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Comparação osteológica nas espécies do gênero Sotalia Gray, 1866 no Brasil (Cetacea, elphinidae)
Two species have been recently recognized as distinct for the genus Sotalia: S. fluviatilis (Gervais, 1853), occurring in the Amazonian basin, and S. guianensis (van Bénéden, 1864), occurring from Santa Catarina (Florianópolis) (27°35’S and 48°34’W) to Honduras (15°58’ N and 85°42’ W). This study seeks to find information to sustain the separation of distinct species as well as a morphological characterization. A comparative osteological work was performed among marine samples (from the states of AP, PA, CE e SC) and riverine samples (AM) in relation to metric (skull, mandible, scapula, pectoral fin and sternum) and non-metrical characters (skull, mandible and cervical vertebrae). For the non-metrical characters analysis, there was a higher percentage of occurrence of fenestrae in the occipital region (65,9%) and cervical ribs (87,09%) in the fluvial species. The inverted goblet shape of the vomer was more frequent in the fluvial species (56,76%), followed by the intermediate (32,43%) and parallel shape (10,81%). The parallel vomer was more frequent in the marine species (65,79% to 76,19%). In relation to the lacerate anterior foramen, it was observed that an open/elongated shape is more common in the fluvial species (87,80%). Most samples in the marine species present this foramen divided in by a spike shaped projection (72% to 97,67%). The ventrally visible location of the hypoglossal foramen was observed more often in S. guianensis (88% to 97,77%), while in S. fluviatilis, most samples (86,67%) presented this foramen internally displaced to the basioccipital suture, and not visible in ventral view. There was a clear separation of two species in relation to skull and postcranial skeleton in the morphometrical analysis (Canonical Variable Analysis) presented. Proportionally, the marine species presented a wider skull than the fluvial species. The nasals were thinner and there was a bigger distance to the tip of the rostrum to the base of nasal in the fluvial species. The mandible did not present morphologial difference among species. The number of alveoli did not vary among species but did so among samples. The pectoral fin and scapula’s glenoid cavity were proportionally wider in the fluvial species. The sternum, however, was smaller in this species in relation to the maximum width of the manubrium. Nevertheless, this structure still needs to be better studied.Recentemente, foram reconhecidas duas espécies para o gênero Sotalia: S. fluviatilis (Gervais, 1853), com ocorrência na bacia amazônica e S. guianensis (van Bénéden, 1864), com uma distribuição que vai desde Santa Catarina (Florianópolis) (27°35’S e 48°34’W) até Honduras (15°58’ N e 85°42’ W). Visando buscar mais subsídios que corroborem com a separação das duas espécies, bem como uma caracterização morfológica, foi realizado um trabalho osteológico comparativo entre os exemplares marinhos (dos estados do AP, PA, CE e SC) e fluviais (AM) em relação a caracteres métricos (crânio, mandíbula, escápula, nadadeira peitoral e esterno) e não-métricos (crânio, mandíbula e vértebras cervicais). Na análise dos caracteres não-métricos, foi observada uma maior porcentagem de ocorrência de fenestras na região occipital (65,9%) e de costelas cervicais (87,09%) na espécie fluvial. A forma do vômer em cálice invertido foi mais freqüente na espécie fluvial (56,76%), seguida da forma intermediária (32,43%) e paralela (10,81%). A forma do vômer paralela foi mais freqüente na espécie marinha (65,79% a 76,19%). Em relação ao forame lacerado anterior, foi observado que a forma aberta/alongada é mais comum na espécie fluvial (87,80%). Na espécie marinha, a maioria dos exemplares apresenta este forame dividido por uma projeção em forma de espinho (72% a 97,67%). A localização do forame hipoglossal visível ventralmente foi mais observada em S. guianensis (88% a 97,77%), enquanto que em S. fluviatilis, a maioria dos exemplares (86,67%) apresentou este forame deslocado internamente à sutura do basioccipital, não podendo ser observado em vista ventral. A análise morfométrica (Análise de Variáveis Canônicas) mostrou uma nítida separação entre as duas espécies em relação ao crânio e pós-crânio. A espécie marinha apresentou o crânio proporcionalmente mais largo do que a espécie fluvial. Os nasais se apresentaram mais estreitos e a distância do extremo do rostro à base do nasal foi maior na espécie fluvial. A mandíbula não diferiu morfologicamente entre as espécies. O número de alvéolos não variou entre as espécies e sim entre as amostras. Os ossos da nadadeira peitoral e a cavidade glenóide apresentaram-se proporcionalmente mais largos na espécie fluvial. O esterno, ao contrário, apresentou-se menor nesta espécie em relação à largura máxima do manúbrio, mas esta estrutura merece uma análise mais detalhada
Variação osteológica e desenvolvimento ontogenético das espécies do gênero Sotalia (Cetacea, Delphinidae)
Despite important morphological studies for both species of the genus Sotalia,
knowledge on the skeleton as a whole is still limited, when considering inter and
intraspecific, and geographic and sexual ontogenic variation. In order to contribute to
a better understanding of the osteology, and to provide subsidy for conservation, 536
syncrania and 257 partial and complete postcranial skeletons of S. guianensis from
various locations in South America (Brazil, Suriname, Venezuela and Colombia) were
analyzed, in addition to 34 syncrania and 39 postcranial skeletons of S. fluviatilis
(tucuxi) from the Amazon basin. The skeletons were evaluated in relation to non-
metric (degree of fusion of sutures and formation of bone structures) and metric
characters (mandible, scapula, pectoral fin, sternum, vertebrae and hyoid apparatus).
In addition, meristic data were collected, including the number of vertebrae, vertebral
and sternal ribs. In order to analyse the chronological sequence of bone fusion,
information on 165 specimens were compared with their corresponding ages. It was
observed that S. fluviatilis showed delay in the fusion of some cranial and postcranial
sutures when compared to S. guianensis. The slower development in S. fluviatilis, the
general shape of the skull with less projections and crests, late sexual maturity and
the occurrence of a generally open lacerate anterior foramen in adults, classify this
species as pedomorphic. In the postcranial skeleton, morphological differences were
observed between both species, regarding the measurements of the radius, ulna,
basihyal, thyrohyal and stylohyal. In order to analyse the geographical and sexual
variation, 253 skulls of adult S. guianensis from various locations in South America
were analyzed, together with 22 skull specimens of S. fluviatilis. They were observed
in dorsal, lateral and ventral views, using geometric morphometry as a tool. It was
noted that populations of S. guianensis from the Southeast and South of Brazil
showed morphological similarities, which indicates a probable genetic flow between
individuals of these regions. The population from the northern region, on the other
hand, showed a tendency to diverge from other marine populations. Meanwhile the
north-eastern population showed to be more plastic and, with the exception of the
dorsal view, it appears to be an intermediate form between populations from the
North and Southeast/South. According to the deformations generated by geometric
morphometry, S. fluviatilis differs from S. guianensis as it presents a slightly
compressed skull in the dorsoventral direction and the occipital condyles are displaced ventrally. In addition, the nasal and premaxilla are displaced posteriorly
towards the supraoccipital crest. The pterygoid bones are further separated and the
entire basal cranial region that involves the palatines, pterygoid and basioccipital
bones also seem to be displaced posteriorly in S. fluviatilis. Sexual dimorphism was
observed in the marine population of the Northern region (Amapá state, Suriname,
Venezuela and Colombia), with females presenting nasal bones displaced
posteriorly, similarly to the fluvial species. In relation to the body size, it was observed
that marine individuals of the Northern region do not differ statistically from S.
fluviatilis. It therefore confirms that animals of this region show a reduced body size
when compared to other marine specimens from other sites of the Brazilian coast.
And finally, 43 complete and partial skeletons of S. fluviatilis were evaluated in order
to seek traumatic, morphologic and pathologic variations. Fractures were the most
frequent alterations, occurring in various regions of the skeleton such as ribs, hyoid
apparatus, neural and transverse processes of the vertebrae and scapula. Three
individuals were observed with ankylosis between the cervical vertebrae and two
individuals with morphological alterations (elongated haemal arch in the craniocaudal
direction and scapula with flat cranial edge). The only observed pathology was an
osteomyelitis case in the left dentary, the first record of osteomyelitis on this species.Apesar da existência de importantes trabalhos morfológicos para as duas espécies
do gênero Sotalia, é limitado o conhecimento do esqueleto como um todo,
considerando a variação ontogenética inter e intraespecífica, geográfica e sexual.
Com o intuito de contribuir para um melhor conhecimento osteológico e fornecer
subsídios para a conservação foram avaliados 536 sincrânios e 257 pós-crânios
parciais e completos de S. guianensis (boto-cinza) de várias localidades da América
do Sul (Brasil, Suriname, Venezuela e Colômbia) e 34 sincrânios e 39 pós-crânios de
S. fluviatilis (tucuxi) da bacia Amazônica. Os esqueletos foram avaliados em relação
a caracteres não-métricos (grau de fusionamento das suturas e formação de
estruturas ósseas) e métricos (mandíbula, escápula, nadadeira peitoral, esterno,
vértebras e aparato hióide). Foram coletados ainda dados merísticos como número
de vértebras, de costelas vertebrais e esternais. Para analisar a sequência
cronológica de fusionamento ósseo, as informações de 165 exemplares foram
comparadas com suas respectivas idades. Foi observado que S. fluviatilis apresenta
atraso no fusionamento de algumas suturas cranianas e pós-cranianas quando
comparado com S. guianensis. O desenvolvimento mais lento em S. fluviatilis,
somado a forma geral do crânio com menos projeções e cristas, maturidade sexual
tardia e ocorrência de forame lacerado anterior geralmente aberto nos adultos,
classifica esta espécie como pedomórfica. Para o pós-crânio foram observadas
diferenças morfológicas entre as duas espécies relacionadas às medidas do rádio,
ulna, basihial, tirohial e estilohial. Para analisar a variação geográfica e sexual, foram
avaliados 253 crânios de indivíduos adultos de S. guianensis de diferentes
localidades da América do Sul e de 22 exemplares de S. fluviatilis. Os crânios foram
analisados em vista dorsal, lateral e ventral utilizando-se como ferramenta a
morfometria geométrica. Foi observado que as populações do sudeste e sul do
Brasil apresentam semelhança morfológica, o que indica um provável fluxo gênico
entre os indivíduos destas localidades. A região norte ao contrário, apresenta uma
tendência a divergir das outras populações marinhas, enquanto que a população do
nordeste é mais plástica e exceto pela morfologia da vista dorsal, se apresenta de
forma intermediária entre as populações do norte e sudeste/sul. De acordo com as
deformações geradas pela morfometria geométrica, S. fluviatilis difere de S.
guianensis por apresentar o crânio levemente comprimido dorso-ventralmente e o côndilo occipital deslocado ventralmente, além dos nasais e os pré-maxilares
deslocados posteriormente em direção a crista supraoccipital. Os pterigóides são
mais separados entre si e toda a região basal craniana envolvendo os palatinos,
pterigóides e basioccipital parecem ser também deslocados posteriormente em S.
fluviatilis. Foi observado dimorfismo sexual na população marinha da região norte
(Estado do Amapá, Suriname, Venezuela e Colômbia), com as fêmeas apresentando
os nasais deslocados posteriormente, de forma semelhante ao observado na
espécie fluvial. Em relação ao tamanho corporal, os indivíduos marinhos da região
norte não diferem estatisticamente de S. fluviatilis, evidenciando que os animais
desta região são pequenos quando comparados com os exemplares marinhos de
outras localidades da costa brasileira. E finalmente, foram avaliados 43 esqueletos
completos e parciais de S. fluviatilis, buscando-se variações traumáticas,
morfológicas e patológicas. As fraturas foram as alterações mais frequêntes,
ocorrendo em diversas regiões do esqueleto como costelas, aparato hióide,
processos transversos e neurais das vértebras e escápula. Foram registrados três
indivíduos com anquilose entre vértebras cervicais e dois com alterações
morfológicas (arco hemal alongado no sentido crânio-caudal e escápula com borda
cranial plana). A única patologia encontrada foi um caso de osteomielite no dentário
esquerdo, o primeiro registro de osteomielite para a espécie
The vertebral morphology of the estuarine dolphin, Sotalia guianensis (Cetacea, Delphinidae)
We present a description of the backbone of the marine tucuzi (Sotalia guianensis ) vertebrae (n= 34), including the variations in the vertebral formula (n= 32)(UFSC- Universidade Federal de Santa catarina): Ce7, T12,L10-12,Ca23-25= 52-56. Species diagnostic characters and intraspecific variations are presented. Cervical ribs occur in 22.5% of the samples. The metapophyses start from the fourth thoracic vertebra, and the zigapophyses start at the cervical level, being observed up to T11. The inclination of the transverse processes and neurapophyses is most reduced around L5 or L6. Transverse processes on caudal vertebrae disappear between Ca9 and Ca13. The neurapophyses, neural arches and metapophyses are observed up to Ca13 or Ca15. Caudal foramina appear between Ca3 and Ca6. The height of the vertebral body increases up to Ca13, then starts to decrease. The maximum width is found around Ca6, where the vertebral body becomes laterally compressed. The length of the vertebral body increases from the last cervical to T7 and then remains constant up to Ca13, decreasing from then on. This is the first study to take into account intraspecific shape and count variations, representing an improvement over the traditional typologic approach