“Todos podem aprender, mas não é fácil” - Entrevista com Esther Pillar Grossi

Diante da perspectiva desse dossiê "Educação, Diversidade e Inovação", no dia 24/08/2018, às 8h da manhã, via Skype, realizamos essa entrevista, estando  a entrevistada em Porto Alegre, na sua residência e a  entrevistadora em Brasília, também na sua residência.A Professora Doutora Esther Pillar Grossié uma grande educadora brasileira, presidente de uma ONG, o Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa) sediada em Porto Alegre e que há 48 anos tem feito a diferença na educação. Ao longo desse período trabalha na formação de alfabetizadores no Brasil e Colômbia, a partir de uma proposta didática-pedagógica pós-construtivista, elaborada pela entrevistada junto com uma equipe de científicos. Essa entrevista marca uma oportunidade de dialogar sobre uma visão inovadora e revolucionária da educação

Construção de significados e ambiguidades na supervisão de estágio em psicologia

Na formação de psicólogos, o tripé supervisão-estágio-ensino é fundamental para o desenvolvimento de competências profissionais. Todavia a relação estreita entre estas três esferas ocasiona, por vezes, uma compreensão nebulosa sobre a práxis concernente a cada um destes campos. À luz do dialogismo bakhtiniano e da intersubjetividade, este artigo visa a analisar a construção de significados sobre supervisão de estágio, por meio das ambiguidades que enlaçam esta atividade. Foi possível analisar que as ambiguidades permeadas pelo tripé formativo ocasionam tensões nas relações intersubjetivas, sendo balizadoras na construção de novos significados sobre a atividade de supervisão. Estes significados são tecidos pela negociação com as outridades que permeiam essa atividade formativa e pelo contexto em que são realizadas. Isto posto, estudos desta natureza propiciam uma compreensão mais ampla sobre conhecimentos teóricos/práticos concernentes ao campo da supervisão, o que pode ensejar a construção de estratégias facilitadoras na formação de psicólogos

Regulação da aprendizagem na didática profissional

A Didática Profissional é uma corrente de origem francesa que visa compreender o desenvolvimento de adultos com ênfase na formação profissional e na análise do trabalho. Este artigo apresenta uma revisão sistemática da literatura cujo objetivo foi identificar e analisar estudos sobre a regulação da aprendizagem na Didática Profissional com vista à formação de competências profissionais. Foram encontrados 83 artigos em 6 diferentes repositórios digitais, dos quais 26 foram analisados de acordo com as questões norteadoras da investigação. Os resultados obtidos indicam a predominância de análises do exercício profissional na docência, especialmente na área de Exatas, entretanto, os trabalhos são majoritariamente pesquisas bibliográficas com poucos relatos de experiências. Embasado na relevância da temática e com base nas discussões desta pesquisa, considera-se que a literatura carece de abordagens que investiguem apropriadamente formas explícitas de regulação e da utilização de instrumentos para análise do trabalho voltados ao desenvolvimento de competências profissionais

A psycho-anthropological approach of knowledge at the “School of life”: the case of little or no schooled adults

The principal aim of the thesis is to describe the conditions of acquisition of the knowledge at the “school of life” by Brazilian little or no schooled adults. The expression “school of life” commonly used by Brazilian people of popular social class stresses the importance of daily life for learning as opposed to the School where these people are usually in school failure. By adopting a psycho-anthropological approach (participative observation of daily and professional activities and life narratives), two studies have been conducted focused initially on numeric knowledge. The first study concerns the daily activities of six migrants women from the countryside living in the suburbs of Porto Alegre: budget management and market exchanges. The second study focuses on the trader’s professional practice of fruits and vegetables followed for six months, from the products purchase to the sale at a Recife’s market. The analysis of the interviews data (video recordings transcribed) and the observations recorded in a daily diary are based on the Barbara Rogoff‘s theorical framework (1995) that distinguishes three levels: institutional or community level, inter and intra-personal levels. It appears that participation structures are various: peers’ collaboration, quasi-teaching by the employer, skills transmission to younger generations. The numeric knowledge are embedded into a constellation of knowledge. The subjects create or adapt a variety of instruments for their activities.L’objectif principal de cette thèse est de rendre compte des conditions d’acquisition des savoirs à l’"école de la vie" par des adultes brésiliens peu ou pas scolarisés. L’expression "école de la vie" couramment utilisée par les personnes brésiliennes de classe sociale populaire souligne l’importance de la vie quotidienne pour les apprentissages par opposition à l’Ecole où ces personnes se trouvent le plus souvent en échec scolaire. En adoptant une démarche psycho-anthropologique (observation participante de l’activité quotidienne et professionnelle des adultes, récits de vie), nous avons réalisé deux études focalisées au départ sur les savoirs numériques. La première étude concerne les activités quotidiennes de six femmes migrantes issues de la campagne vivant dans la périphérie de Porto Alegre : gestion du budget et des échanges marchands. La deuxième étude porte sur les pratiques professionnelles d’un commerçant de fruits et légumes suivi pendant six mois, de l’achat des produits à leur vente sur un marché de Recife. Les données des entretiens (enregistrements vidéo transcrits) et des observations consignées dans un journal de bord sont analysées à partir du cadre théorique proposé par Barbara Rogoff (1995) qui distingue trois niveaux : institutionnel ou communautaire, inter et intra-personnel. Il apparaît que les structures de participation sont très diverses : collaboration avec des proches, quasi-enseignement de la part d’employeur, transmissions de savoir-faire aux générations plus jeunes. Les savoirs numériques sont intriqués dans une constellation de savoirs. Les personnes créent ou adaptent une diversité d’instruments au service de leurs activités