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Intencionalidade e Linguagem (II):: Algumas Considerações sobre Tomaselo, Searle e Dennett
In the present paper we propose that the concept of intentionality is a relevant tool to interpret human symbolicrepertoires. We analyze how the concepts of intentionality and verbal language are articulated in Tomasello’s Usage-BasedTheory of Language Acquisition, Searle’s Illocutionary Acts Theory, and Dennett’s Intentional Systems Theory, seeking toidentify their role on determining human cognition. These theories suggest interdependence between these concepts, whichdiffer among themselves as to how this relation is articulated. They also emphasize the importance of symbolic repertoires,especially verbal language, to human cognition. As intentionality is a feature of human cognition, a link between verbal languageand intentionality for the functioning of human cognition is a topic to be investigated in scientific psychology.Em continuidade a nossa investigação da evolução de processos simbólicos humanos, analisamos a relação entre os conceitos de intencionalidade e linguagem verbal na Teoria da Aquisição da Linguagem Baseada no Uso (Tomasello), na Teoria dos Atos Ilocucionários (Searle) e na Teoria dos Sistemas Intencionais (Dennett), buscando identificar o seu papel na determinação da cognição humana. A três teorias destacam os repertórios simbólicos como o fundamento da cognição humana; dentre os quais, a linguagem verbal tem um papel relevante, embora, não-exclusivo. A diferenciação entre estas teorias reside: (i) nos processos (biológicos e sócio-históricos) por elas identificados para a aquisição e o desenvolvimento dos repertórios simbólicos, inclusive, da linguagem verbal; e (ii) na relevância atribuída à intencionalidade para a justificação destes processos
An intentionalist interpretation of image: Human visual perception and communication
The lines of investigation of human visual interactions have proposed different analytical and
conceptual models, depending on the theoretical assumptions and specific objectives
consistent with their focus of interest. They also have approached several aspects
concerning production and reception of visual images, focusing the social aspects involved in
the relations between individuals and visual images. The analysis of human visual
interactions, however, also depends on ''expectations'' in reaching objectives when visually
interacting with the environment. Some authors have analyzed theses expectations
highlighting the concept of “intentionality” as to justify a referential property of certain mental
states. They are, however, concerned mostly to human verbal interactions (e.g., verbal
reading and communication) or human non-imagetic interactions (e.g., beliefs, desires,
intentional actions, emotions etc.). On the other hand, the studies of human visual
interactions generally use the concept of intentionality in a superficial manner, lacking an
accurate conceptual treatment. The present paper aimed to evaluate the relevance of the
concept of intentionality in analyzing human visual interactions, specifically, human visual
perception and communication. Our objectives were: (i) to revise and present an alternative
approach for the concept of intentionality; (ii) to describe historically relevant theories of
human visual perception and communication, identifying their main assumptions and critics
towards them; (iii) to analyze visual meaning within these theories, by adopting the
categories “semantic externalism and internalism”; (iv) to analyze human visual perception
and communication from the conceptual model presented in (i). We suggest that
intentionality may be defined as a semantic mode of human interaction functioning that
distinguishes itself from syntactic (structural and causal relations) and pragmatic (functional
relations) modes of human interactions functioning. Therefore, we consider that traditional
approaches of the concept of intentionality are impaired because of their attempt to reduce
intentionality to syntactic and pragmatic levels of occurrence and description, instead of
considering it in terms of semantic occurrence and description. Our intentionalist analysis of
human visual perception distinguishes itself from traditional human visual perception theories
for rejecting that perceptual meaning consists of perceptual objects: (a) apprehended in
perceptual experiences (semantic internalism), or (b) functionally related to perceptual
responses (externalism semantic). Alternatively, we suggest that perceptual meaning
consists of “perceiving [how]”, instead of, “perceiving [what]”, becoming irrelevant to consider
the existence of perceptual objects. For human visual communication, semantic analyses are
impaired for admitting (i) an intrinsic or an acquired meaning to material forms of visual
representation (representational hypothesis), or (ii) an intention to produce perlocutionary
and illocutionary effects on audiences, by producing material forms of visual representation
(communicational hypothesis). Alternatively, we suggest that visual communication means
cultural-determined visual representation conditions, and visual representation means natural
and cultural-determined psychological conditions (including, perceptual ones). In other
words, the difficulties of coping with perceptual and communicational meaning concern of
category mistakes committed by internalist and externalist semantic hypotheses of human
visual perception and communication, when reducing semantic mode (intentionality) of
human visual perception and communication functioning to their syntactic and pragmatic
modes of functioning. An intentionalist perspective, as we have proposed in this paper, has
the merit of allowing us to reconsider, firstly, the relevance of the concept of intentionality in analyzing several categories of human interactions, other than those traditionally defined as
“mental states”; and, secondly, to reconsider the relevance of “meaning” in comprehending
other modes of human visual interaction functioning, other than those traditionally attributed
to sign systems.CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoAs linhas de investigação das interações visuais humanas têm proposto distintos modelos
interpretativos e conceituais, dependentes dos referenciais teóricos e dos objetivos especí-
ficos compatíveis com seus focos de interesse. Elas também têm abordado distintos aspectos da produção e recepção de imagens visuais, com destaque para os aspectos sociais
envolvidos na determinação das relações dos indivíduos com as imagens visuais. Mas a interpretação de interações visuais humanas também depende das ''expectativas'' em relação
aos objetivos da interação visual com o mundo. Alguns autores analisaram estas expectativas, destacando o conceito de “intencionalidade” para justificar uma propriedade referencial
de certos estados mentais. No entanto, tais interpretações são, em sua maioria, voltadas para interações verbais humanas (p.ex., linguagem e comunicação verbais), ou interações
não-imagéticas humanas (p.ex., crenças, desejos, ações intencionais, emoções etc.). Por
outro lado, os estudos das interações visuais humanas utilizam o conceito de intencionalidade de modo superficial, sem um tratamento conceitual preciso. O presente trabalho propôs
avaliar a relevância do conceito de intencionalidade para a interpretação de interações visuais humanas, especificamente, percepção e comunicação visuais humanas. Nossa investigação consistiu em: (i) revisão e apresentação de um tratamento alternativo do conceito de
intencionalidade; (ii) descrição de abordagens representativas da percepção e comunicação
visuais humanas, identificando suas principais características e as principais críticas dirigidas a elas; (iii) análise do tratamento da significação visual por estas abordagens, a partir
das categorias “internalismo e externalismo semânticos”; (iv) interpretação da percepção e
comunicação visuais humanas, a partir do modelo conceitual desenvolvido em i. Segundo
nossa interpretação, a intencionalidade pode ser definida como um modo de funcionamento
semântico das interações humanas em geral, que se distingue dos seus modos de funcionamento sintático (relações estruturais e causais) e pragmático (relações funcionais). Neste
sentido, consideramos que a inadequação das abordagens tradicionais do conceito de intencionalidade está em reduzi-lo a níveis sintático e pragmático de realização e descrição, ao
invés de considerá-lo em termos de realização e descrição semânticas. Nossa interpretação
intencionalista da percepção visual humana distingue-se das teorias tradicionais desta interação humana por rejeitar que a significação perceptual consiste em objetos perceptuais: (a)
apreendidos por estados e processos cognitivos humanos (internalismo semântico) ou, (b)
que se relacionam funcionalmente com respostas perceptuais (externalismo semântico). Alternativamente, sugerimos que a significação perceptual consiste em “perceber [como]”, ao
invés de, “perceber [o que]”; prescindindo, assim, da admissão da existência de objetos perceptuais. No caso da comunicação visual humana, a questão da análise de seu funcionamento semântico parece ser prejudicada por tentativas de se admitir, (a) um significado
intrínseco ou atribuído às formas materiais de representação visual humana (hipótese
representacional), ou (b) uma intenção de produzir efeitos perlocucionários e ilocucionários
em audiências, pela produção de formas materiais de representação visual (hipótese
comunicacional). Alternativamente, sugerimos que a comunicação visual humana significa
condições convencionalmente determinadas de representação visual, enquanto que a representação visual humana significa condições psicológicas (incluindo, condições perceptivas
humanas) natural ou convencionalmente determinadas. Em resumo, as dificuldades de lidar
com a significação perceptual e comunicacional residem em erros de categoria que as hipó-
teses semanticamente internalistas e externalistas da percepção e comunicação visuais humanas cometem, ao reduzir o modo de funcionamento semântico (intencionalidade) destas
interações humanas aos seus modos sintático ou pragmático de funcionamento. Uma interpretação intencionalista, tal como a que propomos aqui, tem o mérito de nos permitir rever,
por um lado, como o conceito de intencionalidade pode ser relevante para abordarmos diversas categorias de interação humana, além daquelas tradicionalmente definidas como
“mentais”; e por outro lado, como a questão da significação visual pode ser relevante para
compreendermos outros níveis de funcionamento das interações visuais humanas, além daqueles tradicionalmente atribuídos aos sistemas sígnicos
Intencionalidade e Linguagem (II): Algumas Considerações sobre Tomaselo, Searle e Dennett
RESUMO Propomos, neste trabalho, que o conceito de intencionalidade é uma ferramenta relevante para a interpretação de repertórios simbólicos humanos. Analisamos como os conceitos de intencionalidade e de linguagem verbal são articulados na Teoria da Aquisição da Linguagem Baseada no Uso de Tomasello, na Teoria dos Atos Ilocucionários de Searle e na Teoria dos Sistemas Intencionais de Dennett, buscando identificar seu papel na determinação da cognição humana. Essas teorias propõem uma interdependência entre esses conceitos, os quais difeririam entre si quanto ao modo como se dá essa articulação. Elas também destacam a importância dos repertórios simbólicos, especialmente a linguagem verbal, para a cognição humana. Como a intencionalidade é um aspecto da cognição humana, uma conexão entre linguagem verbal e intencionalidade para o funcionamento cognitivo humano é uma questão a ser investigada na psicologia científica
Intencionalidade e Linguagem (II): Algumas Considerações sobre Tomaselo, Searle e Dennett
RESUMO Propomos, neste trabalho, que o conceito de intencionalidade é uma ferramenta relevante para a interpretação de repertórios simbólicos humanos. Analisamos como os conceitos de intencionalidade e de linguagem verbal são articulados na Teoria da Aquisição da Linguagem Baseada no Uso de Tomasello, na Teoria dos Atos Ilocucionários de Searle e na Teoria dos Sistemas Intencionais de Dennett, buscando identificar seu papel na determinação da cognição humana. Essas teorias propõem uma interdependência entre esses conceitos, os quais difeririam entre si quanto ao modo como se dá essa articulação. Elas também destacam a importância dos repertórios simbólicos, especialmente a linguagem verbal, para a cognição humana. Como a intencionalidade é um aspecto da cognição humana, uma conexão entre linguagem verbal e intencionalidade para o funcionamento cognitivo humano é uma questão a ser investigada na psicologia científica