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A invenção da fama em Sylvia Planth
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Literatura.O presente trabalho tem por objetivo propor um estudo teórico a respeito da fama póstuma de uma escritora suicida, Sylvia Plath. A notoriedade que a poeta norteamericana atingiu não se restringe apenas ao âmbito da literatura, pois encontra repercussão também nas manifestações da cultura de massa. Assim, em busca dos suportes contextuais que a teriam transformado em mito e ícone do século XX, um diálogo reflexivo com a cultura, a literatura e as formas de consumo é proposto. Ao fazer uso das ferramentas metodológicas da Teoria da Literatura e dos Estudos Culturais, esquadrinham-se os elementos responsáveis pela invenção da fama, dentre os quais merece destaque o campo das representações biográficas, a tarefa da avaliação crítica e o lugar de recepção do leitor comum. A partir dessas três frentes principais desdobram-se outros temas fundamentais para a época em questão e que contribuem sobremaneira para a manifestação do fenônemo da fama: a espetacularização da sociedade, a prática do voyeurismo, a transformação da negatividade em objeto de negociação, a estetização da morte via indústria cultural, a midiatização e mercantilização dos indivíduos, a celebrização das personalidades e a perda de objetos de referência na sociedade moderna. As linhas interpretativas levantadas oferecem a possibilidade de leitura da celebrização da vida trágica de Sylvia Plath como produto cultural pertencente à dinâmica dos objetos na sociedade de consumo. The aim of the present work is to propose a theoretical study concerning the postmortem fame reached by a suicidal writer, Sylvia Plath. The status attained by the North-American poet is not restricted to literature, as it finds repercussion also in the mass culture manifestations. Thus, as to find contextual support that would have transformed her in myth and icon of the 20th Century, a reflexive dialogue with the culture, literature and consumptions forms is presented. Making use of the methodological tools of the Literary Theory and of the Cultural Studies, we map the elements that are responsible for the fame invention, among which we highlight the field of the biographical representations, the critical evaluation task and the reception place of the ordinary reader. From those three main fronts we deploy other fundamental themes for that particular time, and which contribute strongly to the fame phenomenon manifestation: the spectacularization of society, the voyeurism practice, the transformation of the negativity in negotiation object, the esthetics of death via cultural industry, the mediatization and merchandizing of the individuals, the celebrization of personalities and the loss of reference objects in modern society. The interpretative lines brought here offer the possibility of reading the celebrization of Sylvia Plath#s tragical life as a cultural product belonging to the dynamics of the objects in the consumption society
Cinema de culto
Inclui bibliografia e prefácioEste segundo volume da Coleção Cadernos de Crítica é o resultado textual dos debates surgidos em torno do tema cinema de culto (ou cinema cult), curadoria do Projeto Cinema Mundo que exibiu produções audiovisuais durante o primeiro semestre de 2016. Composto por um conjunto de cinco textos, a coletânea Cinema de culto discute certa fruição religiosa na apreciação de filmes como El Topo, Donnie Darko, Laranja Mecânica, Violência Gratuita e Akira
Expressões do horror: escritos sobre cinema de horror contemporâneo
Este terceiro volume da Coleção Cadernos de Crítica é o resultado textual dos debates surgidos em torno do cinema de horror contemporâneo, curadoria do Projeto Cinema Mundo que exibiu produções audiovisuais durante o segundo semestre de 2016 e primeiro semestre de 2017. Composto por um conjunto de dezenove textos, a coletânea Expressões do horror discute a estética do gênero em suas diversas representações em filmes como A Bruxa, Anticristo, Deixa Ela Entrar, Pontypool e The Babadook
David Lynch e a estrutura dos sonhos
Prefácio para o livro - David Lynch, multiartista. Daniel Serravalle de Sá, Marcio Markendorf (Orgs.). Florianópolis: UFSC, 2017.O adjetivo “onírico” é frequentemente utilizado para falar sobre a obra de
Lynch, as traduções brasileiras de Mulholland Drive (Cidade dos Sonhos, 2001) e
Inland Empire (Império dos Sonhos, 2006) são exemplares dessa percepção que
muitas pessoas têm ao assistir aos filmes. De fato, é possível observar que apesar da
grande variedade de temas, tanto nas imagens quanto na narrativa, os filmes de
Lynch possuem uma qualidade que remete ao tecido de que são feitos os sonhos.Suas histórias quase sempre contêm um acontecimento central que altera
fundamentalmente a estrutura mimética do filme, em The Elephant Man (1980) John Merrick vira uma pessoa normal, em Lost Highway
(1997) Fred Madison se torna outra pessoa, em Dune (1984)
Paul Atreides assume controle sobre a Natureza em sua volta, fazendo chover no
deserto. Esses exemplos estão intrinsicamente relacionados à satisfação de desejos
dos personagens, que atravessam as fronteiras entre o mundo concreto (da
insatisfação) e o mundo da fantasia ou do sonho. Enquanto chave interpretativa, a estrutura dos sonhos também se manifesta
na organização do enredo, fazendo com que a audiência questione a verossimilhança
daquilo que está assistindo
Diálogos egressos
Este livro é resultado do I Seminário de Egressos do Programa de Pós-graduação em literatura, evento realizado em março de 2020
Monstromania, Monstrologia
Prefácio para o livro - Monstruosidades: estética e política. Daniel Serravalle de Sá, Marcio Markendorf (Orgs.). Florianópolis: CCE/DLLE/UFSC, 2019.Aquilo que chamamos
de monstro ou de monstruoso é uma espécie de caso limítrofe,
um fenômeno extremo, uma forma marginalizada, um caso de
abjeção, um desafio epistemológico, sendo o conceito de fronteira
necessário para a construção da identidade, seja aquela que se
define como natural ou que aponta o desvio de formação.
Na gramática do monstruoso, as questões estéticas talvez
sejam as que mais chamem atenção em um primeiro momento.
Teóricos concordam que, no campo da monstruosidade, a
aparência assume um aspecto dramático e, em geral, abriga a
decodificação semiótica da personalidade – aparência feia/ser
mau. Tudo o que se afasta da típica forma humana (os vegetais,
os robôs, os insetos), as deformidades e as variações estruturais
são elementos em conflito com a cultura vigente, traçando linhas
divisoras e taxando de monstruoso o que está do outro lado da
fronteira institucional imposta. Seja por excesso, exceção ou falta,
seja por diferenciação ou hibridismo, o monstro é algo perturbador
das categorias de normalidade e beleza, caracterizando uma Todavia, pensando
além da estética, a questão basilar na construção do monstruoso
diz respeito às funções e significados políticos assumidos por
tais formas em contextos específicos, pois, o monstro atende a
necessidades diversas no devir temporal, geográfico, corporal,
sexual, tecnológico, entre outros
Memórias do corpo
Quais impressões são grafadas a ferro e fogo no corpo? Quais tatuagens de identidade, de trauma, de memórias inscrevem-se na pele dos sujeitos? De que maneira o corpo pode tomar peso, materialidade, visibilidade nas representações artísticas e literárias ou nos relatos de testemunho? Como lidar com os espaços exteriores e interiores das memórias formadas nos contextos de raça, sexualidade, gênero, deficiência, classe? Como se dá o entrecruzamento entre lugares de fala, biografia, memória e afetos?
Para a perspectiva pós-moderna, vivemos em um tempo de amnésia imediata, fruto de uma civilização baseada na imagem na informação, no jornalismo, nas mídias sociais, nas tecnologias, na simulação (Warburg, Baudrillard, Morin, Boehm, Bredekamp, Merleau-Ponty, Lacan, Žižek). Ao mesmo tempo observamos a onipresença do corpo como objeto sexual e o apagamento do sensual. As representações de prazer e de dor na mídia trazem uma ilusão de intensidade (Sennett) fazendo das vivências cotidianas inscritas nos corpos materiais aparentemente mais pálidas. A comunicação parece ganhar uma dimensão mais célere, os conteúdos são absorvidos de modo vertiginoso, muitas vezes sendo descartados prontamente. O tempo da experiência, associado ao caráter épico da sabedoria, é transformado e transmutado em vivência (Benjamin). O modo como os sujeitos experienciam o tempo presente também é afetado. Passado, presente e futuro coexistem de forma paradoxal no espaço físico e simbólico fragmentados, é o que os museus de arte contemporânea parecem atestar.
Assim, em busca de reavivar o debate sobre a memória e sua importância nas construções identitárias, políticas e afetivas, este livro, intitulado "Memórias do Corpo", fruto de um seminário homônimo organizado na Universidade Federal de Santa Catarina em outubro de 2019 pelas linhas de pesquisa Subjetividade, Memória e História e Crítica Feminista e Estudos de Gênero da Pós-Graduação em Literatura, pretende articular e compartilhar saberes e práticas acerca da memória, almejando um diálogo interdisciplinar com diferentes campos de estudo e uma perspectiva interseccional para diferentes análises do corpo.O livro "Memórias do Corpo" deriva de um seminário homônimo realizado na Universidade de Santa Catarina em outubro de 2019. Dado o caráter multidisciplinar de seu tema, o evento foi organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura, tendo à frente as linhas de pesquisa Subjetividade, Memória e História e Crítica Feminista e Estudos de Gênero. Foram parceiros na promoção do evento o Núcleo Literatual (Estudos Feministas e Pós-coloniais de Narrativas da Contemporaneidade), o NuLIMe (Núcleo de Literatura e Memória), o IEG (Instituto de Estudos de Gênero) e o LEGH (Laboratório de Estudos de Gênero e História)