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Florestan Fernandes: a criação de uma problemática
Este é um estudo sobre o processo de criação da nova maneira de pensar o Brasil e o subdesenvolvimento que Florestan Fernandes institui (sua problemática). Trata especialmente da construção do conceito de capitalismo dependente como uma forma assumida pelo capitalismo. Mostra como Florestan Fernandes, desde 1959-1960, rompendo com a ideologia dominante e a partir do par conceituai autonomia/heteronomia, caracteriza a situação heteronômica: externamente, enquanto dependência econômica, social, política, ideológica e moral; e internamente, através do sistema das classes sociais, classes que apoiam aquela dependência mas que, em determinadas condições, podem opor-se a elas. Mostra ainda como Florestan Fernandes considera que a revolução social contra a ordem capitalista dependente é condição para o desenvolvimento.<br>This is a study on the creation process of the new mode of thinking Brazil and underdevelopment which is instituted by Florestan Fernandes (his problematics). The paper is specially concerned with the construction of the concept of dependent capitalism as a form of capitalism itself. It shows how Florestan Fernandes, since 1959-60, breaking away from the dominant ideology and departing from the conceptual pair autonomy/ heteronomy, characterizes the heteronomous situation: externally, as economic, social, political, ideological, and moral dependency; and internally, through the social class system, classes which support such dependence but which, under certain conditions, may as well oppose it. It also shows how Florestan Fernandes believes that the social revolution against the dependent capitalistic order is a condition for development
Do abstrato ao concreto. (Aula gravada)
Aula gravada no Programa de Mestrado em Planejamento Educacional. Rio: Fundação Getúlio
Vargas, por José Kuiava, maio de 198
Interdisciplinaridade e suas práticas em documentos de "avaliação e perspectivas" do CNPq 1978, 1982
<abstract language="eng">In two parts, this paper deals with the theme in interdisicplinarity and its place both in programs of higher education and services as well as in the frame of health related disciplines. The first part sums up an agenda far-research of the topic. The second part advances a step further and points to the use of an interdisciplinary approach within health programs of teaching and researching: basic data were taken from secondary sources "Avaliação e Perspectivas " (CNPq - 1979 and 1982). As an anthropologist, the author looks for a social anthropoloyg-land"
Reforma do estado: o privado contra o público The reform of the state: the private versus the public
A reforma do Estado está situada no centro da agenda dos países periféricos, obedece às condicionalidades do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, assim como está presente nas políticas que ampliam a esfera privada em detrimento da pública. O determinismo tecnológico - expresso por meio da ideologia da globalização - e o uso de um léxico em que o discurso da direita e da esquerda parecem se confundir - como nos temas da autonomia, da sociedade civil e da crítica ao estatismo - contribuem para a formação da ideologia dominante. Critica-se, aqui, o discurso que confere inexorabilidade a essas reformas, sustenta a ruptura com a política macroeconômica neoliberal para que a transição pós-neoliberal possa ser concretizada e defende a oposição entre o público e o privado como estratégica para a construção de alternativas. Argumenta-se que as reformas aprofundam a condição capitalista dependente do país e ampliam a sua heteronomia cultural, agravando o apartheid educacional e científico-tecnológico, com graves conseqüências sociais. Discute-se, ainda, que a construção de um Estado ético, p��blico, requer o fortalecimento dos movimentos sociais, a autonomia vis-à-vis aos governos e a elaboração de teorias críticas em relação ao Estado, em uma sociedade não subjugada à ordem do capital.<br>The reform of the State is at the centre of the periphery countries' agenda; it fulfils the conditions imposed by the International Monetary Fund and by the World Bank, as well as being part of the policies that aim at expanding the private sphere in detriment of the public one. Technological determinism - expressed by the globalisation ideology - and the use of a vocabulary that makes the discourses of both left and right seem very similar (as it occurs in the case of matters such as autonomy, civil society and the critique of statism) contribute towards the construction of the dominant ideology. Here we make a critique of the discourse that makes these reforms seem inexorable, support the rupture with the neo-liberal macroeconomic policies in order to guarantee the concretisation of the post neo-liberal transition and defend the opposition between the public and the private as a strategy for the construction of alternatives. We argue that the reforms will strengthen the dependent capitalist condition of this country and, widening its cultural heteronomy, will further intensify the existing educational and technological-scientific apartheid, with serious social consequences. We also suggest that the construction of an ethical and public State demands the strengthening of social movements, their autonomy vis-à-vis governments and the elaboration of critical theories related to the State in a society that is not subdued to the order of Capital
Globalização e exclusão: a dialética da mundialização do capital Globalization and exclusion
O propósito deste trabalho é repensar o processo de desenvolvimento do capitalismo, apontando para algumas das inúmeras contradições da sociedade global. São analisadas duas questões fundamentais: o crescente processo de exclusão social, de grande parte da população mundial, e o papel do Estado-Nação. Considera-se esta última questão extremamente relevante, pois diante de uma tendência intrínseca do sistema à concentração da riqueza, de um lado, e a expansão da pobreza, de outro, o Estado se apresenta como a única salvaguarda real dos interesses vitais dos excluídos em cada país. Discutem-se também alguns aspectos da crise atual do sistema capitalista e o impacto do modelo neoliberal no acirramento das contradições sociais e na polarização dos interesses de classe. Propõe-se uma reflexão sobre formas alternativas de organização social.<br>The purpose of this work is to rethink the process of capitalist development, pointing out to some of global society's numerous contradictions. Two central issues are examined: the growing process of social exclusion of a sizable part of the world population and the role of the nation-state. The latter is seen as extremely relevant in the light of the system's intrinsic trend to concentrate wealth while expanding poverty, when the state comes as the only real safeguard for vital interests of those excluded in each country. Some aspects of the current crisis in the capitalist system and the impact of the neoliberal model in deepening social contradictions and polarizing class interests are also discussed. A reflection on alternative forms of social organization is put forward
A 'teoria da práxis': retomando o referencial marxista para o enfrentamento do capitalismo no campo da saúde The 'theory of praxis: ' retrieving the marxist framework to confront capitalism in the health field
Este ensaio tem a intenção de recolocar o marxismo - como corpo epistemológico, teórico, metodológico e político voltado para a superação do capitalismo - na pauta do debate conceitual e político do campo da Saúde Coletiva. Discute o campo simbólico como campo de expressão de ideologias que sustentam o capitalismo e que utiliza, dentre outras estratégias, o silenciamento sobre o marxismo, e mesmo sobre o capitalismo, para esvaziar a crítica e o questionamento político. Relaciona estes mecanismos à saúde, identificando alguns campos onde o capitalismo opera nesta área. Apresenta alguns fundamentos filosóficos, teóricos e metodológicos da 'teoria da práxis', destacando a unidade indissolúvel entre teoria crítica e ação transformadora. Por fim, conclama os profissionais, pesquisadores e educadores do campo sanitário a se (re)engajarem na luta contra o capitalismo, retomando a bandeira do socialismo, rumo à conquista do efetivo direito à saúde.<br>This essay is intended to retrieve Marxism - as an epistemological, theoretical, methodological and political body aimed toward overcoming Capitalism - in the political and conceptual debate agenda in field of Collective Health. It discusses the symbolic field as a field for the expression of ideologies that underpin capitalism and which uses, among other strategies,the silencing of Marxism, and even of capitalism, to eliminate criticism and political questioning. It relates these mechanisms to health, identifying some fields in which capitalism operates in this area. It presents a few philosophical, theoretical and methodological foundations of the 'theory of praxis,' highlighting the indissoluble unity between critical theory and transformative action. Finally, it urges health care practitioners, researchers and educators to (re)engage in the struggle against Capitalism, taking up the banner of Socialism aiming to achieve the actual right to health