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MÍDIA E DESCENTRAÇÃO SOCIAL: A INFLUÊNCIA NO JULGAMENTO SOBRE ADOLESCENTES ENVOLVIDOS EM ATOS INFRACIONAIS
Este estudo teve como objetivo verificar se a quantidade e a qualidade de informações oferecidas pela mídia podem influenciar o julgamento sobre adolescentes envolvidos em atos infracionais. A base teórica utilizada foi a perspectiva piagetiana sobre o desenvolvimento da descentração social, operacionalizada neste estudo através de manifestações de tomada de perspectiva social e empatia. Foi realizada uma pesquisa quase-experimental, com quatro grupos focais, diferenciados a partir da quantidade e do tipo de informação oferecida ao grupo sobre o tema. Após assistirem aos vídeos da condição experimental, cada participante respondeu questões sobre o tema e cada grupo realizou uma discussão coletiva sobre as respostas a essas perguntas. A análise das transcrições das discussões em grupo foi realizada pelo software Alceste, através do procedimento de Análise Cruzada. Os resultados mostraram que cada grupo enfatizou argumentos presentes nas informações contidas na sua condição experimental, de modo que essas informações parecem influenciar seu julgamento sobre a temática. O grupo que recebeu mais informações e sobre aspectos diferenciados do tema apresentou argumentos mais abrangentes que os demais grupos, com demonstrações de tomada de perspectiva social e empatia. Concluiu-se que o acesso a informações variadas favorece a descentração social e permite julgamentos mais complexos
Clinical Manifestations and Complications of Children With COVID-19 Compared to Other Respiratory Viral Infections: A Cohort Inpatient Study From Rio de Janeiro, Brazil
IntroductionThe coronavirus disease-2019 (COVID-19) clinical manifestations in children and adolescents are diverse, despite the respiratory condition being the main presentation. Factors such as comorbidities and other respiratory infections may play a role in the initial presentation of severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) infection. This study aims to describe the epidemiological aspects, clinical, and laboratory manifestations of pediatric patients admitted to a tertiary pediatric hospital in Rio de Janeiro, diagnosed with COVID-19, and compare these with other viral conditions during the first year of the SARS-CoV-2 pandemic.MethodsAll patients under 18 years of age that were admitted with upper airway infection were enrolled and followed up for 30 days. The main dependent variable was the laboratorial diagnosis of SARS-CoV-2, and independent variables were studied through logistic regression.ResultsA total of 533 patients were recruited, and 105 had confirmed SARS-CoV-2 infection. Detection of other viruses occurred in 34% of 264 tested participants. Six patients died (two in SARS-CoV-2 infected group). The variables independently associated with COVID-19 were older age (OR = 1.1, 95% CI = 1.0–1.1), lower leukocytes count at entry (OR = 0.9, 95% CI = 0.8–0.9), and contact with suspected case (OR = 1.6, 95% CI = 1.0–2.6). Patients with COVID-19 presented higher odds to be admitted in an intensive care unit (OR = 1.99, 95% CI = 1.08–3.66).ConclusionsEven during the SARS-CoV-2 pandemic, several other respiratory viruses were present in admitted pediatric patients. Variables associated with COVID-19 infection were older age, lower leukocytes count at entry, and a domiciliary suspect contact. Although patients with COVID-19 were more frequently admitted to ICU, we did not observe higher mortality in this group
Apresentação clínica peculiar de sífilis primária na cavidade oral
Syphilis, a sexually transmitted infection, has increased in incidence over the years, especially among the adult population. The oral manifestation of primary syphilis is usually characterized by a clinical course variable in which it progresses to the next stages if not treated. In this report, we present two cases of oral manifestation of primary syphilitic lesion with peculiar clinical characteristics, and we emphasize the importance of a correct diagnosis. Biopsies were needed for differential diagnosis and serological exams were requested. The histopathological analysis suggested the diagnosis and the immunohistochemistry confirmed the presence of Treponema pallidum. Antibiotic therapy was initiated with complete remission of the lesion. Therefore, a thorough anamnesis and a thorough clinical examination are essential for establishing the correct diagnosis, to begin the treatment of syphilis as soon as possible, thus avoiding the disease’s progression.A sífilis, uma infecção sexualmente transmissível, aumentou sua incidência ao longo dos últimos anos, especialmente entre a população adulta. A manifestação oral da sífilis primária é geralmente caracterizada por um curso curto, no qual ela não é tratada e progride para os próximos estágios. Neste relato, apresentamos dois casos de manifestação oral de lesão sifilítica primária com apresentação clínica peculiar e enfatizamos a importância do diagnóstico correto. Biópsias foram necessárias para diagnóstico diferencial e exames sorológicos foram solicitados. A análise histopatológica sugeriu o diagnóstico, e a imuno-histoquímica confirmou a presença do Treponema pallidum. Antibioticoterapia foi iniciada com remissão completa da lesão. Portanto, anamnese e um exame clínico minuciosos são essenciais para estabelecer o diagnóstico correto, a fim de estabelecer o tratamento da sífilis o quanto antes, evitando-se assim a progressão da doença
FATORES PROGNÓSTICOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LINFOMA E TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV NO RIO DE JANEIRO: UM ESTUDO MULTICÊNTRICO DE ANÁLISE DE SOBREVIDA
Introdução: Linfomas relacionados ao HIV são geralmente agressivos e de mau prognóstico, apesar do uso de terapia antirretroviral combinada (TARVc) e do tratamento quimioterápico. Em crianças, com o sistema imune ainda em desenvolvimento, trazem sérias consequências. Objetivo: Determinar a sobrevida e os fatores prognósticos em crianças e adolescentes no Rio de Janeiro (RJ), Brasil, vivendo com HIV/aids (CVHA) que desenvolveram linfomas. Métodos: Estudo retrospectivo e observacional de pacientes infectados verticalmente, com idades entre 0 e 20 anos incompletos, durante os anos de 1995-2018, em 5 centros de referência para tratamento de HIV/AIDS e câncer pediátrico. Foram calculadas as probabilidades de sobrevida global (SG), de sobrevida livre de eventos (SLE) e de sobrevida livre de doença (SLD) dessa população. Foi realizada a análise uni- e multivariada por meio da regressão de Cox para determinação dos fatores prognósticos. Os riscos competitivos para os diferentes desfechos do estudo, em 20 anos, também foram calculados. Resultados: Uma coorte de 1.306 pacientes foi inserida, e 25 deles desenvolveram linfomas. Dos 25 linfomas observados, 19 eram neoplasias definidoras de aids (ADM) e 6 eram neoplasias não definidoras de aids (NADM). As probabilidades de SG e de SLE em 5 anos foram 32,00% (95% IC = 13,72%–50,23%), e a probabilidade de SLD em 5 anos foi 53,30% (95% IC = 28,02%–78,58%). Na análise multivariada, o ECOG Performance Status (PS) 4 foi o único fator de mau prognóstico para a SG (HR 4,85, 95% IC 1,81–12,97, p = 0,002) e para a SLE (HR 4,95, 95% IC 1,84–13,34, p = 0,002). Na análise da SLD, o aumento da contagem de linfócitos T CD4+ foi o único fator encontrado e relacionado a um melhor prognóstico (HR 0,86, 95% IC 0,76–0,97, p = 0,017). Para morte devido à progressão da doença/resposta não completa, o risco competitivo foi de 40,00% (95% IC = 20,20%–59,80%); para morte relacionada ao tratamento foi de 20,00% (95% IC = 3,65%–36,35%), e para recaída foi de 12,57% (95% IC = 0,00%–26,70%). Conclusão: Este é o primeiro estudo pediátrico brasileiro que demonstra a sobrevida e os fatores prognósticos de CVHA que desenvolveram linfomas. O PS 4 como fator de mau prognóstico para SG indica que pacientes com elevados graus de PS poderiam se beneficiar de quimioterapia de baixa intensidade até melhora do quadro clínico. Além disso, baixas contagens de linfócitos T CD4+ como fator de mau prognóstico para a SLD confirmam a importância da adesão à TARVc
AIDS na infância: acometimento cardíaco com e sem a terapia anti-retroviral tríplice combinada
OBJETIVO: Descrever a prevalência de alterações cardíacas ao ecocardiograma em crianças com AIDS acompanhadas em serviço de referência aos 18±6 meses do diagnóstico confirmado de AIDS. MÉTODOS: Estudo transversal, com corte aos 18±6 meses do diagnóstico de AIDS. Incluídas 93 crianças com diagnóstico confirmado de AIDS por transmissão vertical, sem doença maligna, que, na avaliação cardiológica, realizaram ecocardiograma (eco). De forma exploratória avaliaram-se as alterações cardíacas nos pacientes sem uso (G1) e com uso (G2) de terapia combinada anti-retroviral. RESULTADOS: Quando do diagnóstico de AIDS, as crianças tinham em média 3,07 anos e 50,50% eram do sexo feminino. Esquema de terapia combinado com anti-retrovirais foi utilizado por 47 pacientes (G2). O acometimento cardíaco esteve presente em 40 crianças (43,00%). A presença de disfunção ventricular esquerda (G1:39,10%;G2:10,60%) e o aumento isolado de ventrículo esquerdo (G1:6,60%;G2:14,90%) foram os achados mais freqüentes. Observou-se associação significativa entre os grupos sem e com terapia anti-retroviral combinada quanto à presença de disfunção ventricular esquerda (RP=3,42; [1,41-8,26]; p =0,02) e de desnutrição (RP=1,79; [1,00-3,20]; p=0,04). CONCLUSÃO: O acometimento cardíaco foi freqüente nas crianças com AIDS, sendo a disfunção ventricular esquerda a alteração mais observada ao ecocardiograma. Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos com e sem tratamento tríplice combinado quanto à presença de disfunção ventricular esquerda e de desnutrição
SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA EM CRIANÇAS INTERNADAS NO PRIMEIRO ANO DE PANDEMIA DE SARS-COV2– DIFERENÇAS CLÍNICAS ENTRE AS ETIOLOGIAS VIRAIS
Introdução/Objetivo: A síndrome respiratória aguda (SRA) é uma das principais causas de morbi/mortalidade nos primeiros anos de vida, onde a etiologia viral predomina. A partir de março de 2020, com a pandemia do SARS-COV2, um novo agente etiológico surgiu num cenário onde antes o vírus sincicial respiratório (VSR) se destacava. O objetivo deste estudo é diferenciar a infecção pelo SARS-COV2 e VSR em crianças admitidas por SRA em hospital de referência comparando as características clínicas e epidemiológicas em uma coorte de indivíduos de até 48 meses de vida. Métodos: Crianças de até 48 meses de vida, admitidas em hospital pediátrico terciário com diagnóstico de SRA, entre abril/2020 e abril/2021, foram convidadas a participar deste estudo de coorte. Foi coletada amostra de secreção respiratória entre 2-5 dias de internação e realizados testes de antígeno/PCR para etiologias virais. Nesta análise, foram selecionados os pacientes que apresentaram isolamento de SARS-COV2 e/ou VSR, e comparadas as suas características clínicas e epidemiológicas através de regressão logística. Resultados: Foram isolados, dentre os 369 participantes, SARS-COV2 em 15% (55), VSR em 16% (59), e em 1% (5) foram isolados os dois vírus. A idade média da coorte foi de 12 meses (0-48 meses), sendo 47 indivíduos do sexo feminino. As características significativamente mais frequentes em pacientes com VSR, comparados àqueles com COVID-19, foram: menor idade (OR = 0,95, IC95% = 0,91-0,99), febre mais frequente (OR = 7,21, IC95% = 1,67-31,18), menos sintomas respiratórios como coriza (OR = 0,16, IC95% = 0,04-0,56) e taquipneia (OR = 0,09, IC95% = 0,02-0,44) e menor proteína C reativa (OR = 0,98, IC95% = 0,97-1,00). Conclusão: As crianças com SRA por VSR eram mais novas, apresentavam febre à admissão, mas menor frequência de sinais de infecção de vias aéreas superiores e inflamação sistêmica, quando comparadas às crianças internadas por COVID-19, durante o primeiro ano de pandemia. Não foi possível diferenciar o agente etiológico baseado na análise de dados clínicos e laboratoriais inespecíficos visto que suas manifestações são muito semelhantes. É fundamental, portanto, realizar exames específicos como pesquisa de antígeno/PCR para identificação do agente etiológico
The cascade of care to prevent mother-to-child transmission in Rio de Janeiro, Brazil, 1996-2013: improving but still some way to go.
OBJECTIVE
To describe the cascade of care to HIV mother-to-child transmission (PMTCT) in a Rio de Janeiro reference paediatric clinic and evaluate the main factors possibly associated with HIV transmission.
METHODS
Data on antenatal care (ANC), perinatal and neonatal assistance to HIV-infected and HIV-exposed but uninfected children assisted in the clinic from 1996 to 2013 were collected. The cascade of care was graphically demonstrated, and possible factors associated with HIV infection were described using regression models for bivariate and multivariate analysis. We imputed missing values of explanatory variables for the final model.
RESULTS
A total of 989 children were included in the analysis: 211 were HIV and 778 HEU. Graphically, the HIV PMTCT cascade of care improved from 1996/2000 to the later periods, but not from 2001/2006 to 2007/2013. The main factor independently associated with the HIV infection over time was breastfeeding. In the period 1996/2000, the lack of antiretroviral use during labour was associated HIV transmission. While in 2001/2007, other modes of delivery but elective Caesarean section, and lack of maternal antiretroviral use during ANC were associated with HIV transmission. In the last period, the main factor associated with transmission was the lack of maternal ANC.
CONCLUSIONS
The HIV PMTCT cascade improved over time, but HIV vertical transmission remains a problem, and better access to ANC is needed
PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE ANTIMICROBIANOS: EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO TERCIÁRIO
Introdução/Objetivo: Programas de Gerenciamento de Antimicrobianos (PGA) reduzem o uso inadequado e os custos com antimicrobianos (ATM). Em um hospital pediátrico com CCIH atuante avaliamos o impacto no consumo e custos de ATM após implantação de PGA liderado por farmacêuticos clínicos. Método: Estudo quasi-experimental pré (período 1: jun/21-fev/22) e pós (período 2: jun/22-fev/23) intervenção realizado em UTI com 2 leitos neonatais cirúrgicos (UTIN) e 6 pediátricos (UTIP) em hospital pediátrico terciário no Rio de Janeiro. No período 1, a CCIH realizava auditoria, pré-autorização, vigilância de infecções e do consumo de ATM. A Farmácia Clínica (FC) monitorava as intervenções farmacoterapêuticas. Entre mar-mai/22 uma mentoria externa realizou avaliação situacional, treinamento da FC para identificação de problemas com ATM com mentorias semanais e curso sobre ATM e apoio na criação de grupo multiprofissional. Foram comparados taxas de infecções associadas a cuidados de saúde, dias de terapia (DOT), duração da terapia (LOT) e curva ABC entre os dois períodos. Resultados: Nos períodos 1 e 2 foram avaliados, respectivamente, 1842 e 1657 pacientes/dia; 163 e 207 pacientes/dia neonatais. No período 2 aumentou a taxa de pneumonia (168%) e reduziu a de infecções primárias de corrente sanguínea (81%). Meropenem (DOT = 263) e vancomicina (DOT = 252) foram os ATM mais usados na UTIP no período 2, apresentando uma redução de 18% e 8%, respectivamente, em relação ao período 1. Na UTIN predominou o uso de meropenem (DOT = 210) e fluconazol (DOT = 199), sendo que ambos tiveram uma queda ainda mais expressiva, de 50% e 54%, após a intervenção. A LOT nos períodos foi: 0,77 vs. 0,75(UTIN) e 0,77 vs. 0,83(UTIP). No período 2, houve falta de vancocinemia, com aumento do uso de daptomicina (DAP) e interrupção do fornecimento de anfotericina B lipídica (ANF) pelo Ministério da Saúde, com necessidade de compra. Isso repercutiu em aumento de 66% nos custos de ATM pela curva ABC, especialmente da ANF (450%) e DAP (3246%), demonstrando o impacto negativo que tem o desabastecimento de insumos. Quando avaliado o custo anual, excluindo o custo em ANF, houve redução de 14%. Em relação aos custos, no período pós intervenção houve redução do meropenem (11%), micafungina (13%) e cefepima (23%). Conclusão: A adoção do PGA dirigido pela farmácia clínica foi efetivo. Reduziram-se consumo e custos de carbapenêmicos e vancomicina, mesmo com diminuição de verbas para hospitais públicos e desabastecimento de insumos
Incidence and Clinical Description of Lymphomas in Children and Adolescents with Vertical Transmission of HIV in Rio de Janeiro, Brazil, in Pre- and Post-Combined Antiretroviral Therapy Eras: A Multicentric Hospital-Based Survival Analysis Study
The incidence of cancer in children living with HIV (CLWH) is high and lymphomas are the most common type of cancer in this population. The combined antiretroviral therapy (cART) changed the natural history of HIV infection. To determine the incidence and profile of these CLWH malignancies in Rio de Janeiro (RJ), Brazil, we conducted a retrospective and observational study of vertically infected CLWH, ranging from 0–20 incomplete years, from 1995 to 2018, at five reference centers. The study period was divided into three eras in accordance with the widespread use of cART in Brazil. 1306 patients were included. Of the 25 lymphomas found, 19 were AIDS-defining malignancies (ADM); 6 were non-AIDS-defining malignancies (NADM). The incidence rate (IR) of lymphoma developing was 1.70 per 1000 children-year (95% CI 1.09–2.50). ADM development IR decreased from 2.09–1.75–0.19 per 1000 children-year (p p = 0.013). This study demonstrates the IR of lymphoma in CLWH in RJ, Brazil, as well as the benefit of cART in reducing ADM and death occurrence in the Post-cART era