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Chamado do Pajé: regimes de memória, apagamentos e protagonismo indígena no baixo Tapajós
O texto aborda os processos de reelaboração étnica e cultural que começam a ocorrer na virada para o século XXI entre vários povos indígenas do baixo rio Tapajós, e como eles configuram uma contra narrativa à historiografia oficial, que sucessivamente foi promovendo um apagamento das alteridades étnicas na região. A produção dessa contra narrativa ao apagamento é pensada como um processo de construção de um novo regime de memória que vai recolocando os indígenas e seus protagonismos na história, e na historiografia do baixo Tapajós. Nesse novo regime de memória não se trata somente de um adendo para incluir os indígenas e seus protagonismos nas páginas da história da região, mas de maneira crítica compreender como os próprios indígenas têm procurado construir a memória na atualidade, reafirmar suas origens étnicas e reelaborar a sua história em sua relação ao mundo colonial que os encapsulou
Uma floresta de disputas: conflitos sobre espaços, recursos e identidades sociais na Amazônia
Conflitos, aparentemente intermináveis, sobre posse territorial
no interior dos limites da Floresta Nacional do Tapajós (Flona Tapajós)
arrastam-se por mais de três décadas. Nesse livro a antropóloga Edviges
Ioris nos reporta a esse extraordinário campo de disputas envolvendo
burocratas governamentais, cientistas e pesquisadores nacionais e
internacionais, grupos ambientalistas e de direitos humanos, além
de dezenas de pessoas de diferentes comunidades rurais que foram
diretamente afetados pela criação e implantação da Flona Tapajós em
1974. Sua pesquisa a levou a diversos sítios de investigação, dos remotos
lugarejos ao longo de rios e igarapés, onde as pessoas reclamavam que
estavam sendo chamadas de intrusas ou invasoras no território que
habitavam por gerações, até as repartições públicas da capital federal,
onde entrevistou aqueles envolvidos na conceituação das políticas
iniciais de manejo florestal para a Amazônia, que foram parte de esforços
estatais mais abrangentes na reordenação das pessoas e dos espaços para
modernização da região
In the trail of scientific forestry management : lumber industry and national forests
O texto aborda a elaboração de políticas governamentais direcionadas às reservas florestais no Brasil durante o século XX, até a adoção da categoria de Floresta Nacional, em meados da década de 1960, para designar áreas públicas de exploração madeireira. Discorre sobre as principais motivações para a promoção e o ordenamento da produção madeireira no país, e o seu direcionamento para a Amazônia, de acordo com o projeto geopolítico dos militares para modernização e aceleração do crescimento da economia regional. Em 1974, o governo federal criou a Floresta Nacional do Tapajós, no estado do Pará, com o objetivo de impulsionar e disciplinar a atividade madeireira nos parâmetros do manejo florestal científico, conceito que foi gerado na Alemanha em meados do século XVIII e que fundamentou, nos Estados Unidos, a criação do sistema de reservas denominadas de Florestas Nacionais no início do século XX. A emergência de um sistema de reservas florestais na Amazônia visou contribuir para a abertura do mercado exportador madeireiro, que contava com fortes incentivos técnicos e fiscais. Entretanto, a exploração não foi realizada em áreas de reserva florestal e nem seguiu qualquer preceito do moderno manejo florestal, apesar do eventual alcance internacional das exportações de madeira na Amazônia.The paper analyzes the evolution of the public policies on forest reserves in Brazil from the beginning of the twentieth century to the 1960s, when the category of National Forest was established as public land for timber exploitation. The text examines the main motivations behind forest reserve policies that aimed to promote and regulate timber production in the country, and its direction to the Amazon region in the geopolitical context of modernization and intensifying regional development. In 1974, the federal government created the Tapajós National Forest, in the State of Pará, with the aim of expanding and controlling wood production according to the requirements of the scientific forestry management, a concept that originated in Germany in the second half of the eighteenth-century and informed the creation of a National Forest system in the United States in the beginning of the twentieth-century. The emergence of a forest reserve system in the Amazon region aimed to increase the participation in the international timber market by providing strong technical and fiscal support. However, despite the fact that the Amazon timber eventually reached the international market, production did not come from any forest reserve, nor followed the principles of the modern scientific forest management
O pobre solo do celeiro do mundo: desenvolvimento florestal e combate à fome na Amazônia
Na trilha do manejo científico da floresta tropical: indústria madeireira e florestas nacionais
O texto aborda a elaboração de políticas governamentais direcionadas às reservas florestais no Brasil durante o século XX, até a adoção da categoria de Floresta Nacional, em meados da década de 1960, para designar áreas públicas de exploração madeireira. Discorre sobre as principais motivações para a promoção e o ordenamento da produção madeireira no país, e o seu direcionamento para a Amazônia, de acordo com o projeto geopolítico dos militares para modernização e aceleração do crescimento da economia regional. Em 1974, o governo federal criou a Floresta Nacional do Tapajós, no estado do Pará, com o objetivo de impulsionar e disciplinar a atividade madeireira nos parâmetros do manejo florestal científico, conceito que foi gerado na Alemanha em meados do século XVIII e que fundamentou, nos Estados Unidos, a criação do sistema de reservas denominadas de Florestas Nacionais no início do século XX. A emergência de um sistema de reservas florestais na Amazônia visou contribuir para a abertura do mercado exportador madeireiro, que contava com fortes incentivos técnicos e fiscais. Entretanto, a exploração não foi realizada em áreas de reserva florestal e nem seguiu qualquer preceito do moderno manejo florestal, apesar do eventual alcance internacional das exportações de madeira na Amazônia