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Vigilância epidemiológica em doenças crónicas não transmissíveis
O conceito de vigilância epidemiológica para as doenças crónicas não
transmissíveis ainda não é consensual, não estando para já completamente estabelecidos
os procedimentos relacionados com esta actividade de Saúde Pública. Entre os
principais factores de risco para o desenvolvimento destas patologias estão: o
sedentarismo, a obesidade, a hipertensão, colesterol elevado, o tabagismo e o consumo
alimentar. É necessária uma vigilância epidemiológica efectiva destas doenças.
O objectivo desta comunicação é reflectir sobre o processo, ainda recente, de
desenvolvimento da vigilância das doenças não transmissíveis.
Metodologia: Procedeu-se a uma revisão da literatura existente nacional e internacional.
Procurou-se prioritariamente as bases de dados relativamente às doenças crónicas de
declaração não obrigatória em geral e mais em particular à possível existência de bases
específicas da vigilância das doenças crónicas não transmissíveis.
Resultados: Os resultados permitem reflectir sobre dados nacionais e internacionais
relativamente às metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Saúde de 2004-2010.
Alguns dos resultados aproximaram-se das metas, no entanto ainda há muito para fazer
nomeadamente em relação à obesidade e aos estilos de vida dos mais jovens.
Conclusões: São necessárias estratégias combinadas que permitam a implementação de
um sistema de vigilância epidemiológica destas doenças, mais abrangente e concentrado
especificamente nesse objectivo
Postpartum women satisfaction regarding nursing care
In Portugal Nursing has specific skills in providing care to pregnant / parturient / postpartum woman. The provision of such care based on practices that aim to approximate the scientific theory of care practice, offering safe and quality care by promoting your satisfaction. The aim of this study is analyze the satisfaction of postpartum women and the importance attached to the nurse work.
Methods: A cross-sectional study with a sample of 150 women interned in the Obstetrics service of a Health Unit of Portugal. Data collection was carried out by researchers in the period February-March 2013. Inclusion criteria: hospitalized postpartum women in the service, the reason being the birth hospitalization. Data were collected through a questionnaire and analyzed using SPSS. Assent was obtained from the Ethics Committee
Results: Regarding the overall satisfaction of women in a study regarding the care received by nurses, most are satisfied. In the opinion of puerperal functions that best characterize the nursing care include: health promotion (73%), with the technical skills mentioned by 4% of postpartum women. However the level of demand and technical and scientific competence of nurses is considered very high by most women (67%). The importance of the work of nurses for the proper functioning of the inpatient service is advocated by 85% of postpartum women, verifying statistical significant association between satisfaction of postpartum women and the importance attributed to the work of nurses for the proper functioning of the service (p = 0001)
Conclusions: The results indicate that the nursing care provided satisfy postpartum women. However this satisfaction is mostly based on empathy of nurses although the mothers have notion of their technical abilitie
Acidentes de trabalho nos enfermeiros portugueses
Os enfermeiros que trabalham nos hospitais estão expostos a muitos riscos que culminam em elevadas taxas de ocorrência de acidentes de trabalho.
Problema de investigação: Caracterizar os acidentes de trabalho nos enfermeiros.
Participantes: Participaram 1716 enfermeiros que tiveram acidente de trabalho notificado entre 2000-2010 em cinco hospitais portugueses.
A informação foi obtida através do registo dos inquéritos, anónimos, de notificação dos acidentes de trabalho.
Recolha e Análise de dados: A recolha de dados foi realizada após autorização dos Conselhos de Administração durante o ano de 2011. Os dados foram analisados em programa informático SPSS®.
Os enfermeiros notificaram 1716 acidentes de trabalho, correspondendo a 44,4% do total dos acidentes notificados. A maior prevalência verificou-se no género feminino (85,5%), no grupo etário 18-29 anos (42,4%), com tempo de serviço superior a 10 anos (40,3%) e a praticar horário por turnos (85,5%). A picada por agulha foi a causa mais frequente (51,9%), seguida das quedas (13,4%) e dos esforços excessivos (12,4%). A sinistralidade foi maior nos serviços de medicina (19,2%), no primeiro dia de trabalho (34%) e nas três primeiras horas (47,3%). Em média os acidentes ocorreram às 12,4 horas. Atingiram os membros superiores (65,6%) e resultaram em ferimentos (68,4%).
Os dados revelam que os acidentes de trabalho nos enfermeiros são maioritariamente provocados por picadas de agulhas, ocorrem no serviço de medicina, nos primeiros dias e primeiras horas de trabalho. Sugere-se a implementação de acções preventivas dirigidas e revisão dos processos organizativos de trabalho
Sex education in schools: what teenagers really know?
In the current framework of guidance considers the obligation to address sexual education in schools in Portugal (Law No. 60/2009 of 6 August, Order No. 196-A / 2010 of 9 April). Objectives: To identify students knowledge in relation to new legislation and basics of sex education.
Cross-sectional study with a sample with 530 students from secondary schools of a northern region of Portugal. The assessment protocol includes sociodemographic questionnaire (Correia 2004) and it was applied from October to December of 2011. Data analysis was performed using SPSS. The informed consent was obtain from schools.
The proportion of students who know the current law on sex education in schools is 37.4%, the proportion of female students who know this law is greater than that of males (41.3% vs. 32.2%). Exist a statistical significant association between this knowledge and sex (p = 0.037), continuing the girls the most informed group. About 30% of students in this sample doesn't identify basic concepts of sexual and reproductive health and family planning neither sexually transmitted infections. In relation to knowledge about contraception also found a statistical significant association with sex (p <0.000), with a higher proportion of knowledge for the female group who also knows more than a contraceptive method (78.7% vs. 55.7%).
The weak information of adolescents knowledge about sex education and gender differences still seem to persist in spite of the existence of sex education in schools from Portugal. Maybe sex education should be a subject in a curriculum from a school, being responsible for this subject a teacher that must be specialized in the area of sexuality
Sex education in schools: what teenagers really know?
Introduction: In the current framework of guidance considers the obligation to address sexual education in schools in Portugal (Law No. 60/2009 of 6 August, Order No. 196-A / 2010 of 9 April). Objectives: To identify students knowledge in relation to new legislation and basics of sex education.
Methods: Cross-sectional study with a sample with 530 students from secondary schools of a northern region of Portugal. The assessment protocol includes sociodemographic questionnaire (Correia 2004) and it was applied from October to December of 2011. Data analysis was performed using SPSS. The informed consent was obtain from schools.
Results: The proportion of students who know the current law on sex education in schools is 37.4%, the proportion of female students who know this law is greater than that of males (41.3% vs. 32.2%). Exist a statistical significant association between this knowledge and sex (p = 0.037), continuing the girls the most informed group. About 30% of students in this sample doesn't identify basic concepts of sexual and reproductive health and family planning neither sexually transmitted infections. In relation to knowledge about contraception also found a statistical significant association with sex (p <0.000), with a higher proportion of knowledge for the female group who also knows more than a contraceptive method (78.7% vs. 55.7%).
Conclusions: The weak information of adolescents knowledge about sex education and gender differences still seem to persist in spite of the existence of sex education in schools from Portugal. Maybe sex education should be a subject in a curriculum from a school, being responsible for this subject a teacher that must be specialized in the area of sexuality
Obesidade e sintomatologia depressiva em estudantes do ensino superior
A obesidade e a depressão são dos problemas mais graves de Saúde Pública nos países ocidentais. Analisar a associação entre estado nutricional e apresentação de sintomatologia depressiva em jovens que frequentam o Ensino Superior. Material e métodos: Estudo transversal numa amostra de 394 alunos do ensino superior no ano letivo de 2010/2011. Foi aplicado um questionário de qualidade de vida e saúde, com a escala de CES-D e dados antropométricos auto-reportados. Da população estudada a maioria é do sexo feminino (87,8%), frequenta o 1.º ano de licenciatura (38,1%), tem uma média de idades de 20 anos. Relativamente ao estado nutricional, 14,7% dos estudantes apresentam sobrepeso, sendo que 3,1% são obesos. Quanto à sintomatologia depressiva a população estudada revelou um risco de depressão de 37,4%, sendo mais prevalente nas mulheres (40,6%) que nos homens (14,6%). A probabilidade das estudantes femininas apresentarem quadro clínico de depressão é 4 vezes superior comparativamente com a dos homens OR= 0,25 (IC95 0,109-0,573). A população com sobrepeso apresenta uma prevalência elevada de risco de depressão, representando mais de um terço destes indivíduos (35,1%) sendo superior à prevalência da população eutrófica (34,5%). Relativamente ao risco de desenvolver patologia depressiva verifica-se que existe risco acrescido comparativamente com a população de peso adequado, OR=1,159 (IC95 0,673-1,996). Discussão: Verificou-se que a população jovem universitária participante nesta investigação apresenta uma baixa prevalência de sobrepeso, pode concorrer para tal o fato de o peso e altura serem auto-reportados. A elevada prevalência de risco de depressão em jovens que frequentam o ensino superior, com prevalência e risco acrescido para os jovens com excesso ponderal, expõe a maior vulnerabilidade destes indivíduos. A sintomatologia depressiva atinge de forma transversal a população estudantil universitária, no entanto jovens com estado nutricional desadequado por excesso ponderal são mais afetadas por esta condição
Atividade fisica e sintomatologia depressiva em estudantes do ensino superior
A relevância da prática da atividade física regular é uma necessidade reconhecida para a melhoria da autoestima e da qualidade de vida das pessoas. Este trabalho tem como objetivo analisar a associação entre prática de atividade física e sintomatologia depressiva em jovens que frequentam o ensino superior.
Estudo transversal, numa amostra de 394 estudantes do ensino superior no ano letivo de 2010/11.Aplicação de um questionário de qualidade de vida e saúde, com a escala de CES-D.
Desta amostra a maioria é do sexo feminino (87,8%), frequenta o 1.º ano de licenciatura (38,1%), tem uma média de idades de 20 anos e apresenta um estado nutricional adequado (79,6%). Verifica-se que a prática de atividade física não é um hábito muito presente no quotidiano desta população, sendo que apenas 27,4% o fazem regularmente. Relativamente à sintomatologia depressiva a amostra está em risco elevado de ter um diagnóstico de quadro depressivo (37,4%), sendo mais prevalente nos 2 primeiros anos do curso (42,5%). Os sintomas que têm uma frequência mais elevada relacionam-se com perturbações do sono (31,3%) e pouca confiança no futuro (38,2%).
Dos estudantes em risco de terem depressão, a prevalência é ligeiramente superior nos que não praticam atividade física em comparação com os que praticam (39,4% vs. 32,4%). Verifica-se essa tendência nos estudantes que residem fora do seio familiar relativamente aos que residem com familiares (38,9% vs. 28,8%). São os estudantes do sexo feminino a representar 95,2% da totalidade de estudantes com probabilidade de ter um quadro depressivo. Neste estudo verificou-se que os estudantes que praticam atividade física possuem alguma proteção de desenvolver esta condição clínica.
A sintomatologia depressiva atinge de forma transversal a população estudantil universitária, no entanto jovens do sexo feminino e sem prática regular de atividade física são mais afetadas por esta condição
Valores dos docentes de enfermagem
Os valores humanos dos docentes e dos alunos a nível da de Enfermagem constituem uma área que tem sido preocupação daqueles que estão relacionados com esta disciplina, preocupação esta que também eu partilho e me conduziu à realização deste estudo.
Parto do pressuposto de que o conhecimento das hierarquias de valores poderá ajudar na compreensão de determinadas atitudes e comportamentos e permitirá relações pessoais mais favoráveis.
Este estudo identifica-se com uma pesquisa do tipo exploratório-descritiva. O seu objectivo é analisar os valores dos docentes de Enfermagem enquanto elementos activos do processo de educação de valores.
Para tal procurei uma fundamentação teórica através de uma pesquisa bibliográfica relacionada com o problema em estudo e tentei evidenciar a importância da educação de valores a nível do Ensino Superior, especialmente na área da Enfermagem.
Depois de seleccionada a Escola, defini a amostra do estudo, 12 docentes de Enfermagem e 56 alunos do Curso Superior de Enfermagem, do 1º. Ano, 1º. Semestre e 3º. Ano, 2º. Semestre em actividades lectivas teóricas.
Os instrumentos de colheita de dados seleccionados foram os questionários e uma grelha de apreciação da conduta dos docentes em sala de aula.
Os dados foram analisados estatisticamente através de frequências absolutas e relativas, médias, medianas, desvios-padrão e coeficientes de correlação.
As respostas às questões foram classificadas em categorias e tratadas por análise de conteúdo.
Perante os resultados obtidos evidenciam-se as seguintes noções:
As hierarquias de valores dos docentes não diferem substancialmente das hierarquias de valores dos alunos;
Entre os alunos de 1º. Ano, 1º. Semestre e os alunos de 3º. Ano, 2º. Semestre, a afinidade de valores é quase perfeita no entanto existe menor coerência entre as hierarquias de valores instrumentais;
Entre os docentes distribuídos de acordo com a idade a afinidade de valores é forte, apresentando menor coerência entre os valores finais;
Considerando a hierarquia de valores instrumentais expressa no questionário e a hierarquia de valores instrumentais dos docentes baseada na auto-apreciação da conduta em sala de aula, a afinidade é moderada, revelando-se no entanto simétrica em alguns valores;
Também a hierarquia de valores instrumentais dos docentes expressa no questionário e a hierarquia de valores instrumentais dos docentes baseada na apreciação da conduta em sala de aula, realizada pelo investigador, a afinidade é moderada, embora menor que a verificada entre docentes e alunos;
Ainda a hierarquia de valores instrumentais dos docentes expressa no questionário e a hierarquia de valores instrumentais dos docentes baseada na apreciação da conduta em sala de aula, realizada pelos alunos, a afinidade é forte;
Os docentes não transmitem na sua prática pedagógica os valores que defendem em termos teóricos;
Tendo em conta o carácter exploratório do estudo, são formuladas algumas questões resultantes da análise dos dados que poderão constituir motivo de futuras reflexões
Boas práticas e autonomia da puérpera após a alta clínica
Objetlvo: Analisar a satisfação com a informação e as explicações dos
enfermeiros recebidas pelas puérperas face às boas práticas da técnica do
banho ao recém-nascido, da amamentação e do autocuidado após a alta
clínica.
Metodologia: Estudo epidemiológico de prevalência, realizado numa unidade
local de saúde portuguesa. A população alvo era constituida por todas as
puérperas internadas no serviço de Obstetrfcia durante o mês de fevereiro e o
mês de abril de 2013, num total de 120 puérperas. Critérios de exclusão: a puérpera ter o RN internado no serviço de Neonatologia. Para a recolha da informação foi usado um questionário adaptado de dois questionários originais de Nogueira CLS (2010) e Limão A, et ai (2009). As boas práticas foram operacionalizadas tendo em conta: os cuidados prestados às puérperas. Cada uma destas
técnicas englobou um conjunto de itens sobre os quais a puérpera manifestou
a sua satisfação com a informação e a explicação dadas pelo enfermeiro.
Foi construlda uma base de dados e analisados os dados no programa SPSS
versão 20. Usou-se o teste paramétrico t para comparação de duas amostras
de grande dimensão provenientes de populações independentes e ao teste não
paramétrico Kruskaii-Wallis. Recorreu-se, ainda, ao coeficiente de correlação
de Spearman para averiguar as passiveis correlações entre as variáveis de
satisfação. O nfvel de significância utilizado foi de 0,05.
Foi obtido parecer favorável da Comissão de Ética da
Unidade Local de Saúde do onde o trabalho decorreu. Foi obtido o consentimento informado das utentes participantes garantindo a confidencialidade e proteção das informações pessoais recolhidas, pois em
nenhum dos registos consta qualquer identificação acerca das utentes.
Resultados: Relativamente à técnica do autocuidado após o parto, verificou-se
que cerca de 86% das mulheres questionadas afirmaram que foram dadas
explicações acerca dessa técnica. A maioria das mulheres (95%) afirmou sentir-se satisfeita com a informação para a exeeu ção de todas as tarefas no seu autocuidado, após a alta hospitalar e jà fora do ambiente hospitalar. Dos itens inclufdos no autocuidado, a informação sobre a lavagem das mãos
antes e depois de se cuidarem foi referida por 97% das mulheres. A informação
sobre os cuidados de higiene e conforto diários e sobre os cuidados com as
mamas foi manifestada por cerca de 94% das mulheres.
Verificou-se uma variação nos aspetos não explicados, com valores entre 6% a 11%, realçando
os itens sobre as caraterlsticas dos lóquios, o aplicar toalhas frias nas mamas
após as mamadas para reduzir o ingurgitamento, que foram os menos claros.
Quanto aos resultados de aplicação do teste exat.o de Fisher conclui-se que
existe associação estatisticamente significativa (p<0,001) para afirmar que a
satisfação com a informação disponibilizada sobre o autocuidado está
significativamente associada à explicação de cada tópico a abordar.
Em relação à técnica do banho ao recém-nascido, cerca de 97% das mulheres
inquiridas afirmaram que foi explicada a técnica pelos Enfermeiros e
praticamente a totalidade das mulheres (99%) está satisfeita com a informação
recebida relativamente a esta técnica.
Conclui-se que não existe associação estatisticamente significativa entre a
explicação do tópico e a satisfação com a informação.
Para a técnica da amamentação, verificou-se que das mulheres inquiridas
cerca de 96% afirmaram que foram dadas explicações acerca dessa e aproximadamente 94% está satisfeita com a informação recebida relativamente a esta técnica.
Quanto aos resultados de aplicação do teste exalo de Fisher conclui-se que
existe associação estatisticamente significativa (p<0,001) para afirmar que a
satisfação com a informação disponibilizada sobre a amamentação está significativamente associada à explicação de cada tópico a abordar, com exceção dos tópicos.
Conclusões: As puérperas consideraram que a explicação sobre as técnicas
de autocuidado e o banho ao recém-nascido, disponibilizada pelo enfermeiro
especialista, é menos satisfatória do que a informação acerca dessas técnicas.
A generalidade das utentes afirma sentir-se confiante na execução de todas as
tarefas após a alta hospitalar.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Saúde reprodutiva – planeamento familiar conhecimentos e comportamentos sexuais dos adolescentes portugueses
A Saúde Sexual e Reprodutiva é um componente da saúde geral dos indivíduos e
tem sido alvo de crescente interesse nos países desenvolvidos (1).
Os comportamentos dos adolescentes assumem um papel de extrema importância
dado que os estilos de vida adquiridos neste período tendem a permanecer durante o resto
da vida, sendo 70,0% das mortes prematuras entre adultos, devido a comportamentos
iniciados na adolescência (2).
As relações sexuais dos adolescentes, em idades cada vez mais precoces,
representam uma preocupação de Saúde Pública, quer nacional quer Europeia (1). Os
comportamentos que lhes são inerentes acumulam enormes custos, tanto a nível individual,
familiar, social e cultural como a nível dos serviços de saúde (2,3). Mais de metade das
infecções causadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) afecta jovens entre os 15
e os 24 anos de idade, devendo por isso, a prevenção centrar-se neste grupo etário e
conseguir obter-se a sua participação nessa prevenção. Para a maioria das pessoas, a
actividade sexual começa na adolescência e em muitos países os adolescentes são
sexualmente activos antes dos 15 anos de idade (1).
Decorridas mais de duas décadas da epidemia da Síndroma de Imunodeficiência
Adquirida (SIDA), os jovens continuam desinformados sobre relações sexuais e doenças
sexualmente transmissíveis. Em países com epidemias do Vírus da Imunodeficiência
Humana generalizadas, como por exemplo a Guiné Equatorial ou a Serra Leoa, mais de
80,0% das mulheres entre os 15 e os 24 anos de idade não tinham conhecimentos sobre o
HIV. No Azerbaijão e no Uzbequistão, em 2001, um terço dos adolescentes do sexo
feminino nunca tinha ouvido falar de SIDA, e na Somália, apenas 26,0% das mulheres tinha
ouvido falar mas somente 1,0% sabia como evitar a infecção (1). Os poucos detentores da
informação, não se protegem porque lhes falta o conhecimento prático, o apoio e os meios
para adoptar comportamentos seguros (1).
As diferenças internacionais nas leis e nos conceitos que regem a Saúde Sexual e
Reprodutiva (SSR), as diferenças seculares nos comportamentos e nos estilos de vida,
aliadas ao desconhecimento das práticas efectivas dos adolescentes, dificultam o
conhecimento sobre a Saúde Sexual e Reprodutiva a nível mundial. Estas diferenças, inter e
intra países, podem ser compreendidas através da especificidade de características
pessoais, sociais e culturais das populações. Os estilos de vida estão interligados a questões específicas pessoais (valores
humanos, atitudes e oportunidades) e a aspectos sociais, culturais e económicos, estando
as doenças sexualmente transmissíveis fundamentalmente relacionadas com práticas,
crenças sociais e culturais, do foro íntimo, pessoal e privado (4).
Assim, a Saúde Sexual e Reprodutiva tem que ser entendida como o resultado de
um processo de construção psicossocial, em função do qual os comportamentos mais
elementares, como as dimensões estritamente fisiológicas da sexualidade, ou mais
elaborados, como as sociais e culturais, se tornam significativos e fazem parte da saúde
geral do indivíduo (5-7).
Se recuarmos no tempo verificamos que os conceitos ligados à Saúde Sexual e
Reprodutiva nem sempre foram tão vastos. A possibilidade de decidir o número de filhos
que se quer ter resultou de um movimento de ideias iniciado no século XVIII por Malthus.
Em Portugal expandiu-se durante a Primeira República e sofreu avanços e recuos que
resultaram da evolução política, no entanto, em Outubro de 1974 fez-se a primeira
referência expressa, num texto oficial, à necessidade de informar o público sobre
Planeamento Familiar (8,9).
Em Março de 1976, foram criadas oficialmente as consultas de Planeamento Familiar
em todos os Centros de Saúde do país, integradas nos Serviços de Saúde Materno-Infantil.
A Constituição Portuguesa de 1976, no seu artigo 67º., garantiu esse direito fundamental
aos cidadãos. Em 1984 foram aprovadas as Leis sobre planeamento familiar, interrupção
voluntária da gravidez, educação sexual e protecção à maternidade, sendo o princípio da
liberdade sexual reforçado no Sistema Jurídico Português (9,10). Estas leis foram revistas em
1999, tornando-se mais abrangentes e responsabilizadoras da família como um todo e
reforçando as garantias do direito à Saúde Sexual e Reprodutiva (11).
A evolução conceptual de Planeamento Familiar, em Portugal, pode ser dividida em
duas etapas. A primeira, nos anos de 1970-1980, correspondendo à integração do
Planeamento Familiar na Saúde Materno-Infantil. A segunda, desenvolveu-se de acordo
com o programa de Acção da Conferência Internacional das Nações Unidas Sobre a
População e Desenvolvimento no Cairo-1994, que propunha a integração do Planeamento
Familiar na Saúde Reprodutiva (12).
As Declarações e Programas de Acção, tanto da Conferência do Cairo, como da
Quarta Conferência das Nações Unidas Sobre as Mulheres-Pequim, 1995 (12) foram
consideradas marcos importantes no modo de conceber e aceitar a sexualidade e as
questões relacionadas com a reprodução. A nível mundial, antes, os problemas associados
à reprodução humana eram abordados em termos de crescimento populacional e de políticas demográficas. Depois, a sexualidade e a Saúde Reprodutiva foram consideradas
na óptica dos Direitos Humanos como um factor indispensável à emancipação das mulheres
e um elemento importante para o progresso das sociedades.
De acordo com a proposta da Organização Mundial de Saúde (13) sobre Saúde,
População e Desenvolvimento, apresentada à Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento – Cairo, 1994, a Saúde Sexual passou a ser definida como a integração
dos aspectos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do ser humano, de um modo que
seja positivamente enriquecedor e contribua para o desenvolvimento da personalidade, da
comunicação e das relações pessoais. Por sua vez, a Saúde Reprodutiva passou a referirse
ao sistema, às funções e aos processos de reprodução em todos os estádios da vida.
Estes conceitos de grande abrangência vão muito além da perspectiva biológica da
sexualidade, que terá surgido no início do século XIX em dois registos complementares: o
da biologia da reprodução e o da medicina sexual (14). A sexologia como disciplina, surgia
associada ao conceito de perversão, definindo tudo o que fosse exterior ao coito
heterossexual reprodutivo como crime e depravação
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