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    O Novo Objeto do Mundo - Marx, Adorno e a forma valor

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    A relação entre Marx e a Teoria Crítica não se esgota numa mera influência ou leitura. Os representantes da primeira geração de “frankfurtianos” procuram refletir como Marx os problemas de seu tempo. Nas obras de Max Horkheimer e Herbert Marcuse, entre outros, e especialmente nas contribuições de crítica social e cultural de Theodor Adorno, ocorre uma atualização do pensamento de Marx, tendo em vista a sociedade de massas contemporânea no atual estágio do desenvolvimento capitalista. Ao proceder dessa forma, a Teoria Crítica enfatiza o pioneirismo de Marx, que descobre e apreende teoricamente, a nova objetividade social do capitalismo: a forma valor como novo objeto do mundo capitalista, objetividade “falsa” porém simultaneamente dotada de poder real efetivo. Este novo objeto do mundo, tendo em vista o seu caráter de inversão e deslocamento social, impõe a necessidade da dialética como sua apresentação e, ao mesmo tempo, sua crítica.

    Materialismo e primado do objeto em Adorno

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    Este artigo investiga a “Tese” do primado do objeto na obra de Theodor W. Adorno, central ao seu materialismo não dogmático e relativamente pouco estudada. O primado do objeto será apresentado em seus elementos constitutivos, como crítica ao modo essencialmente idealista da dialética que perpassa o conjunto da obra de Adorno, em especial nos textos e discussões que precederam a publicação da Dialektik der Aufklãrung, para se explicitar no período de elaboração da Negative Dialektik. A “Tese” desenvolve momentos apresentados por Lukács, Benjamin e Horkheimer, particularmente quanto ao nexo entre razão e experiência e se fundamenta especialmente no trajeto Kant – Hegel, como crítica ao idealismo, incorporando de modo estruturante as perspectivas de Marx e de Nietzsche. Ao romper a pretensa “simetria” entre sujeito e objeto, a “Tese” do primado do objeto revela como é insustentável a alegação habermasiana do Discurso filosófico da modernidade segundo a qual Adorno e Horkheimer incidiriam num ceticismo total frente à razão e à sua totalização ideológica. Ao contrário: estes autores, ao articularem de um modo original substância material histórica e argumentação teórica, contribuíram de modo fundamental para examinar o problema da reificação mediante sua relação à objetividade – como o não-idêntico – no âmbito da razão

    Experiência política e experiência filosófica: Marx, Adorno e a compreensão da práxis

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    In classical Marxism, the material determination of consciousness emphasizes the satisfaction of needs such as hunger and misery leading to a condition in which praxis is understood as political experience of paralysis, which is oppo-site to practical transformations. But this interpretation is a misunderstan-ding that assumes praxis as a false experience that results from the domina-tion inherent to a commodified society. In his revision of Marx, as exposed in his Negative Dialectic, Adorno substitutes the classical determination of cons-ciousness with the philosophical experience of a dialectical primacy of the object. The object of the satisfaction of human needs is also understood as "objectified" commodity. In Adorno.s view, the determination of consciousness must be understood at the level of the objective production of needs: hunger and misery are also results of the production of wealth. Adorno underlines that in a wealthy society where there is still hunger, the existing form of pro-duction ought to be changed. In political experience, there must be awareness of both dimensions of the philosophical experience exposed above: its "face" as the material needs and its "mask" as the commodity level of existing society. Consciousness is not reached directly from the level of the production of society and its needs to the level of production in society and its commodities. The mediation of philosophical experience is necessary to reach conscious-ness. It allows a perspective in which praxis is comprehended in commodified society as political experience of paralysis and critics.No marxismo clássico, a determinação da consciência pelo ser ocorre numa concepção que enfatiza o avanço na satisfação objetiva de carências como fome e miséria. A consciência da solução de problemas leva a uma compreen-são da práxis como experiência política de aparente paralisia, avessa a mudanças práticas. Mas esta é uma compreensão falsa da práxis que só interessa à perpetuação do vigente e provém da dominação resultante da sociedade baseada exclusivamente na mercantilização. Na articulação de Marx com Adorno, como exposto na Dialética Negativa, a determinação da consciência pelo ser material dá lugar a uma determinação materialista desenvolvida como experiência filosófica de um primado dialético do objeto. O objeto, prioritário na satisfação das necessidades humanas, é apreendido também como mercado-ria, objeto "coisificado". Para a revisão adorniana, a determinação da cons-ciência deve levar em conta a produção objetiva das carências: fome e miséria já não são só situações originárias, mas resultantes do processo de acumulação de riqueza. Adorno enfatiza que, numa sociedade de abundância em que per-siste a fome como resultado das relações de produção vigentes, estas devem ser objeto de transformação. A experiência política deve levar em conta am-bas as dimensões do objeto expostas nessa experiência filosófica: sua "face" no plano dos interesses materiais e sua "careta" no plano da mercantilização objetiva decorrente das relações vigentes. As determinações impostas pelo plano material, no âmbito da geração da sociedade e suas necessidades, não se transferem imediatamente, mas apenas de modo mediado, à práxis na sociedade, com suas mercadorias. A perspectiva da experiência filosófica possibilita a compreensão da práxis na sociedade mercantilizada como experiência políti-ca, tanto de paralisia, quanto de crítica

    Adorno's dialectical perspective and the controversy with Habermas

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    A partir dos conceitos de indústria cultural e semiformação, procura-se apresentar a perspectiva dialética de Adorno ao decifrar as determinações objetivas do social, acompanhando o prisma marxiano de investigação da objetividade social das formas sociais da produção. Nesta dialética o universal - como sujeição social ou reificação - é imanente e presente objetivamente, o que não ocorre na construção intersubjetiva e não dialética de Habermas.On the basis of the concepts of culture industry and semiformation, this paper presents Adorno's dialectical perspective as it uncovers the objective determinations of the social realm, following the Marxist investigation of the social objectivity of the social forms of production. In this dialectic, the universal - as social submission or reification- is immanent and objectively present, which does not occur in Habermas' intersubjective and non-dialectical construction

    Política, Praxis e Pseudo-Atividade em Adorno

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    Ao contrário da sua propalada aversão à práxis, Adorno situa em sua obra a prática em um nexo fundamental com suas posições teóricas e vice-versa. O objeto de sua apreensão teórica é a sociedade como auto-produção humana em todas as suas dimensões. As próprias formas sociais da sociedade são também socialmente produzidas. Assim a política não deve ser encarada como prática no plano da sociedade, mas no plano da produção histórica e social da mesma. Na sociedade vigente, as formas sociais parecem formas naturais perenes; o que seria práxis política se instala como pseudo-atividade de sujeitos assujeitados objetivamente numa ordem meramente adaptativa. Como construção do todo social verdadeiro, a política deve levar em conta estas determinações sociais que a condicionam na sociedade atual, decifrando-as em sua gênese; não pode prescindir da teoria para conferir objetividade à ação ao intervir na própria produção destas determinações
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