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    O namoro do sol e da lua: controvérsias entre documentário ficcional e documentário etnográfico

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    É sempre uma tarefa difícil, nas discussões sobre cinema, estabelecer as diferenças entre o cinema documentário e o cinema de ficção. Arte da ilusão, máquina do imaginário, o cinema produz imagens a partir da realidade, constrói com imagens outras “realidades”. A discussão poderia parar na arte pela arte (um filme é apenas um filme), até que essa arte ilusória resolvesse encontrar a Ciência, ou melhor, quando a Antropologia, ciência dos encontros, das diferenças e semelhanças entre os homens, resolvesse produzir imagens e pensar sobre homens produzindo imagens do “outro”, do diferente.   Mas essa discussão é posterior a toda uma tradição de cinema, de cientistas, mágicos, lunáticos, empresários, inventores e outros “possuídos pela imaginação” que fizeram do cinema uma linguagem que se constituiu oscilando entre a busca da ilusão da realidade e o registro de realidades. O próprio termo documentário só foi utilizado a partir de 1940. Até então, o que se tinha eram filmes. Neste texto, apresento uma reconstituição da trajetória dessa linguagem cinematográfica e do próprio documentário, pensando as intenções e as técnicas que culminaram nas diferentes tendências atuais do documentário, estando entre elas, o documentário etnográfico

    A ilha assombrada: realidades e ilusões

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    Como forma de enriquecer a discussão e explicitar tantas problemáticas, trago agora para esse trabalho uma experiência com documentário etnográfico. O documentário “Ilha Assombrada - realidade ou ilusões?” é fruto de uma oficina experimental de vídeo-documentário realizada com adolescentes moradores da Ilha Grande dos Marinheiros, periferia de Porto Alegre. As situações vividas durante a oficina trouxeram à tona muitas das questões colocadas até agora, na medida em que nós, professores, precisávamos trabalhar conceitualmente as dificuldades surgidas no processo de realização do documentário. Já os alunos, viveram na prática a trajetória do documentário, mostrada nos capítulos anteriores.   A oficina foi realizada de maio de 1999 a janeiro de 2000, ministrada por mim e por Alfredo Barros (estudante de Jornalismo e bolsista voluntário do NAVISUAL1), sob a orientação da Antropóloga Ana Luiza Carvalho da RochaParticipou ainda Silvia Cavichioli, também estudante de Jornalismo, registrando as aulas e as gravações como imagens adicionais e making-of. A turma, inicialmente composta por 7 alunos, realizou um documentário em vídeo sobre histórias de assombrações, bruxas, lobisomens e outros causos fantásticos que são relatados por muitos moradores da Ilha dos Marinheiros. As aulas constituíram-se no acompanhamento das etapas necessárias para a realização do vídeo, instrumentalizando os alunos de acordo com as demandas de cada etapa.   A oficina origina-se de um projeto de especialização meu e de Alfredo Barros, com o objetivo (ingênuo?) de iniciar profissionalmente pessoas de classe popular na atividade de produção de vídeo, a fim de descobrir novas apropriações da linguagem audiovisual. O projeto teve o apoio do Banco de Imagens e Efeitos Visuais (no qual trabalho), núcleo de pesquisa pertencente ao Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que trabalha com pesquisa etnográfica e produção de documentários em Porto Alegre. Nesse sentido, somou-se o objetivo de pesquisa da tradição oral e da memória coletiva das ilhas de Porto Alegre. A intriga dessa oficina problematiza justamente a pesquisa, a produção do vídeo e a formação dos alunos. Um encontro dos objetivos dos professores com os sonhos, desejos e necessidades desses alunos.   Ser documentarista e professor, nessa situação, implicou realizar uma exploração, uma etnografia visual a partir de um duplo ponto de vista. Conheceu-se um pouco da Ilha dos Marinheiros por duas vias: pelo nosso estranhamento e pela interpretação das próprias interpretações que realizam os alunos ao estranharem um lugar que, e princípio, lhes é familiar

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    Quando a câmera "vira personagem": ponto de vista em movimento na busca de imagens do outro em documentários etnográficos

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    Neste depoimento, Jean Rouch, um dos fundadores da discussão aqui colocada, explicita uma dramática que vive a pessoa que opera uma câmera durante a gravação de um documentário. O cinegrafista precisa perceber e narrar aquilo que grava, quase que ao mesmo tempo. Mais do que observador de uma ação que se passa, a pessoa que segura uma câmera na frente de outra, e é claro, toda a equipe que acompanha essa pessoa, está necessariamente participando daquilo que narra, está configurando uma experiência em uma linguagem. Essa câmera se adapta à situação onde está inserida e ao mesmo tempo, como o próprio Rouch diria, a câmera provoca.   São questões como essa e outras referentes à produção de documentários etnográficos que pretendo apresentar neste texto. Durante o aprendizado que tive sobre a produção de imagens enquanto estudante de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, sempre me vi buscando o lugar de autor de imagens, criador. Um sujeito que tem algo a dizer e encontra na imagem em movimento o “como dizer”. Ao trabalhar como bolsista de pesquisa em antropologia,acabei problematizando este lugar de quem produz imagens do mundo através de uma câmera. Inicialmente operando a câmera de vídeo em documentários produzidos pela equipe de pesquisa e posteriormente atuando como roteirista, editor, microfonista ou mesmo entrevistador, me vi participando da imagem que é produzida, sendo parte dela. E junto à figura do “comunicador”, tão discutida no meu curso de origem, começou a tomar força a figura do “etnógrafo”.   Relato aqui a produção de 3 documentários que estão sendo realizados pela equipe do Banco de Imagens e Efeitos Visuais - Laboratório de Antropologia Social - PPPGAS -UFRGS. Devido às condições diversas em que cada trabalho vem sendo executado, é possível discutir-se algumas questões referentes à produção de imagens em documentários etnográficos que perpassam diferentes papéis e pontos de vista que pode assumir esse “personagem-câmera”

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    A baía de todas as águas: conflito e territorialidade nas margens do Lago Guaíba

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    Este artigo tem como objetivo esclarecer como a questão ambiental tensionada pelos usos e cuidados com a água permite uma abordagem diferenciada da territorialidade urbana, ao situar determinados territórios urbanos atravessados por diferentes esferas éticas no contexto de uma bacia hidrográfica. Ao mesmo tempo, pretendo demonstrar como a temática dos conflitos de uso da água  têm a força socializadora de agregar muitas outras dimensões éticas da vida na cidade. Para tal, apresentarei alguns dados relativos ao evento Romaria das Águas realizado em 2003, em Porto Alegre, RS, assim como dados de pesquisa nas ilhas que compõem o Parque Estadual Delta do Jacuí, quanto a eventos, manifestações e situações em que pude acompanhar a dimensão política da questão da ocupação do solo e das águas do Delta do Jacuí

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    "Pra lá pra aquele lado lá tudo é assombrado": memória, narrativa, espaço fantástico e as questão ambiental

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    Esse trabalho apresenta, de forma resumida, algumas questionamentos que surgiram com a realização de minha dissertação de mestrado, quanto ao tema dos cruzamentos entre memória coletiva, narrativa oral e práticas cotidianas em contextos urbanos. A partir das lembranças narradas por antigos moradores da Ilha Grande dos Marinheiros, uma das dezesseis ilhas que formam o Bairro Arquipélago em Porto Alegre, pude investigar o ponto de vista de seus moradores sobre as transformações ocorridas na paisagem dos lugares em que moram e circulam na cidade. A pesquisa é parte do Projeto Integrado CNPq “Estudo Etnográfico sobre Memória Coletiva, Itinerários Urbanos e Formas de Sociabilidade no Mundo Urbano Contemporâneo” e também do projeto “Banco de Imagens e Efeitos Visuais”, coordenados pelas profs. Cornelia Eckert e Ana Luiza Carvalho da Rocha. Junto a essa equipe de pesquisa, composta por bolsistas e pesquisadores da graduação e da pós-graduação, venho comparando as investigações sobre memória e narrativa nas ilhas com as pesquisas em outros territórios da cidade de Porto Alegre
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