três formas de ocupação da terra de acordo com as perspectivas de usos: a) áreas com formação florestal secundária sem uso econômico atual, b) áreas de uso agrícola permanente, principalmente pastagens, c) e áreas cobertas com vegetação secundária e agrícolas passíveis de rotação. Uma simulação do uso da terra revelou que é possível, do ponto de vista da disponibilidade de áreas ao longo do tempo, a continuidade do sistema de pousio, principalmente quando este destina-se à subsistência. É importante destacar a evidente carência de normas adequadas de conservação e uso, sendo necessárias discussões que envolvam questões práticas, técnicas, científicas e políticas que amenizem esta carência. Os resultados deste estudo demonstram algumas funções ecológicas, econômicas e sociais das formações florestais secundárias, por isso faz-se urgente reconhecer sua importância enquanto recurso capaz de promover o desenvolvimento local e a conservação ambiental

    Análise fitogeográfica dos campos de Curitibanos

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    Artigos apresentados em forma de "banner" na Primeira Mostra Científica e Tecnológica da UFSC CuritibanosAs ações antrópicas e dinâmicas ecológicas alteram constantemente as paisagens ao longo dos anos afetando classificações vigentes em determinados períodos, podem inclusive as tornarem inadequadas, então cabe aos pesquisadores o estudo desses locais afim de garantir a veracidade das informações expostas. Desta forma, no presente estudo busca-se analisar a atual classificação da cidade de Curitibanos que está localizada em Santa Catarina, que segundo Roberto Klein, pode-se definir a região como campos naturais de Curitibanos, compostos por vegetação rasteira ideais para pastagens observando-se ainda capões e bosques de indivíduos característicos da Floresta Ombrófila Mista. Entretanto, essa classificação foi realizada no ano de 1978 e atualmente observamos uma paisagem diferente, caracterizada por grandes fragmentos arbóreos e poucas áreas de campos naturais, contrário ao proposto. Portanto, um estudo acerca da vegetação regional se faz necessário, buscando analisar se originalmente eram campos ou poderia ter-se classificado como predominantemente composta por áreas de florestas que devido a atividades humanas se transformaram em campos antrópicos. Assim, com um resgate na literatura e também por imagens aéreas e de satélite, conseguiremos inferir sobre a evolução da paisagem curitibanense, sendo que, serão construídos mapas de diferentes anos, afim de realizar uma sobreposição e assim obter-se uma análise mais completa, fazendo-se necessário visitas à campo de áreas pouco alteradas, caso encontradas. Por fim, concluir se a região do município de Curitibanos pode ser classificada como campos naturais ou será necessário uma revisão do atualmente aceito no meio científico

    Papel da fauna do solo na decomposição da serapilheira em povoamentos de pinus sob bioma Mata Atlântica

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    Litter production and its decomposition play an important role in the terrestrial carbon cycle and soil quality, being a crucial process involved in ecosystem productivity and functioning. Understanding this process under pine commercial stands or pine invasions is crucial to design forest management or ecosystems restoration. We conducted a study in a commercial pine plantation (Pinus taeda L.) under Atlantic Forest biome to investigate (1) the contribution of soil fauna to pine litter mass loss; (2) the litter fauna feeding activity within seasons. Litter bags with pine needles (5 g dry weight) were prepared as exclusion treatments for different sized soil fauna by varying mesh size (2 mm and 0.06 mm). Litter bags were removed after 60, 120, 180, 240, 300, and 365 days to estimate the decomposition rates. Bait lamina sticks were exposed seasonally and horizontally in soil surface to determine the fauna feeding activity on litter. We found: (1) no differences in litter mass loss and decomposition rate when soil macrofauna and most of the mesofauna were excluded; (2) feeding activity of litter organisms was higher in the summer, probably stimulated by a combination of high temperature and rainfall. In commercial pine stands, we can conclude that the nutrient cycling is slower than in natural areas, related to litter traits, as described in the scientific literature. Our results indicated that soil macro and mesofauna play a low role in the pine litter decomposition, where the organic material decomposition is more related to microorganism’s activity.A produção de serapilheira e sua decomposição desempenham um papel importante no ciclo do carbono terrestre e na qualidade do solo, sendo um processo crucial envolvido na produtividade e funcionamento do ecossistema. Compreender esse processo em áreas comerciais de pinus ou invasões de pinus é crucial para projetar o manejo florestal ou a restauração de ecossistemas. Conduzimos um estudo em uma plantação comercial de pinus (Pinus taeda L.) no bioma da Mata Atlântica para investigar (1) a contribuição da fauna do solo para a perda de massa da serapilheira; (2) a atividade alimentar da fauna edáfica na serapilheira dentro das estações do ano. As bolsas de decomposição com acículas de pinus (5 g, peso seco) foram preparadas como tratamentos de exclusão para a fauna do solo de diferentes tamanhos, variando o tamanho da malha (2 mm e 0,06 mm). As bolsas de decomposição foram removidas após 60, 120, 180, 240, 300 e 365 dias para estimar as taxas de decomposição. Bait laminas foram expostos sazonalmente e horizontalmente na superfície do solo para determinar a atividade de alimentação da fauna na serapilheira. Encontramos: (1) nenhuma diferença na perda de massa da serapilheira e na taxa de decomposição quando a macrofauna do solo e a maior parte da mesofauna foram excluídas; (2) a atividade alimentar dos organismos da serapilheira foi maior no verão, provavelmente estimulada por uma combinação de alta temperatura e umidade. Em plantios comerciais de pinus, podemos concluir que a ciclagem de nutrientes é mais lenta do que em áreas naturais, o que está relacionado às características das acículas, descritas na literatura. Nossos resultados indicaram que a macro e a mesofauna do solo desempenham um papel menor na decomposição da serapilheira em plantios comerciais de pinus, indicando que o processo de decomposição em tais povoamentos está mais relacionada à atividade dos microrganismos
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