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    A discriminação segundo a perspectiva de profissionais da atenção básica à saúde

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2014.Este trabalho aborda o fenômeno discriminatório na perspectiva de profissionais de saúde da Atenção Básica à Saúde, especificamente no nível interpessoal. Foi conduzida uma pesquisa qualitativa com dois centros de saúde da grande Florianópolis (SC, Brasil), envolvendo seis Equipes de Saúde da Família e profissionais dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família dos centros participantes. A coleta de informações foi realizada por meio de sensibilização, seguida de grupo focal. A análise gerou categorias e subcategorias que dialogam entre si, tendo sido agrupadas em uma relativa à realidade identificada e outra, às implicações práticas. Os resultados indicaram que a discriminação é rotineiramente considerada pelos profissionais apenas em suas formas explícitas. Ao debruçar-se sobre o tema, foram reveladas angústias individuais e coletivas, bem como estratégias envidadas para lidar com o outro de maneira a manter o fluxo do processo de trabalho. Especificamente, o distanciamento em relação ao outro (seja este usuário ou profissional de saúde) promove a manifestação de discriminação. Esta, por sua vez, apresentou-se em sua forma sutil e, por isto, na maior parte dos casos, sentida, porém, desconsiderada pelos profissionais. Uma vez destacada, a discriminação contribuiu para um ambiente carregado de tensões, resistência, vergonha e revelações.Abstract: This paper addresses interpersonal discrimination from the perspective of primary health care professionals. A qualitative research was carried out into primary health care centers in Florianópolis (Southern, Brazil) with six Family Health teams and different professionals of the Supporting Family Health teams (NASF) of the participating centers. Data collection was conducted through an initial sensitization, which was followed by focus groups sessions. The analysis generated multiple categories and subcategories, which were grouped into two: reality identified and practical implications. Results indicated that only explicit discrimination is frequently considered by health professionals. When the issue was approached more closely, individual and collective anxieties, as well as strategies to deal with discrimination in order to maintain the work flow were revealed. In summary, a somewhat distant interaction between focus groups participants led to the development of mechanistic relationships, which promote expressions of discriminatory behavior. Discrimination, in turn, also appeared in its subtle form, and, therefore, was largely unnoticed by health professionals

    Osteopatia e Atenção Primária à Saúde: Uma relação pouco conhecida no Brasil

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    A principal contribuição da osteopatia ao bem estar coletivo apresenta-se historicamente ligada à Atenção Primária à Saúde (APS). Todavia, nas últimas décadas, esse perfil tem se modificado. Nos Estados Unidos, na medida em que as formações em osteopatia estreitam laços com escolas médicas convencionais, diminui a utilização de técnicas manuais osteopáticas e a preferência pela atuação na APS entre os osteopatas. No Brasil, a osteopatia foi reconhecida como Prática Integrativa e Complementar em Saúde (PICS) recentemente no Sistema Único de Saúde (SUS); e, como tal, foi incentivada sua inserção na APS. As experiências iniciais estão ocorrendo por iniciativa de fisioterapeutas em serviços ambulatoriais especializados, envolvendo geralmente a atenção secundária e terciária. Nesse contexto, apresentamos e discutimos estratégias viáveis, porém, ainda não exploradas, de inserção desta abordagem na APS, atentando para as particularidades da osteopatia e as realidades do SUS. Tais estratégias desafiam os profissionais osteopatas a considerarem metodologias de matriciamento e educação permanente, no sentido da construção de um campo comum que, além de incluir saberes e técnicas osteopáticas básicas, seguras e adequados no contexto multiprofissional da APS, favoreçam a reformulação de conceitos, crenças e práticas excessivamente medicalizantes comumente partilhados pelos profissionais da biomedicina

    Contribuições da osteopatia para o cuidado na atenção primária à saúde

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    A osteopatia foi oficialmente reconhecida como PIC recentemente no SUS; e, como tal, sua inserção foi incentivada na atenção primária à saúde (APS). Este ensaio apresenta e discute algumas relações da osteopatia com a APS, enfocando conhecimentos e técnicas osteopáticas que podem contribuir para o fortalecimento de aspectos comuns a ambas. Tais contribuições incluem: a ênfase em tecnologias leves, compreendendo a qualidade da relação clínica, no sentido da construção de narrativas e estratégias capazes de esclarecer sobre questões fisiológicas, incluindo mecanismos endógenos de auto-regulação; introdução na APS  de estimulação desse mecanismos por meio de algumas técnicas manuais osteopáticas; maior valorização da autonomia dos usuários frente a seus problemas de saúde; um melhor equilibrio frente a proeminência de tecnologias duras e leves/duras, protocolos e uso excessivo de exames diagnósticos na APS, facilitando uma diversificação interpretativa e terapêutica, com utilização crítica de evidências e sinais fisiológicos sem perder de vista o indivíduo como um todo; evitação do excesso de medicalização do cuidado, acentuado pelo comum compartilhamento de crenças e prognósticos catastróficos, que inibem o tempo, o interesse e o estímulo à auto-regulação necessários à dissolução de prognósticos excessivamente sombrios. O compartilhamento de saberes/técnicos osteopáticos pode ser útil para melhorar a intensidade das relações de cuidado e favorecer mudanças no processo de trabalho nas redes de atenção a saúde. Pesquisas e experimentações institucionais são necessárias para explorar essas potencialidades, compartilhando conhecimentos que enriqueçam equipes, gestores e usuários no sentido da construção de formas singulares, seguras e eficazes de cuidado

    Osteopatia na atenção primária à saúde no município de Florianópolis: uma experiência de matriciamento e educação permanente

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2018Esta tese trata das contribuições potenciais dos saberes, técnicas e abordagens osteopáticas ao cuidado clínico realizado na atenção primária à saúde. A tese parte de uma contextualização da abordagem osteopática no mundo, suas características e sua proximidade com o campo da atenção primária à saúde (APS). Em paralelo, organiza conhecimentos acerca de estratégias de aprendizagem voltadas a equipes multiprofissionais e que fomentam a transformação do processo de trabalho nos serviços de APS, segundo premissas da educação permanente em saúde (EPS). A tese se aproxima do campo empírico por meio de uma pesquisa/intevenção que envolveu estratégias de EPS e matriciamento sobre a abordagem osteopática oferecidas a profissionais de equipes de Saúde da Família de Florianópolis, SC. Participaram da pesquisa 35 profissionais de equipes de saúde da família e núcleos de apoio a saúde da família (NASF), sendo divididos em duas ondas de capacitação com carga horária de 32h, divididas em 8 encontros semanais cada uma. A metodologia de aprendizagem envolveu a realização de consultas compartilhadas entre o osteopata/pesquisador e as equipes multiprofissionais. As consultas foram realizadas inicialmente com os próprios profissionais e suas queixas reais para então serem realizadas com os usuários do serviço nos próprios centros de saúde. O processo foi registrado em áudio e vídeo e acrescido de uma entrevista final. Todo o material foi revisitado e a análise dos dados foi feita por meio da Grounded Theory. Os resultados provenientes dos relatos dos profissionais participantes indicam que a aprendizagem de saberes osteopáticos inseridos no processo de trabalho mostrou-se como instrumento disparador de processos reflexivos acerca do cuidado. A eficácia e resolubilidade desta abordagem na prática, motivou os profissionais participantes a transformar seus atos de cuidado dentro do seu processo de trabalho bem como o cuidado consigo, incluindo algumas técnicas e formas de avaliação em sua rotina de trabalho. Segundo os profissionais, o entendimento comum sobre os mecanismos de auto regulação e a inclusão do estudo da mobilidade tecidual em sua anamnese contribuíram para a transformação do processo de trabalho em equipe nos seguintes sentidos: a busca por um cuidado menos protocolar, mais adequado a cada caso, a inclusão de mecanismos endógenos e posturas ativas na terapêutica, o uso racional de exames complementares, medicação, encaminhamentos para procedimentos cirúrgicos. Os resultados também apontam para algumas dificuldades envolvendo o ato de diversificar as formas de aprendizagem do cuidado tanto no meio acadêmico como na subjetividade dos profissionais participantes. Isto esteve associado a um estranhamento e despreparo ao lidar com uma natural imprevisibilidade de aprendizagem por meio da vivência e compartilhamento de consultas reais e não teóricas. Todavia, segundo os profissionais a mesma imprevisibilidade, quando bem manejada, motivou um envolvimento capaz de tornar a aprendizagem interessante, humana e participativa. Isto favoreceu a aproximação dos profissionais, no sentido de fortalecer o trabalho em equipe acerca de um saber comprometido com a transformação e aberto a novas formas de cuidado.Abstract: This thesis explores potential contributions of osteopathic knowledge to clinical care performed in PHC services in the Brazilian national health system. The thesis starts from a contextualization of the osteopathic approach in the world, its characteristics and its proximity to the field of primary health care (PHC). The thesis approaches the empirical field through a research/intervention strategy offered to professionals of Family Health teams of Florianópolis, SC. Thirty-five professionals from family health teams (family doctors, community agents, nurses, nursing technicians) and members of the family health support teams (physiotherapist, psychologist, physical educator) participated in the study. It was conducted two training waves with a 32-hour workload, divided into 8 weekly meetings each. The learning methodology involved shared consultations between the osteopath/researcher and the multiprofessional teams. The consultations were initially carried out with the professionals themselves and their real complaints and in a second moment patients of the service were consulted according the same methodology. After the consultations there was established a reflexive and didactical environment to practice some of the approaches that were utilized in the consultations. The process was recorded in audio and video and added a final interview. All material was revisited and data analysis was done by Grounded Theory. The professionals indicate that the learning of osteopathic knowledge inside the work process has shown to be a triggering tool for reflective processes about how they manage care. The effectiveness and resolubility of this approach observed during the consultations has motivated the professionals to transform their care acts as well as the care with themselves. According to the professionals, the common understanding about the mechanisms of self-regulation and the inclusion of the study of tissue mobility in their anamnesis contributed in the following senses: the search for a less protocolary care, more appropriate to each case, the inclusion of endogenous mechanisms and active postures in the therapeutic plan, the rational use of complementary exams, medication and referrals for surgical procedures. The results also point to some difficulties involving the act of diversifying ways of learning care approaches, both in the academic environment and in the subjectivity of the professionals. This has been associated with strangeness and unpreparedness in dealing with a natural unpredictability of learning through the experience and sharing of real and non-theoretical queries. However, according to the professionals, the same unpredictability, when well managed, motivated an involvement capable of making learning interesting, human and participative. This favored the approach of the professionals, in the sense of strengthening teamwork about a knowledge committed to the transformation and open to new forms of care
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