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Sociolinguística e ensino de língua portuguesa: constatações no município de Juiz de Fora (MG)
The Sociolinguistic shows that variations happen in all levels of a tongue and help us to understand the transformations that occur in a natural language. The Sociolinguistic, applied to Portuguese language teaching, represents the main subject of this research. In theoretical scope, the major contributions come from the studies of William Labov (1966; 1972; 1975; 1983; 1987). Nowadays in Brazil, this source has bigger reach with the research undertaken by a considerable number of scholars (BAGNO; 2002; 2006; 2007; 2010; BORTONIRICARDO, 2004; 2005; 2011; CASTILHO, 2010; FARACO, 2008; PERINI; 2010). It is observed, in sociolinguistic literature focused to native tongue teaching, that the dichotomist vision of ‘right or wrong tongue’ taught in schools must be avoided to prevent children deconstruct positive view of the linguistic variations and to not distance the teaching act of the ideals of an education that could offer these students communication resources that make possible to interact in different contexts of their social life. At the same time, encourage the respect for any variation in their own language and suppress the linguistic prejudice that still prevails in society. According to these presuppositions, this research inquires if Portuguese language teaching in Juiz de Fora (state of Minas Gerais, Brazil) is worked based on those sociolinguistic principles and if the linguistic variations are considered in classroom. An ethnographic qualitative investigation in education was developed (ANDRÉ, 2000) in four schools of Juiz de Fora. Portuguese tongue classes were observed and teachers were submitted to interviews during each period of observation. It was concluded that Portuguese language teaching based on pedagogy of variation is still far from reality in classrooms. Even though there are exceptions, those are a clear minority that works under sociolinguistic view, with though turned to language structure contrasts. By comparing the interviews with the teachers’ action, it is evident the difficulty of didactics transposition of the speeches. Although touched by the sociolinguistic theory about variations, the teachers still incur in inadequate corrections on the students speech, result of idealized vision of language that still prevails in most Brazilian schools. Those results endorse, so, the necessity to include sociolinguistic as required course for teachers’ training, changing the treatment of the language to teach native tongue using the pedagogy of variation and by investing in an education that respects the linguistic variety and their users in special.A Sociolinguística demonstra que a variação ocorre em todos os níveis da língua e nos ajuda a compreender as transformações que ocorrem em uma língua natural. A aplicação dos estudos sociolinguísticos ao ensino de língua portuguesa representa a temática central deste trabalho. No âmbito teórico, suas contribuições primordiais advêm das pesquisas empreendidas por William Labov (1972; 1975; 1983; 1987; 2008). No Brasil, essa vertente tem hoje espaço cada vez mais amplo, através de estudos empreendidos por quantidade considerável de pesquisadores (BAGNO; 2002; 2006; 2007; 2010; BORTONI-RICARDO, 2004; 2005; 2011; CASTILHO, 2010; FARACO, 2008; PERINI; 2010). Observamos, na literatura sociolinguística voltada ao ensino de língua materna, a consolidação da visão de que não se pode continuar tratando a linguagem em sala de aula pelo viés dicotômico entre língua certa e língua errada, sob pena de desconstruirmos crenças positivas dos alunos sobre suas variedades linguísticas e de afastarmos esse ensino dos ideais da promoção de uma educação linguística que nutra o aluno de recursos e repertórios linguísticos que lhe permitam atuar nos diversos contextos de sua vida social e promova o respeito por toda e qualquer variedade de sua língua. Em conformidade com esses pressupostos, objetivamos investigar se o trabalho com a disciplina língua portuguesa no município de Juiz de Fora (MG) se dá mediante essa abordagem pautada nos postulados sociolinguísticos e se existe um planejamento para o tratamento da variação linguística em sala de aula. Dessa forma, desenvolvemos pesquisa qualitativa de base etnográfica em educação (ANDRÉ, 2000) em quatro escolas desse município. Para isso, realizarmos observações de aulas de língua portuguesa e entrevistamos professores durante cada período de observação. Como resultados, temos que o ensino de língua portuguesa pautado por uma pedagogia da variação ainda se encontra distante das salas de aula. Ainda que haja exceções, estas constituem flagrante minoria, que se propõe a trabalhar pelo viés sociolinguístico com reflexões pautadas por contrastes entre variantes da língua e sobre preconceito linguístico. Ao comparamos as entrevistas com as ações docentes, verificamos a dificuldade quanto à transposição didática dos discursos, uma vez que, embora sensibilizados para as temáticas da Sociolinguística e da variação, os docentes ainda incorrem no hábito de corrigir inadequadamente as falas dos alunos, reflexo da visão idealizante de língua que ainda prevalece na escola. Dessa forma, corroboramos a necessidade da inclusão da Sociolinguística como disciplina obrigatória nos cursos de formação dos professores de Letras e Pedagogia de modo a promover uma transformação no tratamento da linguagem nas aulas de língua materna, por meio de uma pedagogia da variação e de uma educação
linguística que promova o respeito pelas variedades linguísticas e, em especial, pelos seus usuários. Dessa transformação, resultará a formação de falantes e escritores eficientes no uso da variedade culta da língua portuguesa
A mediação em audiências de conciliação no PROCON em Minas Gerais
-As narrativas permeiam diversos campos de nossas interações cotidianas. Através delas, compartilhamos experiências, contamos histórias,
transmitimos informações, perpetuamos nossa cultura. Desta forma, a narrativa, como estrutura lingüística, também se mostra fundamentalmente
relevante dentro do contexto das audiências de conciliação do PROCON.
Este trabalho trata o fenômeno da narrativa sob uma perspectiva comunicativa, em que os comportamentos verbais e não-verbais criam, refletem e
são capazes de resolver conflitos. Nosso estudo toma como objeto de investigação as narrativas em uma audiência de conciliação do PROCON, de
uma cidade de Minas Gerais, em pesquisa de natureza qualitativa, ancorada nos pressupostos teóricos da Lingüística Interacional e da Análise da
Conversa Etnometodológica, tomando como base os turnos de fala em situações reais de interação. Esse estudo mostra que as narrativas
compareceram fundamentalmente nas fases de apresentação da reclamação (reclamante) e na aceitação ou refutação da reclamação (reclamado), e
fazem parte do jogo argumentativo na discussão em torno da legalidade nas relações de consumo. Ao elegermos a narrativa como objeto de estudo,
estudamos as teorias de Sacks (1974) e Labov (1972) observando o fenômeno narrativo sob duas ópticas: a estrutural e a interacional.
Nesse trabalho, cujo objetivo é mostrar as narrativas nas audiências de conciliação, apontando os momentos em que elas acontecem e de que
modo elas podem interferir no desenrolar da acareação, trataremos o modo narrativo como um objeto conversacional examinando sua organização
seqüencial e suas influências dentro do discurso.
Dado o caráter de novidade do estudo, os resultados poderão servir de base para futuras comparações de dados com outras regiões do país e
outros cenários interacionais, para expansão da pesquisa. O estudo mostra também a produtividade da narrativa enquanto material lingüístico
cotidiano, presente, portanto, nos mais diversos contextos de interação, no âmbito institucional ou não-institucional, nas mais diferenciadas situações
comunicativas de nossa sociedade
Contextos de intervenção de terceiras partes em situação de conflito: uma abordagem de microanálise interacional situada do discurso
-Seguindo a perspectiva dos estudos lingüísticos que investigam a relação entre o discurso e as profissões, nosso trabalho irá investigar o discurso de
uma assistente social que desempenha o papel de mediadora em um processo de regulamentação de visitas. Tal investigação se faz necessária por
haver nos manuais jurídicos, que abordam o tema mediação, uma valorizada discussão sobre o princípio básico da neutralidade e imparcialidade.
De acordo com a teoria presente nesses manuais, a tarefa do mediador deve ser realizada com base nos valores de neutralidade e imparcialidade.
Segundo Águida Arruda (2003), a mediação é um método através do qual uma 3ª pessoa, neutra e especialmente treinada, permita que envolvidos
no conflito ou impasse fortaleçam-se, resgatando a responsabilidade por suas próprias escolhas. Segundo essa noção de que o mediador deve ser
neutro e imparcial, alguns paradigmas de pesquisas foram difundidos no campo da mediação. Um deles é o estudo eminentemente teórico (Sousa,
2005, Battaglia, 2007), que pode ser oriundo de profissionais da área de direito, mas não envolvidos com a empiria.
Dentro da ampla discussão que o tema neutralidade e imparcialidade pode oferecer, nos focaremos em torno das manifestações lingüísticas as quais
funcionam como atos de avaliação. Consideramos a avaliação uma atividade que falantes e receptores preparam dentro do turno de fala e que avalia
de algum modo pessoas e eventos que estão sendo descritos dentro de suas falas (GOODWIN, 1980).
A partir desses conceitos de avaliação, se dá a importância de investigar como o mediador é (ou se, de fato, ele é) capaz de destituir-se de valores
pessoais para exercer o papel de “um terceiro neutro e imparcial”. Desse modo, este trabalho tem por objetivo investigar como e por que se dão os
atos avaliativos na fala da mediadora.
Nossa proposta de trabalho se apóia nos instrumentais teórico-metodológicos da Sociolingüística Interacional e da Análise da Conversa
Etnometodológica. Para o nosso estudo, recorremos à análise da primeira e segunda entrevista de Pré-Mediação de dados gravados em áudio no
Fórum de uma cidade do interior do Rio de Janeiro e, em seguida, transcritos.
De acordo com as observações feitas até aqui, ressaltamos a importância do estudo dos atos avaliativos da mediadora, pois foi observado na análise
dos dados algumas divergências entre o prescrito nos manuais jurídicos e o que de fato acontece na prática da mediação. Notamos ainda que os
atos avaliativos estudados apresentam qualidades distintas, tendo funções diversas necessárias na resolução do conflito. Isso nos leva a crer que
não há um conceito totalmente fechado sobre neutralidade e imparcialidade e que aplicação desse conceito não se dá de maneira tão direta como
acreditam os manuais. Assim, esta discussão se faz indispensável na tentativa de esclarecer alguns pontos ainda obscuros na prática dessa
profissão
Quando as partes tomam as rédeas da situação: um estudo de caso da narrativa no procon When the parties overtake the control: a case study on narrative at a product safety comitee
Este artigo toma como objeto de investigação as narrativas em uma audiência de conciliação do PROCON, em uma cidade de Minas Gerais. A pesquisa é de natureza qualitativa e apresenta um estudo de caso, ancorado nos pressupostos teóricos da Lingüística Interacional. A narrativa é considerada um objeto conversacional, seqüencial e discursivo. O estudo mostra que as narrativas compareceram fundamentalmente nas fases de apresentação da reclamação pelo reclamante e na aceitação ou refutação da reclamação pelo reclamado, fazendo parte do jogo argumentativo na discussão sobre a legalidade nas relações de consumo.<br>This paper investigates narratives in a conciliation hearing at the Product Safety Comisssion in a city in the state of Minas Gerais, Brazil. The research methodology is qualitative, underscored by the theoretical framework of Interactional Linguistics. Narrative is considered as a sequencial, conversational and discursive object. The study shows that narratives are an important linguistic instrument in the complaint presentation's phase by the complainant and in the acceptance or rejection's phase by the respondent and are an important part of the argumentation in the discussion on the legality of actions in consume relations