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Users' relatives experiencing changes in the psychiatric care model
A assistência à saúde mental brasileira passa por uma transformação do modelo psiquiátrico tradicional, centrado na exclusão da pessoa com transtorno mental, para a criação de uma rede de serviços substitutivos na comunidade. Assim, provoca-se uma mudança no papel dos familiares, que são chamados a participar das estratégias de cuidado, reabilitação e inclusão social. Este ensaio visa discutir a opinião dos familiares de usuários da Associação Arte e Convívio, Botucatu-SP, Brasil, sobre aspectos relacionados à sua realidade e à convivência com o transtorno mental, pois a Associação não consegue contar com a participação dos familiares em suas atividades. A metodologia utilizada foi a de história oral. Constatou-se sobrecarga econômica, social e emocional decorrentes do preconceito e da convivência com a pessoa com transtornos mentais. Conclui-se que a AAC, para superar as dificuldades de envolver os familiares em suas atividades, deve dar atenção às questões de fundo econômico e social.Centered on the exclusion of individuals with mental disorders, the traditional psychiatric model of mental health care in Brazil has undergone changes for the creation of a network of substitutive services in the community. Therefore, a change is made to the role played by relatives, who are called to participate in care, rehabilitation and social inclusion strategies. This assay aims at discussing the opinion of relatives of Associação Arte e Convívio (AAC) users in Botucatu-SP, Brazil as regards the aspects related to their reality and experience concerning mental disorders, since such relatives have not participated in AAC activities. The oral account methodology was used, and the following aspects were found to be part of the relatives' everyday lives: economic, social and mental overload as a result of prejudice and living with a person who has mental disorders. It was concluded that for AAC to overcome the difficulties of involving relatives in their activities, it will be necessary to heed attention to economic and social issues.FAPES
Educação científica e atividade grupal na perspectiva sócio-histórica
This paper presents some issues regarding scientific education as well as collective and group activities, within the socio-historical approach in human development and the scientific teaching which is found in the work of L.S. Vigotski and A.N. Leontiev. Basically we will try to establish this relation considering the zone of proximal development proposal by Vigotski in which the author emphasizes the cooperation and imitation roles for new developing levels. Such process is subsided by the instruction having the educator as the mediation.Este trabalho apresenta questões relativas à educação científica e à atividade grupal ou coletiva, na perspectiva da abordagem sócio-histórica do desenvolvimento humano e do ensino científico presente nas obras dos russos L.S. Vigotski e A.N. Leontiev. Fundamentalmente, buscaremos estabelecer essa relação a partir da proposta de Zona de Desenvolvimento Próximo realizada por Vigotski, em que o autor enfatiza o papel da imitação e da cooperação no alcance de novos níveis de desenvolvimento, processo subsidiado pela instrução, tendo como mediação o educador
Processo grupal e a questão do poder em Martín-Baró
O presente artigo trata da concepção de processo grupal e poder social enfocada por Martín-Baró.¹ O autor retoma a concepção de grupo presente no trabalho de Sílvia Lane, quando considera os aspectos pessoais, as características grupais, a vivência subjetiva e realidade objetiva e o caráter histórico do grupo. Na perspectiva da psicologia social, segundo o autor, é muito mais relevante a análise do papel do poder na vida cotidiana, no dia-a-dia das pessoas, do que se centrar nos acontecimentos excepcionais e não rotineiros. Considerando que grande parte da prática profissional do psicólogo, principalmente numa perspectiva psicossocial, envolve o trabalho com grupos, a abordagem da questão do poder passa a ter papel fundamental. Neste sentido, o contato com a produção de Martín-Baró é essencial e pode contribuir incisivamente no nosso trabalho cotidiano.The present article discusses the group process and the social power conceptions focused by Martín-Baró. The author retakes the group conception present in Sílvia Lane's work, when it considers the personal aspects, the group characteristics, the subjective existence and objective reality and the historical character of the group. In the perspective of the social psychology, according to the author, it is much more important the analysis of the role of the power in the daily life, in the people's day by day, which implies routine events than to center it in the exceptional ones. Considering that great part of the psychologist's professional practice, mainly in a psychosocial perspective, involves the work with groups, the power issue approach starts to have a fundamental role. In this sense, the contact with Martín-Baró's production is essential and it can contribute to our daily work incisively
Concepções dos cuidados em saúde mental por uma equipe de saúde da família, em perspectiva histórico-cultural
O presente estudo visa a analisar sentidos pessoais e significações sociais das atividades de atenção em saúde mental desenvolvidas por profissionais integrantes de uma equipe de saúde da família. Parte-se, para tal, da perspectiva teórica da psicologia histórico-cultural de Vigotsky (1896-1934). O trabalho é parte de uma pesquisa participante e, portanto, é contextualizado na etapa de inserção no campo. Observou-se que a equipe considera relevante a determinação das condições de vida no processo saúde-doença da população atendida, a necessidade de lançar mão de estratégias diversificadas no cuidado para além da consulta, a importância de se cuidar da saúde mental da própria equipe, bem como dificuldades na abordagem da família. Indica-se a importância, para o trabalho cotidiano das equipes, das possibilidades de superação da exclusividade do núcleo biomédico na determinação do processo saúde-doença apontadas nos princípios operacionais da Estratégia de Saúde da Família, expressas na utilização do acolhimento como recurso de cuidado, a constituição de vínculos e responsabilização e a continuidade da atenção.The present study aims at analyzing the individual senses and social meanings of mental care actions carried out by professionals working in a Family Health Care Team. The study is based on Vigotsky's (1896-1934) theoretical perspective of a historical and cultural psychology. The work is part of a participant research and as such conducted in the context of a field research. It was observed that the team took into consideration the relevance of social determinants for the disease of the target population, the need for making use of diversified care strategies reaching beyond the clinical setting, the importance of taking care of their own mental health, as well as difficulties related to approaching the families of the patients. We emphasize the importance of overcoming the exclusiveness of the biomedical determination of the health-disease process as pointed out in the operational principles of the Family Health Care Strategy, expressed by responsiveness as a care tool, the establishment of relationships and continued care
O cuidado de pessoas com transtornos mentais no cotidiano de seus familiares: investigando o papel da internação psiquiátrica
As atribuições da família no cuidado de seus membros portadores de transtornos mentais têm passado por profundas transformações nos últimos anos. A presente pesquisa investigou as modificações no cotidiano de familiares de pessoas que passaram por internação psiquiátrica e os significados implicados neste processo. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com cinco familiares, cujo conteúdo foi submetido à análise temática e interpretado em perspectiva sócio-histórica. Dentre outras questões, observa-se que: (1) a concepção de cura está relacionada à recuperação da capacidade produtiva, restrita a partir do surgimento dos sintomas; (2) os recursos informais são complementares, principalmente quando os recursos públicos não são suficientes ou satisfatórios; (3) a religiosidade está presente na compreensão metafísica das causas do sofrimento psíquico; (4) a igreja, na figura dos correligionários, consiste em um grupo de suporte para o usuário e para a sua família e (5) a insuficiência de políticas adequadas de atenção à família na rede substitutiva.Family responsibilities on the care of their relatives suffering mental illnesses have passed through deep changes on the last years. The present study investigated the modifications of daily lives of relatives of people who lived long stay admission in psychiatric hospitals and the meanings implicated on this process. The content of semi-structured interviews carried along with five relatives was submitted to thematic analysis and interpreted in socio-historical perspective. Amongst other issues, it was possible to notice that: (1) healing conception is related to the recovery of productive abilities, restricted as long as the symptoms arise; (2) informal resources are complementary, specially when public resources are not enough or satisfactory; (3) religious issues are present in a metaphysical understanding of mental suffering; (4) the church and its representatives consist on a support group for the person and his/her family; and (5) adequate programs regarding family support in mental health open services are not enough
Desinstitucionalização dos cuidados a pessoas com transtornos mentais na atenção básica: aportes para a implementação de ações
Parte-se do interesse dispensado contemporaneamente às articulações entre saúde mental e atenção básica. Após uma breve síntese histórica e conceitual neste campo, discutem-se aspectos operativos da desinstitucionalização dos cuidados a pessoas com transtornos mentais na atenção básica. Com a análise de alguns estudos e experiências são destacados, a seguir, componentes fundamentais para avançar neste sentido: (1) desenvolver processos de comunicação que visem ampliar a legibilidade profissional, (2) superar a centralização em ações restritas aos enquadres tradicionais, (3) manter questionamento permanente com relação ao risco de psiquiatrização do cuidado em saúde mental, (4) superar concepções culpabilizantes do grupo familiar, e (5) investir na formação das equipes de atenção básica para as múltiplas dimensões do cuidado em saúde mental. Apontam-se, desta forma, alguns caminhos e direções possíveis para o desenho de ações de saúde mental na atenção básica que tenham, no horizonte, a perspectiva antimanicomial
A equipe de saúde como mediadora no desenvolvimento psicossocial da criança hospitalizada
Num primeiro momento a criança se apropria do conhecimento por mediações externas, nas quais um objeto externo a ela, que pode ser um adulto, faz uma mediação entre ela e o conteúdo a ser adquirido. Assim, a hospitalização pode tornar-se um fator de risco no desenvolvimento psicológico da criança, tanto no âmbito cognitivo quanto no afetivo, caso suas potencialidades não sejam mediadas pela equipe de saúde, pois esta tem grande contato com a criança durante a internação. Foi investigado, como objetivo do estudo, o conhecimento do processo de desenvolvimento infantil por parte dos profissionais da saúde envolvidos no cuidado com crianças hospitalizadas, em um hospital-escola público do Estado de São Paulo. Participaram da pesquisa onze profissionais, entre técnicas e auxiliares de enfermagem, e os resultados indicam que estas consideram importantes alguns aspectos no cuidado com a criança, tais como estimulação da linguagem, atenção, brincadeira, vinculação, contato físico, porém não reconhecem estes aspectos como importantes para o desenvolvimento, e elegem profissionais específicos para tratarem de aspectos relacionados ao desenvolvimento infantil na internação, não se percebendo como mediadoras no processo de desenvolvimento psicossocial da criança hospitalizada.Al primer momento el niño se apropía del conocimiento por mediaciones externas, en las cuales un objeto externo a él, que puede ser un adulto, hace una mediación entre él y el contenido a ser adquirido. Así, la hospitalización puede convertirse un factor de riesgo en el desenvolvimiento psicológico del niño, tanto en el ámbito cognitivo cuanto en el afectivo, caso sus potencialidades no sean mediadas por el equipo de salud, pues esta tiene gran contacto con el niño durante la internación. Fue investigado, como objetivo de estudio, elo conocimiento del proceso de desenvolvimiento infantil por parte de los profesionales de la salud envueltos en el cuidado con niños hospitalizados, en un hospital-escuela público del Estado de São Paulo. Participaron de la pesquisa once profesionales, entre técnicas y auxiliares de enfermería, y los resultados indican que estas consideran importantes algunos aspectos en el cuidado con el niño, tales como estimulación del lenguaje, atención, juegos, vinculación, contacto físico, pero no reconoecen estos aspectos como importantes para el desenvolvimiento, y eligen profesionales específicos para tratar de aspectos relacionados al desenvolvimiento infantil en la internación, no se percibe como mediadoras en el proceso de desenvolvimiento psicosocial del niño hospitalizado.Children's knowledge acquisition initially occurs by means of external mediation, where an external object to the child, which may be an adult, mediates between her and the content to be acquired. Therefore, hospitalization may become a risk factor to children's psychological development, in both the cognitive and affective realms, in case their potentialities are not mediated by the health team, which maintains a close contact with children during such period. The knowledge concerning the child development process by the health professionals involved in the care of children hospitalized in a public university hospital in São Paulo state was investigated. The participants were eleven professionals, including technical and nursing assistants, and the results indicated that such professionals considered some of the aspects regarding child care to be important, such as language stimulation, attention, playing, bonding, physical contact, but they did not recognize such aspects as important for child development and elected specific professionals to be responsible for aspects of child development at the hospital, not realizing themselves as mediators in the psychosocial development process of hospitalized children