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    Limites e possibilidades da educação bilíngue para surdos no contexto das políticas de inclusão (1990-2017): implicações à formação de professores

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    Esta pesquisa teve como objeto os limites e possibilidades da educação bilíngue para surdos no contexto das políticas de inclusão e as implicações para a formação de professores no período de 1990 a 2017. Interrogamos quais são os limites e possibilidades presentes nas políticas de inclusão para que a educação bilíngue se efetive e de que modo podem contribuir com a formação de professores para a educação básica de surdos. Justificamos a pesquisa nas dificuldades históricas que os surdos enfrentam para que a Língua de Sinais seja reconhecida como necessária à sua educação e inserção social. O objetivo geral esteve em desvelar se há ou não presença de bilinguismo nas políticas de inclusão, que possibilite formação de professores para surdos e efetivação da educação bilíngue em Libras-Língua portuguesa. Os objetivos específicos para a consecução desta pesquisa foram: 1) perquirir se o bilinguismo se faz presente nas políticas de inclusão para a formação de professores; 2) interpelar os cursos de formação de professores, nomeadamente os de Pedagogia em Curitiba e Região Metropolitana no Estado do Paraná, quanto à presença do componente curricular Libras e educação bilíngue; 3) analisar a realidade de professores que trabalham com surdos, para constatar se há consonância com as políticas e se o bilinguismo para surdos está na formação continuada e nas práticas em sala de aula, suas condições, limites e possibilidades. Para alcançar os objetivos realizamos análise de documentos nacionais, internacionais e documentos produzidos a partir dos movimentos sociais dos surdos sobre educação e inclusão. Realizamos entrevistas e questionários com gestores, professores surdos e ouvintes que trabalham com surdos na educação básica e ensino superior, além de pesquisa de campo em instituições com matrículas de surdos. Elegemos para subsidiar a pesquisa o Método da Economia Política, destacamos as categorias de método: totalidade, contradição e mediação e as categorias do objeto: política, inclusão, colonialismo e bilinguismo as quais possibilitaram com a contribuição da literatura pertinente, a análise dos dados empíricos e chegar à tese ora apontada e defendida de que os limites e possibilidades do bilinguismo e por consequência da educação bilíngue, estão no bojo das políticas para a inclusão e que cada avanço no sentido da formação bilíngue se encontra no escopo da formulação e implementação dessas políticas. As políticas de inclusão favoreceram os debates sobre o bilinguismo na educação e formação de professores, mas ainda não garantiram a Libras como língua materna ou língua de referência para os surdos brasileiros e quando defendida desse modo, é tensionada pela hegemonia da língua do oral do país. A língua de sinais é predominantemente apresentada na formação de professores como instrumento de acesso à Língua Portuguesa, mas não como primeira língua para as mediações educacionais dos surdos. Todavia já há cursos de formação bilíngue, no que se destaca o trabalho do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). Apesar dessas iniciativas, estamos longe de superar práticas colonialistas. Constatamos que a Libras é essencial mas exige a presença do bilinguismo e educação bilíngue, direitos historicamente negados às gerações de surdos, mesmo sendo apresentados nos documentos referentes à inclusão. Esta tese constitui-se junto com outros estudos sobre o tema, uma contribuição para que se revejam as políticas inclusivas e aponta à necessidade de se somarem lutas nesse sentido

    Políticas públicas e os sentidos e significados atribuídos pelos educandos surdos ao intérprete de língua de sinais brasileira

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    Este trabalho de pesquisa tem como objeto de estudo as políticas públicas que incluem no ambiente educacional o surdo, a Libras e o intérprete de língua de sinais brasileira, bem como os sentidos e significados atribuídos pelos educandos surdos ao intérprete de Libras, tendo como base o nível superior de ensino. O objetivo foi analisar os sentidos e significados do intérprete numa perspectiva histórico cultural, a partir das relações de saber e poder existentes com a inserção do ILS na inclusão escolar de surdos; tomando como ponto de partida as políticas públicas para a inclusão. Para tanto, fez-se um resgate da história dos surdos, desvelando realidades e folclores existentes na sua educação e na inserção social e acadêmica do intérprete como profissional. Compreende-se a partir da pesquisa que o significado do surdo evoluiu, causando uma ascensão histórica, educacional e social, no entanto o mesmo não aconteceu (com a mesma intensidade) com intérprete de Libras, que lentamente ganha os espaços educacionais. Muitos ainda trazem consigo o comportamento assistencialista e filantrópico produzido historicamente, ou ainda são compreendidos de modo reificado, ou seja; apenas como um instrumento de acessibilidade, um recurso (e enquanto recurso entendem-no, neutro), tentando tornar imperceptível seu hibridismo com o professor, com o aluno, com suas próprias vontades, ele (o ILS) não se anula, e tirar dele a vontade é coisificálo. Convoca-se os surdos para discutir sentidos a partir de entrevistas, as quais são posicionamentos que definem o modo de utilizar e compreender o intérprete em sua dimensão profissional, humana e social, mas também convoca-se o intérprete com seus posicionamentos, a visão que tem de si e do outro (intérprete e surdos), seus significados possíveis, tomando como ponto de partida as leis e a literatura. Os resultados obtidos demonstram que os surdos desejam para si uma educação verdadeiramente bilíngue, mas observam e aprovam o iniciar de respostas às suas lutas políticas e sociais, quando instituições de ensino superior contratam intérpretes de Língua de Sinais brasileira para acompanhá-los no percurso acadêmico, ainda que desconheçam origem, formação e fluência linguística. Maior parte dos surdos citam que, ao compreenderem o intérprete como recurso humano de acessibilidade, não o fazem de modo reificado, pois também entendem que em cada profissional que interpreta há “uma pessoa”, com seu profissionalismo, mas também particularidades. Os surdos em sua maioria falam do desejo de uma educação que atenda a suas necessidades (com experiências visuais) de aprendizagem e citam como uma ideologia, a falta de autonomia surda e a dependência do surdo em relação à pessoa do intérprete, sendo esse (ILS) necessário, parte importante e integrante da comunidade surda, mas não o único meio de comunicação dos (e com os) surdos. As discussões sobre o tema não se encerram, mas se abrem para o debate, necessitando ser intensificadas e revistas no encontro com novos sentidos e significados, os resultados não são inertes, passivos e fechados em si e sim uma iniciativa, para que a inclusão do surdo e a utilização do IE não seja tomadas como “uma coisa qualquer”, mas, como uma maneira de compreender a realidade, um contraponto entre o existente e as condições realmente necessárias para uma educação inclusiva de fato e de direito e a superação dos folclores firmados na relação entre os sujeitos (intérpretes e surdos)

    O desafios da inclusão do surdo / The challenges of deaf inclusion

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    Esta produção resulta das inquietações sobre o processo de ensino-aprendizagem das pessoas surdas na escola de educação inclusiva, no ensino regular. Buscamos apresentar os principais conceitos entre os quais a diferenciação entre surdez e deficiência auditiva, com base no Decreto 5626/05 (BRASIL, 2005), por meio do qual destacamos que a oficialização e regulamentação da Língua de sinais possibilitou compreender os surdos para além da constatação de uma deficiência. Buscamos destacar as compreensões de cultura e identidades surdas e apontar os desafios que estão postos para a escola inclusiva, quando depara-se com a realidade dos estudantes surdos. Entre esses desafios apontamos para a participação e modificações na organização da comunidade escolar e a formação do professor para que haja compartilhamento linguístico e para o trabalho com as diferenças. Convidamos os leitores a observarem esses fatores a luz das vivências de um autor e professor surdo e dois autores que por serem professores e intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais), convivem e trabalham com a realidade da surdez e da inclusão. Buscamos respostas para a seguinte questão: a escola que temos está preparada para a inclusão de surdos no ensino regular? Para responde-la nos pautamos em autores como: Costa (1994); Lacerda (2002); Lodi (2005); Perlin (2006); Schubert (2012, 2015, 2015b e 2019), Skliar (1998); e outros que adentram ao debate. Após o desenvolvimento do trabalho consideramos que a escola que temos não é aquela solicitada pelos surdos e apontada na legislação que prevê uma educação bilíngue, mas é aquela que o sistema permite e quando os sujeitos solicitam uma educação específica e mais acolhedora às suas especificidades, essa é entendida como segregadora e até mesmo por guetização, pois as ações políticas desconsideram o que as pessoas surdas destacam como importante para a própria educação de acordo com suas necessidades.
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