10 research outputs found

    Intenção & contexto : por uma reorientação intencionalista e contextualista da estética e da filosofia da arte no elogio da arte contemporânea

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    O presente trabalho procura defender um intencionalismo e um contextualismo moderados enquanto espécies de reguladores discursivos para as teorizações sobre arte, sobretudo após o modernismo e seus desdobramentos, deslocamentos e distensões na produção artística contemporânea. Em nossa perspectiva, a aplicação do intencionalismo à arte permite compreendê-la como resultado de uma atividade intencional, derivada da própria intencionalidade dos estados mentais do seu produtor que, por sua vez, é compreendido numa condição de agência em relação a produção. Essa intencionalidade derivada é, por sua vez, facultada aos processos de recepção (ou estéticos) porque as intenções autorais são pensadas, a partir das análises de Noël Carroll (2001) e Paysley Livingston (2005), enquanto ontologicamente manifestos nas obras de arte através de estruturas propositivas: indícios de escolha, deliberação e formatividade. Isso confere, portanto, à abordagem intencionalista da arte uma concepção externalista no que diz respeito ao acesso da intenção autoral. Por outro lado, a aplicação do contextualismo à arte permite compreendê-la à luz do que se tem indicado, em diferentes pensadores, como campo da arte, circuito artístico (Dickie, 1997), sistema da arte (Bulhões, 2014) ou mundo da arte (Danto, 1964 e 2010). Nossa proposta é que esses termos variáveis, que recebem diferentes acentos teóricos em diferentes pensadores, sejam compreendidos ao nível de um contexto artístico decisivamente marcado por práticas sociais artísticas concretamente incorporadas nas culturas e historicamente transmitidas e modificadas. Desse modo, o contextualismo confere proeminência aos processos de (i) produção, (ii) destinação, (iii) recepção e (iv) discussão de arte que são capazes de determinar nominalmente a arte, seus usos e, sobretudo, a concessão de seu estatuto aos objetos através do processo de artificação, desenvolvido por Natalie Heinich & Roberta Schapiro (2007 e 2012). Importante mencionar que o processo de artificação executa uma função primordial na determinação da artisticidade (participação do conceito ‘arte’) de um objeto inclusive naqueles casos em que os objetos não são produzidos com intenções autorais. Identificamos a artificação enquanto um processo de fixação linguística da referência realizado por integrantes de uma comunidade que compartilha diversamente, além da linguagem, hábitos, práticas, procedimentos, instituições, inspirando-nos nas leituras e desdobramentos críticos do pensamento tardio de Wittgenstein representado pela nova teoria da referência e pela filosofia da linguagem comum: indicamos, portanto, o processo de artificação enquanto um dos muitos procedimentos de um subconjunto – o mundo ou campo da arte – da forma de vida linguística humana. Também oferecemos uma definição para a noção de contexto da arte. Com esses pensadores o debate de acento ontológico centrado no objeto dá lugar a um debate de acento ontológico centrado nas práticas, que entendemos motivado pelos próprios processos artísticos ao longo de sua história relativos à desmaterialização dos suportes tradicionais (Lippard, 1971) e, portanto, à dissolução das características fenomenologicamente acessíveis da arte que remontam à instauração da arte conceitual com os ready mades de Duchamp e Elsa von Freytag-Loringhoven. Diante disso, uma reorientação dos campos da Estética e da Filosofia da Arte a partir do intencionalismo e do contextualismo sugere, sobretudo, que esses campos sejam enriquecidos por (a) um manifesto reconhecimento do papel intencional do artista na produção da sua obra e por (b) um reconhecimento das determinações contextuais e particularizantes da recepção de uma obra pelo campo artístico e suas práticas. Nossa tese, portanto, consiste em afirmar que as tentativas de construção de sentido para as obras de arte devem se regular por deferências explícitas tanto às intenções do artista ou do produtor, quanto aos processos contextuais ou dos receptores.The present work aims to defend moderate intentionalism and contextualism as theoretical regulators for different discourses about art, especially considering the developments and distention’s of modernism in contemporary art. In our view, intentionalism applied to art allows us to understand it as the result of intentional activity, i.e., something derived from the intentionality of the mental states of its producers. And they are comprehended as agents in relation to their production. This derivative intentionality is extended to the processes of reception (thus, to aesthetics) because authorial intentions are thought, according to Noël Carroll (2001) and Paysley Livingston (2005), as ontologically manifest in artworks as purposive structures, as indications of choice, deliberation and formativity. This grant to intentionalism an externalist conception about the access to authorial intention. On the other hand, contextualism applied to arts allows us to understand it as something produced and accessed within the art circle (Dickie, 1997), system of art (Bulhões, 2014) or artworld (Danto, 1964 and 2010). Our view is that these various notions, which are differently developed by these different thinkers, be understood as an artistic context decisively structured by artistic social practices that are concretely incorporated within different cultures and are historically transmitted and modified. Therefore, contextualism gives prominence to processes of (i) production, (ii) destination, (iii) reception and (iv) discussion of art that can, by their turn, nominally determine art, its uses and, above all, the concession of art status to objects through artification, developed by Natalie Heinich & Roberta Schapiro (2007 and 2012). The process of artification plays a primordial role at the determination of whether something is or isn’t art, including at the cases where something is not produced with authorial intentions. Artification is, thus, identified as procedure of linguistic fixation of the reference that is played out by agents of a linguistic community that shares, diversely, a language, habits, practices, procedures, institutions. This understanding is a direct inspiration from the critical developments of Ludwig Wittgenstein’s thought in his Philosophical Investigations (2009). Artification is seen as one of the many procedures from the artworld ou art field, a subset within the human form of life. From our reading and interpretation of these thinkers, the ontological debate focused on the artwork gives rise to a ontological debate focused on social practices about art that we understand motivated by the very own artistic processes throughout its history, intrinsically related to the dematerialization of traditional artistic supports (Lippard, 1971) and, therefore, also related to the dissolution of the phenomenologically accessible characteristics of art. Both of these processes are related, in our own account, to the instauration of conceptual art with Duchamp and Elsa von Freytag-Loringhoven. Considering all of this, we suggest a reconsideration of aesthetics and philosophy of art with intentionalism and contextualism in mind, but also that both of these fields be regulated by (a) a manifest recognition of the role that the artists intentions plays in the production of their artworks and by (b) a recognition of contextual determinations that particularize our access (or reception) of artworks by the art field and its practices. Our thesis, therefore, presupposes that different modalities of sense making and production of theoretical discourse about art must be regulated by explicit deference’s both to artistic intentions (producers of art) and to contextual processes (reception of art)

    Descredenciamento estético e habilitação narrativa : a construção de um novo modelo para a filosofia da arte em Nöel Carroll

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    O objetivo principal desta dissertação consiste na apresentação da contribuição filosófica de Noël Carroll, pensador contemporâneo norte-americano, ao debate sobre o conceito de arte. Seu trabalho principal dentro do tema é duplo. De um lado, Carroll elabora um empreendimento crítico às teorias estéticas da arte que são para ele uma tradição filosófica capaz de fornecer as condições de possibilidade para o surgimento de uma definição estética da arte. E, de outro lado, Carroll elabora um empreendimento propositivo a partir do qual sua posição no debate definicional sobre o termo ‘arte’ pode ser evidenciada. Em sua etapa crítica, o pensamento de Carroll: (1) desenvolve uma genealogia das teorias estéticas, apresentando assim o arcabouço histórico para elas; (2) indica o que é comum a elas, a saber, a definição estética da arte; (3) procede a uma análise lógica dessa definição, apresentando as suas implicações e justificando o seu descredenciamento. Já em sua etapa propositiva, o pensamento de Carroll: (1) realiza um balanço das contribuições filosóficas ao debate definicional, apresentando pensadores importantes como Weitz, Dickie e Danto; (2) desenvolve um método de identificação de arte que dispensa a via definicional, chamado de narrativas identificadoras; (3) apresenta uma série de respostas às objeções desenvolvidas por outros autores ao seu método.The main purpose of this work consists in an exposition of Noël Carroll’s philosophical contribution. Carroll is a contemporary North American philosopher whose work focuses on the debate concerning the concept of art. Our view is that his work consists in a twofold undertaking. On one side, Carroll elaborates a critical enterprise to the aesthetic theories of art that, for him, can foster the conditions and the possibilities to the outbreak of an aesthetic definition of art. On the other side, Carroll elaborates a purposeful enterprise through which his position on the definitional debate of the term ‘art’ can be easily understood. On his critical stage, Carroll: (1) makes a genealogy of aesthetic theories, giving them a historical outline; (2) indicates their common core, namely, the aesthetic definition; (3) proceeds analyzing this definition, showing its implications and justifying its disenfranchisement. In addition, on his purposeful stage, Carroll: (1) analyses relevant philosophical contributions to the definitional debate, presenting authors like Weitz, Dickie and Danto; (2) develops a method for art identification that exonerates the traditional definitional approach, called identifying narratives; (3) presents a series of replies to objections to his method made by others philosophers

    Descredenciamento estético e habilitação narrativa : a construção de um novo modelo para a filosofia da arte em Nöel Carroll

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    O objetivo principal desta dissertação consiste na apresentação da contribuição filosófica de Noël Carroll, pensador contemporâneo norte-americano, ao debate sobre o conceito de arte. Seu trabalho principal dentro do tema é duplo. De um lado, Carroll elabora um empreendimento crítico às teorias estéticas da arte que são para ele uma tradição filosófica capaz de fornecer as condições de possibilidade para o surgimento de uma definição estética da arte. E, de outro lado, Carroll elabora um empreendimento propositivo a partir do qual sua posição no debate definicional sobre o termo ‘arte’ pode ser evidenciada. Em sua etapa crítica, o pensamento de Carroll: (1) desenvolve uma genealogia das teorias estéticas, apresentando assim o arcabouço histórico para elas; (2) indica o que é comum a elas, a saber, a definição estética da arte; (3) procede a uma análise lógica dessa definição, apresentando as suas implicações e justificando o seu descredenciamento. Já em sua etapa propositiva, o pensamento de Carroll: (1) realiza um balanço das contribuições filosóficas ao debate definicional, apresentando pensadores importantes como Weitz, Dickie e Danto; (2) desenvolve um método de identificação de arte que dispensa a via definicional, chamado de narrativas identificadoras; (3) apresenta uma série de respostas às objeções desenvolvidas por outros autores ao seu método.The main purpose of this work consists in an exposition of Noël Carroll’s philosophical contribution. Carroll is a contemporary North American philosopher whose work focuses on the debate concerning the concept of art. Our view is that his work consists in a twofold undertaking. On one side, Carroll elaborates a critical enterprise to the aesthetic theories of art that, for him, can foster the conditions and the possibilities to the outbreak of an aesthetic definition of art. On the other side, Carroll elaborates a purposeful enterprise through which his position on the definitional debate of the term ‘art’ can be easily understood. On his critical stage, Carroll: (1) makes a genealogy of aesthetic theories, giving them a historical outline; (2) indicates their common core, namely, the aesthetic definition; (3) proceeds analyzing this definition, showing its implications and justifying its disenfranchisement. In addition, on his purposeful stage, Carroll: (1) analyses relevant philosophical contributions to the definitional debate, presenting authors like Weitz, Dickie and Danto; (2) develops a method for art identification that exonerates the traditional definitional approach, called identifying narratives; (3) presents a series of replies to objections to his method made by others philosophers

    As narrativas identificadoras de Carroll: a propósito de uma abordagem conciliadora para a Filosofia da Arte frente ao reconhecimento da sucessiva mutabilidade de seu objeto

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    Algumas doutrinas filosóficas reservaram lugar de consideração para um, ou alguns objetos, que atualmente convencionamos chamar de arte. Os pensadores de tais doutrinas trabalharam discursivamente esses objetos de maneiras distintas, respeitando a especificidade de seus próprios empreendimentos. Apesar disso, podemos observar que esse interesse perpassou a história da filosofia e aparece para nós, hoje, atravessado por discursos divergentes. Essa divergência, herança da tradição, desenha atualmente um panorama onde a falta de consenso em relação à definição de arte e o reconhecimento de sua intrínseca mutabilidade são os contrastes mais distintivos. São objetivos deste trabalho: estabelecer filosoficamente essas duas características, discutir uma alternativa ao problema da profunda divergência em relação ao conceito de arte desenvolvida pelo filósofo contemporâneo Noël Carroll, bem como mostrar alguns aspectos implícitos de sua proposta

    As narrativas identificadoras de Carroll: a propósito de uma abordagem conciliadora para a Filosofia da Arte frente ao reconhecimento da sucessiva mutabilidade de seu objeto

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    Anais

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    Anais

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    Representations of feminine intelligence in classical Greece : Clytemnestra, Jocasta and Antigone

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    Pode-se entender a tragédia como um gênero que reúne formas históricas de pensamento diversas – diferentes estágios do muthos e o logos. Este artigo desvenda como se processa em algumas figuras trágicas femininas uma ruptura significativa com as antigas crenças religiosas. Não é fácil imaginar um mundo no qual os domínios religioso e científico, social e político não estavam separados. Mais difícil ainda é imaginar o desenvolvimento da inteligência e dos méritos cognitivos das mulheres que viviam à sombra dos homens e em grande parte excluídas do domínio público. Este artigo ajuda compreender modulações inovadoras deste imaginário de base.Tragedy might be understood as a genre summoning up different historical ways of thinking:diverse stages of muthos and logos. This paper unravels how a break with ancient religious beliefs takes place through some feminine tragic figures. It is not easy to imagine a world in which religious and scientific, social and political domains were not separate. Still harder is to imagine the development of intelligence and cognitive merits of women who lived under the shadow of men and were almost excluded from the public domain. This article helps to understand innovating modulations of this basic imaginary structure

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    Pode-se entender a tragédia como um gênero que reúne formas históricas de pensamento diversas – diferentes estágios do muthos e o logos. Este artigo desvenda como se processa em algumas figuras trágicas femininas uma ruptura significativa com as antigas crenças religiosas. Não é fácil imaginar um mundo no qual os domínios religioso e científico, social e político não estavam separados. Mais difícil ainda é imaginar o desenvolvimento da inteligência e dos méritos cognitivos das mulheres que viviam à sombra dos homens e em grande parte excluídas do domínio público. Este artigo ajuda compreender modulações inovadoras deste imaginário de base.Tragedy might be understood as a genre summoning up different historical ways of thinking:diverse stages of muthos and logos. This paper unravels how a break with ancient religious beliefs takes place through some feminine tragic figures. It is not easy to imagine a world in which religious and scientific, social and political domains were not separate. Still harder is to imagine the development of intelligence and cognitive merits of women who lived under the shadow of men and were almost excluded from the public domain. This article helps to understand innovating modulations of this basic imaginary structure
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