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Campesinatos e política
No primeiro número do Anuário Antropológico foi publicada uma resenha assinada por Moacir Palmeira (1978) de meu livro Capitalismo Autoritário e Campesinato (Velho, 1976). P a ra muito além da capacidade profissional do seu autor e de seu sentimento de ética acadêmica, todos muito bem conhecidos de seus pares, a rssenha reflete uma grande generosidade. Ao mesmo tempo, tra ta -s e de uma peça exemplar de crítica no seu sentido mais justo e invulgar pela forma com que p en e tra no texto e persegue as suas implicações. Assim sendo, essa resenha me fornece uma oportunidade única de reflexão e de te n ta tiv a de av an ç ar as minhas próprias idéias a re speito de uma série de questões. Estou em concordância com diversas das observações, por demais parcimoniosas aliás, e quanto a outras tan ta s, da maior importância p a ra mim, espero te r oportunidade de voltar a elas em o u tra ocasião
O reencontro com o universal
Deve estar evidente que a referência que tivemos para nos prepararmos para esta mesa-redonda foi o texto do Luís Roberto, que eu achei realmente muito interessante. Por isso estamos nos reportando, volta e meia, a ele. Nesse texto, o que o Luís Roberto nos pediu é que tratássemos de problemáticas específicas que possuam um potencial de revelação de nossos fatos etnográficos. Então, isso é para situar um pouco o esforço que estamos fazendo aqui. Ao ler o texto do Luís Roberto me veio à cabeça uma historinha que está no livro do James Clifford sobre o Maurice Leenhardt de que eu gosto muito, e que se refere a uma experiência de campo do Leenhardt. Leenhardt estava lá, no meio dos seus nativos, e como vocês sabem, o Leenhardt era uma mistura de antropólogo e missionário. E ele estava se dedicando a uma atividade de que nós em geral, hoje, como antropólogos, achamos graça e consideramos etnocêntrica. Tratava-se da tradução da Bíblia
Considerações (In) Tempestivas sobre Nietzsche e Weber
O reconhecimento do peso da influência de Nietzsche sobre Weber é relativamente recente. Embora se pudesse dar por suposta essa influência na medida da presença difusa de Nietzsche no ambiente intelectual alemão na época de Weber (Hughes, 1976), ou através de algumas referências explícitas e, em geral, específicas de Weber a Nietzsche, não se costumava ir além. A mudança de atitude pode ser bem caracterizada em um certo espaço de tempo na obra de um mesmo comentador: Raymond Aron. O silêncio absoluto a esse resoeito em sua A Sociologia Alemã Contemporânea de 1936 (2) e a admissão necessária que aparece em seu As Etapas do Pensamento Sociológico em 1967 (vide também 1957)