1,655 research outputs found

    A dádiva como princípio organizador da ciência

    Get PDF
    Este artigo é fruto do trabalho num projeto de pesquisa mais amplo cujo tema são os processos de mercantilização pelos quais a ciência vem passando nas últimas décadas. A parte do projeto em que o artigo se insere diz respeito aos processos de empresariamento da ciência, que envolvem como componente principal a introdução de métodos quantitativos produtivistas de avaliação do trabalho científico. O objetivo do artigo é complementar a crítica a tais formas de avaliação com a sugestão de formas alternativas, inspiradas na concepção, devida a W. Hagstrom, da dádiva como o princípio organizador da ciência. A exposição divide-se em cinco seções: a primeira trata da dádiva em geral ou, em outras palavras, da dádiva como princípio organizador da sociedade; a segunda, da dádiva como princípio organizador da ciência; na terceira expõe-se um argumento a favor da concepção dadivosa, baseado em seu poder explicativo; na quarta, considerações sobre a proliferação de fraudes na ciência; e na quinta, um esquema conceitual como fundamento da transição do quantitativo para o qualitativo na avaliação acadêmica. A conclusão consiste em algumas considerações gerais, propostas como balizas para o movimento em prol de formas mais sensatas de organização das práticas científicas.This paper results from work in a broader research project concerning the processes of commodification which science is going through in the last decades. The part of the project where the paper fits in deals with the processes of corporatization of science, which involve, as their main component, the introduction of quantitative productivist methods of evaluation of scientific practices. The aim of the paper is to complement the critique of those forms of evaluation with the suggestion of alternative forms, inspired by the conception, due to W. Hagstrom, of gift giving as an organizing principle in science. The exposition is divided into five sections: the first one deals with gift giving in general or, in other words, gift giving as an organizing principle in society; the second, with gift giving as an organizing principle in science; in the third section an argument is presented in favour of the gift giving conception, based on its explanatory power; the fourth deals with the proliferation of frauds in science; and in the fifth a conceptual structure is suggested as the foundation for the transition from the quantitative to the qualitative in academic methods of evaluation. The conclusion consists in some general remarks, proposed as guidelines for the movement in favour of more sensible forms of organizing scientific practices

    Technology and basic science: the linear model of innovation

    Get PDF
    The concept of the "linear model of innovation" (LMI) was introduced by authors belonging to the field of innovation studies in the middle of the 1980s. According to the model, there is a simple sequence of steps going from basic science to innovations - an innovation being defined as an invention that is profitable. In innovation studies, the LMI is held to be assumed in Science the endless frontier (Sef), the influential report prepared by Vannevar Bush in 1945. In this paper, it is argued that: (1) the LMI was introduced with critical purposes, as part of the questioning of the conception of science and the proposals for science policies put forward in Sef; (2) at a first level of analysis, the LMI appears as a straw man, defended neither in Sef, nor anywhere else; (3) the LMI is a weapon against the importance attributed to basic science in Sef, and its defense of the financing of basic research by the state; (4) the LMI is a component of the process of commodification of science promoted by neoliberalism. The last section of the paper presents a qualified defense of basic science and basic research

    Neutralidade da ciência, desencantamento do mundo e controle da natureza

    Get PDF
    The aim of this essay is to investigate self-control as an alternative to the practices of control, or domination of nature, in the context of ecological problems, first by individuals, then by society, and finally, by science. The starting point is an analysis of the thesis of the neutrality of science into three components, one of which the thesis of factual neutrality reflects the descriptive character of scientific propositions, and is strongly linked to the control of nature. The high value attributed to the control of nature characteristic of modernity is in turn seen as one of the causes of ecological problems. In order to overcome those problems, it is argued that the adoption of practices of self-control is needed, not only by individuals, but also, and more crucially, by society, and that social self-control is incompatible with the dynamics of the capitalist system. In the final section, self-control in the domain of science is identified with autonomy, and it is shown that the traditional claim of autonomy, made on the basis of neutrality, is no longer tenable, given the processes of commodification to which science is subjected to. To conclude, an alternative kind of autonomy is suggested, in which science is placed not above, but at the side of other forms of knowledge and other social institutions.O objetivo deste ensaio é explorar o auto-controle como alternativa às práticas de controle ou dominação da natureza, no contexto dos problemas ecológicos, primeiro pelos indivíduos, depois pela sociedade e, por fim, pela ciência. O ponto de partida é uma análise em três componentes da tese da neutralidade da ciência, uma das quais a tese da neutralidade factual reflete o caráter puramente descritivo das proposições científicas e tem uma estreita ligação com o controle da natureza. A supervalorização do controle da natureza característica da modernidade, por sua vez, é vista como parte das causas dos problemas ecológicos, cuja superação demonstra a necessidade da adoção do auto-controle, não apenas pelos indivíduos, mas ainda mais crucialmente pela sociedade, sendo o auto-controle social incompatível com a dinâmica do sistema capitalista. Na seção final, identifica-se o auto-controle no domínio da ciência com a autonomia, mostra-se como a reivindicação tradicional da autonomia, baseada na neutralidade, não mais se sustenta, em virtude dos processos de mercantilização a que a ciência é submetida. Como conclusão, propõe-se uma modalidade alternativa de autonomia, em que a ciência é colocada não acima, mas ao lado de outras formas de conhecimento e outras instituições sociais

    A avaliação neoliberal na universidade e a responsabilidade social dos pesquisadores

    Get PDF
    This paper is a fragment of a broader project of study developed from the idea that the University is being subjected to a neoliberal reform whose significance is that of promoting its commodification. The topic dealt with is that of the regime of work of the researchers, seen from the point of view of the systems of evaluation of productivity that constitute its key-component. Since it violates certain intuitions, the quantitative nature of neoliberal evaluation is presented as something to be explained. Three explanations are proposed, from which a conception emerges where the work regime imposed by the neoliberal reform on researchers constitutes a form of Taylorism. Some of the deleterious consequences of Taylorism in the University are then examined, in particular the one affecting the exercise of social responsibility in science.Esta comunicação constitui um fragmento de um projeto de estudo mais amplo, desenvolvido a partir da idéia de que a universidade vem sendo submetida a uma reforma neoliberal, cujo sentido é o de promover sua mercantilização. O tópico tratado é o do regime de trabalho dos pesquisadores, visto a partir dos sistemas de avaliação da produtividade que constituem sua peça-chave. Por violar certas intuições, o caráter quantitativo da avaliação neoliberal é posto como algo a ser explicado. São propostas três explicações, das quais emerge a concepção de que o regime de trabalho imposto pela reforma neoliberal aos pesquisadores constitui uma forma de taylorismo. Examinam-se a seguir algumas das conseqüências nefastas do taylorismo na universidade, particularmente a que afeta o exercício da responsabilidade social da ciência

    Formas de autonomia da ciência

    Get PDF
    In the first part of this article, three forms that the autonomy of science has assumed in the course of its history are distinguished: the Galilean one, the Vannevarian one, and the neoliberal one. The Galilean form was claimed by Galileo in his conflict with the Catholic Church. The term "Vannevarian" comes from Vannevar Bush, responsible for the report, Science, the endless frontier, which played a crucial role in the configuration of scientific practices in the post World War II period. Vannevarian autonomy has to do with the directions of scientific research. Neoliberal autonomy consists in each scientist's freedom to search for funds for the research he intends to carry out from any source, public or private, in view only of his self-interest (intellectual or economic). In the second part of the article, the conceptual and historic frameworks provided by those distinctions are used to discuss the question: "what form of autonomy should be claimed by science today?" The procedure consists in determining, for each of the three forms, what should be maintained, and what should be abandoned. The conclusion arrived at is that neoliberal autonomy should be discarded, the Vannevarian one restricted, and the Galilean one preserved.Na primeira parte deste ensaio, distinguimos três formas que a autonomia da ciência assume ao longo de sua história: a galileana, a vannevariana e a neoliberal. A galileana foi reivindicada por Galileu em seu conflito com a Igreja Católica. O termo "vannevariana" vem de Vannevar Bush, responsável pelo relatório Science, the endless frontier, que teve um papel fundamental na conformação das práticas científicas no período pós Segunda Guerra. A autonomia vannevariana diz respeito aos rumos da pesquisa científica. A autonomia neoliberal consiste na liberdade de cada cientista procurar financiamento para as pesquisas que deseja realizar em qualquer fonte, pública ou privada, tendo em vista apenas seu auto-interesse (intelectual e/ou econômico). Na segunda parte do ensaio, utilizamos o arcabouço conceitual e histórico proporcionado por essas distinções para discutir a questão: que forma de autonomia deve ser reivindicada pela ciência nos dias de hoje? O procedimento consiste em determinar, para cada uma das três formas, o que deve ser mantido e o que deve ser abandonado. A conclusão a que se chega é a de que a autonomia neoliberal deve ser descartada, a vannevariana restringida, e a galileana preservada

    A dádiva como princípio organizador da ciência

    Get PDF
    Este artigo é fruto do trabalho num projeto de pesquisa mais amplo cujo tema são os processos de mercantilização pelos quais a ciência vem passando nas últimas décadas. A parte do projeto em que o artigo se insere diz respeito aos processos de empresariamento da ciência, que envolvem como componente principal a introdução de métodos quantitativos produtivistas de avaliação do trabalho científico. O objetivo do artigo é complementar a crítica a tais formas de avaliação com a sugestão de formas alternativas, inspiradas na concepção, devida a W. Hagstrom, da dádiva como o princípio organizador da ciência. A exposição divide-se em cinco seções: a primeira trata da dádiva em geral ou, em outras palavras, da dádiva como princípio organizador da sociedade; a segunda, da dádiva como princípio organizador da ciência; na terceira expõe-se um argumento a favor da concepção dadivosa, baseado em seu poder explicativo; na quarta, considerações sobre a proliferação de fraudes na ciência; e na quinta, um esquema conceitual como fundamento da transição do quantitativo para o qualitativo na avaliação acadêmica. A conclusão consiste em algumas considerações gerais, propostas como balizas para o movimento em prol de formas mais sensatas de organização das práticas científicas.This paper results from work in a broader research project concerning the processes of commodification which science is going through in the last decades. The part of the project where the paper fits in deals with the processes of corporatization of science, which involve, as their main component, the introduction of quantitative productivist methods of evaluation of scientific practices. The aim of the paper is to complement the critique of those forms of evaluation with the suggestion of alternative forms, inspired by the conception, due to W. Hagstrom, of gift giving as an organizing principle in science. The exposition is divided into five sections: the first one deals with gift giving in general or, in other words, gift giving as an organizing principle in society; the second, with gift giving as an organizing principle in science; in the third section an argument is presented in favour of the gift giving conception, based on its explanatory power; the fourth deals with the proliferation of frauds in science; and in the fifth a conceptual structure is suggested as the foundation for the transition from the quantitative to the qualitative in academic methods of evaluation. The conclusion consists in some general remarks, proposed as guidelines for the movement in favour of more sensible forms of organizing scientific practices

    O inovacionismo em questão

    Get PDF

    Sobre o problema da demarcação

    Get PDF
    Since its publication, there has been no lack of attacks directed against the criterion of refutability - the solution proposed by Popper for his problem of demarcation. A more fundamental criticism is raised in the present paper: its target is the problem of demarcation itself. It is shown first that Popper's work contains not one, but two distinct and incompatible problems of demarcation. An analysis of Popper's anti-essentialism is the starting point for the demonstration of the main thesis of the paper, namely, the thesis that the problem of demarcation should be dismissed, given that it is part of a scientistic approach to the question of the value of the sciences.Desde sua publicação, não têm faltado ataques ao critério da refutabilidade - a solução proposta por Popper para seu problema da demarcação. A crítica do presente artigo é mais fundamental: seu alvo é o próprio problema da demarcação. Como preliminar, mostra-se haver na obra de Popper não apenas um, mas dois problemas da demarcação, distintos e incompatíveis. Uma análise do antiessencialismo de Popper é o ponto de partida para a demonstração da tese central do artigo, a saber, a tese de que o problema da demarcação deve ser abandonado, por ser parte de uma abordagem cientificista da questão do valor das ciências

    A epidemia de más condutas na ciência: o fracasso do tratamento moralizador

    Get PDF
    O tema do artigo é a proliferação de más condutas na ciência que vem ocorrendo nas últimas décadas, designada ao longo do texto pelo termo "a epidemia". As más condutas são violações de normas éticas da ciência, sendo os tipos mais importantes as várias modalidades de fraude (principalmente a fabricação e a falsificação de dados empíricos), e de falsidades autorais (plágio, autoplágio etc.). O artigo divide-se em seis seções. Na primeira, apresenta-se o tema e alguns esclarecimentos terminológicos. Na segunda, são expostas as evidências que corroboram a existência da epidemia. A terceira versa sobre a reação à epidemia, caracterizando sua dinâmica, marcada pelo conflito entre duas posições: a moralizadora, que aplica o tratamento moralizador no combate à epidemia; e a negacionista, que tende a negar a existência da epidemia e que resiste às medidas moralizadoras. A quarta seção versa sobre as causas da epidemia, introduz uma distinção entre produtivismo e producionismo e propõe uma análise das formas como o produtivismo fomenta as más condutas. A quinta consiste em uma crítica ao tratamento moralizador, fundamentada em suas inadequações, principalmente sua ineficácia. Na conclusão, procura-se dar uma ideia de qual seria uma alternativa satisfatória ao tratamento moralizador.The article deals with the proliferation of violations of ethical norms of science, that started to develop a few decades ago. It will be referred to as "the epidemic". The most important types of these violations are varieties of fraud (mainly falsification and fabrication of empirical data), and such forms of author misconduct as plagiarism, self-plagiarism, etc. The article is divided into six sections. In the first, the topic is introduced and some terminology clarified. In the second, evidence is presented which corroborates the existence of the epidemic. The third deals with the reaction to the epidemic, by characterizing its dynamics in terms of being dominated by conflict between two positions: the moralizing one - which promotes the application of the moralizing treatment to combat the epidemic; and the negationist one - which tends to deny the existence of the epidemic, and resists the moralizing measures. The fourth explores the causes of the epidemic. A distinction is introduced between productivism and productionism, and an analysis is proposed of the ways productivism fosters violations of ethical norms of science. The fifth consists of a critique of the moralizing treatment, based on its inadequacies, mainly its inefficacy. The conclusion points to an alternative to the moralizing treatment
    corecore