5 research outputs found

    Entre a utopia e a crise: nos meandros da (in)segurança urbana na segunda metade do século XX

    Get PDF
    As transformações que marcaram o Ocidente da segunda metade do século XX foram determinantes dos discursos sociopolíticos e académicos acerca de dois fenómenos — o crime e a pobreza. No imaginário coletivo, um e outro foram associados, mesmo que as estatísticas não o confirmassem. Agravado o sentimento de insegurança, o crime retomou o protagonismo e as atenções voltaram-se para as cidades. Procurando desconstruir a intuição que dizia da pobreza ser uma variável da prática criminal, propõe-se uma releitura da insegurança que a situe num debate mais amplo do que aquele que a reduziu à relação entre medo e crime. Dando nota do peso que a sensibilidade ao risco tem vindo crescentemente a assumir, apontam-se, por fim, algumas pistas para a compreensão e análise da (in)segurança contemporânea.The transformations that marked the western world in the second half of the 20th century were determinant elements in the socio-political and academic discourses about two phenomena — crime and poverty. The two were linked in the collective social imagination, even if the statistics have not confirmed the connection between them. With a worsening of the feeling of insecurity, crime returned to the forefront of people's concerns and the spotlight was once more focused on cities. The author seeks to deconstruct the intuitive idea that poverty was a variable in criminal practice, and proposes a new reading of insecurity which situates it within a broader debate than the one that reduced it to just the relationship between fear and crime. She notes the importance that has increasingly been attached to the awareness of risk, and concludes by suggesting a number of clues that may help understand and analyse contemporary (in)security.Les transformations qui ont marqué l'occident de la seconde moitié du XXe siècle ont été déterminantes des discours sociopolitiques et académiques autour de deux phénomènes —  le crime et la pauvreté. Avec l'aggravation du sentiment d'insécurité, le crime est revenu au premier plan et les attentions se sont tournées vers les villes. Afin de déconstruire l'intuition qui voit dans la pauvreté une variable de la pratique criminelle, cet article propose une relecture de l'insécurité qui la situe dans un débat plus large que l'approche réductrice de la relation entre peur et crime. Tout en rendant compte du poids croissant de la sensibilité au risque, l'article donne quelques pistes pour la compréhension et l'analyse de la(in)sécurité contemporaine.Las transformaciones que marcaron el occidente de la segunda mitad del siglo XX fueron determinantes de los discursos sociopolíticos y académicos acerca de dos fenómenos — el crimen y la pobreza. En el imaginario colectivo, uno y otra fueron asociados, aunque las estadísticas no lo confirmaran. Agravado el sentimiento de inseguridad, el crimen retomó el protagonismo y las atenciones se viraron para las ciudades. Procurando de-construir la intuición que menciona a la pobreza como una variable de la práctica criminal, se propone una relectura de la inseguridad que la sitúe en un debate más amplio de aquel que la redujo a la relación entre miedo y crimen. Dando nota del peso que la sensibilidad al riesgo viene registrando, se señalan, al final, algunas pistas para la comprensión y análisis de la (in)seguridad contemporánea

    Crime e medo no país dos brandos costumes: as coordenadas sociais da insegurança

    Get PDF
    A insegurança não é redutível ao crime, nem à medição objetiva das taxas da criminalidade, muito embora este seja um fenómeno real nos efeitos que produz e nas preocupações que suscita. Tem forte variação individual, remetendo, por um lado, para o espaço psicológico da pessoa, e constituindo, por outro, uma ressonância do modo como se percecionam certas realidades. Porque une as pessoas em torno de uma mesma experiência coletiva, permite-lhes falar de ordem e de desordem, da gestão das suas relações, do modo como reagem aos outros, da administração política da sua cidade ou do país. Como conceito-contentor, é constituído a partir de uma dispersão de acontecimentos, de atores e de contextos difíceis de relacionar entre si e de delimitar porque faz convergir em seu torno elementos múltiplos da experiência social e da vivência psicológica dos indivíduos. É nesta linha que são caracterizadas as coordenadas sociais da insegurança no contexto do Portugal contemporâne

    A Imagem Predatória da Cidade: Uma Etnografia do Medo

    No full text
    "De que temos medo no nosso confronto com as grandes urbes? Que figuras da ameaça convocam receios e evitamentos de espaços, grupos ou indivíduos específicos? Como molda a hipótese predatória o viver quotidiano, como se reflete o rumor insecurizante na nossa experiência de cidade? A Imagem Predatória da Cidade: Uma Etnografia do Medo é o livro que resulta da tese de doutoramento de Ximene Rego. Um trabalho a vários títulos singular: porque é uma etnografia levada a cabo por uma psicóloga, porque traz para a prática etnográfica um objeto aparentemente intangível como o sentimento de insegurança, porque põe frente a frente o medo à cidade nos portuenses e nos cariocas, com a investigação conduzida no Porto e no Rio de Janeiro. O rigor metodológico e a profundidade do trabalho de campo, a ampla discussão de um objeto tecido no cruzamento da antropologia, da sociologia, da criminologia e da psicologia, bem como uma escrita cuja firmeza não dispensa a elegância são a marca que Ximene Rego traz para a análise dos fenómenos urbanos que nos inquietam e fascinam. Fascínio é também aquilo de que são capazes as páginas deste livro, se nos deixarmos embrenhar na narrativa sobre o medo à cidade que elas nos propõem", Luís Fernande
    corecore