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    A construção do pânico moral sobre os ciganos e os imigrantes na imprensa diária portuguesa

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    Neste artigo analisa-se os discursos e representações veiculados pela imprensa diária portuguesa acerca da criminalidade associada a grupos imigrantes ou étnicos. A partir desta análise, pretende-se mostrar como as narrativas que circulam na imprensa transmitem visões sobre a ordem social, que promovem o consenso e o controle social –através da ênfase exagerada sobre o risco de vitimização– e contribuem para a construção do designado “pânico moral”. A mediatização da criminalidade produz visões amplamente partilhadas e consensuais, ao mesmo tempo que alimenta, junto do público em geral, visões estereotipadas sobre os “criminosos”, podendo associar determinado tipo de criminalidade aos grupos socialmente excluídos e grupos étnicos, tais como ciganos e imigrantes. Esses estereótipos podem converter estes grupos em ameaças potenciais para os interesses e valores vigentes na sociedade, através da produção de cruzadas morais que, pela reação emocional desproporcionada e excessiva que desperta no público, representam os porta-vozes da moralidade e os seus diagnósticos e soluções. Este artigo discute a cobertura da imprensa portuguesa nos casos da criminalidade perpetrada por ciganos e imigrantes como um exemplo paradigmático de um produto de uma indústria cultural. Essas narrativas mediáticas são incitadas por lógicas globais de mercantilização da esfera pública, com base na criminalização da pobreza e no medo de populações urbanas consideradas “problemáticas”, cujo objetivo é aumentar a ligação emocional por parte do público e, assim, levar às referidas cruzadas morais.This paper aims to analyze the discourses and representations conveyed by the Portuguese daily newspapers about criminality related to immigrants and ethnic groups. The intent is to understand how the narratives constructed by the media convey visions of social order to promote consensus and social control through the overemphasis on risk of victimization and the construction of so-called 'moral panic’. The media coverage of crime produces widely shared visions and consensus in different communities, while feeding, in general public, stereotypes about the "criminals", and linking the crime to socially excluded groups and ethnic minorities, such as gypsies and immigrants. These stereotypes can convert these groups as potential threats to the interests and values of society, producing a moral crusade that, through the disproportionate and excessive emotional reaction that awakens audiences, represents the spokesmen of morality and their diagnoses and solutions. This paper discusses the media coverage of criminality perpetrated by gypsies and immigrants as paradigmatic example of a product of a cultural industry. These media narratives are nourished by global logics of commodification of the public sphere based on criminalization of poverty and the fear of ‘troublesome’ urban populations, whose purpose is to raise emotional attachment by the public and lead thus to moral crusades.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Crime na Imprensa: representações sobre imigrantes e ciganos em Portugal

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    A partir da observação dos jornais diários portugueses em 2008 e 2009, pretende-se neste texto analisar os discursos e representações veiculados pela imprensa acerca da criminalidade praticada por grupos étnicos minoritários. O objectivo será perceber de que forma as narrativas construídas pelos media constroem e reproduzem as lógicas do poder instituído e discutir as possíveis implicações desses discursos na formação de estereótipos que associam a prática do crime a determinados grupos sociais. Os estudos sobre os efeitos dos media nas representações sobre a criminalidade permitem aferir que estes sugerem aos cidadãos sobre como pensar o crime, os “criminosos” e o papel das autoridades. Ou seja, a mediatização da criminalidade produz visões amplamente partilhadas e consensuais junto de diversas comunidades, ao mesmo tempo que alimenta, junto do público em geral, visões estereotipadas sobre os “criminosos”, podendo associar determinado tipo de criminalidade aos grupos socialmente excluídos e minorias étnicas, tais como ciganos e imigrantes. No âmbito deste trabalho encara-se a mediatização da criminalidade como um exemplo de um produto de uma indústria cultural que alimenta representações da ordem social, dos “criminosos” e das causas do crime que se subordinam às lógicas de mercado e às estruturas culturais, económicas e políticas prevalecentes. São assim veiculadas visões de ordem social destinadas a promover o consenso ideológico e o controlo sócio-político. Isso é feito pela ênfase exagerada nos riscos de vitimização e pela construção do chamado “pânico moral” assentes em construções narrativas mediáticas, cujo propósito é o de suscitar adesão emocional por parte do público. Estes discursos dos media resultam de uma lógica global de comodificação do espaço público, assente na criminalização da pobreza e no medo das populações “incómodas”.This paper aims to analyze the discourses provided in the Portuguese daily newspapers when covering criminality perpetrated by immigrants and minority ethnic groups. We gathered and analyzed news published in the press during 2008 and 2009. Our purpose is to understand how media narratives, whether tabloid or reference, create and reproduce the representations of the established powers and, simultaneously, to discuss the possible implications of those discourses on the dissemination of stereotypes that associate criminality to specific social groups. Current studies about the effects of the media on the representations about criminality allow for the conclusion that citizens are influenced not only about what they think about but also how to think. That is, media dissemination of imagery about criminality tends to produce consensual and shared views, fostering the public construction of stereotyped notions about “criminals”, associating criminality with socially excluded groups and ethnic minorities, such as gypsies and immigrants. This paper discusses the media coverage of criminality as an example of a product of a cultural industry; an industry that promotes certain representations of criminals and of causes for criminality, all of which are subordinated to the market‟s logic and to prevailing cultural and political structures. Thus, these media narratives frame visions of social order and foster consensus and social control, through the exaggeration about victimization risks and by exploring public and social emotion, constituting what might be called a “moral panic”. These media narratives are nourished by global logics of commodification of the public sphere based on criminalization of poverty and the fear of “troublesome” populations

    Media e crime: dos media e da construção das realidades criminais

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    Aperceção pública do crime é-nos sugerida pelo que os media veiculam. Estes não se limitam a gerar informação, mas também produzem e reproduzem eventos e opiniões. Assim, os media são instrumentos heurísticos essenciais para a compreensão da realidade criminal, quer enquanto produto quer enquanto produtores do meio social em que estão inseridos. Este capítulo pretende explorar olhares teóricos sobre o papel dos media na construção social da realidade criminal. Para tal, levantam-se questões relacionadas com o crime e a comunicação social, designadamente (1) a importância que os media têm na construção social da realidade social, (2) a forma como o crime é abordado pelos media, (3) quais os efeitos que estes geram na opinião pública e, por fim, (4) discute-se a importância do conceito de pânico moral, enquanto componente analítico nos atuais estudos sociais do crime.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Diagnóstico das deteriorações do betão do viaduto da via rápida

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    O objectivo do presente trabalho é o de fazer um estudo petrográfico das deteriorações do betão do viaduto da Via Rápida, localizado no porto de Leixões.Após a recolha e análise de toda a informação sobre as características dos materiais usados nos diferentes betões e suas composições e propriedades, foram efectuadas várias visitas ao viaduto, para inspecção visual da estrutura,levantamento fotográfico das anomalias encontradas e extracção de amostras representativas quer do betão aparentemente não deteriorado quer do betãovisivelmente deteriorado, assim como de manchas, escamas e eflorescências. Do betão aparentemente não deteriorado realizaram-se ensaios de determinação da resistência à compressão, da porosidade às 48 horas, da profundidade de carbonatação e da penetração de cloretos. No presente trabalho fezse um estudo petrográfico detalhado do betão e suas deteriorações

    Uso e ocupação do solo em Portugal: aspetos metodológicos para atualização de cartografia temática

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    Neste trabalho apresenta-se uma metodologia que permite a elaboração de cartas de uso e ocupação do solo através de fontes de informação disponíveis gratuitamente, em particular imagens de satélite LANDSAT 5 TM e ortofotomapas disponibilizados através do modo WMS (Web Map Service) pelo Instituto Geográfico Português. Esta metodologia recorre a um conjunto de ferramentas SIG (sistemas de informação geográfica), como o SPRING e o gvSIG. A metodologia foi testada numa área amostra situada no concelho de Vieira do Minho (noroeste de Portugal).In this paper we address a methodology which allows the preparation of cartography of land use and land cover through sources of information freely available, in particular satellite images LANDSAT 5 TM and orthophotomaps available through the mode WMS (Web Map Service) by Instituto Geográfico Português. This methodology uses a set of GIS tools (geographic information systems), as the SPRING and gvSIG. The methodology was tested in an area located in the municipality of Vieira do Minho (northwestern of Portugal)

    Media’s made criminality: the construction of moral panic over gypsies and immigrants

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    This paper aims to analyze the discourses provided in the Portuguese daily newspapers when covering criminality perpetrated by immigrants and minority ethnic groups. The aim is to understand how the narratives circulated in the press convey visions about social order which promote consensus and social control through the overemphasis on risk of victimization and the construction of so-called 'moral panic'. The media coverage of crime produces widely shared visions and consensus in different communities, while feeding, in general public, stereotypes about the "criminals", and linking the crime to socially excluded groups and ethnic minorities, such as gypsies and immigrants. These stereotypes can convert these groups as potential threats to the prevailing interests and values of society, by producing a moral crusade that, through the disproportionate and excessive emotional reaction that awakens audiences, represents the spokesmen of morality and their diagnoses and solutions. This paper discusses the Portuguese press coverage of criminality perpetrated by gypsies and immigrants as a paradigmatic example of a product of a cultural industry. These media narratives are nourished by global logics of commodification of the public sphere based on criminalization of poverty and the fear of ‘troublesome’ populations, whose purpose is to raise emotional attachment by the public and thus leading to moral crusades.The authors would like to thank the Foundation for Science and Technology (Portuguese Ministry of Science, Technology and Higher Education) for financing this research through a PhD fellowship SFRH/BD/47010/2008. Partial support was also provided by the FCT project “Justice, media and citizenship” FCOMP-01-0124-FEDER-007554.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    How Burman privilege excludes the Rohingya from the contemporary Myanmar society

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    Myanmar is a country located in Southeast Asia that in 2017 and 2018 was worthy of international attention, due to accusations of genocide and ethnic cleansing directed at the country's military that were involved in the episodes of violence that led hundreds of thousands of Rohingya to fleeing the country and seeking refuge in Bangladesh. The internal reluctance to condemn the military for acts of excessive and disproportionate violence led to the removal of Aung San Suu Kyi – the country's de facto leader and former Nobel Peace Prize laureate – from Nobel Prize itself. In this context, it is important to understand the reason behind the legitimization of these violent acts in the eyes of the general population of Myanmar who consider the Rohingya to be illegal immigrants from Bangladesh, calling them Bengalis and refusing to recognize the Rohingya identity with which identify themselves. It is possible to understand that in a country where ethnicity is related to the obtaining (or not) any type of power that the dominant ethnic group, the Burmans, have a legitimacy and privilege that other ethnic minorities do not enjoy. Against this background, it is pertinent to investigate to what extent the Burman privilege not only excludes the Rohingya but also legitimizes the discriminatory behavior and treatment that the community has been subjected to in the country.O Myanmar é um país localizado no sudeste asiático que em 2017 e 2018 foi particularmente alvo de atenção mediática e internacional, devido às acusações de genocídio e limpeza étnica dirigidas aos militares do país que estiveram envolvidos nos episódios de violência que levaram centenas de milhares de Rohingya a fugir do país e a procurar refugio no Bangladesh. A relutância interna em condenar os militares por atos de violência desmedida e desproporcional fez com que fosse removido a Aung San Suu Kyi – líder de facto do país e antiga laureada com o Prémio Nobel da Paz – o próprio Prémio Nobel. Neste contexto, é importante perceber a razão por de trás da legitimação destes atos violentos aos olhos da população geral do Myanmar que considera os Rohingya como imigrantes ilegais do Bangladesh, apelidando-os de Bengalis e recusando-se a reconhecer a identidade Rohingya com a qual se identificam. É possível perceber que num país em que a etnia está relacionada com o obtenção (ou não) de poder que o grupo étnico dominante, os birmaneses, possuem uma legitimidade e privilégio que as restantes minorias étnicas não usufruem. Neste sentido, é pertinente investigar até que ponto é que o privilégio birmanês não só exclui os Rohingya mas também legitima o comportamento e tratamento discriminatório de que a comunidade tem sido alvo no país

    Influência da proximidade do mar em estruturas de betão

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    Tese de mestrado. Engenharia Civil. Faculdade de Engenharia. Universidade do Porto. 200

    Condiciones y trayectorias de vida de reclusos y reclusas de etnia gitana en Portugal

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    Número temático "Ciganos na Península Ibérica e Brasil: estudos e políticas sociais"Neste artigo pretende-se analisar as práticas criminais de indivíduos de etnia cigana, através do estudo das suas trajetórias de vida. Com base em 25 entrevistas a reclusos/as ciganos/as, analisou-se as suas condições de vida objetivas e experiências criminais, à luz da interseção de variáveis de classe, género e etnia. Concluímos que os crimes neste grupo étnico resultam da articulação de processos de exclusão ou desigualdades sociais, de preconceitos ou racismo, e que as interseções de classe, género e etnia coestruturam fortemente as suas condições objetivas de vida e o seu envolvimento criminal.This paper aims to analyze the criminal practices of Roma individuals through the study of their life histories. Based on 25 interviews addressed to male and female Roma prisoners, we analyzed their objective life conditions and criminal experiences. These were seen in the light of the intersection of class, gender and ethnicity. We conclude that the crimes in this ethnic group are the result of combined processes of exclusion and social inequality, prejudice or racism, and that the intersections of class, gender and ethnicity strongly structure their objective living conditions and their criminal involvement.Cet article vise analyser les pratiques criminelles des individus Gitans, à travers de l’étude des trajectoires de leur vie. Basé sur 25 entretiens adressés aux détenus(es) Gitans(nes), nous avons analysé leurs conditions objectives de vie et leurs expériences criminelles, à la lumière de l’intersection des variables de classe, de genre et de l’origine ethnique. Nous concluons que les crimes de ce groupe ethnique sont le résultat de processus communs d’exclusion ou inégalités sociales, des préjugés ou de racisme, et que les intersections de la classe, le sexe, et l’origine ethnique structurent fortement leurs conditions objectives de vie et leur implication pénale.Este trabajo tiene como objetivo analizar las prácticas criminales de individuos gitanos, a través del estudio de sus trayectorias de vida. Con base en 25 entrevistas dirigidas a reclusos/as gitanos/as, se analizó sus condiciones de vida objetivas y sus experiencias criminales a la luz de la intersección de las variables de clase, genero y etnia. Se concluye que los crímenes de este grupo étnico son el resultado de procesos conjuntos de exclusión o desigualdades sociales, de prejuicios o racismo, y que las intersecciones de clase, género y etnia influyen fuertemente en sus condiciones objetivas de vida y en su participación criminal.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Excluded lives: female Roma life paths translated in the prison context

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    Roma are a highly stigmatized, segregated and discriminated ethnic minority in Portuguese society. Although the issue of involvement of the Roma ethnic group in deviant and criminal practices is frequently discussed in media and political discourses, scarce research has focused on the experiences of Roma individuals involved with the criminal justice system. In addition, although several studies show an overrepresentation of this group in criminal proceedings and in prison context – the later being even more evident among female prisoners - there has been very little emphasis on the ethnic, gendered and class background of Roma individuals imprisoned in Portugal, especially regarding women. Drawing on two different projects conducted in Portuguese carceral settings, this paper explores the life paths and imprisonment experiences of a group of female Roma prisoners. Data show that the intersection of ethnicity, gender, class and crime strongly determines and constrains the life conditions of Roma women, both behind and beyond prison walls.The authors would like to thank the Foundation for Science and Technology (Portuguese Ministry of Education and Science) the support of PhD fellowships SFRH/BD/47010/2008 and SFRH/BD/73214/2010. We would also like to thank the Direção Geral da Reinserção e Serviços Prisionais (DGSPRS) [General Board for Rehabilitation and Prison Services] for the permission to conduct both studies and the women interviewed for the generous sharing of their experiences.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
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