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    Fatores que contribuem para o autocuidado de pacientes hipertensos ambulatoriais

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    A hipertensão arterial sistêmica é uma doença crônica de alta prevalência e o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico e as mudanças no estilo de vida, que incluem adesão à dieta hipossódica e realização de atividade física regular, são fundamentais para o controle da pressão arterial e prevenção de complicações. Nesse contexto, o autocuidado é essencial e determinante para adesão ao tratamento e, consequentemente, para a manutenção adequada do estado de saúde. O objetivo deste estudo foi analisar os fatores que contribuem para o autocuidado de pacientes hipertensos ambulatoriais. Este é um estudo transversal, realizado no ambulatório de hipertensão arterial do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Os dados foram coletados do banco de dados de um estudo primário, no período de janeiro a julho de 2017. Para mensurar os fatores envolvidos no autocuidado coletaram-se dados sociodemográficos e dados resultantes da aplicação da Escala de Autocuidado de Hipertensão. O nível de atividade física foi estabelecido pelo Questionário Internacional de Atividade Física, a adesão ao uso regular das medicações foi verificada pelo Questionário de Morisky e a identificação dos fatores que dificultam e facilitam a adesão à restrição dietética de sódio foi obtida pelo Questionário de Restrição de Sódio na Dieta. Foram incluídos pacientes hipertensos, ambulatoriais, em uso de dois ou mais anti-hipertensivos por mais de seis meses. Dos 100 pacientes incluídos, a média de idade foi de 61±10, predominantemente do sexo feminino (72%), com renda individual de 2,5 (1,7 – 4,0) salários mínimos. A mediana da pressão arterial sistólica foi de 139 (126 – 152) mmHg e da pressão arterial diastólica foi de 78 (71 – 90) mmHg. O manejo do autocuidado foi considerado não adequado em 65% da amostra. Quanto ao nível de atividade física, 34,8% foram classificados como baixo; 31,5%, moderado e 33,7%, alto. 50% da amostra foi considerada aderente ao uso regular de anti-hipertensivos. As medianas dos scores do DSRQ foram 36 (32 – 39) para a subscala de Atitude e Norma Subjetiva, 5 (3 – 7) para Percepção de Controle Comportamental e 9 (6 – 13) para Comportamento Dependente. Observou-se diferença estatisticamente significativa entre: renda individual (P=0,05) e anos de estudo (P=0,01) quando associados com a Escala de Manejo do AC; o Questionário de Morisky e a Escala de Confiança do AC (P=0,04); e o Controle Comportamental com a Escala de Manutenção do AC (P=0,01). As demais associações realizadas não obtiveram diferenças estatisticamente significativas. Os achados desde estudo apontaram que fatores como renda e anos de estudo e adesão à medicação influenciaram no autocuidado adequado de pacientes hipertensos

    Análise da funcionalidade e saúde mental após cuidados intensivos por covid-19: coorte prospectiva

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    Introdução: Os pacientes sobreviventes de internação em unidades de terapia intensiva (UTI) frequentemente sofrem uma série de incapacidades físicas e de saúde mental a médio e longo prazo, denominadas como Síndrome pós-cuidados intensivos (PICS). Com o surgimento da pandemia de Sars-Cov-2, o número de pacientes com internação em UTI aumentou consideravelmente, muitos acometidos em idade produtiva; surge então a preocupação com a recuperação destes pacientes. A literatura brasileira é escassa de estudos que avaliam o seguimento pós-UTI, principalmente no cenário de pandemia. Objetivo: Analisar os domínios de funcionalidade e saúde mental da PICS em pacientes com internação por COVID-19 no seguimento de seis meses após a alta da UTI. Método: Trata-se de um estudo de coorte prospectiva realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) entre junho de 2020 e março de 2022. Foram incluídos pacientes com RT-PCR para SARS- CoV-2 positivo, idade ≥ 18 anos, com tempo de permanência ≥ 72 horas em UTI por síndrome respiratória. Foi realizada análise univariada e multivariável através do Modelo de Regressão Logística para dados correlacionados utilizando Equações de Estimativas Generalizadas (GEE). O projeto foi analisado pelo Comitê de Ética de Pesquisa do HCPA, recebendo aprovação para execução (n.o 33690520.1.0000.5327). O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi enviado para cada participante. Resultados: 402 pacientes foram analisados. A idade média dos participantes foi de 52 ± 13 anos, predominantemente do sexo masculino (53,2%) e 316 (78,6%) eram brancos. A mediana do IMC foi de 31 (27 - 36) e a comorbidade mais prevalente foi HAS (53,7%); a mediana do SAPS3 foi 52 (46 - 54) pontos. A prevalência de redução da capacidade funcional pré-UTI foi de 3,7%, após a alta da UTI foi de 43% em um mês, 28,4% em três meses e 20,4% em seis meses. A prevalência de sintomas de ansiedade foi de 36,1% em um mês, 38,6% em três meses e 36,4% em seis meses; e a prevalência dos sintomas de depressão foi de 24,9% em um mês, 29,3% em três meses e 32,1% em seis meses após a alta da UTI. As comorbidades prévias que se mantiveram associadas à redução da capacidade funcional após a alta foram AVC (RC 5,45; IC95%: 2,36 - 12,62) e DPOC (RC 2,22; IC95%: 1,03 - 4,76). A cânula nasal de alto fluxo foi um fator protetor (RC 0,59; IC95%: 0,39 -0,88) e delirium (RC 1,71; IC95%: 1,09 - 2,66) e lesão de pele (RC 1,68; IC95%: 1,15 - 2,44) foram fatores de risco associados à redução da capacidade funcional. Considerações finais: O estudo comprovou redução da capacidade funcional e piora dos sintomas de ansiedade e depressão no seguimento de seis meses. Recomenda-se a realização de novos estudos para avaliar as consequências a longo prazo dos pacientes com COVID-19 que tiveram internação em UTI, também de estudos que avaliem o impacto econômico destas incapacidades na sociedade.Introduction: Surviving patients admitted to intensive care units (ICU) suffer from a series of physical and long-term mental health disabilities known as post-intensive care syndrome (PICS). As the number of patients with COVID-19 increases, the number of patients with ICU increases. So comes the concern with the recovery of these patients. The Brazilian literature is rare about the studies that evaluate the post- ICU consequence, especially in the pandemic scenario. Aim: To analyze the functional status and mental health domains of PICS in patients hospitalized for COVID-19 in the six-month follow-up after ICU discharge. Method: This is a prospective cohort study carried out at Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) between June 2020 and March 2022. Patients with positive RT-PCR for SARS-CoV- 2, age ≥ 18 years and with length of stay ≥ 72 hours in the ICU due to respiratory syndrome were included. Univariate and multivariate analysis was performed using the Logistic Regression Model for correlated data using Generalized Estimating Equations (GEE). This research was analyzed by the Research Ethics Committee of the HCPA, receiving approval for execution (no 33690520.1.0000.5327). Results: 402 patients were analyzed. The mean age of participants was 52 ± 13 years, predominantly male (53.2%) and 316 (78.6%) were white. The median body mass index was 31 (27 - 36) and the most prevalent comorbidity was arterial hypertension (53.7%); the median of SAPS3 was 52 (46 - 54) points. The prevalence of reduced functional status at baseline was 3.7%, after discharge from the ICU it was: 43% at one month, 28.4% at three months and 20.4% at six months. The prevalence of anxiety symptoms was 36.1% at one month, 38.6% at three months and 36.4% at six months and the prevalence of symptoms of depression was 24.9% at one month, 29.3% at three months, and 32.1% at six months after ICU discharge. Previous comorbidities that remained associated with reduced functional capacity after discharge were stroke (OR 5.45; 95%CI: 2.36 - 12.62) and chronic obstructive pulmonary disease (OR 2.22; 95%CI: 1.03 - 4 .76). The high-flow nasal cannula was a protective factor (OR 0.59; 95%CI: 0.39 -0.88). Delirium (OR 1.71; 95%CI: 1.09 - 2.66) and skin injury (OR 1.68; 95%CI: 1.15 - 2.44) were modifiable risk factors associated with reduced functional status. Final considerations: This study showed a reduction in functional status and worsening of symptoms of anxiety and depression in the six-month follow-up. We recommend that further studies should carried out to assess the long-term consequences of patients with COVID-19 who were admitted to the ICU, as well as studies that assess the economic impact of these disabilities on society
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