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A vulnerabilidade dos jovens à morte violenta: um estudo de caso no contexto dos “Crimes de Maio”
This article discusses the life story of a young resident of a suburb of Sao Paulo executed in the context of “Crimes of May” which occurred in 2006. We used the conceptual framework of vulnerability in order to understand the different elements involved in his victimization. This concept provides a broad and dynamic perspective that considers the susceptibility of potentially threatening events as dependent not only on individual aspects, but also on relationa processes and contextual elements, avoiding stigmatizing effects. The analysis emphasizes the uncertainty and the situation of social limiarity of the young population with the “world of crime”; cases of police violence directed at particular groups of people, and the situation of impunity. These elements occupy a central role in youth vulnerability to lethal violence, making it necessary to consider all the above mentioned elements for the development of preventive actions, inclusive in the health sector.Este artigo aborda a história de um jovem morador de um bairro periférico de São Paulo sumariamente executado no contexto dos “Crimes de Maio” ocorridos em 2006. Utiliza-se do arcabouço conceitual da vulnerabilidade como forma de compreender os diferentes elementos envolvidos na sua vitimização. Esse conceito proporciona uma perspectiva ampla e dinâmica que considera a suscetibilidade a um determinado evento enquanto dependente não só de aspectos individuais, mas também relacionais e contextuais, evitando efeitos estigmatizantes. A análise desenvolvida enfatiza a incerteza social juvenil e a situação de liminaridade em relação ao “mundo do crime”; os processos de violência policial que recaem sobre determinadas parcelas da população, bem como a situação de impunidade. Tais elementos ocupam hoje uma posição central na conformação da vulnerabilidade de jovens à violência letal, o que torna necessária sua problematização para o desenvolvimento de ações de prevenção, inclusive no setor da saúde
Masculinities and youth in combined HIV/Aids prevention: a study on risk/ vulnerability and the care context of young men seeking post-sexual exposure prophylaxis (PEPSexual) in five brazilian cities
INTRODUÇÃO: A prevenção combinada ao HIV Aids se configura como importante aposta de organismos nacionais e internacionais e pretende ter maior e mais duradouro impacto na redução da incidencia de novos casos de HIV. A Profilaxia Pós-exposição Sexual (PEPSexual), estratégia de prevenção baseada em tecnologia biomédica, faz parte do leque de métodos e estratégias da Prevenção Combinada e foi implantada no Brasil em 2010. Considerando que os homens jovens, especialmente aqueles que fazem sexo com outros homens, constitui população com importante vulnerabilidade ao HIV, este estudo tem como tema as masculinidades e as juventudes no âmbito da prevenção combinada ao HIV/Aids, considerando a PEPSexual. OBJETIVOS: Compreender as percepções de risco, os comportamentos sexuais de risco e as vulnerabilidades de homens jovens, no contexto da prevenção combinada ao HIV e da busca por PEPSexual, segundo marcadores sociais de gênero, geração e sexualidade. Compreender as percepções dos profissionais de saúde acerca do comportamento sexual e das práticas de risco para o segmento de homens jovens, no contexto da busca e uso da PEPSexual e da prevenção combinada ao HIV. METODOLOGIA: Estudo com abordagem qualitativa fundamentado pelos referenciais conceituais de risco social e vulnerabilidade, cuidado em saúde, masculinidades e juventudes. O material empírico contempla entrevistas semiestruturadas com 10 homens jovens (de 18 a 23 anos) e 19 profissionais de saúde, de cinco serviços especializados de cinco cidades brasileiras (São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba, Porto Alegre e Fortaleza). A pesquisa foi realizada no ano de 2015 e a análise dos dados foi orientada pela abordagem de conteúdo temático, segundo o método de interpretação de sentidos. RESULTADOS: Os resultados e análises derivados do material empírico dos homens jovens indica que a busca pela PEPSexual ocorre diante de baixo conhecimento sobre a PEPSexual e com alta autopercepção de estar em risco. A PEP é vista como estratégia de redução de danos, sendo a internet, agregada à rede de sociabilidade, as principais referências que os leva aos serviços em busca da profilaxia. As percepções risco e prevenção são perpassadas pela desconfiança no outro, sendo as relações consideradas casuais e atípicas o foco dessa autopercepção. O uso de substâncias lícitas e ilícitas aparece como agravante e dificultador na avaliação pessoal de risco. Verifica-se a presença dos marcadores sociais da diferença pautando as experiências de risco, principalmente no que remete a centralidade do ato penetrativo nas relações sexuais e o exercício da masculinidade (independente da orientação sexual) pautada pelo desejo sexual e as experiências de correr risco. A camisinha é o método central na prevenção dos jovens. Os jovens enfatizam as redes de apoio entre pares, e não a família, no contexto da prevenção ao HIV. As percepções dos jovens sobre os profissionais de saúde, no contexto da busca e uso a PEPSexual é perpassada por dificuldades relativas a julgamentos por parte dos profissionais, medo, falta de privacidade e inadequação de condutas dos profissionais. A análise do material empírico das entrevistas com profissionais aponta a centralidade de julgamentos e tentativas de controle da sexualidade dos jovens, baseados no estereótipo da noção de desvio, o que gera impacto negativo na relação profissional-usuário e, consequentemente, se apresenta como importante barreira tecnológica para o cuidado em saúde. CONCLUSÃO: O estudo possibilita a compreensão sobre a complexidade que envolve as experiências dos jovens que buscam por PEPsexual, sendo os marcadores sociais da diferença importantes para as relações e trajetórias sociais dos homens jovens quanto à sexualidade e o acesso e uso de profilaxia de prevenção ao HIV. Apesar dos avanços na política de prevenção ao HIV com base na prevenção combinada, o leque de possibilidades de métodos e estratégias ofertados pelos serviços especializados HIV/Aids, a permanência do estigma construído com base em grupos e comportamentos de risco permanece entre os profissionais de saúde e também entre os jovens que buscam PEPSexual.INTRODUCTION: Combination HIV prevention is the current reference for national and international organizations and aims to have a more significant and more lasting impact on reducing the incidence of new HIV cases. Post- sexual exposure prophylaxis (PEPSexual), a prevention strategy based on biomedical technology, is part of the range of methods and strategies of Combined Prevention and was implemented in Brazil in 2010. Considering that young men, especially those who have sex with others men, constitute a population with significant vulnerability to HIV, this study has as its theme masculinities and youths in the context of combined HIV / AIDS prevention, considering PEPSexual. OBJECTIVES: To understand the risk perceptions, risky sexual behaviours and vulnerabilities of young men, in the context of combined HIV prevention and the search for PEPSexual, according to social markers of gender, generation and sexuality. Understand the perceptions of health professionals about sexual behaviour and risk practices for the segment of young men, in the context of the search and use of PEPSexual and combined HIV prevention. METHODOLOGY: Study with a qualitative approach based on conceptual frameworks of social risk and vulnerability, health care, masculinities and youth. The empirical material includes semi- structured interviews with ten young men (between 18 and 23 years old) and 19 health professionals, from five specialized services in five Brazilian cities (São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba, Porto Alegre and Fortaleza). The research was carried out in 2015. Data analysis followed the thematic content approach, according to the method of interpretation of meanings. RESULTS: The results and analyzes derived from the empirical material of young men indicate that the search for PEPsexual occurs in the face of common knowledge about PEPSexual and with a high self-perception of being at risk. PEPSexual is seen as a harm reduction strategy, with the internet, added to the sociability network, the main references that take them to services in search of prophylaxis. The perceptions of risk and prevention are permeated by distrust of the other, with relationships considered casual and atypical to be the focus of this self-perception. The use of legal and illegal substances appears to aggravate and hinder personal risk assessment. The presence of the social markers of difference is verified, guiding the risky experiences, mainly in what refers to the centrality of the penetrative act in sexual relations and the exercise of masculinity (regardless of sexual orientation) guided by sexual desire and the experiences of taking the risk. Condoms are the primary method reported by young males. Young people emphasize peer support networks, not the family, in the context of HIV prevention. The perceptions of young people about health professionals, in the context of the search and use of PEPSexual is permeated by difficulties related to judgments by professionals, fear, lack of privacy and inadequate conduct by professionals. The analysis of the empirical material of the interviews with professionals points out the centrality of judgments and attempts to control the sexuality of young people. It remains as a stereotype of the notion of deviation, which generates a negative impact on the professional-user relationship and, consequently, presents itself as a relevant barrier technology for health care. CONCLUSION: The study provides an understanding of the complexity involved in the experiences of young people looking for PEPsexual, and the social markers of the difference are essential for the relationships and social trajectories of young men regarding sexuality and the access and use of prevention prophylaxis. HIV. Even though advances in HIV prevention policy based on combined prevention and the range of possibilities of methods and strategies offered by services specialized in HIV/Aids, the permanence of the stigma on risk groups and risk behaviours remains among health professionals and among young males who seek for PEPSexual
De la vulnerabilidad y la violencia: una nueva concepción del riesgo para el estudio de homicidios de jóvenes
No campo da saúde pública, a violência tem sido estudada em consonância com a clássica abordagem de risco. Em geral, as análises desenvolvidas dentro desta perspectiva permitem evidenciar as tendências populacionais de morbimortalidade, além de identificarem fatores de risco relacionados na rede de causalidades. No entanto, embora importantes como fontes de informação e hipóteses, isoladas essas análises não são capazes de dar conta da complexidade envolvida no fenômeno. Este artigo tem como objetivo iniciar uma reflexão sobre as possibilidades de uso do conceito de vulnerabilidade no estudo da violência, especificamente no entendimento das situações que tornam os jovens as principais vítimas de homicídios. Propõe-se, assim, uma nova concepção de risco que leva em consideração os processos sociais e culturais presentes na vulnerabilidade desse grupo à violência letal, por meio de uma perspectiva que apresente as especificidades inerentes à condição juvenil e aos desafios representados pela conformação social contemporânea.In Public Health, violence has been studied according to the classic risk approach. The analyses developed in such perspective are able to show population tendencies of morbidity and mortality, and also identify risk factors that are part of the causal chain of violence. Nevertheless, even though they are important as sources of information and hypotheses, when isolated such analyses are not capable of dealing with the complexity that is involved in violence. This paper aims at starting a reflection on the possibilities of the use of the vulnerability concept in the study of violence, specifically for understanding the situations that make youths be the main homicide victims. It is proposed a new approach to risk that considers the sociocultural processes that are present in the vulnerability of such group to lethal violence, through a perspective that presents the specificities of youth and the challenge imposed by the contemporary social life.En el campo de la salud pública la violencia ha sido estudiada en consonancia con la clásica perspectiva de riesgo. Los análisis dentro de esa perspectiva permiten evidenciar las tendencias de morbidez y mortalidad en la población e identificar los factores del riesgo. Sin embargo, aunque importantes como fuentes de informaciones e hipótesis, estos análisis aislados no son capaces de explicar la complejidad del fenómeno. Este artículo tiene como objetivo iniciar una reflexión sobre el uso del concepto de vulnerabilidad en el estudio de la violencia, específicamente en el entendimiento de las situaciones que colocan a los jóvenes como principales víctimas de homicidios. Así, se propone una nueva concepción del riesgo teniendo en cuenta los procesos sociales y culturales presentes en la vulnerabilidad de ese grupo a la violencia letal, usando una perspectiva que presente las especificidades de la condición juvenil y los desafíos representados por la conformación social contemporánea
Vulnerabilidade e violência: uma nova concepção de risco para o estudo dos homicídios de jovens
No campo da saúde pública, a violência tem sido estudada em consonância com a clássica abordagem de risco. Em geral, as análises desenvolvidas dentro desta perspectiva permitem evidenciar as tendências populacionais de morbimortalidade, além de identificarem fatores de risco relacionados na rede de causalidades. No entanto, embora importantes como fontes de informação e hipóteses, isoladas essas análises não são capazes de dar conta da complexidade envolvida no fenômeno. Este artigo tem como objetivo iniciar uma reflexão sobre as possibilidades de uso do conceito de vulnerabilidade no estudo da violência, especificamente no entendimento das situações que tornam os jovens as principais vítimas de homicídios. Propõe-se, assim, uma nova concepção de risco que leva em consideração os processos sociais e culturais presentes na vulnerabilidade desse grupo à violência letal, por meio de uma perspectiva que apresente as especificidades inerentes à condição juvenil e aos desafios representados pela conformação social contemporânea