13 research outputs found

    A Cidade do Pensamento Único: Desmanchando Consenso

    Get PDF

    Mito da cidade-global: o papel da ideologia na produção do espaço terciário em São Paulo

    Get PDF
    Throughout the world the global-city has been considered the only urban model able to guarantee the survival of the city within the new context of economic globalization, and the city of São Paulo is no exception. However, empirical data demonstrate that this city has none of the typical "global-city" attributes: it does not take an active part in world economic flows, it does not suffer from a structural de-industrialization, it lacks an advanced service industry leading other economic activities, and so forth. Nonetheless, the prevailing dialogue dominating single neo-liberal thought imposes an ideological discourse according to which this model would be the only acceptable option for the urbanization of São Paulo. Based on this false reality, urban developers successfully channel public investments to support the construction, for example, of a "total business district" in the area of the Pinheiros river, thus directing urgent public priority policies away from widening social inequalities. In a city where nearly half of the population is deprived of the basic rights of citizenship and is not even able to take part in formal urban dynamics, some groups of developers associated with public authorities are able to create a "city within the city": a veritable "First World" island built within an urban matrix comprised of the traditional, archaic social relations of the urban underdevelopment of a country that still has to overcome the difficulties of its colonial heritage.A "cidade-global" vem sendo difundida como o único modelo urbano capaz de garantir a sobrevida das cidades no "novo" contexto da "globalização da economia". A cidade de São Paulo não foge desse rótulo. Entretanto, os dados empíricos mostram que ela não apresenta nenhum dos atributos típicos da "cidade-global". Isso não impede que o discurso dominante do pensamento único neoliberal, que tem como paralelos urbanos as teorias da "cidade-global", do "planejamento estratégico" e do "marketing de cidades", imponha uma visão - mais ideológica do que real - segundo a qual esses modelos seriam as únicas opções de urbanização aceitáveis. Apoiando-se nessa falsa realidade, os empreendedores urbanos da cidade conseguem canalizar os recursos públicos, de forma a sustentar a construção de supostas "centralidades globais terciárias", desviando, assim, as políticas públicas das prioridades prementes ligadas a uma demanda social cada vez mais dramática. Uma análise mais pormenorizada mostra que a dinâmica de produção do espaço em São Paulo é baseada em coalizões entre as elites urbanas locais e o poder público, nada tendo, de "moderna", e muito menos de "global", sendo, na verdade, a expressão urbana das tradicionais e arcaicas relações sociais típicas do "patrimonialismo" brasileiro

    A forma urbana patrimonialista: limites da ação estatal na produção do espaço urbano no Brasil

    Get PDF
    Urban public policies in Brazil are based on an exaggerated belief in the transformative potential of the state apparatus and urban planning. This is because the State model, which is used, is the model structured within the context of the regulated economies of the welfare state, where the production of urban space is the result of action by a strong State. The problem with this is that this model does not correspond to Brazilian sociability, nor to our urban form. It is therefore necessary to create a theory of the State for the urban, which is capable of covering the specificities of our patrimonialist society. Using the theory of State derivation, it may be inferred that the urban form derives from this specific sociability, defining a process that is not the social production of space, but a patrimonialist production of space, a pattern of domination through space that sustains the elite society.As políticas públicas urbanas no Brasil se apoiam em uma crença exagerada quanto ao potencial transformador do aparato estatal e do planejamento urbano. Isso porque o modelo de Estado que se utiliza é aquele que se estrutura no contexto das economias reguladas do Estado do bem-estar social, no qual a produção do espaço urbano é decorrente da ação de um Estado forte. O problema é que esse modelo não corresponde à sociabilidade brasileira nem à nossa forma urbana. É necessário elaborar uma teoria do Estado no urbano que seja capaz de abarcar as especificidades da nossa sociedade patrimonialista. Usando a teoria da derivação do Estado, depreendemos que a forma urbana deriva dessa sociabilidade específica, definindo um processo que não é o da produção social do espaço, mas sim da produção patrimonialista do espaço – um padrão de dominação por meio do espaço que sustenta a sociedade de elite

    Dossiê gestão e cidade: metrópoles no século XXI: Da necessária simbiose entre teoria e prática

    Get PDF

    Governança, um novo paradigma de gestão? Sobre a Conferência de Pierre Calame

    No full text
    Este artigo apresenta uma análise crítica da palestra proferida em maio de 2001, por Pierre Caíame, presidente da Fondation Charles Leopold Mayer Pour le Progrès de l’Homme (França), no programa de pósgraduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, sobre o seu livro A questão do estado no coração do futuro, recentemente lançado no Brasil. O livro propõe uma reflexão em torno do tema da governança, do qual o autor é um conhecido defensor em seu país. Para ele, trata-se de uma resposta à necessidade de reestruturação dos mecanismos de funcionamento da administração pública em face dos novos paradigmas do pósfordismo. As dinâmicas de diversidade e interdependência das sociedades mundializadas impõem novas esferas de administração, que se aproximem da realidade e permitam a tomada de decisão co-responsável por parte de todos os atores sociais, dando-lhes a possibilidade de autodeterminação do destino de sua sociedade. Apesar do aspecto universal e internacional que o autor dá a essas idéias, este texto propõe uma reflexão cautelosa acerca da eficácia de sua transposição para a realidade específica brasileira e suas formas particulares de estruturação de uma sociedade desigual, na qual o Estado serve, antes de tudo, como instrumento histórico de hegemonia das classes dominantes. Ainda assim, o artigo busca ressaltar os aspectos positivos dessas idéias, que podem ser úteis para aqueles que se vêem à frente de governos populares e têm que lidar com um aparato estatal corrompido e desvirtuado de suas funçõesThis paper presents a critical analysis of the seminar given in may 2001 by Pierre Caíame at USP Post-Graduation Program of the Faculty of Architecture and Urbanism, based on his book “L’état au coeur” co-written with André Talmant and recently launched in Brazil. Pierre Caíame is the president of the Fondation Charles Leopold Mayer pour le Progrès de l’Homme. The book deals with the theme of urban governance, particularising the case of France. According to Caíame, governance implies the need for a reorganization of state operation and management mechanisms when faced by the new paradigms posed by the post-fordism transformations of society. These new dynamics impose the creation of new co-responsibility spheres for all social actors concerned with the control of society's destiny. In spite of the “universal” and international aspect that Caíame wants to express in his ideas, this text is a reflection about the efficacy of their transposition for the specific reality of Brazil with its particularly unequal social structure and where the State is the historical instrument of the dominant classes’ hegemony. However, his reflection also tries to draw on the positive aspects of the ideas discussed, which may be useful for those heading popular governments in Brazil, and for those who must “deal with” a corrupt and eroded stat

    “Em busca das categorias da produção do espaço”, uma resenha.

    Get PDF

    Ville informelle, ville précaire?

    No full text
    International audienc

    Buy today, pay tomorrow: formal credit supply and domestic electrical and electronic goods consumption in São Paulo's urban periphery

    No full text
    Since the beginning of the twenty-first century, expansion of the formal credit supply in Brazil has promoted the ‘financial inclusion’ of the low-income population, especially through instalment plans offered by large retail chains. This article aims to analyse the impacts of formal credit availability on the consumption of electrical and electronic goods by residents of Jardim Helena, a neighbourhood in São Paulo's periphery. Through the collection and analysis of qualitative and quantitative data, this study reveals how the instalment plan can stimulate consumption among the low-income population, with a significant impact on household budgets, raising the risk of indebtedness

    São Paulo: cidade da intolerância, ou o urbanismo "à Brasileira"

    Get PDF
    Ao observar a cidade de São Paulo, é fácil perceber que ela vive verdadeiro colapso. Impera uma dramática desigualdade, que faz que ao menos um terço de sua população viva em condições indignas. Ao mesmo tempo, sua pujança econômica alavanca um ininterrupto crescimento que, paradoxalmente, aprofunda seus problemas: poluição, enchentes, insegurança, transportes precários, congestionamentos são algumas das mazelas que hoje caracterizam a cidade. Quais as causas dessa tragédia urbana? Elas se encontram na lógica do Estado patrimonialista, de uma sociedade que nunca conseguiu vencer sua herança escravocrata, e de uma ordem estamental que consolida permanentemente a modernização conservadora. E qual é o caminho para sua solução? Ele está na necessidade de uma radical mudança na lógica de funcionamento da cidade, nas dinâmicas de funcionamento do Estado patrimonialista, que dependem, por sua vez, de profundas e necessárias mudanças individuais.<br>While observing the city of Sao Paulo, it is easy to perceive that it has come to a real collapse. A dramatic inequality dominates, what makes that, at least, the third part of its population live in shameful conditions. At the same time, its economic power leverages an uninterrupted growth that paradoxically deepens its problems: pollution, floods, insecurity, precarious public transportation, and traffic jams are some of the "wounds" that characterize this city. What are the causes of this urban tragedy? They rely on the logic of the Patrimonialistic State, on a society that has never managed to overcome its slavery heritage, and on a state order that permanently consolidates the conservative modernization. And what could be the path to its solution? It demands a radical change in the logic of the city functioning, in the dynamics of the Patrimonialistic State which, in its turn, depends on profound and necessary individual changes
    corecore