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    Formação Continuada de Docentes no Ensino Superior: experiências e contradições em tempos de neoliberalismo

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    Este artigo tem por objetivo discutir a formação continuada de docentes do ensino superior, considerando seus atuais desafios e dilemas e como estes têm sido convergidos e superados nos espaços coletivos construídos em algumas Instituições de Ensino Superior (IES). Compreende-se a educação como operadora de mudança, como espaço de formação cidadã, que considera os afetos e as subjetividades, nesse sentido, ela está impossibilitada de qualquer tentativa de neutralidade, seja nos espaços institucionais, nos objetivos das discussões, nas formações promovidas ou na forma de vínculos trabalhistas. Assim, a formação continuada de professores do ensino superior, entendida como continuidade da formação profissional, tem possibilidades de promover novas reflexões e meios de desenvolver e aprimorar o fazer profissional, de modo a repensar as necessidades institucionais e sociais. Notamos que as inovações didático-pedagógicas contribuem em determinados contextos, mas não se sustentam sem a reflexão sobre a função da educação na sociedade. A valorização da experiência prática que considere a importância de complementação didático-pedagógica e a convivência de profissionais experientes com iniciantes também são práticas que favorecem o processo da formação continuada dos docentes.

    (De)Racialized Loves: a psychosocial study of interracial marriage between yellow and black and white people in São Paulo

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    Esta pesquisa teve por objetivo analisar as percepções acerca de raça-etnia em casamentos interraciais de amarelos com negros e com brancos em São Paulo. Procuramos compreender como as diferenças eram vividas pelos parceiros na interação com os familiares e em ambientes públicos. Na discussão das dinâmicas raciais - não binárias - entre os três grupos, articulamos a teoria da triangulação racial de asiáticos, do campo da Sociologia, às configurações triangulares, do campo psicológico. O método utilizado, dentro da abordagem construcionista, incluiu no campo pesquisado uma revisão de literatura acadêmica, a observação de relatos e de discussões sobre o assunto nas redes sociais e em episódios do cotidiano, conversas informais com dois sujeitos e com dois casais, além da realização de entrevistas em profundidade com quatro casais. Os significados de raça no relacionamento conjugal eram negados ou atenuados no discurso da maioria dos participantes. Contraditoriamente, as experiências narradas do convívio com a família e o meio social eram racializadas, em que traços biológicos e/ou culturais eram associados a características pessoais. Estereótipos e microagressões raciais faziam parte da vivência e da história dos parceiros não brancos e as identidades étnico-raciais mostraram-se salientes nas fronteiras entre os grupos. Brancos e amarelos não encontraram resistências da família dos parceiros ao casamento inter-racial, enquanto manifestações racistas com profundos impactos psicológicos foram experienciadas por cônjuges negros, não aceitos automaticamente nas famílias asiáticas. A branquitude como norma permeava não só a busca da brasilidade pelos amarelos casados com brancos, mas também o cotidiano das famílias afroasiáticas. Percebeu-se existência de maior ansiedade social em relação aos casais amarelo e negro, e em torno do nascimento de seus filhos. Porém, estes casais adotavam estratégias de enfrentamento, contando com apoio mútuo e posicionando-se como unidade. Os que se conscientizaram das desigualdades de poder no contato com reflexões interseccionais sobre raça e gênero, passaram a afirmar de forma positiva as identidades não brancas e a considerar ativamente essas dimensões no processo de socialização dos filhos. Buscou-se com este estudo contribuir para preencher a lacuna notada quanto aos estudos étnicos e raciais envolvendo asiático-brasileiros, particularmente na esfera das relações afetivo-sexuais. Os resultados mostraram ser relevantes para uma compreensão do lugar complexo dos amarelos nas hierarquias raciais brasileiras, sendo pontuadas as implicações para o racismo e o antirracismoThis research analyzes the perceptions of race and ethnicity in Yellow-Black and Yellow-White interracial marriages in São Paulo, Brazil. We tried to understand which differences were experienced by partners while interacting with extended family members and in public situations. While discussing the non-binary racial dynamic between these three groups - Yellows, Blacks and Whites we were able to articulate the theory of racial triangulation of Asians from the Sociology field to the triangular configurations from the psychological field. The constructionist approach-based method included reviewing academic literature on the subjects of race, society and interracial relations, gathering information from two individuals and two couples, as well as conducting in-depth interviews with other four couples and scrutinizing recorded commentaries and discussions about the subject in social media and also analyzing daily life episodes, and also informal conversations. The meaning of race in the marital relationship was denied or attenuated in most participants discourses. Contradictorily, the experiences they narrated were racialized, especially while interacting with the families and with the social environment. In these moments, biological or cultural traits were associated with personal characteristics. Stereotypes and racial microaggressions were part of the experience and life histories of non-white spouses and ethnic/racial identities remained important boundaries between groups. Whites and Yellows found no resistance from the partner\'s family when it came to interracial marriage, while manifestations of racism and profound psychological impacts were experienced by Black spouses, not automatically accepted by Asian families. Whiteness was a norm that permeated not only the search for Brazilianness (a true Brazilian identity) for Yellows married to Whites, but also the life of Afro-Asian families. There was greater social anxiety over Yellow-Black unions, and also concerning the birth of their children. However, these couples adopted coping strategies, relying on mutual support and positioning themselves as a unit. Those who became aware of the inequalities of power when having contact with intersectional reflections on race and gender began to positively affirm non- White identities and actively consider these dimensions in their childrens socialization processes. This study aimed to fill the gap in ethnic and racial studies on Asian-Brazilians, particularly in the sphere of affective-sexual relations. The results proved to be relevant for a better understanding of the complex place of Yellows in Brazilian racial hierarchies, and the implications of racism and anti-racism were discusse

    Migrants in transit between Brazil and Japan: a psychosocial intervention in the return

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    O presente estudo teve como objetivo apresentar e avaliar a configuração de uma intervenção psicossocial breve realizada com um grupo de nipo-brasileiros que viveram no Japão, no retorno destes ao Brasil, procurando compreender a vivência dos sujeitos no que se refere às representações culturais do Brasil e do Japão e ao processo de retorno. Os referenciais teóricos utilizados foram retirados da Psicologia Intercultural e articulados a conceitos e técnicas da abordagem psicanalítica. De modo geral, o processo de aculturação no retorno foi sentido como difícil. Os participantes expressaram indignação com a conjuntura política, econômica e social do país e alguns relataram sensação de sentirem-se estrangeiros, de inassertividade e de desorientação. Surgiram representações simbólicas coletivas do Brasil como país do calor humano e do Japão como país da alta tecnologia e educação, havendo, ao mesmo tempo, um tom pessoal nas representações em função das experiências singulares de cada um. Técnicas reflexivas, informativas e lúdicas, como elaboração de cartazes, exposição de conceitos teóricos, exibição e discussão de documentário acerca da temática da e/imigração entre Brasil-Japão, foram instrumentos úteis para que as angústias do grupo pudessem ser nomeadas. O espaço de continência e interlocução favoreceu processos de identificação para que questões conflituosas relativas às vivências no retorno e à identidade cultural pudessem se tornar objeto de reflexão e transformação. Constatamos a utilidade desse tipo de intervenção psicossocial na elaboração psicológica da experiência migratória, revelando-se fundamental, em investigações nessa área, a consideração dos estilos culturais diversos e do contexto social.The purpose of the present study is to present and assess a brief psychosocial intervention with a group of Japanese-Brazilians who lived in Japan and returned to Brazil. Their return process and cultural representations of Brazil and Japan are explored. Theoretically the work is based on contributions from cross-cultural psychology and psychoanalytic concepts and techniques. Group participants generally felt return migration as difficult and expressed outrage towards Brazil´s present political, economic and social system, in addition to feeling like foreigners, unassertiveness and disorientation. Collective symbolic representations of Brazil as a country of warm human relations and Japan as a country of high technology and education also emerged, loaded with personal aspects, according to the unique experiences each one had. Reflective, informative and dynamic techniques such as preparation of posters, exhibition of theoretical concepts, display and discussion of a documentary migration between Brazil and Japan were useful tools, enabling the group to name their own distress. The area of continence and interlocution in this group helped identify processes where issues concerning conflicting experiences in the return and cultural identity could become objects of reflection and transformation. The findings indicate the contribution of such psycho-social intervention in the psychological process of the migratory experience, and the need to approach cultural styles and the social context in investigations in this area
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