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Mapeando agências: considerações sobre modos de existir no Terminal de Integração do Centro, em Florianópolis/SC
Neste texto, escrito como parte de uma pesquisa de mestrado em andamento, analiso algumas dinâmicas do Terminal de Integração do Centro (TICEN) em Florianópolis/SC – o maior terminal de ônibus da cidade – para realizar uma discussão sobre as configurações corporais, ambientais e ontológicas que ali acontecem. Argumento a favor da perspectiva de que o ambiente não é um local onde sujeitos vivem, mas um mundo trazido a tona em conexão com os sujeitos através das ações de ambos. Junto à descrição de situações onde isto pôde ser presenciado, uso de ocasiões do cotidiano do terminal observadas durante o trabalho de campo para problematizar a adequação das ideias de multiplicidade ontológica e agência a esta perspectiva de análise. Trago informações sobre as projeções feitas sobre o TICEN por aqueles que buscam praticá-lo de formas distintas para explicitar os modos como humanos e não-humanos de vários tipos – desde veículos até o governo e a iniciativa privada – compartilham todos de vida devido a uma continuidade ontológica ao invés de uma multiplicidade ontológica. Lanço mão de ocasiões onde os diversos sujeitos que existem no TICEN constituem-se através dos cruzamentos de modos de existência diferentes para questionar a possibilidade de radicalizar estas diversas subjetividades em pólos ontológicos distintos, e faço uma tentativa de examinar como os significados se constróem para todos os envolvidos nestes cruzamentos. Por fim, traço uma hipótese – apresentada aqui como uma proposta inicial para desenvolvimento em pesquisa – de qual é o movimento por excelência que age na formulação da vida no TICEN.
Percepção enquanto assimetria: o caso do transporte público em Florianópolis/SC
Este trabalho é desenvolvimento de uma etnografia do sistema público de transporte em Florianópolis. Baseando-me nestes dados, analiso como o transporte surge do cruzamento entre as práticas e demandas de locomoção da cidade com as estratégias administrativas estatais. Isto faz da mobilidade coletiva uma rede de atores que existem enquanto acionadores das forças estatais, uma vez que as validam ao seguirem seus caminhos, e também enquanto sujeitos capazes de criar alternativas a elas, uma vez que vêm a ser junto com seu ambiente de variadas formas. Descrevo alguns processos de percepção do ambiente urbano através do transporte coletivo, atentando para como a informação navega para estes fins; através de comunicados oficiais, aplicativos de celular, recursos instalados nos terminais de ônibus, trocas entre si e a própria experiência com a geografia e o planejamento da cidade, os cidadãos desenvolvem suas habilidades de navegação pelo transporte coletivo de maneiras tanto contingenciadas pelo Estado quanto abertas à construção de alternativas a este. Sugiro com isto que a percepção do ambiente é algo saturado também pelas assimetrias entre oEstado e as forças que ou se submetem a este ou que se colocam como suas opositoras. Busco focar em como os aparelhos perceptivos acionados na mobilidade florianopolitana são simultaneamente molares e moleculares; ao mesmo tempo que permitem uma proliferação de movimentos e possibilidades, são saturados pelo poder organizador do Estado
Etnografia da carona: uma perspectiva sobre mobilidade e sociabilidade
A dinâmica da carona é algo peculiar na cidade de Florianópolis. Por esse motivo, tornou-se um objeto de interesse e estranhamento, principalmente para quem não é da cidade. A antropologia urbana é a área de concentração onde escolhemos aprofundar o debate e o tema de estudo que será problematizado mais especificamente à luz de conceitos cunhados por Gilberto Velho e o corpus teórico inerente à sua formação. Partimos então de leituras de sua obra e de etnografia realizada nos principais pontos e trajetos de carona da cidade para compreender como operam as sociabilidades e mecanismos inerentes a esta prática. Entender como se dá a atitude de pegar carona é transitar entre duas questões que irradiam dessa dinâmica - mobilidade e sociabilidade
Etnografia da carona
A dinâmica da carona é algo peculiar na cidade de Florianópolis. Por esse motivo, tornou-se um objeto de interesse e estranhamento, principalmente para quem não é da cidade. A antropologia urbana é a área de concentração onde escolhemos aprofundar o debate e o tema de estudo que será problematizado mais especificamente à luz de conceitos cunhados por Gilberto Velho e o corpus teórico inerente à sua formação. Partimos então de leituras de sua obra e de etnografia realizada nos principais pontos e trajetos de carona da cidade para compreender como operam as sociabilidades e mecanismos inerentes a esta prática. Entender como se dá a atitude de pegar carona é transitar entre duas questões que irradiam dessa dinâmica - mobilidade e sociabilidade.Some dynamics of hitchhiking are particular to the city of Florianópolis. For this reason, they become a focus of interest and bewilderment, especially for people not originally from the city. Urban anthropology is the field where we chose to delve deeper into this debate and theme of study, which will be problematized more specifically in light of concepts developed by Gilberto Velho and the theoretical corpus inherent to his academic formation. We base our work on readings of his oeuvre as well as ethnographic fieldwork conducted in the main hitchhiking points and trajectories of Florianópolis in order to understand the sociabilities and mechanisms inherent to the practice of hitchhiking. To understand the behaviors and attitudes of hitchhikers is to transit between two questions that emanate from this dynamic – mobility and sociability