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    Diagnóstico e plano estratégico da fileira da castanha

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    Este trabalho insere-se na dissertação de mestrado subordinada ao tema “O Sistema de Comercialização de Castanha da Terra Fria Transmontana e Sua Cadeia de Valor”. O objectivo subjacente a esta comunicação foi o de apresentar o diagnóstico e plano estratégico do sistema de comercialização de castanha. Para tal, foi efectuada uma avaliação estratégica (previamente identificada), tendo em vista a redução dos hiatos entre a situação actual (diagnóstico) e a situação esperada no futuro (visão). Pela consulta de fontes documentais e não documentais (entrevistas aos principais agentes que integram a cadeia de valor) e pela adequação da técnica SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats à fileira, serão enunciados alguns dos constrangimentos e potencialidades que se salientaram ao longo da investigação. Os mais importantes constrangimentos compreendem: (a) baixa produtividade dos soutos; (b) aumento dos problemas de fitossanidade, devido, entre outros, ao incremento das áreas de plantação; (c) escassez de mão-de-obra, a que se associa o aumento generalizado do seu custo; (d) défice de organização entre os produtores para a comercialização do produto; (e) desertificação do meio rural e elevada faixa etária no elo da produção; (f) concorrência desleal; (g) práticas especulativas; (h) assimetria do poder negocial entre as grandes superfícies e os fornecedores e (i) ameaça de forte concorrência dos países de Leste por via do alargamento da União Europeia. No que se refere às potencialidades, incluem-se: (a) bons rendimentos para todos os agentes intervenientes na fileira; (b) entrada de divisas no país com os mercados de exportação; (c) produto muito valorizado e de grande prestígio no estrangeiro; (d) grande facilidade de escoamento; (e) produto usado na alimentação humana e animal; (f) material genético valioso; (g) produto biológico; (h) investigação em cultivares resistentes às doenças da tinta e cancro; (i) aumento da procura de castanha portuguesa previamente descascada e congelada para a indústria de transformação; (j) desinfecção da castanha por via húmida em detrimento da via química e (k) colheita mecânica do fruto

    A fileira da castanha: situação actual dos mercados

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    A castanha foi um dos frutos que conseguiu sobreviver à crise dos produtos agrícolas. No seio da União Europeia, a produção de castanha e de uma forma geral a produção de frutos secos, está concentrada em regiões desfavorecidas, com altos índices de envelhecimento das populações e profunda erosão demográfica. Aliado a estes frutos está o aumento do consumo de uma multiplicidade de produtos industrializados. A nível nacional, a castanha é um fruto de tradições, perfeitamente adaptado às explorações agrícolas do Norte e Centro do país. Depois da queda de valor do fruto, foi a partir da década de 90 que o castanheiro veio assumindo maior importância, constituindo no presente, uma boa fonte de receitas para as populações rurais. Assim, o objectivo desta comunicação prende-se com a caracterização dos diversos mercados que integram a fileira da castanha em Portugal, tendo como base uma investigação efectuada em torno da fileira da castanha e sua cadeia de valor. Metodologicamente, foram consultadas fontes primárias (entrevista directa aos principais intervenientes) e secundárias (dados oficiais). Da investigação concluiu-se que a fileira da castanha apresenta grande diversidade de mercados e formatos comerciais. Não existe apenas um mercado de castanha mas vários, com diversas características que se baseiam nas exigências que os clientes atribuem aos frutos. Dos atributos exigidos salientam-se, entre outros, os calibres dos frutos (o tamanho do fruto é efectivamente um dos factores mais importantes na comercialização), a qualidade das variedades e a aptidão para a transformação industrial (a facilidade ao descasque mecânico é também um dos requisitos da castanha destinada à indústria), a temporalidade (o período de maturação condiciona o maior ou menor poder de conservação da castanha) e a monospermia (exigida para confeitaria de luxo). No mercado interno, a produção é preferencialmente orientada para o uso em natureza ou culinário, sendo uma pequena parte utilizada na indústria. Esta laboração resume-se praticamente à congelação. Está em grande crescimento, tanto no mercado interno como externo, a conservação de castanha descascada e congelada, que permite a utilização da matéria-prima pelas unidades agro-industriais ao longo de todo o ano

    A comercialização da castanha

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    (...) quanto essa abençoada arvore se desfaz em beneficios para o homem! Quer dos seus fructos quer da sua madeira, ella distilla perenne riqueza: “pinga” sempre! (...) mas só mais tarde eu conheci que as suas “pingas”, juntas, produziam grossa chuva de oiro na minha província (Magalhães, 1910:184). À semelhança daquela época, actualmente, a comercialização da castanha vem representando uma das principais receitas das explorações agrícolas do Interior Norte de Portugal. O objectivo subjacente a esta comunicação é o de distinguir um dos recursos endógenos vegetais de excepcional importância, sobretudo no Nordeste Transmontano – a castanha – e sua comercialização. Averiguou-se o perfil do agricultor, bem como os aspectos relacionados com a produção, a concentração e a comercialização do fruto. Isto foi possível não só mediante a análise de dados oficiais, como também, através do contacto directo com os actores intervenientes na fileira. Os aumentos na área e correlativos incrementos da produção da castanha portuguesa, a denominação de origem, o peso das exportações nacionais, o valor comercial intrínseco às espécies monospérmicas transmontanas, a mudança dos hábitos alimentares europeus (que cada vez mais incluem a castanha na sua gastronomia) a ecologia, entre outras potencialidades, justificam plenamente um olhar sobre a fileira da castanha e sua cadeia de valor. Na complexa engrenagem do sistema de comercialização de castanha, os agentes distribuem-se por vários elos da cadeia de valor, incorporando diferentes serviços e funções. Os produtores adoptam entre si múltiplas estratégias na venda da castanha, permanecendo nesta fase, sob a dependência de diversos tipos de intermediários. Os ajuntadores concentram localmente a produção para a venderem por grosso aos armazenistas-exportadores. Estes, distribuem a castanha por lotes de diferentes variedades e calibres e executam o tratamento do fruto (limpeza e desinfestação) para posterior distribuição no mercado interno e externo. Os magusteiros (retalhistas) compram o fruto a granel ao produtor, a fim de o distribuírem no mercado nacional a outros retalhistas de menor dimensão. Os agentes de controlo no destino, residentes essencialmente no Brasil, França, Itália e Espanha, recebem a castanha dos armazenistas e distribuem-na no país de destino. O valor acrescentado obtido com a castanha em Portugal é mais comercial do que industrial. Existe uma preocupação mínima com a transformação da castanha – onde, em adição aos processos de graduação e desinfestação mencionados, se verifica apenas em duas agro-indústrias, o descasque, a despela e a congelação da castanha. Para além destas operações, não ocorre mais nenhuma transformação física do fruto, ao qual, mais nenhum valor de laboração é atribuído. Concluiu-se que, para além dos problemas fitossanitários do castanheiro, da carência de um cadastro, do défice em mão-de-obra, bem como a inexistência de iniciativas associativas por parte dos agricultores, os constrangimentos no elo produtivo poderiam ser atenuados, pela transposição da barreira do individualismo e pela constituição de organismos associativos coesos, por forma a permitirem o aumento do valor acrescentado da castanha na origem. A distribuição de benefícios ao longo da cadeia de valor pouco tem conduzido ao desenvolvimento e diversificação das actividades do agricultor, que poderia integrar, embora de forma limitada, os elos comerciais e industriais que se situam a jusante. As acções a desenvolver no seio da fileira poderiam passar, pois, por uma mudança de atitudes, de modo a gerar consensos entre os vários elos da cadeia de valor, visando sobretudo a selecção das variedades de castanha a produzir (regionais ou normalização dos calibres), os tratamentos a efectuar (via química ou via húmida), a redução da especulação e a dinamização do associativismo

    Natureza inclusiva e abrangente da Educação Ambiental

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    A relação do Homem e da Natureza nasce com o próprio Homem. Deste relacionamento foi consequência lógica a progressiva descoberta dos recursos naturais e do seu aproveitamento para benefício imediato, situação que se manteve inalterada durante milhares de anos. A natureza, dominante, superava largamente os efeitos que o ser humano era capaz de exercer sobre ela. Contudo, esse equilíbrio natural modificou-se. Da deficiente e desmesurada utilização dos recursos naturais estão a resultar desequilíbrios que se revelarão desastrosos, no curto prazo. Ao destruir os solos, as florestas, os animais e as paisagens, ao urbanizar desordenadamente, ao poluir as terras, as águas e a atmosfera, ao provocar fumos e ruídos insuportáveis, originam-se rupturas de difícil restabelecimento. Hoje, o ser humano começa a ter consciência de que a destruição do meio é a sua própria destruição. A Medicina do Ambiente estuda os efeitos e riscos provocados, em geral, por agentes exteriores sobre a saúde do ser humano numa abordagem multidisciplinar, cuja abrangência vai desde o plano natural ao sociológico. Investiga, questiona e equaciona acções preventivas para melhorar o ambiente, reduzindo assim os riscos para a saúde. O analfabetismo funcional, tecnológico e ambiental é o mais difícil de ser erradicado e atinge pessoas com vários níveis de escolaridade. A escassez de temas relacionados com a compreensão do funcionamento do meio promove o desenvolvimento de uma visão fragmentada e incompleta da natureza. Sem o conhecimento da real dimensão dos processos geológicos, do carácter natural das mudanças globais e seus aspectos históricos, das suas correlações com a vida e sua evolução, não poderão ser formados cidadãos conscientes e sensíveis aos problemas ambientais. Neste contexto, é fundamental o reconhecimento da escala de intensificação dos processos naturais que a actividade antrópica provoca. Só proporcionando o desenvolvimento de uma visão sistémica do planeta, em que participa a Biosfera em processos interdependentes, se poderão formar cidadãos responsáveis pelo uso e ocupação do meio natural. Assim, a presente pesquisa, sustentada numa breve revisão bibliográfica, pretende oferecer uma abordagem sistémica, integradora e transdisciplinar da Educação Ambiental, numa perspectiva multifacetada, focada na sua natureza inclusiva e abrangente

    Cadeia de valor e o sistema de comercialização de castanha da Terra Fria Transmontana

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    Após a derrocada do sector agrícola que viu o valor das importações aumentar com a adesão de Portugal à União Europeia, bem como a estagnação continuada dos rendimentos agrícolas, a castanha foi o produto que, ao contrário dos outros produtos agrícolas, viu o seu preço (e o consumo) aumentar por todo o mundo, passando de “produto de sobrevivência” das populações rurais a “produto de valor acrescentado qualidade”. O aumento da área de plantio, da produção, das exportações, da qualidade e a tendência global para o aumento do consumo deste fruto, foram, entre outros, aspectos a considerar no estudo desenvolvido sobre a cadeia de valor e o sistema de comercialização da mais importante região portuguesa na produção de castanha, nomeadamente a Terra Fria Transmontana. Identificar e distribuir os agentes por vários elos da cadeia de valor, perceber como agem os actores nos distintos elos do sistema de comercialização identificando os problemas comuns e analisar as mais-valias geradas/retidas em cada elo, são, pois, os objectivos desta pesquisa. Pela consulta de fontes documentais e não documentais (entrevistas aos principais agentes de comercialização) e pela adequação da técnica SWOT1 à fileira, concluímos que, na complexa engrenagem do sistema de comercialização de castanha, os agentes se distribuem por vários elos da cadeia de valor incorporando diferentes serviços e funções – desde os produtores, ajuntadores, armazenistas-exportadores (onde se incorporam também as unidades de transformação), “magusteiros” aos “agentes de controlo no destino”. O valor acrescentado obtido internamente é mais comercial do que industrial, onde, em adição aos processos de graduação e desinfecção, se verifica ainda o descasque e a congelação da castanha. Para além destas operações, não ocorre mais nenhuma transformação física da castanha, à qual, mais nenhum valor de laboração é atribuído

    Da produção ao consumo: breve análise do mercado nacional de amêndoa

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    A produção mundial de Frutos de Casca Rija – FCR cresceu significativamente na última década, esperando-se a manutenção desta tendência para os próximos anos, motivada pelo crescente consumo nos países desenvolvidos e emergentes. Em Portugal, esta atividade desempenha um papel fundamental na sustentabilidade das economias das regiões rurais, sendo, em algumas delas, a principal fonte de rendimento. A presente comunicação visa contribuir para o incremento da competitividade da fileira dos FCR, em particular, da amêndoa. Para tal, analisa a produção, comercialização e consumo de amêndoa, a nível nacional e internacional, no período 2004-2014, com base em múltipla informação estatística, complementada com outras fontes secundárias relacionadas com a temática, bem como, informação primária obtida junto de agentes integrantes na fileira. Nas últimas décadas a cultura da amendoeira foi alvo de desinteresse, tendo-se assistido ao abandono de parte significativa do amendoal nacional. Todavia, esta tendência inverteu-se recentemente, tendo-se registado uma evolução positiva a partir de 2011, especialmente com o aumento da área de amendoal em Trás-os-Montes e no Alentejo. Tal, é resultado da crise económica que o país atravessa e da crescente valorização deste fruto, cujo preço ao produtor, no último quinquénio, exibiu um acréscimo superior a 90%. Por outro lado, a fileira debate-se com problemas de eficiência no elo da distribuição e com a concorrência de outros países produtores com preços mais competitivos. A estrutura da produção, fortemente atomizada, resulta na pequena dimensão económica dos produtores, situação agravada pelo fraco desempenho das Organizações de Produtores – OP do setor. Ao nível da procura observa-se que em resultado da sua excelente qualidade, a amêndoa produzida em Portugal tem boa procura interna e externa, sendo a produção insuficiente para responder às necessidades internas. Quanto à procura externa verifica-se que a proximidade geográfica com Espanha e os laços históricos com as ex-colónias têm sido cruciais para as exportações nacionais, assumindo especial relevância os mercados de Angola e Brasil.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    A fileira da maça em Portugal - produção e mercados

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    A maçã é um dos principais frutos à escala mundial. Em Portugal a macieira está entre as principais espécies frutícolas ocupando cerca de 14 mil hectares, com produções próximas das 300 mil toneladas anuais. O mercado evoluiu para a diferenciação, apostando na certificação e qualificação, com nomes e modos de produção protegidos, bem como, produtos dirigidos a segmentos de mercado específicos, explorando a diversidade e possibilidade de escolha dos consumidores. Todavia, o sucesso do setor depende das ações coordenadas de toda a fileira, especialmente, no reforço da garantia da quantidade e qualidade do produto. Com o presente estudo pretende-se contribuir para o desenvolvimento e competividade da produção frutífera nacional, nomeadamente, de maça. Assim, analisa-se o setor da maça, retratando-o ao nível da produção, comercialização, consumo e comércio externo, incluindo, as estratégias de incremento do valor acrescentado adotadas. O estudo abarca o período 2005-2015 e tem por base múltipla informação estatística, complementada com outras fontes secundárias e informação primária, obtida junto de agentes integrantes na fileira.Este trabalho foi financiado por: Projeto PRODER, Medida 4.1. Introdução de telas anti granizo em macieira: avaliação de efeitos colaterais e impacte económico (PA 54823).info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Algumas questões sobre a transição para o Euro

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    No Conselho Europeu de Chefes de Estado e de Governo, realizado nos dias 2 e 3 de Maio último, foram designados os onze países da União Europeia que constituem o grupo fundador da zona monetária do Euro, no qual se inclui Portugal. A transição para o Euro far-se-à em duas etapas, com um período transitório de 1.1.1999 a 31.12.2001, em que o Euro poderá ser utilizado como moeda escriturai sem ter existência física em notas ou moedas, e o período de 1.1.2002 a 30.6.2002. em que haverá circulação dupla de notas e moedas de Euros e de moeda nacional. Neste artigo são abordadas algumas questões relativas à transição para o Euro, designadamente: aspectos jurídicos, conversão das moedas nacionais parti cipantes, oferta de novos produtos financeiros, redenominação da dívida pública e privada e de acções e outros valores mobiliários, taxas de juro e indexantes e normas contabilísticas. Durante o primeiro semestre de 2002, os bancos assegurarão a troca das moedas nacionais por Euros, a pedido dos clientes e aos seus balcões. A conversão das operações para euros será efectuada pelo sistema financeiro, pela administração pública e pelas empresas, consoante o caso

    O sistema de comercialização de castanha da Terra Fria Transmontana e sua cadeia de valor

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    Após a derrocada do sector agrícola que viu o valor das importações aumentar com a adesão de Portugal à União Europeia, bem como a estagnação continuada dos rendimentos agrícolas, a castanha foi o produto que, ao contrário dos outros produtos agrícolas, viu o seu preço (e o consumo) aumentar por todo o mundo, passando de “produto de sobrevivência” das populações rurais a “produto de valor acrescentado qualidade”. Há muito, que a castanha portuguesa se impõe no mercado internacional, sendo um dos privilegiados frutos que contribui para o saldo positivo da balança comercial de frutos. O aumento da área de plantio, da produção, das exportações, da qualidade e a tendência global para o aumento do consumo deste fruto, foram, entre outros, aspectos a considerar no estudo desenvolvido sobre a cadeia de valor e o sistema de comercialização da mais importante região portuguesa na produção de castanha, nomeadamente a Terra Fria Transmontana. Caracterizar a fileira da castanha, descrever os perfis dos agentes, identificar e perceber como funcionam os vários elos do sistema de comercialização, analisar as estratégias de compra e venda de castanha, identificar as mais-valias do fruto em cada elo, e finalmente propor medidas – a nível técnico, organizacional e políticas afins – que permitam aos produtores da região de produção partilhar mais plenamente os benefícios que a produção da castanha é sem dúvida alguma capaz de gerar, foram os objectivos específicos definidos nesta investigação. Assim, esta dissertação dividiu-se essencialmente em duas fases. Na primeira, fez-se o enquadramento da temática em estudo; na segunda, efectuaram-se a interpretação, a descrição e a análise dos resultados. Feito o ponto da situação do estado actual da arte ao nível da fileira da castanha (comercialização, mercados, qualidade, tendências de consumo, factores ambientais e constrangimentos) complementado por entrevistas aos principais agentes de comercialização, concluímos que, na complexa engrenagem do sistema de comercialização de castanha, os agentes se distribuem por vários elos da cadeia de valor incorporando diferentes serviços e funções – desde os produtores, ajuntadores, armazenistas-exportadores (onde se incorporam também as unidades de transformação), “magusteiros” aos “agentes de controlo no destino”. Os produtores adoptam entre si múltiplas estratégias na venda da castanha, permanecendo nesta fase, sob a dependência dos ajuntadores, “magusteiros e armazenistas-exportadores. Os ajuntadores, localmente, concentram a produção para a venderem por grosso aos armazenistas-exportadores e os “magusteiros”, vindos de fora, compram o fruto a granel ao produtor, a fim de o distribuírem no mercado nacional aos retalhistas. Os “agentes de controlo no destino”, essencialmente localizados no Brasil, França, Itália e Espanha, recebem a castanha do armazenista-exportador e distribuem-na no país de destino. O valor acrescentado obtido internamente é mais comercial do que industrial, ou seja, o produto é calibrado, limpo e desinfectado pelos armazenistas-exportadores e distribuído aos compradores a jusante, para consumo fresco ou para transformação. Embora os armazenistas-exportadores executem a separação da castanha por vários lotes de diferentes variedades e calibres e o tratamento do fruto para distribuição no mercado interno e externo, há apenas uma preocupação mínima no tratamento industrial – onde, em adição aos processos de graduação e desinfecção mencionados, se verifica ainda o descasque e a congelação da castanha – para além destas operações, não ocorre mais nenhuma transformação física da castanha, à qual, mais nenhum valor de laboração é atribuído. Os outros operadores – produtores, ajuntadores, “magusteiros” e agentes de controlo no destino – acrescentam apenas mais-valias comerciais ao fruto. Acerca da competitividade da fileira, enunciaremos alguns dos constrangimentos e potencialidades que se salientaram ao longo da investigação. Os mais importantes constrangimentos compreendem: (a) baixa produtividade dos soutos; (b) aumento dos problemas de fitossanidade, devido, entre outros, ao incremento das áreas de plantação e escassez de mão-de-obra a que se associa o aumento generalizado do seu custo; (c) défice de organização entre os produtores para a comercialização do produto; (d) desertificação do meio rural e elevada faixa etária no elo da produção; (e) concorrência desleal; (f) práticas especulativas; (g) assimetria do poder negocial entre as grandes superfícies e os fornecedores; (h) ameaça de forte concorrência dos países de Leste (incluindo a Turquia) por via do alargamento da União Europeia e (i) massificação da produção nacional pela introdução de variedades estrangeiras e progressiva supressão das variedades regionais. No que se refere às potencialidades, incluem-se: (a) bons rendimentos – se bem que distribuídos de forma desigual – para todos os agentes de comercialização; (b) entrada de divisas no país com os mercados de exportação; (c) produto muito valorizado e de prestígio no estrangeiro; (d) produto usado na alimentação humana e animal; (e) grande facilidade de escoamento; (f) material genético valioso; (g) produto biológico; (h) investigação em híbridos resistentes às doenças da tinta e cancro; (i) aumento da procura de castanha previamente descascada e congelada para a indústria de transformação; (j) desinfecção da castanha por via húmida em detrimento da via química e (k) colheita mecânica. Finalmente, as implicações sugeridas pela pesquisa para a fileira incluiriam as seguintes acções prioritárias: além do reforço da investigação científica na luta contra os problemas fitossanitários dos soutos, da elaboração do cadastro, que permitiria saber quantos castanheiros estão neste momento infectados, da prática de técnicas culturais com vista à utilização da colheita mecânica para mitigar a diminuição verificada em mão-de-obra no Interior e o recurso a mão-de-obra estrangeira residente em Portugal, os constrangimentos da fileira só serão ultrapassados quando for transposta a barreira do individualismo, pela constituição de organismos associativos coesos, de forma a permitir o aumento do valor acrescentado da castanha na origem. O sector produtivo poderia, desta forma, ocupar – embora de forma limitada – os elos comerciais e industriais que se situam a jusante. As acções a desenvolver no seio da fileira deverão passar, pois por uma mudança de atitudes de modo a gerar consensos entre os vários elos da cadeia de valor, visando sobretudo a selecção das variedades de castanha a produzir (regionais ou normalização dos calibres), os tratamentos a efectuar (via química ou via húmida), a redução da especulação e a dinamização do associativismo.The late 20th century collapse of the Portuguese agricultural sector was precipitated by substantial rises in imports resulting from the country’s accession to the European Union, along with a continued stagnation of farm incomes. Nevertheless, it was the chestnut, virtually alone among agricultural products, that bucked this trend. Both price and consumption levels rose worldwide, causing the chestnut to lose its former identity as a mere subsistence crop of the rural population and quickly become a whose potential lay in the value-added to be derived from product quality. Since then, the Portuguese chestnut has imposed itself on the world market, and its place among the few crops that has permitted the country’s trade balance in fruit produce to remain positive. Increases in the area under chestnut, and the associated levels of production, quality and exports, combined with the rising world demand for this item, were important elements (among others) that needed to be addressed in the present study of the value chain and the commercialisation system of the most important component of Portuguese production chestnut – namely that of the Terra Fria Transmontana area. Thus the main objectives of the present study were to characterise the chestnut filière, specify the actors involved in the commercialisation of the product, identify the various links in the commercialisation chain and their functions, analyse the corresponding chestnut buying and selling strategies, identify the relative importance of the value-added to be earned at each stage of the process, and finally to propose improvements – technical, organisational and policy-related – that would permit growers in the area of origin to share more fully in the benefits that chestnut production is undoubtedly capable of generating. On the basis of the above-mentioned aims, the dissertation essentially comprises two parts: the first, in which the theoretical framework and contextualisation of the theme is provided; and the second, in which the results of the study are presented and then interpreted with a view to drawing conclusions regarding policy improvements. Drawing on the most up-to-date published information available on the contours and dynamic of the chestnut filière (production, commercialisation, markets, quality, consumption trends, environmental issues and constraints), complemented by detailed interviews with some of the principal actors in the commercialisation circuits, it became clear that there exists a complex interlocking system of links in the value chain, pertaining to fairly distinct types of functional involvement in the chestnut trade – ranging from the producers themselves, to “buyers-up” (or “bulkers”), and warehousing/exporting companies (in which category we also include magusteiros or those also providing some initial processing of the product, as well as agents whose commercial function is more oriented towards downstream logistics i.e. directing the product towards its final destination. Producers, largely dominated by “buyers-up”, magusteiros and warehousing/exporting firms, adopt multiple strategies in order to sell their chestnuts. The buyers-up bring together relatively small quantities of chestnuts from individual producers (or small groups) concentrated in a particular geographical zone, channelling the produce on a bulk basis to magusteiros (almost exclusively from outside the Terra Fria Transmontana) who in turn sell on to warehousing/exporting firms who supply the final retailers. The agents involved in directing the produce to its final (or pre-final) destination are mainly based in Brazil, France, Italy and Spain, essentially receive the chestnuts from the warehousing/exporting firms and distribute to customers in their own country. The value-added earned by all of the above-mentioned functional links in the value chain is commercial rather than industrial, i.e. the produce are not transformed, except inasmuch as they are bulked, sorted, disinfected to reduce perishability and subsequently directed to downstream purchasers, principally commercial, but also industrial. Though warehousing/exporting wholesalers separate the produce into lots based on variety and size, disinfect the chestnuts and then distribute them on both the internal and external markets, it is only in the relatively few industrial concerns – where, in addition to the grading and disinfecting processes mentioned above, chestnuts are typically skinned and/or frozen – that any physical transformation of the chestnut takes place, to which any manufacturing value added might be attributed. The study also highlights a number of competitive constraints and potentialities that characterise the filière, evidence of which was encountered throughout the period of study. The following constraints appeared to be the most important: (a) low productivity of chestnut stands; (b) growing problems of maintaining the health of chestnut trees due to a combination of the rapid expansion of the area planted and increased labour costs associated with manpower shortages; (c) poor collaboration and/or organisation among producers with regard to the commercialisation of the crop; (d) the ongoing rural demographic decline and associated ageing of the population actively involved in chestnut production; (e) various types of unfair competition; (f) speculative practices; (g) unequal bargaining power of key hyper-market outlets and chestnut suppliers; (h) the threat of competition from Eastern European UE candidate members (including Turkey) and (i) the shift towards the planting foreign “mass market” varieties and the consequent marginalisation of portuguese regional varieties. The following appear to be the key positive factors regarding the competitive potential of the filière: (a) good and improving earnings – albeit unevenly distributed along the value chain – for all involved in the filière; (b) higher foreign exchange earnings for the national economy as export markets flourish; (c) foreign consumers now attach greater value to the chestnut as a foodstuff; (d) produce used for both human foodstuffs and animal feed; (e) ease of distribution; (f) high grade, high value genetic material of Portuguese varieties; (g) much production is organic/”biological” in nature; (h) successful research carried pout and applied on hybrids resistant to both ink disease and canker in chestnuts; (i) growing demand for industrially processed (skinned and/or frozen) chestnuts; (j) introduction of healthier and more environmentally-friendly “wet” (rather than “chemical”) disinfecting processes and (k) technologies exist to extend use of mechanical harvesting. Finally, the policy implications suggested by the research include a number of priority measures. Clearly there is a need to strengthen scientific research into combating chestnut diseases, and efforts should be made to accurately map and estimate the number of infected trees. Also harvest mechanisation needs to be further encouraged and the mobility of foreign workers resident in Portugal increased, so as to mitigate the effects of labour shortages. However none of these measures, aimed at reducing some of the constraints to which the filière is subject, will be fully effective if there is no transformation of attitudes among the principal actors in the value-chain: the individualism of producers needs to be overcome, a more coherent form of associativism more deeply implanted, so that more value added can be retained in the locality where chestnuts are produced. Along the length and breadth of the filière, greater consensus is required, in particular, not only regarding the need to reduce speculation and promote associativism, but also the need to select which (regional) varieties to grow and on which size of chestnuts producers should concentrate, the adoption of safer and environmentally-friendlier methods of protecting chestnuts against deterioration in storage/transit

    Caracterização do funcionamento da DOP “carne mirandesa”

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    Segundo Sousa e Almeida (2004), no início do século passado, a raça Mirandesa foi a raça bovina portuguesa que teve uma maior área de expansão, desde o planalto Mirandês até ao Norte do Alentejo. Embora recente, a comercialização da carne desta raça, tem um papel de relevo na actividade agro-pecuária do Nordeste Transmontano, enquadrando-se numa fileira de mercado de qualidade superior. Tal facto justifica a realização deste estudo no qual se pretende caracterizar o funcionamento comercial da DOP (Denominação de Origem Protegida) Mirandesa e elaborar um diagnóstico estratégico para esta actividade. Para o efeito realiza-se uma análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) com vista à identificação das potencialidades deste produto e aos estrangulamentos a que está sujeito
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