4 research outputs found

    Continuísmo e Descontinuísmo em Mental Time Travel: a relação entre memória e imaginação

    Get PDF
    No presente artigo apresentarei a teoria do mental time travel, sendo esta uma teoria relativamente recente que coloca a memória episódica como uma forma de viajar mentalmente no tempo. Apresentarei também as duas teorias que disputam acerca da natureza dos processos de mental time travel, a saber, o continuísmo e o descontinuísmo. O continuísmo é a teoria onde afirma-se que a imaginação e a memória são ocorrências mentais do mesmo tipo, e que a única diferença existente entre ambas é a orientação temporal, pois na memória o indivíduo viaja mentalmente para o passado e na imaginação ele viaja mentalmente para o futuro. O descontinuísmo é a teoria que afirma que, para além da orientação temporal, há uma diferença de tipo entre a memória e a imaginação. Além disso, farei uma exposição das semelhanças e concordâncias existentes entre o continuísmo e o simulacionismo, sendo esta última uma teoria mais ampla sobre a natureza da memória episódica, cuja tese central afirma que a memória episódica é fruto de um sistema de simulação. Explicarei também porque o descontinuísmo é compatível com a teoria causal da memória, sendo esta a teoria que afirma que a memória deve possuir uma conexão causal com o passado

    Teoria causal da memória: uma introdução em filosofia da memória

    Get PDF
    This paper is an introduction on the Causal Theory of Memory, one of the most discussed theories in philosophy of memory in the present days. We begin with Martin & Deutscher’s formulation of the theory, in which the authors present three criteria in order for a given mental state to be considered an instance of memory, amongst them, the famous causal criterion, which stipulates that a memory must be causally connected to the past experience. Subsequently, we discuss if these criteria are necessary and sufficient for memory and we present two theories that complement these criteria with an epistemic and a phenomenological criterion, i.e., the Causal Epistemic Theory and the Causal Autonoetic Theory. We then introduce the concept of memory traces, which are, according to Martin & Deutscher, the causal link between the memory and the past experience which created this memory; we present the model of traces as structural analogues and the model of distributed traces and discuss the problems which arise for each of these models of traces. Afterwards we focus on the concept of causality and present the Causal Procedural Theory, which offers a different conception of causality that does not focus on the memory traces, but on causal process itself. Lastly, we present the theory called Discontinuism, a theory about the relation between memory and imagination, which follows directly from the Causal Theory of Memory.O presente artigo busca ser uma introdução à Teoria Causal da Memória, sendo esta uma das teorias mais amplamente discutidas em filosofia da memória nos dias atuais. O texto é iniciado com a formulação da teoria causal proposta por Martin e Deutscher, onde são apresentados os critérios propostos pelos autores para que um estado mental conte como um caso de memória, dentre eles, o famoso critério causal, que estabelece que a memória deve estar causalmente conectada com a experiência passada que a deu origem. Posteriormente é discutido se tais critérios são necessários e suficientes para a memória e são apresentadas duas teorias que adicionam outros critérios para que um estado de mental possa contar como um caso de memória, a saber, a Teoria Causal Epistêmica e a Teoria Causal Autonoética. Em seguida é introduzido o conceito de traços de memória, os quais são, segundo Martin e Deutscher, aquilo que garante a conexão causal entre a memória e a experiência passada; são apresentados o modelo de traços enquanto análogos estruturais e o modelo de traços distribuídos, bem como os problemas que advém dessas concepções de traços. Posteriormente o conceito de causalidade é discutido com mais profundidade e é apresentada a Teoria Causal Procedural, que visa escapar dos problemas acarretados pelas concepções anteriormente citadas de causalidade através de traços. Por fim, apresenta-se o Descontinuísmo, uma teoria acerca da relação entre a memória e a imaginação, a qual é uma implicação direta da adoção da Teoria Causal da Memória

    Filosofia da Memória: Problemas e Debates Acerca da Memória Episódica

    Get PDF
    O presente artigo busca situar o leitor em alguns dos debates atuais acerca da memória episódica no âmbito da filosofia da memória. A memória episódica consiste na capacidade de lembrar daquilo que o sujeito vivenciou ao longo de sua vida. Um dos maiores problemas em filosofia da memória é estabelecer o que é uma memória episódica, e distingui-la de outros estados mentais, como a imaginação. As principais teorias que visam resolver tal problema são a Teoria Causal da Memória e a Teoria Simulacionista da Memória. Causalistas insistem que deve haver um vínculo causal entre uma experiência vivida pelo sujeito no passado e a memória dessa experiência. Simulacionistas, em contrapartida, sustentam que tal vínculo causal não é necessário, pois uma memória é o resultado de um processo de simulação que combina elementos de várias memórias para formar um cenário que representa a experiência passada. Outro debate em filosofia da memória trata dos objetos da memória episódica, nele busca-se descobrir com o quê entramos em contato quando lembramos de um evento passado. Nesse debate as posições filosóficas mais defendidas são o Realismo Indireto e o Realismo Direto; o primeiro afirma que entramos em contato com representações do evento passado, já o último sustenta que entramos em contato diretamente com o evento passado. Esse artigo apresenta também teorias da psicologia sobre consolidação de memórias episódicas e a teoria da Mental Time Travel, afim de embasar o leitor, respectivamente, acerca dos mecanismos formadores da memória e do debate sobre a função da memória episódica
    corecore