1 research outputs found

    A fluĂȘncia verbal na perturbação do espectro do autismo : processos executivos, anĂĄlise temporal e tipicidade

    Get PDF
    Tese de mestrado, CiĂȘncia Cognitiva, Universidade de Lisboa, Faculdade de CiĂȘncias, Faculdade de Letras, Faculdade de Medicina, Faculdade de Psicologia, 2014A fluĂȘncia verbal Ă© uma tarefa cognitiva complexa que envolve processos linguĂ­sticos, mnĂ©sicos e executivos. As anĂĄlises quantitativas, qualitativas e temporais da fluĂȘncia verbal, assim como do nĂ­vel de tipicidade das respostas produzidas, podem contribuir para a compreensĂŁo dos processos cognitivos caracterĂ­sticos dos indivĂ­duos com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA). No presente estudo foi comparado o desempenho na fluĂȘncia verbal fonĂ©mica (letras “P”, “M”, “R”) e na fluĂȘncia verbal semĂąntica (“animais”, “frutos”, “vestuĂĄrio”), em adultos com Perturbação do Espetro do Autismo (n = 20) e um grupo de controlo neurotĂ­pico (n = 20). Todos os participantes foram pareados por idade, gĂ©nero, QI verbal e nĂ­vel de escolaridade. Os resultados mostraram que os participantes com Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) foram significativamente comprometidos no seu desempenho em ambos os testes de fluĂȘncia verbal (fonĂ©mica e semĂąntica), com uma produção de palavras inferior ao grupo de controlo. Relativamente Ă s estratĂ©gias de agrupamento (semĂąntico) e alternĂąncia (nĂŁo semĂąntico) nĂŁo ocorreram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de estudo, quer na tarefa de fluĂȘncia verbal fonĂ©mica, quer na fluĂȘncia verbal semĂąntica, assim como tambĂ©m nĂŁo foi observada qualquer distinção entre o nĂșmero e o tipo de erros produzidos, para ambas as fluĂȘncias verbais, no total das tarefas aplicadas. As anĂĄlises das tarefas em função do tempo (perĂ­odos de 15 segundos) revelaram dados significativamente divergentes entre grupos. Os indivĂ­duos com PEA, apesar de apresentarem diminuição da produção de palavras Ă  medida que o tempo aumenta (tal como acontece nos indivĂ­duos normotĂ­picos), tĂȘm deficitĂĄrios os processos automĂĄticos (primeiros 15 segundos) e praticamente todos os perĂ­odos correspondentes aos processos executivos ou controlados (restantes 45 segundos), em ambas as tarefas de fluĂȘncia verbal. Quanto Ă  tipicidade, nĂŁo ocorreu qualquer diferença significativa entre os grupos, ambos a apresentar nĂ­veis de tipicidade semelhantes e com um nĂșmero relativo de palavras nĂŁo-classificadas tambĂ©m equivalente. Esta Ășltima constatação parece sugerir que os indivĂ­duos adultos com PEA tĂȘm compensadas as dificuldades conceptuais e de nĂ­veis de organização lexical, por vezes verificadas em crianças com esta perturbação. Tal como previsto, os dĂ©fices de fluĂȘncia nĂŁo foram atribuĂ­dos a uma falha na utilização de estratĂ©gias ou a dificuldades de alternĂąncia entre as estratĂ©gias, a confirmar estudos anteriores (Spek et al., 2009). A dificuldade na fluĂȘncia verbal do grupo PEA pode ser resultante de um dĂ©fice em processos automĂĄticos e executivos de iniciação e ativação, a desencadear um processo mais lento na recuperação de itens.Verbal fluency is a complex cognitive task involving linguistic, mnesic and executive processes. Quantitative, qualitative and temporal analyzes of verbal fluency, as well as the level of typicality of responses produced, might contribute to understanding cognitive processes characteristic of individuals with Autism Spectrum Disorder (ASD). The present study compared the performance of phonemic verbal fluency (letters "P", "M", "R") and semantic verbal fluency ("animals" , "food", "clothing") , in adults with autism spectrum disorder (n = 20) and a neurotypical control group (n = 20). All participants were matched for age, gender, verbal IQ and educational level. The results showed that participants with Autism Spectrum Disorder (ASD) had significantly compromised performance in both verbal fluency tests (phonemic and semantic), with less production of words than the control group. Regarding clustering (semantic) and switching (not semantic) strategies, there were no statistically significant differences between the study groups, neither in phonemic verbal fluency task (letter "P") nor semantic verbal fluency (category "animals"), and also there was no distinction between the number and type of errors produced for both verbal tasks, in the total applied fluency. The analysis of tasks as function of time (a period of 15 seconds) data revealed significant differences between groups. Individuals with ASD, despite showing reduced production of words as time increases (such as in normotipycal individuals) have automatic processes deficits (first 15 seconds) as well as in almost all the periods of executives or control processes (remaining 45 seconds), in both verbal fluency tasks. Regarding typicality there was no significant difference between groups, both having similar levels of typicality and a relative number of non-classified words also equivalent. This last finding seems to suggest that adults with ASD have offset the conceptual and lexical levels of organization difficulties sometimes observed in children with this disorder. As expected, the deficits of fluency were not attributed to a failure in the use of strategies or difficulties in switching between strategies, confirming previous studies (Spek et al., 2009). The difficulty in verbal fluency PEA group may be the result of a semantic deficit in automatic and executive processes, initiation and activation, and may lead to a slower process in recovering items
    corecore