5 research outputs found
Bem-Vindos à Educação Popular: relatos e reflexões a partir da extensão universitária
Esta publicação foi elaborada com o objetivo de reafirmar a contribuição da Educação Popular,
fundamentada no referencial teórico-metodológico freiriano, para o contexto atual: o início do século XXI, marcado
pelo questionamento sobre a capacidade dos paradigmas científicos hegemônicos, das instituições sociais vigentes e
dos instrumentos legitimados para a ação política, de responderem as questões e expressões que emergem da
realidade social constituída por imensas desigualdades, decorrentes do conflito de classe, das relações étnico-raciais,
do conflito geracional, das relações de gênero e da forma de exercício do poder político e econômico.
Dante este cenário, os questionamentos também são estendidos para a universidade, ou seja, qual
capacidade desta em desempenhar sua função sui generis: que conhecimento a universidade está sendo capaz de
gerar (como, para quem e para que o conhecimento tem sido produzido)? Tem sua produção (os novos
conhecimentos e a formação profissional) referenciada nas questões postas pela realidade social, sem se submeter à
mesma, articulando saberes por meio de um diálogo crítico, fecundo e propositivo? A sua dinâmica político-institucional e didático-pedagógica tem sido sustentada pelos princípios da autonomia do saber e da liberdade de
expressão, como também tem preservado a sua natureza pública, laica e democrática?
As respostas a essas indagações serão formuladas de acordo com as concepções de educação e de
projetos societários que disputam o sentido atribuído à formação dos sujeitos, as formas e as estratégias utilizadas para
desenvolver o processo de ensino-aprendizagem e a intencionalidade da produção do conhecimento. Assim, a
universidade cumprirá com a sua função social a partir da sua capacidade de organizar e articular os saberes
existentes, avançar as fronteiras culturais, produzir conhecimento, gerar pensamento crítico, propor pautas e agendas,
formar profissionais e intelectuais. Ou seja, sua capacidade de ser socialmente referenciada, ter a sua existência
dinamizada historicamente, promovendo um diálogo crítico, fecundo e propositivo com as questões postas pela
realidade social, garantindo a autonomia do saber e a liberdade de expressão.
A tarefa é bastante complexa e exigente, pois a universidade é uma instituição dinamizada por interesses,
demandas e expectativas variadas, podendo coexistir propostas pedagógicas que tenham intencionalidades distintas
e até antagônicas, que tomam materialidade no ensino, na pesquisa, na extensão e nas instâncias deliberativas.
Em defesa de uma universidade que tenha como intencionalidade a construção da autonomia dos sujeitos,
na perspectiva da emancipação humana, é que a Educação Popular é apresentada como uma concepção que, ao
promover a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, constrói uma formação acadêmica constituída por
saberes específicos (técnico-científico) de um dado campo do conhecimento e por saberes construídos a partir de
vivências em determinada realidade (priorizando os produzidos pelos movimentos sociais, comunitários e pelas
instituições públicas).
Os textos organizados para este livro expressam, a partir das experiências e das reflexões de diferentes
sujeitos, argumentos que possibilitam reconhecer a contribuição da Educação Popular para uma formação
acadêmica fundada em princípios éticos, na autonomia, na capacidade crítica e propositiva, como também
comprometida com a defesa dos direitos humanos e a luta pela emancipação humana.
Assim, o primeiro capítulo contém um artigo construído por várias mãos e a partir da práxis (ação-reflexao-ação) vivenciada no Programa de Extensão “Educação Popular - criando e recriando a realidade social”, UNIFESP/BS,
em parceria com o grupo do Programa de Educação Tutorial (PET) em Educação Popular (convênio UNIFESP e
MEC/Sesu)
O segundo capítulo traz, através de um trabalho de iniciação científica, uma análise crítica sobre o sistema
prisional paulista e as intervenções profissionais dos assistentes sociais na perspectiva de sua direção social e política. O
estudo traz reflexões gestadas na parceria com o GEPEX (Grupo Estudos, Pesquisa e Extensão em Segurança Pública,
Justiça Criminal e Direitos Humanos na UNIFESP/BS).
O terceiro capítulo surge num cenário de violação dos direitos humanos, o bairro Quarentenário, em que a
parceria entre a ONG Camará e o CRDH Unifesp/BS (Centro de Referência em Direitos Humanos da Unifesp Baixada
Santista) propôs espaços de diálogos abertos sobre os temas emergentes daquela realidade. Este texto sistematiza a
aprendizagem acumulada na graduação em Serviço Social e na experiência de estágio supervisionado realizado no
local.
No quarto capítulo, a dimensão religiosa no cotidiano das mulheres encarceradas é analisada à luz de duas
religiões que oferecem assistência religiosa dentro dos presídios, a evangélica e a católica. Este estudo qualitativo
também surge das reflexões e parcerias junto ao GEPEX (Grupo Estudos, Pesquisa e Extensão em Segurança Pública,
Justiça Criminal e Direitos Humanos na UNIFESP/BS).
O quinto capítulo coloca uma reflexão sobre a metodologia da Educação Popular Freiriana, a partir de sua
concepção de sociedade, de ser humano e de conhecimento. Nele, será possível entrar em contato com termos
como: conscientização, círculo de cultura, práxis, leitura de mundo, etc.
O sexto capítulo oferece reflexões sobre uma experiência protagonizada pelo Centro de Referência em
Direitos Humanos em parceria com o Núcleo de Estudos Heleieth Saffioti (NEHS): relações de gênero, sexualidades e
movimentos sociais da UNIFESP/Baixada Santista, através da realização da Oficina “Gênero, Diversidade e Direitos”
com profissionais da Secretaria Municipal de Educação do município de Santos. O desafio foi introduzir mecanismos
capazes de causar rupturas com significados essencialistas presentes na sociedade e reproduzidos nas escolas, além
de tentar deixar, a partir dos(as) educadores(as), o terreno fértil para transformações no modo de compreender as
relações de gênero e a sexualidade.
Desejamos uma ótima leitura e que os textos aqui apresentados possam estimular o debate, reflexões para
qualificar a prática e gerar provações sobre nossa capacidade de construirmos a História, sermos sujeitos nos
processos sociais em que estamos inseridos, possibilitam que outros, que não se fizeram presentes, tenham a
possibilidade de estarem comprometido com construção de uma sociedade que negue qualquer forma de
desigualdade
A violência de Estado e a busca pelo acesso à justiça
O tema deste artigo são as violações de Direitos Humanos decorrentes da violência de Estado, materializada nos crimes ocorridos na Baixada Santista/SP em maio de 2006. Parte da pesquisa Violência do Estado no Brasil: um estudo dos Crimes de Maio de 2006 na perspectiva da Justiça de Transição e da Antropologia Forense, realizada pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense, da Universidade Federal de São Paulo – CAAF/UNIFESP, focando nas narrativas dos familiares das vítimas, o artigo analisa a violência de Estado na negativa ao acesso à justiça, à informação e à memória. Conclui-se que houve uma permanente negação de justiça na falta de investigação e no arquivamento precoce de inquéritos. Aos familiares negou-se o direito à informação, foram sujeitados a ironias, perseguição, calúnia. Mostra-se fundamental dar visibilidade às histórias e às lutas para que não sejam esquecidos e para que não continuem excluídos da proteção de Direitos e do Acesso à Justiça
Educação Popular e Universidade: vivências a partir da extensão, pesquisa e ensino
Este livro é um apanhado histórico, mas atual. É uma reunião de relatos, textos, reflexões, processos, partilhas, que versam sobre nosso sonho de construir uma educação libertadora, um mundo de liberdade. Ainda há muito que ser construído e o caminho é árduo, não temos dúvida. A verdadeira práxis revolucionária não se nutre de seres apenas caminhantes, mas de seres que se envolvem com o caminhar, que são capazes de mudar, mudando a si mesmos também. Somos indivíduos sociais e pintamos o quadro da vida em múltiplas linguagens. É por isso que este livro também carrega diferentes apostas acadêmico-estético-políticas. Por meio de fotografias, poesias, relatos, ensaios e reflexões
teóricas, olhares que abordaram com muito carinho e rigor o universo do PET Educação Popular. Foi escrito por várias mãos que constituíram a trajetória do grupo nas diversidades humanas (relações de sexo/gênero), étnico-raciais (negros, indígenas, imigrantes, nordestinos, pobres em geral) e de classes sociais. Combate-se assim, nas ações concretas, as desigualdades sociais, de sexo/gênero, étnico-racial etc, o patriarcado, machismo, LGBTQIA+fobia, o racismo e o capitalismo, a falta de democracia, de liberdade, que outrora iluminaram a modernidade do Capital.Ministério da Educação (MEC
Metodologias Participativas para a Construção de uma Educação em Direitos Humanos
Esta publicação é resultado do curso de aperfeiçoamento “Metodologias Participativas para a construção de uma Educação em Direitos Humanos” realizado pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) em parceria com o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola). O curso buscou promover aprendizagens e aperfeiçoar o conhecimento acerca de metodologias participativas para a práxis na educação em direitos humanos com juventudes.
Foi desenvolvido um processo teórico-prático, numa perspectiva multi e interdisciplinar, em que o conhecimento acadêmico produzido pelas diversas áreas do conhecimento puderam dialogar com as experiências e práticas dos(as) cursistas, a fim de promover reflexões, ampliação do conhecimento, fortalecimento e revisões de práticas. Nesse sentido, o curso buscou desenvolver aprendizagens e aperfeiçoar conhecimentos que possibilitassem, a partir da Educação Popular: 1) a práxis na educação em direitos humanos com juventudes; 2) o fortalecimento da construção participativa, do uso das linguagens lúdicas e do diálogo entre os sujeitos do processo de aprendizagem. Deste modo, este livro traz o material produzido pelos(as) professores(as) conteudistas, que configurou-se como material didático utilizado nas aulas do curso, além de relatos dos(as) tutores(as) que conduziram o processo de ensino-
aprendizagem. Esperamos que possa contribuir com o avanço e adensamento
da temática e, também, ser utilizado em outros processos formativos
Contribuições para implantação dos núcleos especializados de atendimento integral às vítimas de violência estatal: nota técnica
Esta Nota Técnica foi elaborada em resposta à solicitação da coordenação do Movimento Independente Mães de Maio frente a iminente consolidação da Proposta de Política Institucional de Proteção e Acompanhamento das Vítimas de Violência Estatal apresentada pelo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos à Defensoria Pública do estado de São Paulo. Para responder a solicitação de apoio e construção coletiva deste documento, foi organizada uma equipe de trabalho multidisciplinar, constituída por profissionais com formação em ciências sociais, direito, psicologia, serviço social, educação e direitos humanos, movidos pela premência de um atendimento integral aos familiares diretos (consanguíneos ou afins) de vítimas da violência impetrada por agentes de segurança pública. A partir das experiências e diversidade de olhares, esses profissionais empenhados e atuantes com esse público em outros espaços institucionais, buscaram contribuir com proposições para a referida proposta como forma de garantir e defender a dignidade humana