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    Associação entre fragilidade, funcionalidade e prevalência de delirium em idosos internados no Hospital de Clínicas de Porto Alegre

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    Delirium é uma alteração aguda da atenção e consciência, prevalente entre idosos hospitalizados e associada a maiores tempo de permanência hospitalar, morbidade e mortalidade. Usualmente ocorre pela interação entre suscetibilidade individual e um fator clínico desencadeante. Conhecer os fatores predisponentes do paciente é fundamental para análise de risco basal para o desfecho, entretanto, avaliações funcionais e de diagnóstico de fragilidade não são usualmente sistematizadas na prática clínica, sendo seu impacto sobre a prevalência de delirium ainda pouco estudado. O objetivo do presente estudo foi investigar a associação entre capacidade funcional e fragilidade com a prevalência de delirium em pacientes idosos hospitalizados e apresentar estimativas de risco conforme status do fator de exposição. Este foi um estudo transversal, incluiu pacientes com idade ≥ 65 anos e internados há menos de 72 horas em leitos de enfermaria clínica no HCPA entre maio e outubro de 2022. Participantes foram avaliados para identificação de delirium através dos critérios do DSM V aplicados por médico geriatra treinado; fragilidade foi aferida pela Clinical Frailty Scale (CFS) sendo considerados frágeis os idosos com CFS ≥ 5; funcionalidade foi medida pela capacidade para executar Atividades de Vida Diária pelas escalas de Barthel (ABVD) e Lawton (AIVD), categorizando-se os participantes em 2 grupos, os de maior e menor dependência. Os resultados foram apresentados em razão de prevalência, intervalo de confiança de 95%, sendo p<0,05 convencionado como estatisticamente significativo. Dos 276 pacientes avaliados no estudo, 71 (25,7%) apresentavam delirium, sendo que no grupo considerado frágil a prevalência foi de 58 (39,5%) casos, comparado a 12 (9,6%) entre robustos (RP 4,11 [IC 95% 2,31-7,30]; p<0,001). Quanto à funcionalidade, na avaliação das ABVD apresentaram delirium 69,4% dos pacientes com maior dependência e 16% no grupo com menor dependência (RP 4,34 [IC 95% 3,05-6,17]; p<0,001). Considerando-se as AIVDs, a prevalência foi de 51 (41,8%) nos pacientes com maior versus 18 (11,9%) nos pacientes com menor dependência (RP 3,51 [IC 95%2,16-5,68]; p<0,001). De forma interessante, observou-se aumento de risco linear para delirium quanto maior a fragilidade e o grau de dependência aferidos pelas supracitadas escalas. Conclui-se que o aumento da fragilidade e a perda de funcionalidade estão associados ao aumento da prevalência de delirium em pacientes idosos hospitalizados, sendo um marcador de fácil obtenção muito útil do ponto de vista clínico para entendimento de risco basal
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