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    Os fósseis de Santa Maria (Açores) : a jazida da Prainha.

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    PREFÁCIO: O trabalho que agora se apresenta de Sérgio Ávila e colaboradores é mais um precioso contributo para a divulgação científica que emerge de trabalho de investigação académica da Universidade dos Açores. É um trabalho que procura conciliar um rigor e uma descrição exaustiva e profusamente ilustrada dos elementos factuais paleontológicos e geológicos associados à jazida da Prainha, com uma obra apelativa e agradável de desfolhar, ler e consultar. Este tipo de produtos académicos para a comunidade, de extensão universitária como agora se fala, é de extrema importância para a Região Autónoma dos Açores, em particular, e para Portugal, em geral, por três ordens de razões. Em primeiro lugar porque, contrariamente aos ditados e sabedoria popular, as rochas e outros elementos do património geológico, são frágeis e efémeros. Um dos aspectos de maior fragilidade são os fósseis, propriamente ditos, o que é mais fácil de entender. Mais difícil é reconhecer que as próprias jazidas fossilíferas, fósseis e seu enquadramento geológico, o qual pode incluir filões, falhas, minerais, seixos rolados, etc., são igualmente bastante frágeis quer a acções de erosão e alteração naturais quer a acções antrópicas. Quanto às primeiras a única e melhor atitude é proceder ao seu estudo e registo documental, nomeadamente fotográfica, como generosamente se apresenta nesta obra. Quanto às segundas, o modo mais eficaz de as preservar é dar a conhecer às populações, em geral, e às autarquias e entidades de gestão do território, em particular, no sentido de prevenir o licenciamento de obras ou infra-estruturas que poderão comprometer irremediavelmente esse Património Natural. Efectivamente, numa região balnear como a da Praia Formosa, uma eventual pressão urbanística pode levar à destruição destes seus elementos patrimoniais únicos. Únicos, não só no contexto da Ilha de Santa Maria, como no contexto da Região Autónoma dos Açores, ou mesmo do Continente. Em segundo lugar, estão em curso vários esforços no sentido de que o conjunto das nove ilhas açorianas venham a ser integradas na Rede Europeia de Geoparques e, como tal, sejam reconhecidas pela UNESCO como mais um elemento da Global Network of Geoparks. Tal galardão é consagrado pela excelência do seu Património geológico e paleontológico, o qual encontra neste livro um excelente aliado e um repositório de informação da qual se irão retirar elementos necessários à subsequente produção de textos de divulgação em língua estrangeira, fundamentalmente anglo-saxónica. Por outro lado, ficam bem expressos, os argumentos da necessidade desta jazida se converta em mais um dos magníficos e bem sucedidos exemplos de geoconservação e valorização ambiental que estão a registar-se por todo o arquipélago açoriano. Em terceiro lugar, obras como a que agora se edita ajudam à interiorização por parte da população de Santa Maria, e por todos quantos a visitam, da singularidade geológica desta ilha e do valor científico e patrimonial que as suas unidades fossilíferas representam. Elas ilustram de modo particularmente exuberante as alterações climáticas que o nosso Planeta tem vindo a sofrer, actualmente acompanhadas com maior acuidade pela sociedade e os media. Estes afloramentos particularmente ricos em conteúdo fóssil, intercalados ou embutidos em sequências de rochas vulcânicas e sedimentares, são os únicos testemunhos que restam das comunidades bióticas que povoaram as águas superficiais e as regiões costeiras insulares do Atlântico Norte, há milhares de anos (no caso da Prainha ou Lagoinhas) ou mesmos há milhões de anos, como as jazidas do Monumento Natural Regional da Pedreira do Campo, Pedreira da Cré, “Pedra que Pica” ou Ponta da Malbusca, para citar só algumas. Todas elas são singulares excepções que complementam os registos sedimentares das bacias oceânicas envolventes, os quais têm sido, e continuarão a ser, alvo de investigação paleoceanográfica do Global Change. No entanto, estas jazidas, são os únicos testemunhos das comunidades costeiras pretéritas, com as quais é possível estabelecer comparações e mapas de distribuição biogeográfica, um dos temas fortes presentes nesta obra. (Mário Cachão)Universidade dos Açores; Departamento de Biologia da UAÇ; CIBIO-Açores; IMAR; Câmara Municipal de Vila do Porto; Clube Naval de Santa Maria; GEOBIOTEC; Viagens de Turismo MELO; Hotel Praia de Lobos; Governo dos Açores; Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos

    Palaeoecology, taphonomy, and preservation of a lower Pliocene shell bed (coquina) from a volcanic oceanic island (Santa Maria Island, Azores)

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    Massive fossil shell accumulations require particular conditions to be formed and may provide valuable insights into the sedimentary environments favouring such concentrations. Shallow-water shell beds appear to be particularly rare on reefless volcanic oceanic islands on account of narrow, steep and highly-energetic insular shelves where the potential for preservation is limited. The occurrence of an exceptional coquina (Pedra-que-pica) within the Miocene–Pliocene deposits of Santa Maria Island (Azores), therefore provides a rare opportunity to understand the conditions that led to the formation and preservation of a massive shell bed at mid-ocean insular setting. This study provides a detailed analysis regarding a 10–11-m-thick bivalve-dominated fossil assemblage exposed at Pedra-que-pica on Santa Maria Island in the Azores. Integration of taphonomical, palaeoecological and sedimentological observations are used to reconstruct the genesis of the coquina bed and related events, and to discuss why such exceptional sedimentary bodies are so rare on shelves around reefless volcanic oceanic islands. The sequence at Pedra-que-pica demonstrates a complex succession of sedimentary environments in response to the drowning of an existing coastline during a period of rapid sea-level rise. The Pedra-que-pica shell bed incorporates storm-related materials and possible debris falls that originated nearby in a shallow and highly productive carbonate factory. Deposition took place below fair-weather wave base, at around 50 m depth, as inferred from the overlying volcanic succession. The preservation of this coquina was favoured by deposition on a platform laterally protected by a rocky spur, combined with rapid burial by water-settled volcanic tuffs and subsequent volcanic effusive sequences. The recent exhumation of the deposit is the result of island uplift and subsequent erosion
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