15 research outputs found

    Editorial

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    Os determinantes de saúde apresentam diferenças nos meios rural e urbano. Isto gera diferentes resultados de saúde entreestes meios, o que está bastante documentado, seja nos indicadores clássicos de saúde como mortalidade infantil1, seja nafrequência de alguns agravos2. Além disso, os diferentes níveis de acessibilidade ao sistema de saúde em seus diversos serviçose recursos, as dificuldades para o cuidado longitudinal, integral e coordenado somam-se para as diferenças encontradas entrea saúde urbana e rural3 e ajudam a determinar uma pior autopercepção de saúde2.Entre os fatores responsáveis por estas dificuldades, está a carência de profissionais de saúde, em especial médicos, forados grandes centros urbanos4. Ampla literatura revisa as estratégias e políticas de diversas partes do mundo que procuramreduzir este déficit5-7. Uma combinação de fatores pessoais, com estratégias de acesso à universidade, acrescentada a políticas demelhoria das condições de vida e trabalho do profissional e sua família, o que inclui possibilidades de carreira e aproximaçãoacadêmica, parecem ser a melhor combinação e constam nas recomendações da Organização Mundial de Saúde4.A Associação Mundial de Médicos de Família (Wonca), através de seu grupo de trabalho em medicina rural (WorkingParty on Rural Practice), vem produzindo conhecimento e estimulando reflexões relacionadas a esta problemática em nívelmundial. Este suplemento procura ajudar na divulgação especialmente nos países de língua portuguesa dos principaisdocumentos deste grupo, ao qual o Grupo de Trabalho em Medicina Rural da Sociedade Brasileira de Medicina de Famíliae Comunidade está associado.Estes documentos ajudam a suprir uma grande deficiência de material em português sobre os temas saúde rural e medicinarural e servirá de referência importante para futuras produções. Inicialmente, membros do GT rural da SBMFC resenhamos documentos que traduziram e, numa segunda parte, os documentos na íntegra estão disponíveis. Esperamos com istocontribuir para fortalecer o entendimento das especificidades desta área de atuação dos profissionais de saúde, em especialdos médicos de família e comunidade e ajudar a despertar o interesse para as discussões na área

    Educação médica em áreas rurais : contribuições para a formação médica e a equidade em saúde

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    O Brasil, a partir da constituição de 1988, propôs a si mesmo a nobre mas difícil tarefa de encarar a saúde de sua população como um direito universal e assumir, como papel do Estado, o dever de prover o necessário para isso, de forma igualitária. No longo e árduo caminho previsto para atingir tais objetivos, em especial tendo em vista o tamanho e diversidade nacionais, o problema da formação médica adequada em qualidade e volume, além da distribuição dos recursos humanos num território tão desigual é um dos grandes desafios enfrentados. A formação médica é, por sua vez, parte importantíssima neste cenário. É importante saber qual o impacto de diferentes estratégias de formação médica para uma distribuição de forma mais justa dos resultados de saúde proporcionados pelos avanços em saúde, acumulados pela humanidade em seu caminhar histórico. Neste estudo, apresentam-se e avaliam-se os resultados de políticas de descentralização da educação médica, especificamente para áreas rurais. Parte-se de uma revisão sobre a importância do assunto e de uma revisão de literatura científica sobre a situação mundial do tema, com um foco especial nas peculiaridades de nossa região sul-americana, ainda pouco estudada de forma sistemática. Após isso, apresenta-se uma experiência específica de educação médica rural, ocorrida no sul do Brasil e avaliam-se através de diferentes metodologias, os principais resultados observáveis, discutindo-os à luz da literatura internacional. Conclui-se que a educação médica rural apresenta importante efeito benéfico para a formação médica, para a distribuição de recursos humanos em saúde e para a equidade em saúde, além de se apresentarem desafios para a mesma. Para a primeira, em resumo, aproxima o perfil do egresso das recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Medicina, mais apto a responder adequadamente às necessidades de saúde brasileira. Além disso, potencializa a distribuição dos profissionais médicos diminuindo a carência rural e de locais remotos em acessar o Sistema de Saúde. A partir de certa forma de aplicação da Teoria do Ator-Rede, relata-se como redes de atuantes diferentes da formação médica padrão são mobilizadas para atingir estes diferentes desfechos. Sugere-se, por fim, a partir dos achados que emergem desses relatos, ações específicas para as políticas públicas e para experiências similares, apresentam-se elementos úteis para iniciativas independentes e, além disso, indica-se caminhos possíveis para futuras pesquisas na área.Brazil, from the 1988 constitution, proposed to itself the noble but difficult task of facing the health of its population as a universal right and assuming, as a role of the State, the duty to provide what is necessary for this, in an egalitarian way. In the long and arduous path foreseen to achieve these goals, especially in view of the national size and diversity, the problem of adequate medical training in quality and volume, in addition to the distribution of human resources in such an unequal territory, is one of the great challenges faced. Medical education is, in turn, a very important part of this scenario. It is interesting to know the impact of different medical training strategies for people and institutions that are concerned with distributing in a more equitable way the health results provided by the advances in health, accumulated by humanity in its History. In this study, the results of medical education decentralization policies are presented and evaluated, specifically for rural areas. It starts with a review of the importance of the subject and a review of the scientific literature on the global situation of the subject, with a special focus on the peculiarities of our South American region, still little studied in a systematic way. After that, a specific experience of rural medical education, which took place in the south of Brazil, is presented and the main observable results are evaluated through different methodologies, discussing them in the light of the international literature. It is concluded that rural medical education has an important beneficial effect for medical training, for the distribution of human resources in health and for equity in health, as long as challenges. For the first, in summary, it brings the profile of the graduates closer to the recommendations of the National Curricular Guidelines for the Medicine Course, which is more apt to respond adequately to Brazilian health needs. In addition, it enhances the distribution of medical professionals, reducing the lack of rural and remote locations in accessing the Health System. From a certain form of application of the Actor-Network Theory, it is reported how networks of actors different from the standard medical training are mobilized to achieve these different outcomes. Finally, based on the findings that emerge from these reports, specific actions for public policies and similar experiences are suggested, useful elements for independent initiatives are presented and, in addition, possible paths are indicated for future research in the area

    Mobilizing collectives and building cultural competences in health care: anthropological study of the Brazilian primary health care policy

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    Este trabalho estuda a política nacional de Atenção Primária à Saúde (APS) a partir da proposta de realizar uma outra antropologia das políticas públicas, que se aproxime do princípio de simetria. Inicialmente, alguns aspectos da APS e de como esta é constituída como modelo científico para os sistemas de saúde mundiais são revisados, bem como sua configuração atual no Sistema Único de Saúde, através da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do Programa de Agentes Comunitários. Analisa-se também a forma como conceitos de família e de comunidade estão presentes nestas políticas. A partir do estudo das redes de atuantes, no sentido de Latour, sugere-se que as diferenças criadas entre a ESF e outros modelos, que dividem o cuidado da saúde em terapias especializadas clínicas e cirúrgicas de um lado e o planejamento epidemiológico-sanitarista de outro, podem ser entendidos como uma postura diferente em relação ao acordo modernista. Para isso utilizam-se três aspectos principais observados em campo: a) a prática de cuidado mais individualizado de saúde, ou clínica; b) o trabalho com territórios e as identidades relacionadas com o processo de territorialização; c) a prática da atenção domiciliar. Ao mapear estas redes híbridas mobilizadas pelas equipes de saúde da família, e especialmente, através do estudo da postura do médico de família e comunidade nestas, demonstra-se como outras naturezas e sociedades são produzidos e reificados de forma a esclarecer diferenças que se evidenciam em comparação aos modelos biomédicos e sanitaristas. Mais do que uma abordagem que inclua aspectos sociais do processo saúde-doença ou simplesmente uma prática diferenciada, mais humanizada, da biomedicina, sugere-se que a proposta da APS tem realizado uma alteração mais profunda no cuidado à saúde através da mobilização de atuantes em coletivos diversos, abrindo espaço para outras formas de entender o que é saúde e doença, a partir de uma postura diferenciada perante a natureza e a cultura, o que ainda não parece ser um processo totalmente claro. Por fim, aprofunda-se o estudo da noção de competência cultural que é, dependendo da forma como entendemos os dois termos desta expressão, no mínimo discutível e necessita ser repensada assim como sua valoração secundária perante as outras características da APS. Este trabalho pretende contribuir para uma multiplicidade maior de formas de se pensar o cuidado à saúde em meio à diversidade, que possa ser utilizado tanto pelos profissionais da saúde quanto por antropólogos, aproximando estas áreas.This work studies the brazilian primary health care policy (PHC) in the perspective of a certain way of an anthropology of policies going in the direction of Latourian’s concept of symmetry. First, some aspects of PHC and how it is constituted as a scientific model for worldwide health systems are revised. Its current configuration in brazilian health system as the Family Health Strategy (FHS) are also studied with particular attention to how concepts like family and community appear. I suggest that the differences between the models like FHS and the frequently di-cotomized model of biomedicine x collective health can be seen as a different position in relation to de modern constitution. To get to this conclusion I analyze the actants networks in three situations in the practice of a FH team: a) individual clinical care; b) the work with health territories; and, c) the home care. Doing so I try to demonstrate how other natures and societies are produced and reified, in a way of making clearer the differences between this model of health care and the others mentioned above. More than an approach that include a singular view of social aspects in the health-sick process care or more simply a more humanized practice, I suggest that the FHS are performing a much more complex alteration in health care by the mobilization of actants in many types of collectives, opening space for different ways of thinking health and sickness that derives from a specific posture before nature and culture, what is not actually totally clear. For last the auto-attributed notion of cultural competence are revised and questioned as the apparently lesser importance near other PHC caracteristcs. This work wants to contribute to higher multiplicity of ways of thinking the health care and its importance in presence of the human variety to be useful for health care professionals and anthropologists, approximating them

    Mobilizing collectives and building cultural competences in health care: anthropological study of the Brazilian primary health care policy

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    Este trabalho estuda a política nacional de Atenção Primária à Saúde (APS) a partir da proposta de realizar uma outra antropologia das políticas públicas, que se aproxime do princípio de simetria. Inicialmente, alguns aspectos da APS e de como esta é constituída como modelo científico para os sistemas de saúde mundiais são revisados, bem como sua configuração atual no Sistema Único de Saúde, através da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do Programa de Agentes Comunitários. Analisa-se também a forma como conceitos de família e de comunidade estão presentes nestas políticas. A partir do estudo das redes de atuantes, no sentido de Latour, sugere-se que as diferenças criadas entre a ESF e outros modelos, que dividem o cuidado da saúde em terapias especializadas clínicas e cirúrgicas de um lado e o planejamento epidemiológico-sanitarista de outro, podem ser entendidos como uma postura diferente em relação ao acordo modernista. Para isso utilizam-se três aspectos principais observados em campo: a) a prática de cuidado mais individualizado de saúde, ou clínica; b) o trabalho com territórios e as identidades relacionadas com o processo de territorialização; c) a prática da atenção domiciliar. Ao mapear estas redes híbridas mobilizadas pelas equipes de saúde da família, e especialmente, através do estudo da postura do médico de família e comunidade nestas, demonstra-se como outras naturezas e sociedades são produzidos e reificados de forma a esclarecer diferenças que se evidenciam em comparação aos modelos biomédicos e sanitaristas. Mais do que uma abordagem que inclua aspectos sociais do processo saúde-doença ou simplesmente uma prática diferenciada, mais humanizada, da biomedicina, sugere-se que a proposta da APS tem realizado uma alteração mais profunda no cuidado à saúde através da mobilização de atuantes em coletivos diversos, abrindo espaço para outras formas de entender o que é saúde e doença, a partir de uma postura diferenciada perante a natureza e a cultura, o que ainda não parece ser um processo totalmente claro. Por fim, aprofunda-se o estudo da noção de competência cultural que é, dependendo da forma como entendemos os dois termos desta expressão, no mínimo discutível e necessita ser repensada assim como sua valoração secundária perante as outras características da APS. Este trabalho pretende contribuir para uma multiplicidade maior de formas de se pensar o cuidado à saúde em meio à diversidade, que possa ser utilizado tanto pelos profissionais da saúde quanto por antropólogos, aproximando estas áreas.This work studies the brazilian primary health care policy (PHC) in the perspective of a certain way of an anthropology of policies going in the direction of Latourian’s concept of symmetry. First, some aspects of PHC and how it is constituted as a scientific model for worldwide health systems are revised. Its current configuration in brazilian health system as the Family Health Strategy (FHS) are also studied with particular attention to how concepts like family and community appear. I suggest that the differences between the models like FHS and the frequently di-cotomized model of biomedicine x collective health can be seen as a different position in relation to de modern constitution. To get to this conclusion I analyze the actants networks in three situations in the practice of a FH team: a) individual clinical care; b) the work with health territories; and, c) the home care. Doing so I try to demonstrate how other natures and societies are produced and reified, in a way of making clearer the differences between this model of health care and the others mentioned above. More than an approach that include a singular view of social aspects in the health-sick process care or more simply a more humanized practice, I suggest that the FHS are performing a much more complex alteration in health care by the mobilization of actants in many types of collectives, opening space for different ways of thinking health and sickness that derives from a specific posture before nature and culture, what is not actually totally clear. For last the auto-attributed notion of cultural competence are revised and questioned as the apparently lesser importance near other PHC caracteristcs. This work wants to contribute to higher multiplicity of ways of thinking the health care and its importance in presence of the human variety to be useful for health care professionals and anthropologists, approximating them

    Avaliação do internato médico rural em Medicina de Família e Comunidade da Universidade de Caxias do Sul: reflexões sobre a formação médica e as políticas de saúde

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    Medical education has undergone constant transformations throughout history and in Brazil it takes on specific characteristics. Recently, among other aspects, there has been debate about the importance of the variety of teaching scenarios and of an integral and generalist approach to the design of an egress profile closer to the population’s health needs. This study presents a qualitative and quantitative evaluation of the experience of medical students, professors and health professionals involved in the rural medical internship in Family and Community Medicine at the Universidade de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul state, Brazil. Profile of participants, internship motivators, influences on work options future, impact on health teams and positive and negative aspects of the experience are presented and discussed in the light of international literature on the subject. The rural internship appears as a positive experience in medical training, with qualitative aggregating potential for those involved and influence on the future work option, helping to reduce the gap in human resources in rural areas. Dialogue between communities, health teams, universities and local managers is essential to overcome daily challenges and to maintain activities, as well as institutional support for students and qualification of the teaching staff. Suggestions for future lines of research in the area are presented

    As recomendações da Wonca para a saúde das populações rurais.

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    A Associação Mundial de Médicos de Família, através do seu grupo de trabalho de saúde rural, vem desenvolvendo ações, participando de projetos e realizando recomendações relacionados a diversos temas ligados à saúde rural. O Grupo de Trabalho em Medicina Rural da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade traduz para a língua portuguesa, neste número, os principais documentos que devem servir como referência para a construção de políticas e práticas nesta área. Abaixo um breve resumo dos artigos que se encontram neste volume
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